Tudo É Cinza escrita por Fanatic


Capítulo 2
Temos Muitos Problemas


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo será narrado na visão de Adam, espero que gostem. Boa leitura!



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O despertador tocava, incomodando qualquer um que estivesse no quarto. Adam abriu o olho, estava bastante sonolento ainda e não conseguia raciocinar direito.

Ficou olhando o teto por alguns segundos, ainda se situando. Pensava na vida, em como progredir ainda mais, pois ainda não se sentia bom o bastante.

— Porra! — Gritou ao olhar o celular, levantando e correndo para o banheiro. Estava vinte minutos atrasado pro trabalho.

— Merda, merda, merda! — A pasta dental caiu da escova, direto no chão.

Após escovar os dentes, arrumou-se rapidamente e saiu correndo em direção ao ponto de ônibus. Antes de sair de casa, aproveitou para pegar uma barra de cereal para comer no caminho, pois o próximo ônibus só ia chegar vinte minutos mais tarde.

— Acordei nesse instante e já quero desistir de conviver em sociedade. — Adam resmungou. A parada estava quase vazia, ao menos isso era bom.

Depois de um tempo, o ônibus chegou e Adam entrou. O trânsito estava fluído, então ele pôde chegar mais rápido no trabalho. Agradeceu por não ter ninguém sentado ao seu lado no ônibus.

~'~'~'~'~'~'

Depois do horário de trabalho ter encerrado, Adam resolveu ir até a praça que fica perto do seu trabalho. Era uma sexta à noite, o local estava um pouco movimentado.

Adam sentou-se no banco em que George esqueceu seu livro. Lembrou da cena e sorriu, na verdade, ele queria rir, mas não podia fazer isso sozinho. Iriam pensar que ele era louco, ou estava pensando algo ruim.

Pegou o celular e ligou para sua amiga, procurando alguma coisa para fazer.

— Sam? Oi. Quer sair comigo para algum lugar? — Perguntou.

— Ah, sim. Esqueci que você ia estar ocupada essa noite. Até mais. — Terminou a ligação e colocou o celular no bolso. Adam estava extremamente entediado e queria se divertir.

— George, tem algo para fazer essa noite? — Ligou para ele, mesmo sabendo que seria estranho.

— Certo, ok. Até mais. — Terminou a ligação novamente. George não pode ir pois estava visitando sua mãe.

Adam resolveu fazer algo sozinho. Levantou e aproveitou que estava perto do centro e resolveu ir para uma balada LGBT qualquer, desde que fosse boa.

Pegou um táxi e foi para qualquer uma que o celular indicasse.

— Maravilha. — Falou sarcasticamente. O ambiente estava cheio e ele já queria procurar um lugar para sentar.

Havia um cara o olhando de longe. "Flerte ou assassinato?" pensou. Ele realmente não pensou que o desconhecido o achou atraente.

— Esse lugar não é pra mim. — Falou para si mesmo, bebeu todo o líquido do seu copo e saiu da balada.

— Você está bem? — O homem falou, segurando-o pelo braço.

— Estou ótimo, obrigado. — Puxou o braço e continuou andando.

Adam resolveu ir pra casa e fazer a coisa que ele mais gostava. Apenas ligou seu notebook e acessou a Netflix.

— Ezra Miller é minha religião. — Falou, abrindo "Às Vantagens de Ser Invisível".

~'~'~'~'~'~'

Estava ventando bastante, algumas folhas eram arrastadas pelo vento forte. Adam estava jantando em uma lanchonete, seu horário de trabalho havia encerrado e ele não queria ir para casa no momento. Era possível ver a rua por causa da grande janela de vidro que estava próxima à mesa.

George estava andando na calçada do outro lado da rua, distraído com seus pensamentos. Não dava para chamá-lo, pois a mesa estava distante da calçada. Devido ao clima chuvoso, ele estava carregando um guarda-chuva, mas o derrubou na rua.

Adam continuou comendo normalmente, mas olhando George ao lado do semáforo, pegando seu guarda-chuva e atravessando a pista.

— Merda. — Murmurou, percebendo que George olhou de volta e disfarçando. Adam desejou que ele não tivesse percebido nada, mas ao espiá-lo novamente percebeu que George estava sorrindo. Resolveu focar em sua comida, já que provavelmente o outro estava ocupado.

— Olá! — George falou, chegando subitamente e sentando na cadeira à sua frente. Adam tossiu.

— Oi! — Respondeu, assustado.

— Acho que você não estava esperando por mim. — George riu.

— Com certeza não. Passou por aqui para dar um oi? — Perguntou, parando de comer e o olhando.

— Sim, mas também quero comer. — Falou, vendo que a atendente estava vindo até sua mesa. — Duas panquecas com xarope de bordo e um expresso.

— Certo, senhor. — A atendente foi até a cozinha.

— Já percebeu que você nem espera a pessoa perguntar se você quer ou não comer? — Adam riu, dando uma mordida em seu pão doce.

— Eu sempre quero comer, Adam.

— Como foi sua semana?

— Normal, apenas algumas coisas para ajeitar. E também foi um pouco chata, tive que resolver uns assuntos escolares urgentes.

— Errou o cálculo da nota do aluno?

— Sim, isso quase nunca acontece. — George suspirou, ainda pensando no assunto. — E você?

— Um tédio completo, nada que valha a pena falar sobre.

— Acabou de resumir 20 anos da minha vida.

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— Gostei de passar esse tempo com você. — Adam falou com um tom calmo, vestindo seu casaco.

— Digo o mesmo. — George falou, pegando seu guarda-chuva.

De repente começou a chover. Adam olhou para George e sorriu, envergonhado.

— Se quiser pode ir para minha casa. — Sugeriu, abrindo o guarda-chuva.

— Aceito. Só até a chuva passar. — Adam se aproximou dele o suficiente para se proteger da chuva. Era estranho estar tão próximo dele, mas não era ruim.

Os dois continuaram andando em silêncio por um tempo, buscando não fazer muito contato físico. Adam estava extremamente nervoso com toda a proximidade.

— Você não está se molhando? — George perguntou.

— Estou bem. Só o meu sapato que está um pouco molhado, nada demais. — Adam respondeu.

— Chegamos. — Disse George depois de alguns minutos de silêncio. Pegou a chave do bolso e abriu a porta da casa. Adam entrou primeiro, George entrou em seguida e fechou o guarda-chuva.

— Bela casa.

— Obrigado. — Respondeu, colocando o guarda-chuva num canto. — Quer algo para... esquece. — Riu um pouco e tirou os sapatos.

— Tudo bem eu ficar com os meus? Vou embora já, já. — Adam perguntou, receoso de estar incomodando.

— Tudo bem. — Respondeu, sentando no sofá e ligando a TV. Adam ficou em silêncio, simplesmente olhando os detalhes da casa e esperando que ele falasse algo para quebrar o gelo. — Como anda a vida? Conhecendo muitos caras?

— Não, na verdade faz um bom tempo que eu não sei o que é isso. — Adam respondeu, sentando ao seu lado.

— Bem, por que você não tenta alguma coisa como o Tinder? — George sugeriu.

— Não! É muito embaraçoso falar desse jeito com alguém. — Respondeu de forma desajeitada e cruzou os braços.

— Então você tem vergonha, não é? — George falou, pirraçando-o.

— Eu tenho muita dificuldade em ir direto ao ponto. É isso.

— Vergonha. — George fez uma cara debochada.

— Talvez seja. — Adam suspirou e olhou para cima. Tudo ficou em silêncio por um momento, os dois estavam focados na TV.

A chuva ainda caía lá fora. O som da água batendo no chão era bastante aconchegante para Adam.

— Eu te ajudo. Vai ser divertido. — George sugeriu, calmamente. Adam ficou em silêncio, ponderando por uns segundos.

— Por que não? Vai ser legal. — Ele sabia que não conhecia George muito bem, mas essa seria uma boa chance para ambos se divertirem.

— Instale o aplicativo no seu celular.

— Ok. — Pegou o aparelho e colocou o aplicativo para instalar pela loja.

~'~'~'~'~'~'

Parou de chover e Adam pegou seu casaco e foi até a entrada da casa.

— Obrigado pelo abrigo. Até depois! — Acenou, abrindo a porta.

— Até. — George sorriu.

A rua estava extremamente molhada, com algumas pequenas poças nos cantos da pista. As luzes refletidas na água deixavam a cidade com um ar diferente de antes, contrastava bastante com o céu cinza.

Ao chegar em casa, Adam tirou os sapatos e resolveu tomar banho. Depois disso, sentou no sofá e ligou o celular.

— Sam, você acha perigoso estar carente e entrar num aplicativo de pegação? — Perguntou, ligando para sua amiga.

— Certo, então eu vou... Eu sei que você disse que eu posso me ferrar. — Samanta era a melhor amiga de Adam e tomava conta dele, principalmente durante as loucuras que ele se envolvia.

— Ei, vai ser divertido. Se lembra quando foi a última vez que você me viu com alguém? — Perguntou, rindo com o quão sério ela estava levando isso.

— Sete meses, Sam. Sete meses! Eu não vou dar uma de desesperado, calma.

— Certo, vou desligar agora. Falo com você depois. Beijo! — Falou, sorrindo. Ficou pensando no que assistir por alguns minutos, deitado no sofá e passando a mão no chão.

Pegou o controle e colocou Harry Potter e a Pedra Filosofal. Era sua saga preferida e ele estava com o ânimo de maratonar tudo isso durante o fim de semana.

~'~'~'~'~'~'

Dois dias se passaram. Já não estava chovendo tanto como antes, a frente fria já tinha ido embora. Adam ficou particularmente alegre, pois gostava de usar calças e que continuassem secas.

— Quer fazer alguma coisa? — Perguntou para Samanta pelo celular. Estava olhando a janela, admirando o dia ensolarado que estava lá fora.

— Ah, ainda está ocupada? Ah... problemas familiares. Liga para mim depois, tchau. — Suspirou e encerrou a chamada. Sentiu uma coceira no olho e esbarrou a mão nas lentes dos óculos ao tentar coçar. — Merda.

Depois de uns minutos deitado no sofá, pegou o celular e resolveu fazer outra ligação.

— George? Quer ir até a praia?

— Certo, te encontro lá.

~'~'~'~'~'~'

O vento fresco da praia era bastante agradável. Não havia aves em canto algum, apenas as ondas quebrando-se nas grandes pedras que ficavam um pouco longe da areia.

— É um lugar bastante romântico. — George comentou, sentando em um banco na área pavimentada.

— Gosto muito de vir até aqui quando estou pra baixo. — Adam sorriu, sentando ao lado dele.

— Posso te fazer uma pergunta? — George falou, olhando o horizonte. Ele concordou. — Você não tem muitos amigos, não é?

— Como assim? — Adam riu de nervoso. Sabia que era verdade. Além de Samanta, não sabia com quem mais poderia contar para algo. Não era culpa dos outros, ele era uma pessoa muito tímida.

— Me desculpe! Droga, não era para soar desse jeito. — George falou, totalmente desconcertado.

— Você está certo, não sou uma pessoa com muitos amigos. Dá pra perceber isso de longe, não é? — Adam levantou, demostrando uma certa melancolia em sua voz. George não respondeu nada, apenas levantou também e o observou.

— Desde pequeno eu não sei em quem eu posso confiar, sabe? Não sei nem por que estou fazendo isso com você, provavelmente estou carente ou com medo de Samanta ter que se distanciar. — Adam tirou os óculos e passou a mão no rosto.

— Você não precisava falar sobre isso. Está tudo bem. Eu só perguntei porque percebi que você... você tem saído bastante comigo ultimamente.

— Sim. Você está certo.

— Mas é muito bom poder sair com você. Acho que você é a pessoa mais interessante que tem por aqui. Aliás, eu não tenho um amigo por aqui. — George sorriu e andou até a cerca que protegia contra quedas da área pavimentada até a areia da praia.

— Entendo. Você veio de longe, não é? Como está indo sua reunião familiar? — Adam foi até ele e ficou olhando o oceano ao seu lado.

— Não é uma reunião familiar. Minha mãe está doente. — George respondeu, com uma seriedade diferente na voz. Adam ficou em silêncio por um momento. — Espero que ela fique bem.

— Meus pais estão mortos. — Adam falou, sem muita emoção na voz.

— Meus pêsames.

— Não precisa disso. Eu nem conheci eles, na verdade. Morei com meus avôs desde que me dou por gente. — Sorriu, lembrando de bons momentos que passou com eles. — Espero que fique tudo bem contigo. Você é uma pessoa legal, não merece isso.

— Espero que sim. Ah, obrigado. — George olhou para baixo, observando a areia da praia. — Vamos até lá? Cansei daqui.

— Pode ser. Vamos. — Os dois desceram pelas escadas e caminharam na areia, em direção à água.

— Já pensou em falar com alguém do trabalho? — George perguntou, colocando os pés na água.

— Ah, imagina. Eu sempre passo reto e nunca socializo o dia inteiro. — Adam falou com um tom sarcástico na voz

— Ok. Perdão.

— Tudo bem, acho que meu problema é falta de confiança.

— Certo, que tal você convidar alguém do trabalho para sair? Sem nenhum interesse a mais, apenas um passeio ou...

— Não é todo dia que um colega de trabalho te chama pra sair sozinho. — Adam caçoou da ideia de George.

— Não assim, mas e interesses em comum? Você tem cara de gostar de ir no cinema. — Comentou.

— Só porque eu uso óculos? Mas você está certo, é muito bom.

— Então? Chama alguém pra ir ver um filme novo. Vai fazer amigos. — George falou, tirando a blusa e colocando nos braços de Adam, que não entendeu direito.

— Você não vai entrar na água, né? Já são quatro horas e provavelmente a água está gelada. — Adam cruzou os braços.

— Eu já estou acostumado. — Ele riu, mergulhando na água e levantando. — Com o tempo se acostuma. Ei, por que você tá indo embora?

— Já estou vendo você me jogando aí. — Adam falou, caminhando para longe.

— Não vou fazer isso, pode se acalmar. — George falou, pegando a blusa na mão de Adam.

— Você está todo molhado agora. — Adam sorriu, olhando rapidamente para seu corpo enquanto ele vestia a camisa.

— O carro é meu. Não é o fim do mundo se eu molhar ele um pouco. Você já fez isso. — George riu, falando com um tom irônico.

— Agora estou me sentindo um lixo.

— Pelo menos foi água limpa. — Ele sorriu. Adam somente entendeu neste momento que ele estava brincando e ficou um pouco envergonhado. — Gostei muito de conversar contigo, Adam.

— Igualmente. — Olhou para baixo e sorriu com o canto da boca.

— Eu te dou uma carona, aceita? — Abriu a porta do carro e perguntou gentilmente.

— Adoraria, obrigado! — Respondeu, entrando e sentando no banco direito da frente. Antes de entrar no carro, George olhou o horizonte mais uma vez. Este era o local onde sua mãe o levava para brincar com seu irmão. Ótimos momentos que agora parecem tão distantes.

~'~'~'~'~'~'

A segunda-feira foi um dia mais animado para Adam. Ele resolveu seguir o conselho de George e procurar alguma atividade com alguém novo para quebrar a barreira que o separava do mundo social.

O horário de trabalho já tinha acabado e alguns funcionários estavam conversando próximo ao bebedouro.

— Ei, Adam. — Um jovem da idade dele acenou, percebendo que Adam estava passando próximo a ele.

— Ah, olá, Harry! — Adam sorriu, um pouco envergonhado. Apesar de querer se enturmar mais, nunca foi bom em conversas em grupo. Apesar dele ter alguns meses, nunca passou de papos comuns de trabalhos. Coisa que isso não parecia ser.

— Ana está fazendo aniversário essa noite e estamos indo para a festa agora. Quer ir com a gente? — Ele perguntou, passando a mão na cabeça.

— É... — Falou antes de pensar no que realmente dizer e travou. — Sim, adoraria ir. Mas tem problema ir assim?

— Você está bonito assim. — Uma mulher ao lado de Harry falou.

— Ok. Então vamos. Obrigado por terem me convidado. — Adam sorriu, desta vez um sorriso real de satisfação.

Durante o caminho, percebeu que era o único nerd do grupo. Os outros pareciam descolados ou pessoas comuns, mas Harry era o que mais chamava a atenção de Adam. Porém ele era hetero e noivo. Não que Adam ficasse pensando nele, era apenas uma boa companhia.

— Chegamos. — Harry bateu na porta. Uma mulher abriu, Adam já conversou com ela várias vezes durante o trabalho. — Oi, Vanessa!

— Pessoal, obrigada por virem! — Deu um passo para o lado, dando passagem para eles entrarem. — A festa está acontecendo lá atrás. Só seguir reto. Estou organizando umas coisas por aqui, mas daqui a pouco eu passo lá.

— Obrigada. Feliz aniversário! — Alguém falou, mas Adam não prestou atenção em quem.

— Essa casa é elegante, adorei.  — Falou, surpreso. Observou as paredes brancas, com alguns quadros e o chão de madeira. Harry abriu a porta do salão de festas e se deparou com umas cinquenta pessoas. Adam suspirou ao perceber que não conhecia ninguém dali e Harry olhou-o tentando passar uma certa tranquilidade.

— Julie! — A moça de antes falou, entusiasmada.

— Ashley, como vai? — Uma desconhecida respondeu e a abraçou. Ambas saíram andando. Em pouco tempo, cada um foi indo embora. Adam começou a ficar nervoso ao perceber que ia ter que se virar. Cruzou os braços e ficou pensando no que fazer.

— Ei, cara, achou que eu ia te deixar sozinho, não é? — Harry falou, com um ar descontraído. Adam sorriu aliviado.

— Obrigado. — Riu de alívio e o seguiu até seus amigos. Além dele, não conhecia mais ninguém dali. A não ser Vanessa. Porém não tinha intimidade com ninguém, não sabia como puxar assunto.

— Esse aqui é o Adam, meu colega do trabalho. — Harry disse.

— Olá. — Acenou, um pouco nervoso.

— Esses são Carlos, David e Johnathan. — Os três cumprimentaram-no, sendo receptivos.

— Como Harrison é lá no trabalho? — David perguntou, curioso.

— Calmo. Já quebrou muitos galhos para mim também. — Adam respondeu normalmente, mas sua mente ainda estava buscando uma forma de se enturmar melhor.

— Qual é, vocês vieram aqui para falar de trabalho? — Harry reclamou.

— Como vocês se conheceram? — Adam perguntou.

— Ah, ele é um velho amigo de Vanessa. Acabamos saindo junto um dia e nos conhecemos. Sabe como é, amigo em comum. — John contou, sorrindo para Harry.

— Aquela festa deu muito errado. Eu me lembro que David voltou bêbado, quase se arrastando para casa. — Carlos falou, rindo. Todo mundo começou a rir, menos Adam.

— Adam, acho que você precisa disso. — Harry percebeu que ele estava tenso, então pegou um copo e encheu com bebida.

— Se você diz... — Bebeu um pouco, era whisky.

~’~’~’~’~’~’

— Você realmente não gosta desse tipo de ambiente, não é? — Harry estava sentado num banco e perguntou a Adam.

— Não é isso. É que eu não sei o que conversar com vocês. Bem, com eles. — Adam explicou, mexendo o líquido no copo.

— Bem, comigo você pode falar sobre qualquer coisa. — Falou de forma gentil. Adam sorriu e bebeu o resto do whisky.

— Como vai a sua noiva? — Adam perguntou, tentando puxar algum assunto.

— Sarah está bem. Deve estar voltando do trabalho por agora.

— Curte rpg online? — Fez mais uma pergunta.

— Pra caramba, estou interessado em um que vai lançar esse ano. — Harry respondeu, entusiasmado.

— Aquele medieval que sai em novembro? — Adam finalmente estava achando alguma conversa que rendesse.

— Sim. Também está interessado? A gente pode formar um grupo, caso queira.

— Sim. Ainda dá tempo, estamos em setembro. Até lá eu consigo me programar. — Disse Adam.

— Vamos agora celebrar o aniversário de Vanessa! Que está fazendo 27 anos e em breve entrará na casa dos 30. Espero que você desencalhe até lá. — Um desconhecido falou num microfone e duas pessoas entraram com uma mesa com um bolo muito bem decorado. As lâmpadas foram desligadas e as velas começaram a iluminar o ambiente.

— Algumas pessoas são tão fúteis. — Harry olhou para Adam e sorriu com o canto da boca.

— Idade não é motivo para desencalhar.

— Pois é, mas o bolo deve estar ótimo.

Os dois ficaram de pé e começaram a bater palmas e cantar a música de aniversário. Quando Vanessa soprou as velas, as lâmpadas acenderam novamente e Adam pôde ver o bolo cortado. Era de chocolate recheado com morango.

— Vamos pegar um pedaço e então você está liberado. — Harry falou, passando um braço pelo pescoço de Adam e indo até a mesa.

— Pelo visto a bebida tá fazendo um pouquinho de efeito, hein? — Adam brincou, pelo visto apenas ele trouxe uma garrafa de whisky, pois todos os outros pareciam sóbrios ou menos bêbados que Harrison. Não conseguiu deixar de se sentir desconfortável com a proximidade que Harry estava.

~’~’~’~’~’~’

Adam estava voltando sozinho para casa. Já era um pouco tarde e ele estava cansado de todo o barulho. Um carro freou ao seu lado e o assustou.

— Entra aí. — George abriu a porta e sorriu.

— Você estava me seguindo? — Brincou, entrando no carro e colocando o cinto de segurança.

— Estou voltando do cinema. Realmente tem uns bons filmes no catálogo.

— Obrigado por ter parado. — Adam falou, aliviado por não ter que pegar ônibus.

— É pra isso que amigo serve. Mas você vai ter que devolver o favor alguma hora.

— Você é uma pessoa mais divertida do que eu pensava que seria. No começo você era meio sério. — Adam falou, olhando a rua passar rápido pela janela.

— Quando eu não estou preocupado com minha mãe, até que sou uma boa pessoa.

— Então ela está melhorando? — Adam perguntou, aliviado.

— Pelo que tudo indica, sim. E espero que continue assim. — George falou, parando o carro. — Chegamos.

— Você realmente gravou onde fica minha casa. — Falou, saindo do carro.

— Boa noite. — George sorriu.

— Boa noite. — Respondeu e fechou a porta. Entrou em casa e a primeira coisa que fez foi tomar uma ducha.

Após sair do banho, sentou no sofá e ficou pensando no que George falou sobre conhecer pessoas novas e sair com outros homens.

Pegou o celular e ficou avaliando uns caras, até que deu match com um cara chamado Tobias.

— Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde. — Falou para si mesmo, tomando coragem, e mandou uma mensagem o cumprimentando.

Já era um pouco tarde e Adam resolveu ir dormir. Pensava em George, mesmo que vagamente. Aquele momento na praia foi emocional demais para ele.

No fundo, ele estava feliz porque George confiou nele. Mesmo sabendo que o conhecia há pouco tempo, sentia que podia confiar nele.


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Notas finais do capítulo

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