Redemption escrita por Marimachan, Ginko13, Fujisaki D Nina


Capítulo 36
XXXIV - Flawless Catch




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Com um gesto veloz, Rinmaru foi levado ao chão, sendo imobilizado por Gintoki, que agora ajoelhava sobre suas costas. O loiro conteve um resmungo dolorido, já que ainda sangrava pelo braço perfurado.

— Não sou do tipo masoquista, se estiver tentando me conquistar, Comandante. — Mas não demorou muito a demonstrar seu desdém, com um riso debochado.

— Comandante. — Ouviram o capitão da operação chamá-lo.

Agora que a poeira abaixava, podia-se ver que os soldados feridos durante a explosão eram auxiliados pelos poucos não feridos que restaram no local. Num canto encontravam-se os revolucionários capturados, sob a vigia de dois dos soldados; no outro, dois membros da organização carregavam os corpos dos que não sobreviveram às batalhas.

Kai aproximou-se deles e ajoelhou-se perante o superior.

— Conseguimos capturar aqui 10 dos 30 que enfrentávamos — iniciou o relatório. — Cinco estão mortos, e dos outros 15 que fugiram, 10 já foram capturados. Dos 5 restantes, 3 estão sendo perseguidos e 2 escaparam. — Aparentemente, dizer essa última parte era um grande esforço para o capitão; ele nunca fora bom em aceitar que criminosos escapassem de suas mãos. — De nosso lado, não tivemos baixas fatais, mas 4 homens se feriram gravemente com a explosão.

— Tudo bem, Kai. Vocês fizeram um bom trabalho. — Gintoki respondeu, dando a permissão para o homem se levantar. — Cuidem dos feridos e levem os capturados para a sede.

Ele acenou positivamente, mas não demorou a baixar o olhar, com desprezo em suas feições.

— E quanto a ele, Senhor? — Indicou o jovem com o queixo.

Gintoki então sorriu, um sorriso que fez um arrepio perpassar pela espinha do subordinado.

— Com Rinmaru ainda tenho alguns assuntos a tratar. Eu o levo depois.

Novamente foi obedecido com um aceno silencioso do aposto, que logo deu as costas para ir de encontro com seus homens.

— Não prefere alugar um quarto no motel aqui atrás, Comandante? Já que quer tanto ficar a sós comigo.

— O que você pretende com isso? — Fora Gintoki quem questionara em resposta ao comentário, após ignorar completamente o deboche. — Primeiro Aya, agora provoca um atentado a um prédio comercial inteiro. Qual sua intenção, Rinmaru?

— Fazia muito tempo que não nos víamos, fiquei com saudades — respondeu ainda com sarcasmo.

No segundo seguinte, porém, mais uma vez não conseguiu conter o grunhido de dor ao sentir sua cabeça ser erguida bruscamente por meio dos puxões em seus fios claros, bem como o joelho do mais velho escorregar mais para o lado, fazendo com que a dor em seu braço triplicasse.

Gintoki aproximou os rostos.

— Você acha que isso é uma brincadeira? — Fez questão de apertar o arrocho nos cabelos bastos. — Você acha que a vida dessas pessoas é brincadeira?

Mesmo sob a dor que sentia, o revolucionário não pôde evitar o riso de escárnio. Os olhos azuis agora queimavam em ódio.

— E desde quando você se preocupa com a vida das pessoas, Comandante? — Encarando-o ainda com o olhar em fogo, continuou. — Ayanara que o diga, não?

— Então eu estava certo sobre isso — constatou com um pouco mais de calma. — Vocês e a Tenkuro realmente estão trabalhando juntos. — Não obteve resposta, por isso deu continuidade. — Onde está Inori, Rinmaru? — perguntou de uma vez, sem rodeios. — Me diga onde ele está, e então podemos pensar em uma pena diferente da pena de morte para você — sugeriu com uma calma fria.

Rinmaru gargalhou, mesmo que com dificuldade.

— Como se eu fosse acreditar que você me deixaria vivo. — Afiou o olhar ao fixá-lo no rosto gelado do ex-samurai. — Afinal de contas, — Desviando os olhos dos de Gintoki, passou a encarar as pessoas no início do beco. — sei que algumas vidas te importam, certo, Comandante?

Não precisou de muita coisa pra ele compreender o que o mais novo queria dizer. Na entrada do beco encontravam-se sua família, ambas as partes, embora os policiais da Shinsegumi — acompanhados dos dois jovens yorozuya, Hasegawa e Katsura — agora caminhassem em sua direção, provavelmente curiosos com toda aquela confusão.

Shinpachi e Kagura pareciam encarar tudo com preocupação, o que só o confirmava sua hipótese sobre os dois. Algo sem dúvidas remexeu-se de forma muito desconfortável em seu interior. No entanto, aquilo que fizera seu estômago despencar e parecer ter se desprendido de suas vísceras fora o que seus olhos enxergaram ao automaticamente enquadrar Mayah em seu campo de visão.

A morena observava de longe, junto à Rose, às crianças e Shouyou, e por mais que visivelmente tentasse manter a calma, a conhecia bem o suficiente para reconhecer o pavor e o nervosismo que tomavam seus olhos. A forma como ela apertava Soujirou em seus braços também era um indicativo do quanto estava sendo atormentada por suas próprias lembranças.

Controlou a ira que cresceu em seu interior, mas não tão bem para que conseguisse manter seu tom frio e calculista. Apertando os dedos que haviam se afrouxado nos fios aloirados do jovem, aproximou novamente os rostos.

— Preste muita atenção no que vou te dizer agora, Rinmaru. — Sua voz era baixa, quase um sussurro rouco, mas a fúria contida nela era o suficiente para fazer o outro engolir em seco. — Você pode ter a certeza de que não escapará de ir para o inferno de uma vez por todas, mas é melhor me dizer onde está Inori ou eu te garanto que vou fazer você desejar a morte mais do que qualquer outra coisa.

— Você sabe muito bem que seus jogos psicológicos não funcionam comigo, Comandante-san. — Desafiou ao esmerar um pequeno sorriso de canto.

— E se eu te disser que a vida da sua querida prostituta entra no jogo? — Sussurrou perigosamente.

As pupilas de Rinmaru dilatando-se pelo pavor que lhes tomara sem dúvidas fora o ponto chave para fazê-lo sorrir satisfeito.

— O que me diz agora sobre abrir a boca, Rinmaru-kun?

— Seu desgraçado! — Agitou-se abaixo do albino fardado, fazendo com que uma quantidade maior de sangue deixasse suas feridas, mas a ira que sentia no momento não lhe deixava pensar sobre as consequências disso. — É melhor não se atrever a se aproximar de Misa, seu filho da puta miserável, — Parou de se debater, mas o ódio desmedido permanecia em cada palavra que saía de sua boca. — Ou eu juro que te arrasto para o inferno com toda a sua família junto.

— Caso não me diga onde está Inori, podemos apostar em quem vai visitar o capeta antes, Rinmaru. Eu e minha família ou sua cortesão predileta. — Por alguns segundos encarou o loiro, que arfava fundo, à espera da resposta que queria. — Nada? Tudo bem então. Kai! — chamou o capitão do 4º esquadrão, que não demorou a caminhar em sua direção.

— Ele está em Edo! — respondeu após ver que não era um blefe. — Ele está em Edo, mas escondido no subúrbio, sob proteção de uma família aliada deles. Mas não sei o endereço.

Após a conclusão da fala, porém, xingou alto ao sentir o fio da espada do prateado encostando em seu pescoço e dilacerando a epiderme local instantaneamente.

— Você é mais inteligente que isso, Rinmaru. Terá que fazer melhor caso queira realmente me enganar.

— Estou dizendo a verdade!

— E você quer que eu acredite que você foi capturado, depois de anos conseguindo fugir das minhas mãos, por azar, e que por acaso está me dizendo a verdade? — ironizou.

— Do que está falando?! — questionou exasperado, provavelmente ainda perturbado pela ideia de pegarem Misa.

— Vamos lá, estamos nessa há quanto tempo? 10 anos? — Seu tom ainda carregava ironia. — Estamos nessa corrida de gato e rato há uma década, Rinmaru-kun. E tenho o bastante para saber que você não se deixaria capturar tão facilmente à toa. Assim como sei que vocês estão planejando alguma coisa grande. Grande o suficiente para que você coloque o seu na reta e não os de membros de baixo escalão como fez no ataque à Aya. Então, ao invés de me entregar uma pista falsa, por que não me diz a verdade de uma vez?

— Senhor? — Depois de esperar por algum tempo após o chamado do chefe, Kai chamou a atenção dos dois, que agora eram assistidos em silêncio pelos moradores de Edo.

Esses, por sua vez, pareciam tentar compreender a situação, mas preferiram não interrompê-los. O que ele agradecia, porque precisava utilizar-se de todo o seu autocontrole para não soltar uns berros com Kagura e Shinpachi naquele momento. A preocupação e o quase desespero deles com a situação eram tão visíveis que não era necessário nenhuma outra prova de que estavam envolvidos com o ER e de que conheciam Rinmaru.

Ainda assim, fingindo ignorância total sobre tal fato, Gintoki dirigiu-se a seu capitão, dando-lhe as ordens que pretendia serem obedecidas.

— Leve alguns homens até o bordel de Inosuke e tragam para mim uma das cortesãs dele — ordenou calmamente enquanto erguia-se e junto erguia o vice-comandante do ER, ainda mantendo-o sob sua lâmina afiada. Ele sorriu de lado. — O nome dela é Misa, e ela possui alguns clientes muito interessantes.

— Sim sen-

— Tudo bem! — Kai foi interrompido por um Rinmaru ainda mais perturbado, contudo. — Eu digo onde ele está! Mas, por favor, não machuquem Misa. Ela não tem nada a ver com essa história.

Ele já respirava e falava com dificuldade, mas isso não impediu Gintoki de permanecer segurando-o com firmeza e apressá-lo na informação que daria.

— Estou esperando.

— No interior de Kuuto, perto da fronteira com Manjoa, há uma fazenda. A fazenda que pertence aos Yasuie. Ele está escondido lá, junto do líder da facção — declarou finalmente com a voz fraca.

Era impossível de saber se porque do desgaste emocional ou do sangue perdido. O fato era que se ele não estivesse sendo segurado por Gintoki, provavelmente estaria no chão naquele momento.

Embainhando sua espada, retirou as algemas de dentro da farda branca, e algemou o jovem, entregando-o aos soldados que agora também se aproximavam de seus superiores para receber novas ordens.

— Levem-no para a ala hospitalar e não permitam qualquer tentativa de fuga — ordenou com seriedade. — Kai, faça o que lhe pedi antes.

— Sim senhor. — Após acenar positivamente retirou-se para seguir suas ordens.

— Seu desgraçado! Eu já lhe disse a localização real! — Rinmaru voltara a se debater enquanto era carregado para longe, arrancando forças apenas do ódio que sentia. — Não se atreva, seu maldito! Não se atreva a encostar na Misa! Seu miserável!

Ignorando os xingamentos e gritos cada vez mais distantes, Gintoki virou-se para os espectadores que o encaravam pasmos.

— Ne, Danna — Sougo fora o primeiro a se pronunciar. — Isso foi bem sujo. Até para os meus padrões.

— Como pôde fazer isso, Gin-chan?! — Kagura fora a próxima, e embora ela soubesse que agora definitivamente estava mandando para os ares a discrição que necessitavam quanto ao ER, não conseguia conter a revolta que sentia.

— Sim, Gin-san! — Shinpachi completou a revolta. — Se ele te disse a verdade, por que vai envolver uma pessoa inocente nisso?!

— Isso é noj-

— É melhor vocês calarem a boca de uma vez, antes que saiam daqui algemados como ele! — A interrupção raivosa, entretanto, fez os dois se calarem com surpresa. — Já estão encrencados o bastante! — concluiu com irritação, o que só deixou os dois mais abismados.

— Do que está falando, Yorozuya? — Kondou finalmente se pronunciara, com seriedade em seu tom.

Gintoki, por sua vez, não respondeu de imediato. Vendo Irina chegar ao local com alguns de seus homens — provavelmente foram chamados pro Kai para ajudarem a organizar a bagunça —, dirigiu-se a ela.

— Irina, leve esses dois para a sede. — Apontou para a ruivinha e Shinpachi, que não demoraram a protestar.

— O que está dizendo, Gin-chan? Você enlouqueceu?!

— Gin-san! O que significa isso?!

Mas as vozes de ambos também foram se distanciando no decorrer que eram levados para longe.

Ele, por seu turno, sentiu como se três caminhões cheios de areia e brita tivessem sido derramados sobre seu corpo. Suspirou consigo mesmo.

— É para o bem de vocês mesmos, seus idiotas — comentou para ninguém em específico, com pesar.

— Oe! O que significa isso, Yorozuya?! — Kondou voltou a se pronunciar, agora num misto de irritação e exasperação.

Ele, porém, mais uma vez não respondeu. Sem dar maior atenção aos companheiros de Edo, que agora o lançavam uma enxurrada de questionamentos, caminhou até o restante da família, dirigindo-se à Shouyou, que trazia uma expressão muito difícil de ser lida enquanto segurava Souichiro — o qual se debatia com vigor para tentar desprender-se dos braços do professor e voar sobre o albino.

— Precisamos conversar.


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