Redemption escrita por Marimachan, Ginko13, Fujisaki D Nina


Capítulo 17
XVI - Growing Doubts


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ;)



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— Shinpachi, você acha que é verdade que o Gin-san...? — não conseguiu concluir, contudo, pois logo fora interrompida pelo amigo.

— É o que vamos descobrir agora, Kagura-chan — respondeu seriamente, a tensão arrebatando seus ombros desde que resolvera deixar a sala de sua casa em busca do homem do qual falavam.

Os jovens andavam apressados pelos corredores do quartel da Shinsegumi, onde sabiam que o encontrariam.

Após a declaração nefasta de Iwasaki, ambos se negaram a acreditar no que o cliente dizia, mas o sofrimento e o ódio daquele homem não pareciam ser falsos. Ele sem dúvidas odiava Gintoki mais que a qualquer outra coisa, e um sentimento forte como aquele não poderia surgir do nada. Ainda assim, não queriam acreditar que o homem ao qual admiravam e tanto amavam se tornara aquele tipo de pessoa: alguém capaz de torturar outros e ainda permitir que esses fossem tratados como cobaias. Era por esse motivo que preferiram pedir um tempo para pensarem sobre o pedido de trabalho e agora estavam à procura do ex-chefe, para tentar, no mínimo, ouvir a versão dele.

Não demoraram muito a encontrá-lo cercado de homens os quais julgavam, pelos trajes, serem seus companheiros. Ele parecia concentrado em lhes explicar algo e eles tinham de admitir que era simplesmente incrível o silêncio e a atenção absurdos que esses davam a ele.

Um pouco receosos por interromper, bateram os nós dos dedos no batente da porta, pedindo licença, o que fez com que todos sem exceção os olhassem.

— Gin-san — o jovem otaku chamou timidamente —, será que podíamos falar com você um instante?

— Precisa ser necessariamente agora? — questionou não muito satisfeito por ser interrompido.

— Sim, precisa — Kagura fora quem respondera no lugar do amigo, muito mais altiva e autoritária, demonstrando toda a sua zanga por estar sendo tratada de forma tão diferente da qual era acostumada, vinda daquele homem.

Pelas sobrancelhas levantadas por todo o cômodo, era evidente que nenhum deles estava acostumado a ver o comandante ser tratado daquela maneira. Gintoki, por sua vez, suspirou contrafeito, mas conformado, pondo-se a caminhar em direção à porta.

— Kornors, dê continuidade, por favor — pediu, logo sendo obedecido, e então fechando a porta ao deixar a sala, acompanhado dos dois mais novos.

— O que diabos é tão importante assim? — questionou rabugento, enquanto caminhavam pelo corredor.

Apesar de toda a raiva que sentia, Kagura não conseguiu, por uma fração de segundos, não sorrir ao ver Gintoki resmungando com eles. Foi como ter por um instante o Gin-chan que ela se lembrava de volta.

Shinpachi aproveitou a distração da companheira de trabalho, no entanto, respondendo a pergunta do permanentado com menos braveza, embora ainda muito sério:

— Precisamos te fazer uma pergunta, Gin-san.

— Então façam logo, seus pirralhos. Sou bastante ocupado, sabe? — Gintoki apressou, após alguns segundos dos dois em silêncio.

— Existiu algum grupo rebelde em Aokigahara?

Inicialmente o prateado estranhara a pergunta, não fazendo ideia de onde vinha aquele assunto.

— Sim — confirmou ainda rabugento. — E o que tem eles?

— Você por acaso os prendeu? — Foi a vez de Kagura.

Gintoki apenas franziu o cenho ainda mais.

— Aonde diabos vocês querem chegar? Apenas digam de uma vez — reclamou da volta que davam pra chegar ao assunto.

— O que aconteceu com essas pessoas do grupo rebelde...?

— Fiz questão de acabar com cada um daqueles desgraçados — respondeu mal-humorado. — Mas o que é que vocês têm a ver com isso?

Ao invés de dar ao impaciente homem uma resposta, porém, os dois jovens engoliram em seco, entreolhando-se um para o outro.

Gintoki voltaria a questionar aos meninos, já pressentindo que algo não cheirava bem. Quando o faria, entretanto, fora impedido por Yamazaki chegando à porta da sala que se encontravam.

— Danna! — chamou arfando após correr pelos corredores a procura do samurai. — Quer dizer... Gintoki-san...? — corrigiu-se um tanto quanto receoso pela consequência de se direcionar ao outro de forma tão coloquial. Gintoki, no entanto, não parecera se importar com o tratamento, dando mais atenção ao motivo da interrupção.

— O que houve? — questionou mais sério.

— Ah... Nada exatamente. Kondou-san só me pediu para avisar que já está tudo preparado e que podemos partir quando você quiser.

Gintoki apenas assentiu, nenhuma palavra sendo necessária para Yamazaki pegar o implícito "está dispensado" nos olhos do líder da Shinikayou. Assim que o policial se foi, ele voltou-se para seus antigos companheiros.

—Falamos depois. De tanto ficarem enrolando, o pouco tempo que eu tinha já acabou — declarou já dando as costas e saindo da sala.

— Matte, Gin- — Kagura começou, mas foi interrompida por uma mão em seu ombro.

Logo ao lado dela, Shinpachi parecia tão tenso e chateado quanto ela, mas havia também uma expressão de decisão em sua face.

— Shinpachi? — Queria que ele compartilhasse com ela o que quer que tivesse em mente, pois já estavam compartilhando todo o resto de qualquer maneira.

Descrença. Raiva. Traição. E um vazio que eles não lembravam-se de ter sentido igual desde que acordaram com apenas um bilhete de Gintoki naquela manhã, mais de dez anos atrás.

— Vamos segui-los, Kagura-chan.

Kagura apenas piscou, surpresa por aquela ideia, mas Shinpachi olhou-a nos olhos e repetiu:

— Vamos atrás deles.

Ela então assentiu sem hesitar.

(...)

— Deixem-no aí, para o interrogatório — pediu sério o Vice-Comandante da Shinikayou aos subordinados que seguravam o homem acima do peso. — Não demoraremos a vir — completou, logo dando a volta e seguindo para aonde sabiam estar Gintoki.

Shinpachi e Kagura permaneceram ali, parados no corredor, assistindo aos dois soldados encaminhando o criminoso para a sala logo ao lado. Enquanto observavam pelo vidro o ambiente interno, não conseguiam discernir ao certo o que deveriam pensar primeiro. Os detalhes das cenas que viram naquela noite se embaralhavam em suas mentes enquanto comparavam todas ao mesmo tempo, em busca de alguma certeza sobre algo. 

Desde a volta de Gintoki, ficou muito óbvio para eles que aquele com quem viveram e lutaram era um homem diferente agora. Um homem com mulher e filhos, mesmo que houvessem pensado que ele passaria a vida como solteirão, e um comandante rígido, mesmo que antes ele não comandasse nem a própria vida, e muito menos seus “empregados”. Ele agora até mesmo decidia se era ou não necessário matar — literalmente tinha a vida de outras pessoas nas mãos sem sequer precisar lidar com o trabalho sujo, se assim preferisse. Em contrapartida, também era verdade que a sua essência não havia mudado, e mesmo durante a operação perceberam que tanto seus soldados quanto ele mesmo seguiam o caminho o menos sangrento possível, enquanto também resgatavam prisioneiros. 

No entanto, o impacto que as mudanças tinham neles era muito maior do que gostariam de perceber, e as dúvidas se empilhavam em seus corações, com o relato daquele pai bem no topo.

Será que o homem que estavam começando a conhecer agora, tão diferente do qual se lembravam e amavam, realmente era capaz de agir do modo como fora relatado a eles?

Essa era a maior dúvida que rondava entre os dois jovens, e ao mesmo tempo que sentiam estar perto de alcançar essa resposta, tinham medo de seguir em frente com a “investigação” que faziam e encontrarem algo que não queriam ou que provavelmente não gostariam de ver.

— Vocês estão mesmo decididos a xeretarem todo o caso? — A voz sobre a qual pensavam os fez saltar no mesmo lugar.

Abandonando a visão da sala fechada, voltaram-se para o homem que surgira atrás deles.

— E se tivermos? O que tem isso? Seu bêbado imprestável — Kagura foi quem respondeu rabugenta, emburrada pelo susto que levara e por tudo o mais que vivia naqueles dias; e, claro, não resistindo ao xingamento, por mais que esse aparentemente nem se adequasse mais a realidade.

Uma veia saltou na testa do mais velho.

— Tem que vocês não têm nada que se meterem nisso, pirralha ingrata de boca suja! — respondeu igualmente rabugento.

Sua vontade nas últimas horas era apenas de largar uns cascudos na cabeça da ruivinha, só pelas malcriações irritantes.

— Pois nós queremos nos meter, seu homem de meia-idade de permanente! — tornou ela a responder, encarando-o desafiadora, de braços cruzados.

Mais algumas veias saltaram.

— Não meta meu cabelo nisso! — Apontou irado para a garota, mas logo virou-se para o subordinado que os acompanhava. — Kornors, aonde está Imoto? — Forçou-se a mudar o rumo do assunto, obrigando-se a ignorar os outros dois, antes que sua paciência excedesse o limite (bem perto naquele momento).

— Ele está vindo bem ali — respondeu prontamente, visivelmente segurando o riso.

Assistir àqueles três parecia ser extremamente divertido.

Quase ao fim do corredor vinha o capitão por quem Gintoki perguntou, acompanhado de sua colega Miyuki e dos superiores da Shinsegumi. Assumindo um ar completamente diferente do de segundos antes, o prateado esperou o grupo alcançá-los.

— Divirta-se. — Fora a única coisa que dissera, porém, ao apontar com a mão espalmada para o vidro em frente, logo encostando-se na parede e cruzando os braços, a espera de assistir ao interrogatório que se sucederia a partir dali.

— Imoto é quem está acompanhando o caso da Tenkurou desde o início — Miyuki respondeu a pergunta muda dos membros da força policial de Edo, pondo-se ao lado de seu próprio comandante enquanto o companheiro já pedia aos soldados que acompanhavam Okomura para deixar a sala. — Além disso, é ele quem costuma interrogar nossos suspeitos. Ele é muito bom nisso. — Sorriu ao piscar para os rapazes.

Os dois jovens yorozuya apenas aproximaram-se um pouco mais dos outros moradores de Edo, enquanto Kornors também pôs-se ao lado de seu chefe. A sala que observavam era própria para aquele tipo de coisa, e tudo o que era dito em seu interior podia-se ser ouvido lá fora. O vidro era espelhado e por isso mesmo quem estava de dentro, não enxergava nada além de si mesmo através dele.

Lá dentro, Okomura se encontrava sentado à mesa, com cara de poucos amigos. Seu rosto redondo e enrugado apertava-se numa expressão de pura insatisfação e irritação, enquanto suas mãos gordas batutavam sobre o tampo, impaciente. Os cabelos rareados e grisalhos estavam colados à testa.

Imoto não abriu a boca até alcançá-lo, pondo-se à frente do senhor de idade já avançada em silêncio. Esse, porém, não demorou a pronunciar-se com sua voz grave.

— Não adianta vocês tentarem tirar alguma coisa de mim, não irão conseguir, Imoto-san — anunciou num misto de nervoso e sarcasmo. — Nem com sua melhor tortura.

— Tem certeza sobre isso, Okomura-san? — Lançou a pergunta de forma tranquila, embora a sugestão implícita de ameaça fosse clara. — Nós podemos chegar a coisas bastante interessantes para conseguir a informação que precisamos.

O líder sentiu o tremor em seu corpo, ainda assim não cedeu tão fácil.

— Tudo o que vou te dizer é que existe alguém muito maior do que eu por trás da Tenkurou, e que vocês estão mais longe de chegar a ele do que eu de voltar a minha forma da juventude — debochou.

— E você claramente sabe quem é essa pessoa. — Olhou-o com concentração, lendo as entrelinhas das feições do outro.

Okomura, no entanto, olhou para o lado, ajeitando-se na cadeira de forma desleixada.

— Nada do que você vá fazer chegará perto do que eles farão comigo caso eu abre a boca.

— Podemos tentar negociar então. — Sentou-se à mesa também, reunindo as mãos sobre a madeira. — Você nos dá o que queremos, e nós te protegemos daqueles que tentarem te alcançar depois.

O homem riu com gosto.

— Eu já vou estar seguro o bastante na cela que me presentearão; sem abrir minha boca. — Olhou desafiador. — Sou um homem de negócios, Imoto-san. Tenho consciência das minhas vantagens e dos perigos que corro de acordo com as minhas escolhas. E agora, posso te afirmar com certeza que ser preso de boca fechada me é muito mais vantajoso do que o contrário.

Imoto, por sua vez, virou-se em direção ao espelho, em uma comunicação silenciosa com seus companheiros. Do outro lado, todos pareciam chegar a mesma conclusão que ele: o homem não iria abrir o bico, por mais que ele tentasse arrancar as informações.

— Ele não irá falar — Miyuki pôs em voz alta o que todos pensavam. — O que faremos? — Olhou para seu comandante, que apenas observava em silêncio.

— Podemos tentar, Yorozuya? — Kondou questionou animado, logo batendo nas costas de Hijikata. — Talvez Toshii possa fazer ele falar. Esse aí tem cara de ser o tipo que abre a boca se sofrer um pouquinho mais de pressão — gozou.

— Se fosse o caso, também já teríamos agido assim, Kondou-san — Kornors respondeu por seu comandante.

— Sim — Hijikata concordou. —, sem dúvidas Okomura é o tipo de cara que abriria boca ao sofrer esse tipo de pressão, mas o medo que ele tem desse cara a quem ele responde parece ser maior do que o que tem de nós — explicou o ponto.

— Comandante? — Kornors chamou num pedido implícito de novas ordens, mas tudo o que Gintoki fizera fora descruzar os braços e encaminhar-se para a porta da sala.

— Ok... — Miyuki sorriu divertida. — Talvez isso funcione.

Sem entenderem ao certo o que a morena queria dizer, os presentes apenas se colocaram a observar o ex-samurai fechando a porta e Imoto se pondo de pé.

— Ora, deu-me a honra de aparecer, Comandante? — Okomura ironizou, em uma risada sem humor. — Já disse ao seu soldado que não conseguirão mais nada de mim — desafiou.

— Temos certeza sobre isso? — questionou mais uma vez, num tom que usaria para falar sobre o clima.

O outro não respondeu. Ao invés disso, observou o prateado colocar-se atrás dele, repousando as duas mãos sobre os ombros do criminoso, que automaticamente tornaram-se mais tensos e duros. Abaixando-se até alcançar o ouvido do homem de idade, Gintoki sussurrou algo ali que nenhum daqueles que estavam lá fora puderam ouvir, mas presumiram ser algo bastante desagradável para o sujeito acima do peso, pois as expressões desse mudaram completamente.

O medo era visível nos olhos esbugalhados a na respiração cortada. Os dedos contraíram-se sobre a mesa num gesto instintivo e as linhas de expressões espremeram por entre o suor que escorreu de sua testa. A reação que ele teve após essa, porém, deixou todos consideravelmente surpresos.

Uma gargalhada grave, embora visivelmente nervosa e amedrontada ecoaram do líder da Tenkurou.

— Você é realmente o que te chamam pela cidade, não é, Comandante? — Olhou-o com os olhos queimando em ódio, embora o medo ainda estivesse presente. — Em comparação a você, nós somos santos. Usando de uma chantagem baixa dessas... Sua passagem para o inferno, assim como eu, está garantida, Demônio de Aokigahara — debochou com sarcasmo.

— Nunca disse o contrário — respondeu calmamente, contornando a mesa e pondo-se de frente ao outro, aguardando pelo que sabia que viria em seguida.

— Ayanara — despejou com desgosto. Gintoki apenas ergueu as sobrancelhas, acompanhado dos outros que assistiam. — É o nome da mulher que sabe aonde ele está. O cara que dá todas as ordens. Nós o chamamos de Banken¹. Ele não é o líder, mas é o homem mais próximo dele. Nós nunca sequer vimos a cara do líder da facção, tudo vem do Banken. Inclusive, ele anda mascarado, então também não o conhecemos. É tudo o que vou dar — concluiu em tom definitivo, virando a cara para o lado novamente e cruzando os braços.

Gintoki, por sua vez, sorriu satisfeito.

— Rapazes — chamou em alta voz, sabendo que o ouviriam. —, parece que hoje nós vamos aproveitar a noite muito bem acompanhados.


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