An Ordinary Life escrita por JhullyChan


Capítulo 22
Capítulo 22 - Escolhas - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Soltei a bomba e saí correndo. >< Encontro vocês nas notas finais.



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Legenda:

Itálico - pensamentos

Negrito - sonhos/lembranças

By Li Syaoran

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Dei um pulo quando senti água em meu rosto e minha camiseta molhada. Levantei do sofá rapidamente e encarei de forma furiosa um Eriol com sorriso sarcástico estampado no rosto.

— Explique-se. – Falei entre dentes.

— Te chamei, repetidas vezes. – Ele mexeu os ombros de forma simples. – Te encontrei aqui na sala, sentado, olhando para o nada... Te chamei novamente. Nada. Resolvi te tirar do transe da forma tradicional.

— Idiota.

— De nada. – Eriol colocou o copo no chão e se sentou no sofá. – Agora você poderia, por favor, contar o que te preocupa tanto ao ponto de ficar tão distraído? – Respirei fundo. Coisa que estava fazendo muito ultimamente. Voltei a me sentar e passei a mão direita pelos cabelos. – Sabe que não vou insistir. – Eriol disse.

Concordei com a cabeça e apoiei-a nas palmas das mãos, enquanto meus cotovelos se sustentavam sobre meus joelhos.

— É uma longa estória. – Disse ainda na mesma posição.

— São – Eriol deu uma pausa, que entendi sendo ele verificando as horas – 20:53, de uma terça-feira. Minha vida acadêmica está resolvida e Tomoyo resolveu tirar uma noite de meninas com Sakura... Tenho todo o tempo do mundo.

Levantei a cabeça, encarando meu amigo. Sim, por mais que eu não admitisse, Hiiragizawa Eriol era o mais próximo de um amigo que eu possuía naquele lugar.

— Problemas no Clã que, indiretamente, afetam o meu relacionamento com Sakura.

— Problemas com o Clã Kamiya? – Eriol perguntou e eu confirmei.

— No casamento de Fuutie fui apresentado a minha, até então, futura noiva.

— Lembro de você ter comentado comigo. – Eriol aproveitou a pausa que fiz para falar.

— Estava tudo relativamente tranquilo. Sabia que teria que me casar com Kamiya Kari assim que voltasse definitivamente para Hong Kong, mas não havia tanta pressa assim. Principalmente devido ao meu último noivado. – Dei outra pausa, mas dessa vez Eriol se manteve quieto. – Mas, infelizmente, as coisas saíram dos trilhos, novamente. – Fixei meu olhar em um ponto qualquer e por ali fiquei. Não queria falar, pois se tornaria ainda mais real.

— Vou entender o seu silêncio como 'ainda estou digerindo'. – Eriol levantou do sofá. – Saia um pouco, pense a respeito. Se quiser conversar, estarei aqui, mas acho que a pessoa que realmente deveria estar a par disso é Sakura.

Eriol saiu da sala e eu ouvi a porta do banheiro se fechando.

Não sei quanto tempo fiquei ali, mas foi o suficiente para que eu não reparasse que Eriol já tinha ido dormir. Peguei minhas coisas e fui correr. Era a única coisa ao meu alcance no momento.

— Boa noite, mãe. – Atendi ao celular enquanto saia do elevador. Ela deve ter visto a mensagem e retornado de imediato.

— Boa noite, Syaoran. Você conhece Tanaka Sora? – Dona Yelan foi direto ao assunto.

— Sim. A conheci em Tomoeda. Ela era antiga colega de sala de Sakura. Por quê? – Do outro lado da linha, minha mãe respirou fundo.

— Estamos tendo algumas divergências com o Clã Kamiya. – Esperei que ela continuasse. – Descobrimos recentemente que Kamiya possui uma filha bastarda e a mulher como o qual ele se envolveu, a senhora Tanaka Yolei, está reivindicando a primogenitura de Tanaka Sora.

— Mas isso é infundável. As leis do Clã são claras com relação a isso: não são permitidos casamentos com bastardos.

— Sim, mas essa mulher sabe como negociar, e não entrou de mãos vazias. Eu não tenho todas as informações ainda, mas os Tanakas ofereceram acesso total aos portos japoneses, os quais eles controlam grande parte.

— E o que eles realmente querem em troca? – Eu sabia que essa confusão toda sobre o meu casamento era apenas uma distração para algo muito maior.

— Acesso à rede portuária de Hong Kong. – Minha mãe respondeu. Nós sabíamos o que aquilo significava: uma vez com entrada direta ao país nipônico, as negociações com as diversas empresas daquela área estariam à nossa mercê. E se tinha algo que os anciãos apreciavam tanto quanto tradição, poder e influência, era dinheiro.

Ficamos alguns segundos em silêncio. Eu não sabia que a situação era tão complicada assim. E o pior de tudo era que, por ser mulher, minha mãe não era autorizada a participar das negociações. Mesmo sendo a matriarca do Clã. E eu não estou lá para representa-la.

Andei de um lado para o outro, ainda no corredor. Me sentia como um animal enjaulado. Não podia ir a Hong Kong para resolver e largar a faculdade. Mas também não podia ficar de braços cruzados.

— Precisamos do vovô Li. – Disse por fim. Ouvi a respiração de minha mãe do outro lado da linha.

— Eu sinceramente não gostaria de envolver seu avô nisso. – Ela disse numa mistura de pesar e rancor.

— Ele é o único que consegue pôr juízo nas cabeças daqueles velhos, e mostrar que, mesmo sendo vantajoso, o Clã não abre mão de suas raízes por dinheiro. – Deixei que a sentença caísse sobre nós dois.

Minha mãe e meu avô paterno não se davam bem desde a morte de meu pai. Vovô era tradicionalista demais e não concordava com a matriarquia, posto de liderança, de minha mãe. Mesmo quando isso já era previsto e devidamente fundamento nas normas do Clã desde sua origem. Quase nunca recorríamos a ele, somente em situações extremas, e essa era uma delas.

— Você tem consciência que, uma vez ele lá dentro, será mais impossível que o seu relacionamento com Kinomoto perdure. Não tem? – Tinha acabado de fechar a porta do apartamento quando ouvi a sentença.

Corri mais rápido. Senti uma fisgada na perna esquerda, a que quebrei meses atrás, e diminui o ritmo, passando para uma caminhada.

Estava distraído. Não que isso afetasse minhas notas, mas eu sentia que desde quando conheci Kamiya Kari, e tudo saiu do controle, parte de mim estava confusa. Balancei a cabeça de um lado para o outro. Meu relacionamento com Sakura já tinha um obstáculo eminente, que era o meu futuro casamento com Kamiya Kari. Tanaka Sora só piorava a situação.

Eu precisava treinar. Precisava desligar minha mente e fazer meu corpo trabalhar, porém tinha consciência que o horário não me permitia ir à academia. Então, voltei a correr.

...

— Pietro veio me procurar hoje. – Ouvi a voz de Sakura. Ela tinha vindo ver o treino e agora estávamos deitados na grama do campo de futebol. As lembranças do amasso que demos minutos atrás ainda estavam vívidas em minha mente, mas ouvir o nome de Pietro fez com que meus sentidos ficassem em alerta.

— O que aquele idiota queria? – Resmunguei. Sakura estava deitada sobre meu peito e eu senti quando ela se moveu.

— Uma explicação do porquê não respondo mais a ele. – Ela respondeu.

— Mas você não o bloqueou? – Encarei aquelas duas esmeraldas.

— Sim, por isso que ele foi até mim. – Levantei uma de minhas sobrancelhas.

— Como você o dispensou?

— Conversamos de forma civilizada. Ele ficou puto da vida comigo, mas prometeu me deixar em paz.

— Se ele vier te incomodar novamente, me avise. Converso civilizadamente com ele qualquer horário. – Falei de forma sarcástica. Se aquele idiota voltar a chegar perto de Sakura, vou acabar com a raça dele.

— Você está sério. – Sakura falou um tempo depois. Lembrei-me das conversas que tive com Eriol e minha mãe. Saia um pouco, pense a respeito. Se quiser conversar, estarei aqui, mas acho que a pessoa que realmente deveria estar a par disso é Sakura. Lembrei-me das palavras de Eriol e bufei. Sentei e fiz com que Sakura me acompanhasse.

— Eu não sei como ter essa conversa com você, mas é algo que não tem mais como evitar. – Respirei fundo e passei a mão direita pelo cabelo. Por que tem que ser tão difícil? — Eu não posso me relacionar com você, Sakura. – Esperei alguns segundos antes de continuar. – No jantar de ensaio do casamento de Fuutie fui apresentado a Kamiya Kari, minha futura noiva. Minha mãe me garantiu que não há data para o casamento, mas assim que voltar para Hong Kong, aqueles velhotes não perderão tempo.

O silêncio e o nervosismo venceram. Levantei e passei a andar de um lado para o outro. Olhei de relance para Sakura. Seus olhos estavam marejados. Merda!

— Eu realmente lutei para não te envolver nisso, Sakura. – Me aproximei dela, segurando seu rosto, para que ela pudesse ver o quão importante ela era para mim e o quanto aquele assunto me angustiava. – Mas eu não consegui. Não consegui ficar longe da garota que conseguia me tirar do sério em segundos, que tem um gênio forte demais para não ter nascido uma Li, que faz com que eu tome atitudes que eu não tomaria se estivesse em sã consciência e que tem os olhos mais lindos que já vi em toda a minha vida.

Esperei, ansioso, pelo que ela falaria. Queria que ela me falasse que tudo ficaria bem, que daríamos um jeito de fazer dar certo. Mas seus olhos, sua expressão me mostrava que ela estava tão perdida quanto eu.

— Eu ainda tenho três anos aqui, Syaoran. Não sei se consigo ficar perto de você, tendo consciência do que sinto, por tanto tempo assim. – Suas palavras foram como um soco em meu estômago. Ela tirou minhas mãos de seu rosto. – E eu não quero você pela metade. E sei que se formos à diante com isso, esse fantasma vai nos rondar. – Eu precisava me esforçar. Precisava fazê-la entender que eu não estava contando aquilo para nos afastar, mas para que lutássemos juntos, para ficarmos juntos.

— Eu pensei muito antes de finalmente conversar com você. Mas eu não tenho opções. Ser o líder do Clã me dá muitas vantagens, mas me priva de muitas outras coisas e a principal é essa: não posso escolher com quem vou me casar. – Precisava falar tudo, mas sabia que não era o momento para acrescentar Tanaka Sora à conversa. – A união deve ser vantajosa, um acordo entre famílias, não uma união matrimonial entre pessoas que se amam o suficiente para dar esse passo.

Soltei o ar de forma lenta, tentando decifrar as emoções que Sakura mostrava.

— Eu preciso pensar. – Ela disse por fim. E eu conhecia aquele tom.

Olhei atentamente para ela, gravando cada detalhe da mulher que invadia meus sonhos e meus pensamentos com mais frequência a cada dia. Me aproximei, encostei minha testa na dela, sempre atento as suas reações, e por fim, a beijei.

...

— Sua semana realmente está sendo péssima. – Ouvi Eriol. Olhei para o espelho e encarei meu reflexo. Eriol estava no elevador comigo, íamos nos encontrar com Tomoyo e seguir para o jantar com Daidouji Sonomi.

— Nem me fale. – Disse de forma cética. Não estava de bom humor a semana toda, mas desde ontem, quando conversei com Sakura, eu estava mais rabugento do que o normal.

— Se não quer que as Daidouji perguntem o motivo disso tudo, sugiro que disfarce melhor. – Olhei para Eriol, pronto para dar uma resposta à altura, mas o elevador parou e abriu a porta.

— Não sou um ator. – Me limitei a responder.

Passamos pela recepção, cumprimentamos Matsumoto-san e seguimos para a garagem, onde Tomoyo nos encontraria.

— Mas terá que ser, por uma noite. – Eriol continuou. Recostei em meu carro e cruzei os braços. – Tomoyo com certeza sabe o que aconteceu e vai se controlar o quanto puder para não tocar no assunto na presença da mãe... Mas não garanto nada quando estivermos os três sozinhos.

— Eu sei. – Continuei olhando fixamente para o carro ao lado. – Se você puder contê-la, agradeceria. Não estou a fim de um interrogatório.

— Não garanto, mas vou tentar. – Ele me respondeu.

Menos de três minutos depois, Tomoyo apareceu. Ela estava realmente vestida para a ocasião, mas seu semblante estava preocupado.

— Boa noite, rapazes. – Ela se aproximou de Eriol, o cumprimentou com um selinho. Antes de se aproximar de mim, Tomoyo olhou fixamente em meus olhos e me abraçou.

— Vocês vão achar uma solução. – Ela sussurrou para mim. Dei um meio sorriso quando ela me soltou.

— Vamos? – Tomoyo perguntou. Concordamos e seguimos para o restaurante.

Durante o percurso falamos pouco, o clima não estava dos melhores. E eu não colaborava. Tomoyo e Eriol tentavam engatar conversas leves, mas logo acabavam.

— Mamãe avisou que vai se atrasar oito minutos. – Tomoyo falou após ler a mensagem da mãe.

— Até para atrasar Daidouji Sonomi é pontual? – Eriol perguntou, com o tradicional sorriso enigmático dele.

— Extremamente. – Tomoyo respondeu.

Chegamos ao restaurante francês e mesmo eu não tendo o costume de reparar na decoração, aquele ambiente conseguiu captar minha atenção. Tudo ali me lembrava filmes franceses de época, como se tivéssemos caído em pleno século XVIII. Até os funcionários estavam vestidos a caráter, com suas perucas brancas e vestidos bufantes. Logo fomos conduzidos pelo maître para a nossa mesa.

— Nunca havia ouvido falar deste restaurante. – Tomoyo comentou, encantada com a decoração.

— Nem eu. – Respondi de forma simples.

— Passei aqui em frente há alguns dias atrás, mas se soubesse que se tratava de um restaurante temático, teria vindo devidamente caracterizado. – Eriol respondeu.

Daidouji Sonome chegou no horário previsto. Nos levantamos para recebe-la.

— Perdão pelo atraso. – A elegante senhora se aproximou de Tomoyo, abraçou e lhe deu um beijo na testa da filha. – Você deve ser Hiiragizawa Eriol, namorado de Tomoyo.

Eriol se curvou de forma respeitosa, que foi retribuído por Sonomi.

— Eriol Hiiragizawa. É um prazer finalmente conhece-la, senhora Daidouji.

— Daidouji Sonomi. O prazer é meu, jovem Hiiragizawa. – Ela tirou os olhos dele e voltou sua atenção para mim. Apressei-me em me apresentar.

— Li Syaoran. – Curvei-me de forma respeitosa. – É uma honra conhece-la, senhora Daidouji.

— Digo o mesmo. – Nos sentamos e as entradas foram servidas.

A conversa se iniciou com temas simples como o tempo, estadia, estudos. Sonomi era uma mãe preocupada, mas principalmente, ela prestava atenção no dito e no não dito. Percebi que estava chamando a atenção dela por não interagir muito, exatamente como Eriol havia falado. Tomoyo tentava manter a conversa nos trilhos, mas logo Sonomi me direcionava alguma pergunta ou opinião.

Olhei para Eriol de canto. Aquilo já estava me tirando do sério.

— Eu gostaria de agradecer pessoalmente pelo cuidado que estão tendo com Tomoyo. – Sonomi olhou para Eriol e depois para mim.

— Não fazemos por obrigação. – Respondi.

— Falo por mim quando digo que ela é uma das minhas prioridades. – Eriol sustentou o olhar que Sonomi lançou a ele e depois olhou para Tomoyo.

— Obrigada por nos ajudar, mamãe. – Tomoyo voltou a falar. – Sei que Sakura diria o mesmo.

— Já que tocou no assunto, onde a senhorita Kinomoto está? – Sonomi perguntou.

— Ela ficou em casa arrumando as coisas. – Tomoyo respondeu e olhou rapidamente para mim – Ela terminou o semestre hoje e volta amanhã para Tomoeda. – Meu coração deu um salto com aquela informação. Eu não sabia disso. Preciso falar com Sakura.

— É uma pena ela não ter vindo. – A senhora Daidouji lamentou.

— Falo com ela que você sentiu falta dela. – Tomoyo sorriu para a mãe.

— Quanto tempo vocês ainda vão ficar? – Ouvi Daidouji Sonomi perguntar.

— Eu volto sexta à noite para Hong Kong. – Respondi.

— Meu voo só sai segunda pela manhã. – Foi a vez de Eriol responder.

— Eu só vou terça à noite, mamãe. – Tomoyo tomou um gole de água. – Tenho um projeto para ser entregue terça pela manhã e não consigo adianta-lo.

— Vou deixar tudo preparado então. – Sonomi respondeu.

Continuamos conversando sobre nossos cursos, nossas cidades natais e famílias. Foi um jantar agradável, acompanhado de ótima comida e ambiente, mas minha mente estava presa a certa jovem de cabelos cobre.

“Não sabia que havia conseguido adiantar suas provas.”

Mandei mensagem para Sakura assim que cheguei ao banheiro. Esperei, impaciente, que ela me respondesse, mas não podia esperar muito. Resolvi ligar.

— Pela última vez, Touya, eu sei o caminho de casa. Não precisa me buscar na estação! – Ouvi a voz levemente irritada de Sakura e lembrei-me de como ela ficava corada e com sangue quente quando isso acontecia.

— Não é o Touya. – Respondi. A ligação ficou em silêncio por alguns segundos, até que finalmente ela retrucou.

— Já ia responder sua mensagem. Touya estava monopolizando minha atenção.

— Te irritando. – Completei.

— Como sempre. – Ela soltou uma leve risada. – Está no jantar?

— Sim, estamos esperando a sobremesa. – Respondi. Sabia que ela estava me enrolando, tentando ganhar tempo. – Vai para Tomoeda amanhã, Nanica? – Impliquei com ela e em resposta, ela bufou. Os antigos apelidos eram usados agora tanto para implicância, quanto demonstração de carinho. Estranho, eu sei... Mas era isso que Sakura fazia comigo.

— Sim, Godzila. Os professores resolveram adiantar as provas para nos liberarem mais cedo. Fiz todas hoje. – Ficamos em silêncio mais uma vez. Isso era muito estranho. Sabia que a situação não era das melhores, mas era irritante ficar distante dela, de todas as formas. – Você volta para Hong Kong quando?

— Sexta à noite. – Respondi. Não consegui discernir meu tom de voz. Parte de mim estava irritada, como ela poderia ir embora sem falar comigo, sem nem ao menos me contar o que estava acontecendo?! Mas a outra parte sabia que aquele não era o momento de pedir explicações, afinal quem seria eu para pedir aquilo.

— Vou deixar o vestido que Fuutie esqueceu aqui em casa em cima da sua cama. Vocês deixaram a janela aberta?

— Sim, deixamos. – Respirei fundo. – Quer que eu te leve à estação amanhã?

— Não, não se preocupe. Sei que você tem provas importantes essa semana. Posso ir sozinha. – Ela usou a velha desculpa de estar ocupado para que nós não nos encontrássemos.

— Tudo bem então.

— Syaoran, eu vou desligar. Tenho muitas coisas para arrumar ainda. Boa noite. – A voz dela era uma mistura de ressentimento, chateação e tristeza. Acabava comigo saber que eu era a causa disso.

— Boa noite. – Me despedi e ela logo encerrou a ligação.

Passei uma água no rosto e segui para a mesa.

...

O dia da volta para Hong Kong finalmente chegou. Como esperado, passei direto em todas as matérias e continuava no posto de melhor aluno do curso, meu coeficiente nunca havia estado melhor. Fechei a última mala, dei uma última conferida nos cômodos do apartamento e deixei um bilhete para Eriol. Ele estava na monitoria e, por ser véspera das provas de recuperação, não sairia de lá tão cedo.

Desci, entreguei minhas chaves para Matsumoto-san, despedi-me dela e segui para o carro. Precisava buscar Wei e Meiling antes de ir para o aeroporto.

...

— Shiefa me avisou que você havia chegado. – Minha mãe me encontrou na biblioteca da Mansão. Já havia jantado e estava pesquisando entre livros velhos e a própria internet, formas de burlar aquela maldita regra que estava acabando com a minha sanidade.

Fechei um dos livros e encarei uma das mulheres mais respeitadas de toda Hong Kong, talvez até da China.

— Estava no Conselho? – Perguntei, cansado pela viagem, pelo que estava passando, mas principalmente, cansado de estar em um beco sem saída.

— Sim. Seu avô conseguiu fazer com que eu participasse. – Inclinei um pouco a cabeça e franzi as sobrancelhas. Aquilo não se parecia em nada com as atitudes normais do meu avô paterno. – Sim, também achei estranho e continuo achando, mas é a verdade. – Ela se sentou a minha frente e observou a bagunça que se encontrava a mesa que usava. – Se precisa de ajuda em algo, deveria perguntar a Wei, ele conhece essa biblioteca como a palma de sua própria mão.

Passei os olhos pelos mesmos livros que havia tirado do lugar e respirei fundo.

— Seu pai sempre falou que esse fardo era pesado demais para uma pessoa apenas carregar, principalmente alguém tão jovem, tão cheio de opções. – Ela falou de forma séria e carinhosa ao mesmo tempo. – Sei que as coisas parecem impossíveis agora, mas vamos resolver um problema por vez. No momento, precisamos fazer com que os Tanaka desistam dessa maluquice, para pensar no que fazer com os Kamiya.

— Não há o que fazer, mãe. – Encarei um ponto qualquer.

— Se você continuar pensando dessa forma, não vou me dar ao trabalho de te ajudar a ficar com Kinomoto. – Olhei levemente surpreso para ela. Tinha consciência que ela sabia sobre o que sentia por Sakura, mas me ajudar a ficar com ela era totalmente diferente.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoas.
.-.
Sei que metade quer me matar e a outra quer me torturar, maaaaaas estamos aí, com mais um capítulo ♥ Foi meio explicativo e tals? Foi. Mas era necessário. >< #Sorry

Vamos para os agradecimentos especiais! \o o/ o//

— Jamilly Butel, Funny Belle, ingridkiss19, NekoCMR, Letycaco, Niiy, Anakurarachan, Suzzane, Lucana, Aninha, The Dog, TataChenck, camiiwitch, Tuca Mello, Lauren Uzumaki, Fabrício piress, Pandinha, thatycarter, ValentinaV, Shimai, lilianbertolini, Vivianne, lucas lara, SamyMartins98, braga, Naty MellarkLi, Anna Kane Jackson e Cecília Pinheiro por terem favoritado a fanfic e o spin-off (A.O.L. - The Weekend) ♥ #ThankYouSoMuch

— Sweetness, Suzzane, Pandinha, TataChenck e FunnyBelle por terem recomendado as fanfics ♥ ♥ #YouGuysAreTheBest

— Suzzane, thatycarter, Pandinha, sweetness, Yukia, Keylitinha tsubasa, Emilly 465, Vivianne, Letycaco, Funny Belle, chrissie lowe, TataChenck, Giiz, nanypotter, Priscila fernanda, victorika, Naty MellarkLi, Shimai, camiiwitch, kusumary, AnFaa, braga e ingridliss19 por terem comentado em algum momento ao longo das duas fanfics. *-----*

P.s.: Estou agradecendo por aqui, porque não consigo mais agradecer pela A.O.L. - T.W. ^^' E já fazia tanto tempo que eu não passava por aqui, que perdi a contagem de quem já havia agradecido ><

Bom, por hoje é tudo, gente. #NãoMeMatemPlease

P.s.2: Agradecimento mais do que especial a ValentinaV, minha #BetaMaravigold, por ter me ajudado e ter tido paciência comigo todos esses meses *------* Você é demais, V! #GoGirlV

#BeijosBeijos



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