Eu não consegui prestar atenção na aula. Tudo o que eu conseguia fazer era pensar no garoto que estava atrás de mim. Queria saber quem ele era, de onde veio. Talvez até teria como eu fazer isso, mas precisava pelo menos saber o seu nome.

- Então, senhorita Dare. Qual a resposta para minha pergunta? - Meu odiado professor de física, Sr. Mark, ou como gostamos de chamá-lo, Sr. Cabeção. Sério, aquela cabeça dele além de ser enorme, só tem maldade.

- Não sei- resmunguei, ele sempre tinha a mania de me perguntar as coisas, e não que eu não saiba as respostas, eu apenas não ouvi o que ele falou...

Como um milagre, o sinal bateu no exato momento em que ele me lançou um sorriso maligno do tipo "é hoje que eu te mato". Mas aqui ninguém respeita nada, então quando o sinal toca, independente do professor ter acabado a aula ou não, todo mundo sai correndo.

Quando estava saindo da sala para a próxima aula, alguém esbarrou com força em mim e eu caí com tudo no chão, espalhando meus livros entre o corredor e a sala. Quando fui pegar minhas coisas, alguém se abaixou para me ajudar. Depois que percebi quem era, meu coração parou. O garoto cujo-nome-eu-ainda-não-sabia estava juntando meus livros. Essa foi a primeira oportunidade em reparar em como ele realmente era. Ele tinha olhos azuis tão profundos que parecia que dava para ver sua alma. Seu cabelo preto era curto, mas com uma franja que o deixava ainda mais lindo. Seu rosto era perfeito, com traços iguais aos de uma escultura feita pelo melhor artista do mundo.

- Aqui estão os seus livros- ele disse me entregando todos juntos. Então eu percebi que fiquei apenas o encarando em vez de fazer algo.

- Anh...Obrigada- Consegui dizer depois de ficar com a cara vermelha.

- De nada...Prazer, meu nome é Christian, e o seu é....

- Nathalie, prazer.

Apesar de eu ser uma das pessoas mais populares da escola, acho que ninguém tinha reparado no que acabou de acontecer. Talvez isso tenha a ver com o fato de todos os dias eu me isolar das pessoas. Acredito que agora eu até seja uma das perdedoras. Mas eu não me importava, já que o que eu mais queria nunca seria alcançado.

-Bom, já que você é a primeira pessoa com quem eu falo aqui, queria saber para onde eu vou agora, estou...um pouco perdido-  ele disse.

-Posso ver o seu horário?

Ele não disse nada, mas tirou um papel da mochila e me entregou.

-Agora sua aula é de Inglês, na sala 15....como minha aula agora também é de de inglês, eu te acompanho até a sala-  eu falei com um enorme sorriso no rosto. Eu só não teria duas aulas com ele. Isso era bom.

Caminhamos em silêncio até a próxima sala. Foi bom porque eu não tinha nada para falar e não gostava de comentários idiotas para puxar assunto como: "O dia está nublado, acho que vai chover". Isso é tão idiota. Outra coisa boa foi que não tinha ninguém nos corredores, porque isso certamente chegaria aos ouvidos de Tyler e ele com certeza faria mais uma daquelas ceninhas ridiculas de ciúmes dele.

Quando chegamos à sala, o professor tinha saido, então não teriamos problemas por chegarmos atrasados. Sorte ou não, havia apenas duas cadeiras vagas, uma do lado da outra. Finalmente a vida estava me dando novas oportunidades.

Quando o professor Andrew entrou, todos ficaram quietos. Ele não é como o sr. Cabeção que todos odeiam. O respeitamos por ele ser legal e eu o respeito porque foi o único professor que entendeu meu sofrimento quando Logan morreu.

Estava rabiscando meu caderno com desenhos não definidos e Christian fazia a mesma coisa quando pela centésima vez olhei para ele. Fiquei séria quando vi que ele usava uma corrente igual a minha pulseira. E sem dúvida, isso não era um bom sinal...