Papa Shion escrita por Sarinha Myuki


Capítulo 4
Repetindo o Passado...


Notas iniciais do capítulo

Oi tutuquinhas, tudo bem? Bom, vamos lá. Eu super me empolguei e escrevi um capítulo que acabei dividindo em dois. Então segue a primeira parte. Espero que gostem ♥



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Flashback

Camus havia levado um boneco de ação militar para a escola, vez que era permitido para alunos de até dez anos levarem brinquedos na sexta-feira. O garoto não era muito efeito de carregar objetos como aquele, porém, estava muito feliz por ter recebido o presente de seu mestre.

Mu havia ganhado um boneco igual, como sempre ocorria. Eles eram sempre presenteados com a mesma coisa e ao mesmo tempo pelo mestre que cuidava de sua educação. Porém, o lemuriano mais novo não se atentou a levar seu brinquedo para a escola na sexta-feira como seu irmão o fizera.

Assim, enquanto Camus brincava num canto sozinho na hora da saída, Mu o observava não tão de longe, sentindo bastante inveja pelo fato do irmão estar com um brinquedo para se entreter e ele não. Foi quando o lemuriano percebeu uma marca roxa no pé esquerdo do soldado, sendo essa a marca que ele próprio fazia em todos os seus brinquedos para não correr o risco de misturá-los aos de Camus.

Foi quando Mu levantou com o cenho franzido e foi ter com o irmão.

— Você roubou o meu brinquedo!

Camus olhou indignado para o irmão dois anos menor.

— Esse brinquedo é meu!

Mu puxou de maneira bruta o boneco das mãos de Camus e apontou para a mancha roxa malfeita para comprovar seu ponto de vista e virou as costas, deixando o irmão sozinho.

Não tardou até o aquariano correr e lhe arrancar o brinquedo das mãos bastante nervoso com a postura do menor.

— Eu trouxe o brinquedo pra brincar e vou brincar! Só troquei os bonecos, tanto faz! Se você queria brincar que tivesse trazido o seu!

Mu tencionou os lábios e, com os olhos cheios de água, gritou enquanto puxava parte do boneco, tentando arrancá-lo das mãos de Camus.

— Esse boneco é meu! Me dá!

— Solta Mu!

Camus não soltou e continuou a tentar puxá-lo para si. O cabo de guerra acabou por quebrar o boneco ao meio e lançar cada uma das crianças para um lado, fazendo com que caíssem no chão sentadas.

Mu começou a chorar e enquanto Camus se levantava, o lemuriano se lançou nele com um soco no estômago.

— Você quebrou o meu boneco!

Camus não tardou a dar um soco e um pontapé em Mu e a briga prosseguia até que ambos notaram duas grandes pernas ao lado deles. Era Shion que havia aparecido para  buscá-los na escola e devia ter entrado para procura-los.

Logo foram levantados pela parte de cima do braço por um Shion que parecia bastante nervoso e desapontado. Ele os olhava com um semblante frio e indignado.

— O que vocês pensam que estão fazendo?!

Mu olhava para baixo chorando copiosamente, enquanto Camus olhava para frente engolindo em seco.

— Me sigam, vocês dois, até o carro agora!

Shion largou os garotos e virou as costas em direção ao estacionamento, sendo seguido pelos dois pupilos cabisbaixos.

oOo

Camus andava pelas escadarias do Santuário seguindo o pai e perdido em pensamentos do passado. Já Mu, pelo poder da telepatia, acabava exorto nas mesmas lembranças que os pensamentos de Camus haviam despertado em si.

Eles andavam envergonhados, lembrando-se da primeira caminhada que fizeram por brigar um com o outro que ocorrera duas décadas antes.

Não trocaram uma palavra sequer no caminho, Camus achava que não deveria ter brigado, mas não poderia admitir um golpe mental de restrição de respiração contra o seu companheiro. Da mesma maneira, Mu se achava na razão de punir Milo pelos ataques contra Shun.

oOo

Shion dirigia nervoso, segurando as mãos com força no volante do carro enquanto os dois permaneciam em silêncio no banco de trás do automóvel. Não tardou até chegarem ao Santuário, sendo que os carros naquela época eram estacionados numa garagem geral.

— Me sigam.

Shion foi andando na frente em direção à casa de áries, seguido por dois garotos encolhidos de nove e sete anos. Logo abriu a porta da sala e ficou esperando os dois entrarem, porém ambos recuaram um pouco com medo de passar por Shion.

O adulto encarou os dois sério e mandou que entrassem, cada um levou uma forte palmada ao passar pela porta, servindo de impulso para entrar logo. Shion apenas apontou para o sofá, onde ambos sentaram entristecidos.

Logo Shion puxou uma cadeira da sala de jantar e colocou no meio do tapete, de modo a ficar de frente para os garotos, mantendo alguma distância, porém não muita.

— Posso saber o que foi que aconteceu?

Mu começou a chorar copiosamente.

— Ele quebrou o meu brinquedo...

Camus revirou os olhos e se afundou no sofá.

Naquele ponto Shion já havia lido tudo que acontecera através dos pensamentos dos garotos, porém queria fazê-los falar.

oOo

Shion entrou na sua casa sem sequer olhar para trás e sumiu ao lado de dentro. Camus e Mu prosseguiram no mesmo ritmo para o escritório, conforme o comando inicial de Shion que não estava lá.

Ambos se sentaram no sofá de couro preto e permaneceram esperando. O nervosismo pairava no ar, em especial da parte de Mu, que havia levado uma surra há alguns meses do mestre e tinha em mente que a sensação era péssima.

Camus estava mais revoltado consigo próprio do que preocupado com Shion. Culpava-se pela perda de controle, por ter chegado ao ponto que chegou e por ter decepcionado o pai.

Shion não aparecia no escritório, deixando o silencio entre os irmãos ficar cada vez mais insuportável. Mu estava com a mão num lado do rosto e respirava fundo.

— Eu perdi a cabeça com o Milo, Camus.

O aquariano permaneceu calado.

— Ele realmente estava nos provocando em pensamentos. Xingamentos dirigidos e coisas horríveis sobre Shun...

Camus estava de braços cruzados olhando para o chão, perdido nos próprios pensamentos.

— Milo às vezes consegue ser bastante infantil.

Mu ficou calado. Aquela situação estava tão constrangedora que ambos preferiam Shion lá ralhando com eles do que se verem obrigados a conversar. Logo se perderam em pensamentos sobre o passado novamente.

 

oOo

 

— Não teria sido mais fácil conversar com Camus sobre pegar o brinquedo emprestado ou pedir de volta o que era seu, Mu?

O garoto choroso não encarava o mestre, mantendo o olhar no chão e acenando positivamente sempre que era questionado.

— Não teria sido melhor você conversar com o Mu, Camus? Explicar o que houve e ser um bom irmão mais velho?

— Mas mestre – Camus disse respeitosamente – Eu tentei, mas ele não me ouviu.

— AGRESSÃO FÍSICA NUNCA É A SOLUÇÃO!

— Mas foi ele quem começou, mestre Shion...

Camus disse baixo, amedrontado. Shion respirou para não aumentar o tom de voz, vez que suas investidas em Camus eram diferenciadas pelo passado complicado que o garoto tinha com o pai biológico. Na verdade, já era um avanço o menino ter coragem de colocar sua versão.

— Camus, se ele parte para a agressão você deve sempre buscar um adulto para auxiliá-lo. Não deve jamais revidar. Se você se envolve numa briga, ainda que não a tenha iniciado, você é sim culpado. Poderia ter deixado de lado o brinquedo e me contado o que houve ou, então, chamado a professora.

Camus ficou em silêncio.

— Você acham bonito brigar em público? Vocês são futuros cavaleiros protetores da deusa atena! Precisam dar o exemplo! Precisam ser os melhores alunos daquela escola! Eu não vou admitir esse tipo de comportamento!

Shion olhava para os garotos.

— E vou além, eu não vou ADMITIR MAIS BRIGAS ENTRE VOCÊS. Essa será a primeira e a última, vocês são irmãos e devem se proteger!

Ambos assentiram.

— Vocês sabem que não costumo recorrer a castigos físicos, vez que vocês costumam se comportar bastante bem em geral. Mas dessa vez eu estou bastante decepcionado e triste com ambos, jamais esperaria essa espécie de comportamento. Por isso, ambos vão levar umas palmadas para aprender a nunca mais brigarem um com o outro! Vamos começar por você, Camus, venha aqui.

Camus caminhou até o mestre, que o pegou e o colocou com facilidade sobre o seu colo. Rapidamente abaixou o moletom que integrava o uniforme da escola e a cueca do garoto, desferindo o primeiro tapa. Vários outros seguiram-se de modo alternado no o traseiro do aquariano que se segurava para não chorar alto.

— Isso, Camus, é o que acontece quando você não é um bom irmão para o Mu! Quando vocês brigam, se ofendem, se agridem!

Os tapas continuavam, sendo que Camus já chutava o ar e chorava alto.

— Isso é para você aprender a NUNCA MAIS encostar um dedo no seu irmão, Camus!

— Me desculpa mestre, para por favor. Eu não vou mais bater nele!

Shion ainda não estava satisfeito, e, enquanto batia em Camus, começou a falar com Mu que chorava copiosamente.

— Você viu o que acontece quando você provoca seu irmão, Mu?

Mu olhava para o traseiro vermelho de Camus e chorava sentindo-se culpado.

— Me desculpa mestre Shion, para de bater no Cami...

Mu pediu chorando e Shion parou, mandando Camus sentar-se no sofá. Rapidamente já puxou Mu para o seu colo e abaixou suas calçar e cueca também.

— E você vê o que acontece quando vocês se agridem, Mu?

Os tapas em Mu foram iguais em intensidade, alcançando a casa de umas quarenta palmadas bem dadas. Mu era mais escandaloso e tentava se desvencilhar com muito mais afinco do que Camus, o que tornava a surra muito mais cansativa para Shion.

— E você vê o que acontece com Mu quando você bate nele, Camus? Quando você briga com ele ou entra em suas provocações ou agressões?

Camus olhava para baixo, não gostava de ver o irmão apanhando.

Foi então que Shion colocou Mu sentado no sofá e esperou alguns minutos em silêncio até que pudesse falar sem ser interrompido pelo choro do lemuriano.

— Eu odeio bater em vocês, e os dois sabem disso melhor que ninguém! Mas eu não posso ver vocês se agredindo, vocês entenderam? Eu prefiro morrer a ver meus dois pupilos levantarem a mão um ao outro, pois vocês são uma família. Numa família os irmãos se protegem!

Os dois menores olharam para o mestre sem entenderem ao certo.

— Um dia eu não estarei mais aqui, e vocês terão um ao outro. E é só isso que importa... Me prometam que vocês nunca mais vão agir assim! Que vocês nunca mais vão se machucar.

— Eu prometo.

— Eu prometo, mestre.

— Muito bom. Se um dia vocês se esquecerem disso, não importa quando, onde ou como, vocês vão levar a pior surra da vida de vocês.

oOo

Foi então que Shion finalmente entrou no escritório, fazendo com que Mu e Camus o encarassem. Logo ele puxou uma cadeira para ficar próximo do sofá e poder conversar com os dois.


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Notas finais do capítulo

reviews :)