Papa Shion escrita por Sarinha Myuki


Capítulo 3
Foi Você Quem Começou


Notas iniciais do capítulo

Amadas, como não me esmerar em postar com constância com leitoras como vocês? Amo muuuuuuuuuuuuuuuuuuito!



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POV Milo

A lua de mel com Camus foi menos do que eu queria, sem grandes viagens e extravagâncias. Mas depois de tudo que passamos no casamento, eu estava feliz de ao menos conseguirmos sair do Santuário.  

Decidi não bater o pé com exigências, vez que qualquer gasto apenas estressaria mais ainda meu aquariano. Porém, a vida é feita de batalhas, e eu apenas perdi uma. Não vou abrir mão de, ainda nesse ano, fazermos um belo cruzeiro pela Europa assim que nos recuperarmos.

O final de semana foi rápido, mas acho que nunca fizemos tanto sexo na vida, estou plenamente satisfeito. Isso não é fácil de se ouvir de um escorpiano, e foi o que meu Camus fez comigo: me completou em todos os aspectos.

É óbvio que eu queria mais, mas ao mesmo tempo não queria deixar meus filhos com o carrancudo casca grossa do Shion. Era capaz de voltarmos e os meninos não terem mais traseiro para se sentar ou terem sido enviados para um internado na Suiça.

Mas claro que, ao chegarmos, mal saímos do carro e já nos deparamos com confusões. Porém, fiquei fora de mim quando vi que estávamos todos na nossa casa e Hyoga era apontado como culpado junto a Ikki e Shun.

Ninguém enxergava que esse Shun estava absolutamente fora de controle? Que Hyoga não podia fazer mais nada e que tinha direito de não gostar mais daquele moleque mimado chorão e mala. E não seria nem o Shion e nem ninguém que envolveria meu loirinho nessa presepada bizarra.

O chifrudo saiu da sala todo afetadinho quando viu que eu estava defendendo o meu filho, incrível como aquele lemuriano gosta de palco. Ninguém pode discordar dele que ele já sai pisando fundo... Depois são as crianças que não são maduras o suficiente...

Eu estava contando até dez para não xingar o Shun, quando ouvi meu marido falar.

— Bom, creio que talvez seja melhor esperarmos um pouco e decidir com o meu pai o que faremos depois.

Camus disse alto para todos, porém direcionava o seu olhar a Mu. Meu cunhado concordou com uma expressão bastante preocupada enquanto se levantava. Shaka me encarava bastante desgostoso, de certo devia estar invadindo minha privacidade e lendo meus pensamentos. Pois eu pouco me importava, provoquei mesmo!

“Se você controlasse seu filho que se acha o centro do mundo, talvez as coisas estivessem melhores”.

Dessa vez meu pensamento foi quase um grito direcionado à Barbie Louca. Mu parou e me encarou ao lado do budista e percebi que Camus olhou interessado no que estava acontecendo.

— Acho que a pessoa mais descontrolada dessa sala é você, Milo. Você e seus filhos.

Cruzei os braços incrédulo e revoltado. Ele que não ousasse falar dos meus filhos!

MAS O QUEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE? Você vem aqui me dizer que eu e meus filhos somos descontrolados? Esse moleque toma um chifre e acha que tem que arrastar o mundo todo na fossa dele? Mas pelo amor de...

Só senti Camus segurando meu braço com firmeza e força suficiente para quase me machucar. Olhei meio incomodado para ele que manteve o olhar frio e não disse nada. Como ele ousava ficar ao lado do casal loiro platinado ou invés de me apoiar?!

— Nem adianta ficar com essa postura aí, porque você também acha que o Shun é o culpado disso tudo!

Camus revirou os olhos.

— Como é que é, Camus?

Foi a vez de Mu se manifestar, bastante indignado. Shaka mantinha a postura ereta e defensiva.

— Eu acho que aqui e, principalmente, em frente das crianças, não é momento nem local para discutirmos.— Vi, então, Camus passar a mão na cabeça de Shun. – Eu definitivamente acho que você não é o único culpado disso, todos têm sua parcela de culpa nessa situação. Porém, Shun, as vezes precisamos deixar algumas coisas para trás para conseguir seguir com a vida. Mas nós vamos te ajudar, eu vou te ajudar, meu sobrinho.

O Camus compassivo estava lá, ao lado do sobrinho queridinho. Mas ele falava em pensamento com Mu, ao certo falando exatamente o que pensava daquela situação. Vi Mu ficar, pouco a pouco, vermelho. De certo Camus devia ser bem menos compassivo em seus pensamentos para o irmão.

— Creio que a incapacidade de Shun e de Ikki de se controlarem em público não ajuda em nada nessa situação.

Shaka interviu.

— Até onde EU sei, namorar não é proibido no Santuário, Shaka. Aliás, se conter em público não é uma capacidade da sua cria não, afinal, temos até vídeo dele no youtube com o Jabu para provar exatamente o meu ponto.

Eu disse defendendo meu filho.

Camus mais uma vez interviu, dessa vez com um grito que assustou a todos na sala.

JÁ CHEGA! O mestre Shion está certo! Nós somos uma família, vocês entendem esse conceito? Sim, estamos com uma situação bastante séria e delicada aqui, mas isso não pode nos afastar! Vamos resolver isso! Eu vou encontrar meu pai e nós, enquanto adultos, vamos pensar. Talvez uma terapia...

Camus fechou-se em pensamentos novamente. Nós mal havíamos voltado de viagem e ele já estava exausto, graças ao babaca do Shun, ah, se eu pegasse esse moleque... Ele ia entender que ele não era o centro do mundo, que não era a última bolacha do pacote e muito menos lá muito especial como os retardados dos pais deles faziam com que pensasse.

Foi então que meus pensamentos foram interrompidos por uma sensação forte de falta de ar, em menos de trinta segundos eu estava com um dos joelhos apoiados no chão buscando recuperar meu fôlego.

Era Mu. Antes que eu pudesse tentar me recuperar, vi Mu sendo jogado para fora, junto com a porta que fora arrombada com tamanha força que Camus empregou no golpe ao jogá-lo para fora de nossa casa.

Eu não podia acreditar. Mu perdeu a paciência e Camus também, sendo que ambos estavam em combate no quintal de nossa casa, junto as escadarias.

Devia fazer pelo menos uns quinze anos que eu não os via lutar, a última vez foi certamente em algum treino ou torneio interno. Sequer demonstrações eu havia presenciado com os dois, e, honestamente, aquilo estava muito mais pesado do que o esperado, afinal, ambos foram treinados pelo melhor do Santuário.

Os golpes ocorriam com uma velocidade difícil de acompanhar, sendo que acabavam por se anular. Era fácil para Camus quebrar as muralhas de cristal de Mu, bem como para Mu esquivar-se do pó de diamante do meu aquariano.

Eu não conseguia sequer pensar, não sabia o que fazer, nunca tinha visto os dois irmãos se atracarem daquela maneira. De certa forma eu me sentia diretamente culpado, e coloquei a mão na cabeça pensando o que eu podia fazer.

Shaka estava bastante preocupado também e assistia a tudo ao meu lado, nenhum de nós dois teve coragem de interferir. Se entrássemos naquela briga seríamos quatro cavaleiros de ouro em combate em meio às escadarias do Santuário e a situação ficaria ainda pior.

Não tardou até um pequeno público de serviçais juntarem-se por perto observando o que acontecia. Olhei para trás e vi todos os adolescentes olhando tudo pela janela abismados. Que belo exemplo nós estávamos dando!

A luta prosseguia, Mu e Camus já tinham alguns socos e belos roxos no rosto.

Não demorou muito, foi quando vimos Shion correndo as escadarias com o pior olhar que eu já vi ele dar. Todo o receio que todos nós estávamos de separá-los parecia sequer existir para o lemuriano que chegou e em poucos segundos já tinha apartado os dois.

— Mas eu não posso acreditar nisso!

Shion segurava Camus com seu braço direito e Mu com o seu esquerdo com um apertão incontido. A Eustácia apareceu!

Fazia anos que eu não a Eustácia... Aliás, Eustácia é a veia que salta na testa dele quando ele sai do sério, eu a batizei na minha infância. Aquela veia era tão grande e assustadora que merecia um nome próprio.

Foi automático os dois retomarem a postura. Mu manteve-se imóvel e olhando para baixo e Camus fitava o infinito com um semblante de culpa impressionante. Mas mesmo com os dois parados, Shion mantinha o aperto firme na parte de cima do braço de ambos, e devia estar doendo.

Shaka respirou profundamente. Para ele era muito difícil enxergar Mu como filho de Shion e ainda mais vê-lo subjugado daquela maneira. Para mim era mais fácil, afinal, eu e Camus já tínhamos apanhado tanto do pai dele e até a fase adulta, então, por mais que eu odiasse esse tipo de situação, estranheza não me causava.

— Que exemplo vocês pensam que estão dando para todos? Para os seus filhos, para os cidadãos. Vocês são cavaleiros de ouro! Por Zeus!

Ambos fitavam o chão encabulados, enquanto Shion soltava os braços de ambos. Ele cruzou os braços na altura do peito encarando os filhos. Eu comecei a roer as minhas unhas e Shaka parecia sequer respirar.

Shion virou as costas e disse enquanto começou a andar.

— Me sigam você dois até o escritório da minha casa, agora.

E Shion começou a caminhar sem sequer se certificar se era ou não seguido. Camus e Mu não tardaram a começar a andar atrás do pai, ainda cabisbaixos, sem encarar ninguém ao redor e sem olhar para mim e Shaka.


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Notas finais do capítulo

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