O garoto estava sentado de qualquer modo no gramado do jardim. Estava bastante escuro, quase não havia estrelas no céu. Ele suspirou, abaixando a cabeça e a pondo entre os joelhos cobertos pelo uniforme da casa dos astutos. A verdade, é que o garoto sempre foi visto com maus-olhos.

Draco Malfoy não foi o garoto que fez as escolhas erradas. Foi o garoto que não teve escolha alguma.

Mas, quem iria imaginar que o loiro arrogante, com roupas caras e cabelo penteado milimetricamente com gel para trás, e postura confiante, no fim era apenas um garoto assustado com seu destino? Malfoy, mesmo que negasse veemente, sempre foi medroso. Tinha medo de lobisomens e vários seres do tipo, mas o que mais o assustava, com toda certeza, era a sua marca negra. Ele não tinha uma outra opção, final. Então, ria da desgraça alheia para não precisar chorar da sua.

Deixou uma lágrima solitária traçar um caminho pelo rosto pálido e bonito. Foi silencioso, não soltou nenhum som pelos lábios entre-abertos e rosados. Ao longe, escondida pela escuridão, observando tudo atentamente, estava Granger. Todos acreditavam que os dois se odiavam. Porém não poderia se classificar como ódio. Era algo como uma competitividade. Um queria ser melhor que o outro, aparentemente. Eles nunca se odiaram, pelo contrário. Draco acreditava que ela era uma garota interessante. Hermione gostava de acreditar que havia um traço de humanidade no Sonserino. E ela mesmo acertando em todas as provas, e sendo a melhor da classe, nunca esteve tão certa em algo.