Psi-Cullen (Sunset - pôr-do-sol) escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

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Todas as sextas feiras tenho um horário marcado com a psicóloga. Hoje a consulta seria às duas da tarde.

Terminei de fazer o almoço, almocei e estou lavando a louça agora quando um copo escorrega de minhas mãos ensaboadas e cai no chão. O barulho foi estridente, mas isso nem foi o pior, o pior ainda estava por vir.

Mal o copo havia se espatifando no chão meu pai já veio ver o que havia acontecido. Não por preocupação comigo, mas por causa da louça que eu havia quebrado. Ao ver os pedaços de vidro esparramados pelo chão ele agarra meus cabelos e me empurra contra o chão. Eu havia me virado para continuar lavando a louça e depois eu iria ajuntar, claro, não iria deixar, não sou tão tonta, às vezes acho que meus pais fazem pouco de mim, me menosprezam:

— Ajunta, agora – diz meu pai imperiosamente.

Um dos pedaços do vidro penetra fundo na minha perna direita pouco abaixo do joelho e eu grito de dor:

— Aaaaaaaaaaai!

Minha mãe vem logo ver o que ocorreu, alarmada pelo meu grito pungente. Claro que ela percebeu o que havia acontecido, mas mesmo assim, mesmo vendo que meu pai havia me machucado ela não toma nenhuma atitude mesmo depois de ver o sangue escorrendo pela minha perna.

— Limpa isso e depois termina de lavar a louça – ordena meu pai totalmente alheio ao que me fez. Não importa que eu sangre até a morte.

— Precisamos chamar uma ambulância – diz minha mãe finalmente, muito assustada.

Eu estou tonta por ver tanto sangue que mal consigo enxergar. Minha visão está ficando escura nas bordas. Dificilmente consigo me manter em pé e raciocinar direito. Acho que vou desmaiar. Não posso deitar no chão, pois poderia me machucar mais...

— Não precisa. Ela é forte, vai ficar bem e com uma cicatriz para aprender a ter mais cuidado com as coisas. Ela é muito desastrada.

— Nossa filha vai morrer! – minha mãe grita desesperada ao me ver ficando pálida como um fantasma.

'Bom, se eu morrer pelo menos não vou sofrer mais.'

— Fica quieta mulher, se acalme. Ela não vai morrer só por causa de um cortezinho.

 Eu penso: Não foi um cortezinho.

Ajuntei os cacos de vidro maiores e varri os menores para ajuntar com a pá e colocar numa sacola no lixo. Escrevi vidro cuidadosamente para o lixeiro não se machucar ao pegar e depois ainda atordoada terminei de lavar a louça mesmo sentindo muita dor e mal conseguindo ficar em pé. “Não desmaie” era meu pensamento para mim mesma, como se eu pudesse ser mais forte que a Natureza.

Meu pai ainda voltou para ver como eu estava e me deu mais cintadas nas costas, nas pernas e nos braços.

— Pai para! O que foi que eu fiz?

— Cala a boca e termina logo essa louça. Já deveria ter terminado sua preguiçosa.

Penso: Não sou preguiçosa eu estou machucada, não tem piedade não? Acho que a resposta é óbvia. Não, ele não tem.

Me sinto literalmente uma escrava no tronco sendo chicoteada pelo feitor.

— Quanto mais você demorar, mais nervoso fico e mais você apanha.

Quase ouvi ele rindo diabolicamente. 'Porque ele faz isso comigo? Por que?'

— Ai de você se eu voltar aqui mais uma vez, você vai ver.

Penso: O que seria pior do que o que ele já me fez? Vai me esfolar viva? Não vou esperar para ver, não.

Finalmente meu pai volta para a sala e eu termino de lavar a louça e agora me inclino para passar pano no chão. Depois que eu termino de limpar e secar o piso vou ao meu quarto me deitar. Exausta eu desabo na cama e muito cansada caio no sono.

...XXX...

 

Acabo acordando apenas quando já é passado das 4 horas da tarde. Me arrumo rapidamente e saio correndo em direção da escola o mais rápido que posso com a perna ferida. Tento me acalmar e respirar lentamente. Vai levar 10 ou 15 minutos até eu chegar lá se eu for correndo, pois geralmente faço esse trajeto andando devagar e demora 20 minutos ou meia hora.

A psicóloga vai ficar brava comigo por eu ter faltado sem avisar. O horário era às duas da tarde e eu não pude ir. Foi algo que aconteceu, estava além de meu controle e não pude evitar, não era esperado e nem muito menos planejado. Foi uma fatalidade, um imprevisto e espero que ela compreenda.

Estou contando que ela vai brigar comigo antes, sempre sofri por antecipação. Sou muito dura comigo mesma, mas não tenho culpa de ser assim foi assim que aprendi (a ver o mundo distorcido). Estou me esforçando para fazer o que ela pediu e ser mais generosa comigo mesma.

Por sorte quando sai de casa ninguém percebeu, pois eu não queria ter de explicar para ninguém o que eu iria fazer. Eu ando o mais depressa que consigo, mas a minha perna está machucada, não sangra mais, mas ainda estou mancando.

Chego na escola e avisto Esme sentada no banco em frente, talvez esperando por alguém vir lhe buscar, seu marido provavelmente:

— Esme, me desculpe – é a primeira coisa que digo antes mesmo de cumprimentá-la. Eu me sinto péssima pelo que fiz, mesmo que involuntariamente e não foi minha culpa. Eu jamais faltaria por minha vontade. Eu adoro estar com ela.

— Querida... sente, descanse – ela me vê esbaforida e me indica para me assentar ao seu lado. – O que aconteceu? – ela percebe pela minha expressão que tenho algo a dizer. – Você nunca faltou.

— Me desculpe, Esme – digo afobada.

— Tudo bem, querida, eu não estou zangada com você. Respire. Eu vi você mancando... o que aconteceu? – ela pergunta solene arqueando levemente uma das sobrancelhas delicadas. Ela sabe que meu pai não é o que ele quer parecer: um homem de bem. Isso é apenas fachada para quem não vive todos os dias com ele.

(Esme conhece bem esse tipo de homem, meu pai é como seu ex-marido. Charles era diferente em casa e com os outros. Ele abusava dela.)

Levanto a calça jeans e mostro a minha perna para ela. A cicatriz ainda está um pouco aberta porque é recente, eu posso ver a pele separada pelo corte, mas não sangra mais. Dói um pouco quando eu ando e faço força na perna.

Os olhos dela olhavam fixamente minha ferida e escureceram de repente. Ela prendeu a respiração e desviou os olhos discretamente levantando a cabeça para olhar para mim. Hoje eu sei quanto esforço ela teve que fazer para se conter, eu não sabia que ela era uma vampira e eu fiz exatamente o que não deveria ter feito. Fui ingênua.

[Mas como eu poderia saber? Não poderia. Não me culpo por isso. Para mim ela era humana como eu, muito gentil e compreensiva e não teria qualquer problema mostrar meu machucado para ela. Mesmo se ela fosse uma humana sensível como eu o máximo que aconteceria era ela desmaiar.]

Não quero fazer mal a ela de nenhuma forma. Mesmo sem ela pedir eu sei instintivamente que é para fechar isso. Deixo a minha calça encobrir o ferimento.

— Seu pai quase te deixou aleijada! Eu sabia que ele iria te machucar gravemente um dia, eu deveria ter impedido...

— Não foi culpa sua Esme.

— Ainda bem que em mim você tem em quem confiar. Por isso fico satisfeita comigo mesma... Mas e sua mãe onde ela estava? – Esme pergunta, mas ela intuitivamente já sabia.

— Ela viu o que aconteceu claro, chamada por meu grito, falou em chamar a ambulância mas desistiu quando meu pai disse que não.

— Mesmo com a filha quase morrendo ela recuou?

—  Sim, meu pai a convenceu de que era frescura minha. Que eu era forte. Mesmo ela vendo como eu estava pálida e a ponto de perder a consciência - eu jamais poderia fingir tudo isso. Não era frescura minha.

— Claro. Mas, me conte tudo o que foi que aconteceu. Seja qual for o motivo que iniciou tudo isso nada justifica tirar sangue de uma filha... Ainda mais você, Carol, que é uma menina tão doce. Tenho certeza que é a filha que todos os pais gostariam de ter. – Esme afaga meu rosto. Sua mão é gelada, mas não me afastei. Por onde seus dedos tocavam minha pele parecia haver eletricidade entre nós duas.

— Eu estava lavando a louça como sempre sou obrigada depois de fazer o almoço e todo mundo comer, quando um copo escorregou das minhas mãos ensaboadas e caiu no chão. Eu não fiz por querer! Não foi de propósito! Mas meu pai não quis nem saber. Assim que ouviu o barulho do vidro se quebrando ele veio ver o que tinha acontecido e me puxando pelos cabelos me jogou no chão para limpar. Um dos cacos de vidro cortou minha perna. Eu gritei. Era tanto sangue escorrendo que eu fiquei tonta e minha visão começou a ficar anuviada. Minha mãe veio ver, ela queria chamar uma ambulância mas meu pai não deixou. Ainda que eu estivesse debilitada ele mandou que eu terminasse de lavar a louça. Tive de me concentrar e fazer um esforço enorme para me manter em pé. Terminei de lavar e depois limpei o chão. Fui para o meu quarto  deitar na cama, mas de tão cansada acabei adormecendo. Perdi a hora e me atrasei, me desculpe Esme.

— Você está mais preocupada por ter me deixado esperando do que por causa do que aconteceu com você, filha? Você é um amor! Não fique assim.

O olhar dela era enternecido mesmo que ela não estivesse chorando, - agora eu sei que ela não poderia de qualquer maneira – a ternura dela por mim era tamanha que demonstrava o quanto ela estava comovida com o que aconteceu comigo mais do que se ela estivesse chorando.

— Vamos para a delegacia agora – diz Esme se levantando determinada.

— Vamos dar queixa do meu pai?

— Claro que sim, querida. O que ele fez com você é muito grave. Mesmo que antes não tenha chegado a esse ponto agora chegou. É sempre assim, vai ganhando confiança, perdendo os limites até que chega num ponto insustentável. Nós, as vítimas, temos de dar um basta – agora eu sei que ela estava falando da sua própria experiência e da fuga que precisou empreender do ex-marido para salvar seu filho que iria nascer.

[Eu queria que a minha mãe tivesse tido essa coragem. Por isso eu admiro tanto Esme. Minha mãe que eu escolhi.

Pensando bem, talvez foi bom minha mãe não ter tomado atitude, pois não haveria espaço para Esme e Carlisle na minha vida. Deus os enviou para mim. Deus escreve certo por linhas tortas.]

— Não posso deixar ele machucar você de novo ou coisa pior, não podendo impedir. Não posso me esquivar e ser conveniente com essa crueldade. Sua mãe pode não ter coragem para fazer nada a respeito, mas eu farei – ela sempre foi tão corajosa! Esme é muito linda. Admiro demais minha mãe – É meu dever como profissional, não posso ficar parada depois de tudo que você me disse, querida. Mas também faço isso como mãe. Eu amo você Carol.

Enrubesço levemente com essa declaração inesperada:

— Eu também amo muito você Esme - desde o primeiro dia nosso laço ficou cada vez mais forte depois de tudo que eu contei para ela.

Não sei como poderia explicar... ela era como uma tia em quem eu podia confiar que ela sempre estaria do meu lado. Ela fazia o que minha mãe deveria fazer e estar comigo sempre e me proteger até mesmo de meu próprio pai se fosse preciso. Mas minha mãe não fazia o que uma mãe deveria e isso me deixava totalmente desamparada, abandonada ao azar.

— Há algum tempo eu sou testemunha de como ele a maltrata através das coisas que você me diz. Agora chega! Ele foi longe de mais.

— Sim Esme. Vou denunciar meu pai-drasto. Não quero mais apanhar e além do mais depois do que aconteceu hoje eu tenho medo de acabar morrendo.  Achei que fosse morrer hoje, nunca tinha visto tanto sangue na minha vida. Eu não quero morrer, Esme! – abraço ela com força, eu pensei que foi muito forte, mas ela não demonstrou qualquer desconforto com minha ação, então eu fiquei mais tranquila.

Então Esme pega seu celular e chama um táxi para nos levar à delegacia. Lá ela me ajuda a fazer o depoimento e o exame de corpo de delito.

...XXX...


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Notas finais do capítulo

Na verdade quando eu cortei minha perna não foi bem como esta na fanfic. aquele foi apenas o argumento que eu usei para escrever que Carlesme puderam me adotar. na verdade a historia foi outra. aconteceu muitos anos antes qndo eu tinha 7 anos ou 8 e meu pai estava sei lá construindo um esgoto e eu fui caminhar pelo buraco que ele fez para por os canos e um azulejo que estava enterrado mas não totalmente pois a ponta estava para fora, cortou minha perna. eu não quis costurar e meus pais não me levaram para o hospital mesmo que o que uma criança diz nem sempre os pais devem concordar. mas o fato é que não levaram e eu tenho essa cicatriz.



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