Nova Geração de Heróis escrita por lauragw


Capítulo 25
Nem sempre sair da sala é boa coisa...


Notas iniciais do capítulo

terceiro capítulo segunda temporada.



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Nem sempre podíamos ter tudo que queríamos, essa vez era uma delas. Os meninos tinham ido embora e tínhamos ainda um mês até que as férias de inverno chegassem. Já começava a esfriar e mesmo que ali não tivesse alterações no clima fora da nossa “bolha” eu já podia sentir falta dos animais que hibernavam, e o sol já chegava mais tarde. De acordo com um campista do segundo ano que tinha puxado assunto comigo enquanto lutávamos essa história do sol chegar mais tarde no inverno era por que o Apolo tinha preguiça de se levantar. Eu não discordava, provavelmente esse era o motivo de ficarmos sem sol cedo. Infelizmente isso não era motivo de atrasarem o nosso horário, tínhamos que nos levantar as sete para pegar o café da manhã e ir pra aula as nove. Alexia e a Flávia continuavam se odiando e cada vez brigavam mais. Hoje teríamos a nossa ultima aula antes das provas. Entraríamos de férias antes dos outros, isso era certo. Afinal o solstício de inverno era algo de grande importância para nós aqui no acampamento.

 

Estávamos todos esperando as aulas como sempre, afinal não nos era dado muitas opções. Não estudávamos em um colégio onde as pessoas ficam no bar ou no pátio... Tínhamos apenas a sala de aula. Então tentávamos nos divertir ali mesmo.

 

- Lola. Terra chamando. – O Felipe balançava uma das mãos na minha frente.

 

- Desculpe. – disse esfregando meus olhos. – Estava pensando em outra coisa.

 

- Percebi. – disse ele voltando para a cadeira. – Então o que você acha?

 

- Acho do quê? – tive que perguntar...

 

- Sobre as provas. Qual você acha que vai precisar estudar mais? – falou repetindo a pergunta que fizera antes do momento em que divagava.

 

- Hm... – murmurei. – Acho que a de inglês. A Alexia vai deixá-la difícil. – fiz uma careta.

 

- É verdade. Ela é um tanto... complicada. – disse procurando uma palavra certa.

 

- Complicada?! – exaltou-se Flávia, que até o momento eu não percebera que estava envolvida em nossa conversa. – Ela é a fúria encarnada!

 

- Bom dia, classe. – ao ouvir aquela voz dei um pulo. – Fúrias são na aula de História Grega, srta. Guess. Gostaria que prestasse atenção na aula de Inglês, que por sinal é agora. – disse sem olhar para a Flávia.

 

Largou as coisas dela na mesa que ficava no canto e parou na frente do quadro negro e olhou para nós.

 

- As provas estão chegando. – disse cruzando os braços.

 

Nesse momento a Flá rapidamente rabiscou algo no caderno dela e inclinou ele para eu poder ler. “Alerta de Fúria”. Olhei pra ela a restringindo mas a cara que ela fez foi impagável, quem olhasse para ela, diria que o papel fora implantado ali para parecer que ela era culpada. Apenas balancei a cabeça e voltei a olhar para Alexia.

 

- Então nada mais justo que ensaiarmos hoje para isso. – disse ainda com os braços cruzados.

 

Levantei minha mão.

 

- Srta. Lutz. – falou ela.

 

- Como ensaiaríamos para uma prova? – disse confusa. Eu estava acostumada a ensaiar para peças, musicais, mas não para uma prova,eu achava que só se estudava para uma prova.

 

- Poderias já saber, srta. Lutz, se tivesse me deixado continuar a falar. – me repreendendo. – Então como eu tentava dizer, vamos tentar algumas coisas. Srta. Wirda,- a Clara - poderia me dizer um pleonasmo e o motivo de dele ser pleonasmo?

 

- Goteira no teto. – falou a Clara. – Afinal na parede escorre e no chão é poça. – disse sorrindo da piada que acabara de fazer.

 

- Por mais que tenha sentindo a pitada de humor, está correta. Pleonasmo é quando usamos uma expressão obvia como “subir para cima” e “elo de ligação” poderia me explicar eles Srta. Wirda?

 

- Obviamente. Só se pode subir pra cima, se não é descer. E todo elo é de ligação, afinal se não fosse de ligação seria argola. – disse ela astuta.

 

- Certamente Srta. Wirda. Sr. Bardini. – era o Felipe -  que tal um exemplo de eufemismo?

 

- Claro. Hm... A mulher dormiu pela ultima vez. – disse ele pensativo.

 

- Isso seria para? – Alexia continuou seu teste.

 

- Para dizer que ela morreu.

 

- Oh! Está certo. Usamos eufemismo, para aliviar alguma coisa, como vocês dizem, é uma frescura. – devíamos avisar que não usávamos isso há uma década? – Srta. Bones – senti a Luiza suspirar -, uma hipérbole.

 

- Ele esta morrendo de medo.

 

- Está bem, hipérbole é quando exageramos em algo. Srta. Lutz. – meu sangue gelou - Metáfora.

 

- Meu pensamento é um rio subterrâneo. – disse sorrindo

 

- Certo. Metáfora é quando comparamos sem meios comparativos.  Sr. Carioni – Gabriel. – Catacrese.

 

Ele pareceu congelar, parou e começou a pensar.

 

- Você se lembra o que é, não? Afinal foi uma aula repleta de piadas a que eu tentava explicar isso... – disse aparentando deboche.

 

Eu não podia negar, a gente brincou bastante nessa aula quando ela tentava explicar Catacrese, ficamos fazendo piadinhas como. “Olha a doença” “Não fui na aula de catequese por que estava com Catacrese” e ela se irritou bastante. Mas era fácil, não tinha muito mistério nessa quanto nas outras, metáfora fora quase impossível, não conseguíamos acertar uma. Por sorte me lembrei da frase que ela tanto repetira.

 

- Eu lembro! – disse animado. Recebendo um olhar descrente da maravilhosa professora. – Eu quebrei o pé da mesa.

 

- Hm... Catacrese é quando pegamos o nome de outra coisa, para utilizarmos em outra por falta de palavra melhor. Está certo Sr. Carioni, por favor preste mais atenção na aula, assim não precisaria pensar. Sr. Dubiela. – o Henrique. – Metonímia.

 

- Não tinha teto para se abrigar. – disse simplesmente, ele era quieto mas prestava bastante atenção na aula. – O teto substitui casa nesse exemplo. – respondeu antes que ela perguntasse.

 

- Então podemos ver claramente que Metonímia é utilizada para fazer uma substituição com lógica. – Desde que ela decidira explicar eu não entendera absolutamente nada. – Para finalizar, srta. Guess, ironia.

 

Ela pedira vamos combinar, ela tinha dado o pote de ouro na mão da Flávia e espera que ela o jogue pela janela? Vamos combinar minha amiga não é assim.

 

- Você com esta roupa fora de moda fica maravilhosa. – disse ela com o maior sorriso do mundo.

 

- Srta. Guess....

 

- Estamos apenas estudando, profª. – disse agora angelicalmente.

 

O sinal tocou. Ela fora salva pelo gongo. Fora uma aula de inglês, tensa. Vamos combinar que teste relâmpago fora esse? Ela no mínimo enlouquecera. Não me deixou preparada para teste algum, apenas me deixou bem mais nervosa.

 

- Olá turma! – disse animada Calina, nossa professora de Artes. – Tudo bem? – aquela era uma pergunta nunca respondida, era apenas por educação. – Certo turma, eu não tenho teste surpresa ok? Afinal nem teremos uma prova séria... Apenas pedirei que vocês façam alguma coisa para retratar vocês, seja como for, então vocês já tem uma dica...

 

Virei para trás onde a Clarinha estava.

 

- Ideias?

 

- Eu vou pintar a folha de preto e dizer que estou indefinida no momento... – disse não querendo pensar muito.

 

- Ou que deu zoom na sua jaqueta de couro – interferiu Luiza.

 

- Meninas, só deixem-me terminar. – disse chamando a nossa atenção. – Eu lhes devolverei os trabalhos que fizemos durante essa semana. – continuamos a olhando – Certo, podem conversar agora.

 

Me voltei para trás.

 

- Então? Vai ser o zoom da jaqueta ou estar indefinida? – perguntei zoando com a Clara.

 

- Não sei, vai desenhar aquele seu vestido bizarro? – respondeu ela.

 

- Não. Acho que vou fazer meio que uma colagem... – e continuaria falando mas a Luiza me interrompeu.

 

- Chega, Picasso. Estava pensando o Gabriel vai desenhar um arco-íris? Sabem isso vai ter um baita duplo sentido. – disse a nossa Bones maldosa.

 

- Que seja. – eu estava chateada por ter sido interrompida, enquanto continuavam falando eu me virei para minha mesa onde Calina agora estava.

 

Ela me estendeu minha folha e sorriu.

 

- Bom trabalho, Lola. – aquilo inflou meu ego.

 

 

O resto da aula passou voando. Depois a aula de Matemática foi um tanto irritante, cálculos, cálculos e mais cálculos, não tivemos muitas coisas para pensar nem conversar naquela aula. Biologia e Geografia também passaram voando. Então o intervalo do almoço. Dessa vez cheguei um pouco atrasada, Miranda e o Benjamim já estavam lá. Assim que fui servida me levantei e fui fazer a oferenda. Assim que retornei, Miranda puxou assunto.

 

- Então como anda o dia? – perguntou sorridente.

 

- Indo... Não nos resta muita coisa não é? Afinal somos obrigados a fazer isso... – expliquei.

 

- Não mesmo. Não vejo a hora de poder acabar o ano que vem. – disse ela.

 

- Meio adiantada não é? – comentei.

 

- Ai Lola. Eu só quero me livrar do colégio, logo. – comentou.

 

- Sabe, - disse o Benjamim que até pouco estava quieto. – eu prefiro estudar aqui a lá fora. – ele disse.

 

- Eu não – dissemos eu e a Miranda juntas, fazendo soltarmos uma pequena gargalhada.

 

- Olhem meninas, aqui aprendemos Grego melhor, a lutar melhor e História Grega, ao invés de Espanhol, Educação Física e História Americana. – ele comentou – São coisas mais úteis para nós.

 

- Sim, mas aqui eu me sinto presa. Eu não quero ser uma meio-sangue para sempre... Eu quero ter vida, quero fazer faculdade de música e lecionar em alguma escola, só pra ganhar o meu dinheiro e não me ligar em me proteger toda hora. Eu posso fazer isso... – disse confiante.

 

- Eu sinto falta de ter colegas de aula, de poder fazer parte do grupo de teatro, de ver os jogos de basquete e às vezes participar das equipes. Sinto falta de gente, de população. Aqui é muito vazio. Minha dislexia era controlada, não era tão ruim ter aula com os outro. – comentei lembrando.

 

- Nisso vocês tem razão. – Benjamim pareceu ponderar.

 

Aquela conversa me deixou pensando enquanto fazia o caminho para as salas com os dois. Entrei na aula e fiquei pensando que eu adoraria ser médica ou professora de teatro, mas que provavelmente isso nunca aconteceria, não pela minha disponibilidade no momento. Tudo bem... você vai me dizer “Não existem milhares de meio-sangues espalhados pela sociedade?” Existem, mas sei lá, não estava cem por cento segura se eu atingiria a idade adulta com todos os membros do meu corpo no lugar e viva... Afastei esse pensamento com a chegada da Eulália minha professora de grego.

 

- Boa tarde, turma. – disse enquanto entrava. – Vamos tentar traduções simultâneas, certo? Eu sei que vocês podem isso, então eu escrevo no quadro e vocês me dizem o que esta escrito em inglês.

 

Assentimos. Ela se virou para o quadro e antes de escrever, nos deu um aviso.

 

- Esperem que eu chame um de vocês, nem sempre tudo está certo.

 

Então voltou a escrever. Sua caligrafia era perfeita, redonda e graciosa, pode parecer ridículo mas era bem assim que a letra dela se expressava.

 

“Μa2;νο μερικές γυναίκες είναι a2;μορφες.” Estava escrito isso.

 

- Vou perguntando em ordem pode ser? Na prova de vocês vai cair isso, mas ao contrario de vocês me dizerem, escreverão. Ao invés de ser frases é um texto. Eu sei como é simples pra vocês meio-sangues então não me venham com muxoxos, turma. – disse sorridente. Ela sabia exatamente como nos sentíamos. – Então, Flavinha? – ela ainda nos chamava por apelidos.

 

- Apenas algumas mulheres são lindas. – disse devagar enquanto lia.

 

- Certíssimo. – e passou o apagador e escreveu outra. – Gosto de escrever sobre a personalidade de vocês. Então, Lô? – a Flávia só me chamava de Lô, vez que outra por causa da Eulália.

 

“Η καλή μουσική είναι σπάνια τέχνη.”

 

- A boa musica é uma arte rara. – respondi brevemente.

 

- Perfeito.

 

 

Não prestei muita atenção na aula. Apenas me toquei quando a Melinda, minha professora de História Grega adentrou na sala.

 

- Luiza Bones, vá falar com o Quíron. – disse com um semblante sério.

 

A Luiza saiu e ficamos sem explicação alguma. Ela sugeriu que falássemos sobre um assunto qualquer e optaram pelas Fúrias.

 

- Vamos lá, existem três Fúrias. Elas são comandadas pelo Hades, porém as vezes fazem suas próprias regras e saem do mundo inferior. Elas são Alecto,Tisifone e Megera. Alecto é aquela que pune os que comentem delitos morais, não os deixando dormir em paz. Tisifone, é a vingadora dos assasinatos, ela os enlouquesse. E Megera os que comentem crime contra o matrimonio e grita ininterruptamente nos ouvidos do criminoso o crime que ele cometeu. Elas tem função semelhante a Nemesis porém elas castigam os mortais, enquanto Nemesis os deuses, então saibam que são vuneraveis pelas quatro. Elas tem aparencia pavorosa, asas de morcego e cabelos de serpente. As vezes como ironia ou eufemismo as chamavam de Benevolentes. – disse fazendo uma pausa – Alguma outra coisa que gostariam de saber?

 

- Moiras. – disse Felipe.

 

Antes que Melinda pudesse começar, uma batida na porta a interrompeu.

 

- Professora, Quíron gostaria de ver Clara, Lola e Flávia. Na casa grande. – disse um sátiro.

 

- Bem meninas podem ir. – disse ao ver que escutávamos. – Hoje estamos apenas conversando, a matéria para prova é os Doze Trabalhos de Hércules.

 

Recolhemos nosso material e nos dirigimos para Casa Grande. Eu não sabia o que queriam, mas não sei se era boa coisa...


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Notas finais do capítulo

gente eu to conseguindo postar rapido, por que to de férias, agora esse mês que tá vindo é das minhas trimestrais, vou tentar postar pelo menos uma vez por semana, mas não posso garantir nada.

beijinhos. REVIEWS??