Na casa de Tsukishima Kei (POV Tsukishima)

— Ah~ que dia cansativo! Como é bom chegar em casa… - Akiteru falou enquanto se espreguiçava e percorria o corredor em direção à cozinha. - Oh! Tsukki! Kuroo?!

Um calafrio percorreu minha espinha quando escutei a familiar voz do meu irmão chegando em casa. Estávamos na cozinha e eu tentava preparar um lanche enquanto Kuroo me assediava repetindo em meu ouvido "Tsukki~ você ficaria lindo de avental" e suas mãos percorriam lentamente meu corpo de cima para baixo, de baixo para cima e minha racionalidade ia pro lixo. Ainda bem que eu sou difícil, caso contrário Akiteru teria encontrado seu querido irmãozinho completamente nu na cozinha e lambuzado de mel e chantilly.

— Oi nii-san. - disse quando o vi atravessar a porta e voltei a preparar nossos sanduíches rapidamente depois de dar um belo soco no estômago do moreno.

— Oi nii-san~ - disse Kuroo, dando um meio sorriso ao mesmo tempo que tentava disfarçar a careta de dor.

Eu achava bizarro ele chamar o meu irmão desse jeito mas ele dizia que namorados cumprimentavam seus cunhados de uma forma íntima então deixei-o fazer o que queria.

Namorados.

Esse "status" era extremamente novo para mim. Completamos 1 ano juntos ontem, no dia 11/01 e quase fui parar no hospital quando abri o presente que ganhei: uma aliança. Claro que fiquei muito feliz com isso, afinal era um símbolo do nosso amor e de tudo o que superamos para podermos ficar juntos. Mas ao mesmo tempo fiquei apavorado porque nós ainda não tínhamos dito à ninguém que estávamos juntos (com exceção do Akaashi-san que descobriu quase imediatamente). Apesar de que eu sinto que as outras pessoas desconfiam. Eu simplesmente não vejo necessidade de expor nossa relação para todo mundo porque acho que cada um cuida da sua vida e fim de conversa. Sem falar que a maioria dos casais que panfletam seu "amor" por aí acabam terminando cedo e eu não quero isso.

Já era rotineiro Kuroo passar alguns finais de semana em casa então Akiteru nunca desconfiou de nada. Os dois logos iniciaram uma animada conversa sobre vôlei enquanto eu me ocupava de terminar logo o que estava fazendo e voltar para o meu quarto. Quando estiquei meu braço para pegar o suco de laranja no balcão, meu irmão agarrou minha mão e encarou o anel prateado. Eu juro que quase tive um ataque cardíaco e nunca raciocinei tão rápido em toda vida quanto nesse momento.

— Kei...o que é isso?

— Oh…...bem, o natal foi mês passado e Kuroo fez questão de me dar um presente.

— Posso ver?

Assenti com a cabeça e entreguei o objeto. Meu coração estava quase saindo pela boca e eu precisei engolir de volta umas três vezes até me acalmar. Não fazia sequer um dia inteiro que eu estava com ele na minha mão e já me sentia incomodado quando tirava. Olhei de relance para o moreno e ele estava bebendo um copo de suco calmamente. Óbvio que ele estava se divertindo em ver como eu ia lidar com a situação. "Maldito." Pensei em xingá-lo mentalmente mais vezes mas não tive tempo.

— Por que está escrito "KT" dentro do anel, Tsukki? - indagou Akiteru fitando o interior do anel e uma gota de suor escorria pela minha nuca.

— Porque…...o presente é para mim. Quer dizer "Kei Tsukishima".

— Mas por que você está usando ele no dedo anelar?

— Porque como o próprio nome já diz é um dedo para se colocar um anel, certo? Além disso Kuroo errou minha numeração e comprou um tamanho menor por engano.

Assim que as últimas palavras saíram da minha boca, Kuroo engasgou e começou a tossir. Ele pediu licença e continuou tossindo, indo em direção ao meu quarto mas eu tenho certeza de que vi um sorriso esboçado em seu rosto. "Ele me paga" pensei. Aproveitei a distração de Akiteru para pegar o anel de volta e recolocá-lo em seu devido lugar, peguei a bandeja com a comida e segui Kuroo.

Quando cheguei no meu quarto Kuroo já estava gargalhando e meu rosto estava queimando de vergonha e raiva. Deixei a bandeja na mesa e logo senti os braços do moreno me envolvendo e me puxando para perto, colando nossos corpos. A temperatura corporal do corpo do Kuroo era mais quente do que a minha e isso me deixava relaxado e ao mesmo tempo agitado. E logo passei a ansiar por mais contato físico.

— Eu adoro como você consegue pensar tão rápido, Tsukki. - disse o moreno depositando um beijo em minha nuca e um arrepio percorreu minha espinha.

— Tsc. - foi tudo o que consegui dizer.

A irritação já estava indo embora porque apesar do Kuroo me encher o saco sempre que tinha oportunidade, eu adorava as provocações dele. E os elogios que ele fazia depois que eu conseguia escapar. E os beijos que ele me dava como recompensa. E cada peça de roupa que ele arrancava do meu corpo. E passar meus dedos no cabelo dele para depois puxar. E arranhar aquelas costas morenas com músculos definidos. Eu adorava tudo nele.

No ginásio de treino (POV Kuroo)

— Ei, Kuroo! Desde quando você usa anel? - perguntou Bokuto, quase berrando e chamando a atenção de todo mundo.

Percebi que o Tsukki ficou nervoso imediatamente e não pude evitar de sorrir com aquela cena.

— Ah, isso aqui? - levantei a mão e mostrei orgulhoso o anel prateado encaixado perfeitamente no meu dedo anelar - Ganhei do Tsukki~

Eu estava rindo internamente e tive que me esforçar muito para não gargalhar depois de ver a cara de susto do Tsukki após eu ter dito que o presente era dele. Eu sei que o Kei prefere discrição e quer manter nossa relação em segredo mas era divertido demais provocá-lo. Estudei cada expressão dele enquanto ia de desespero à raiva em um segundo.

— Tem até uma gravação dentro! Olha só! - e mostrei as letras "KT" grafadas com uma caligrafia bonita e delicada.

— Nossa é mesmo! Parece até aqueles aneis de compromisso, né? - Bokuto ria alto me chamando de conquistador enquanto Hinata, Lev, Nishinoya, Tanaka e Yamamoto se empurravam para ver também. Enquanto isso Tsukishima estava apoiado no Akaashi esfregando a barriga, provavelmente passando mal com a cena.

— E sabe o que é mais legal? - todos me ouviam atentamente enquanto eu deixava um silêncio de suspense no ar. Tsukishima parecia petrificado. - KT significa…. - Tsukishima já andava apressadamente rumo à saída. - KUROO TETSUROU! - disse em alto e bom som e dei risada lembrando do que o Kei tinha dito ao irmão. Tsukki tinha parado de andar e estava com uma mão no rosto e outra na cintura e eu sabia exatamente o que ele estava pensando "Tsc, aquele idiota!"

Depois disso a bagunça já estava formada: Nishinoya e Hinata pularam em cima do Tsukki chamando ele de gênio, Tanaka foi socar a barriga dele, Yamamoto veio pra cima de mim gritando não sei porque, Lev dava risada com a cena toda e logo depois apanhou do Yaku por estar fazendo escândalo, Bokuto me agarrou pelo pescoço e ficou esfregando o meu cabelo. Foi um treino mais animado do que o normal.

Após o treino, avistei meu loirinho sentado embaixo de uma escada, provavelmente aproveitando a sombra e se escondendo do Bokuto que não cansava de pedir para treinarem juntos. Sentei-me ao lado dele, peguei a mão com o anel e beijei a nossa aliança. Nossos olhos se cruzaram e percebi um leve rubor em seu rosto.

— Como me saí, Kei? - indaguei, dando um sorriso torto.

— Tsc, você é um idiota mesmo. - ele disse e eu gargalhei.

— Mas sabe de uma coisa? Essa situação toda me fez perceber que nós definitivamente estamos destinados a ficar juntos. - ele arqueou uma sobrancelha e eu prossegui - Não importa de que ângulo você analise, KT sempre representa você, eu ou nós dois. Kei Tsukishima, Kuroo Tetsurou, Kuroo e Tsukishima, Kei e Tetsurou. É o nosso símbolo, nossas iniciais, nosso amor e todas as dificuldades que enfrentamos até chegarmos aqui. Obrigado por me fazer o homem mais feliz do universo, Kei.

Tsukki ficou alguns segundos em silêncio digerindo minha observação, depois sorriu e me beijou. A sensação daqueles lábios macios pressionados contra os meus, o som da sua voz, o seu toque, o seu cheiro. Tudo em Tsukishima Kei me excitava. Ansioso por mais, intensifiquei o beijo e logo minha língua invadia a boca dele, explorando cada canto fervorosamente. Minhas mãos já estavam percorrendo sua cintura e indo por baixo do uniforme. Já estava enchendo o pescoço dele de mordiscadas e beijos quando o ouvi sussurrar:

— Kuroo, já chega. Precisamos voltar. - e eu fiz questão de me fazer de surdo, claro. Percebendo que eu não tinha intenção alguma de parar, Tsukki pegou meu rosto entre as mãos e disse com firmeza - Tetsurou, eu disse que agora já chega.

— Mas Keiii~ - comecei a protestar fazendo biquinho. Tsukishima ajeitou os óculos, sussurrou um "mais tarde" e levantou-se com o rosto corado.

"Ah~ Ele definitivamente me coloca no limite" pensei, enquanto um sorriso se formava em minha face. Mas o que eu não faço por ele, não é mesmo?

Entrelacei nossos dedos, dei-lhe um beijo na bochecha e seguimos nosso caminho. O dia com certeza demoraria séculos para passar.