Death Note - O Novo Kira escrita por Lily the Kira


Capítulo 3
Novo Mundo


Notas iniciais do capítulo

L, Kira... dois velhos inimigos novamente em ação. Quem vencerá dessa vez?



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— Sou Ryuuk, o shinigami, mas esse caderno agora é seu... Kira!

— Do que você me chamou, shinigami? – Lily olhava fixamente para Ryuuk, que sorria deliciado. A garota à sua frente lembrava muito Light. Lembrava tanto que parecia até que Light Yagami havia voltado dos mortos para continuar seu trabalho de limpar o mundo da podridão.

E o nome Kira, pelo jeito, dizia algo àquel garota, porque agora ela sorria.

— Eu chamei você de Kira – Ryuuk respondeu simplesmente – E pelo jeito você sabe o que esse nome significa, não é?

— Se eu sei? – Lily estava exaltada, eufórica além do comum, seus olhos faiscavam e ela até tremia levemente – É claro que eu sei o que Kira representa! Kira foi e será para sempre um herói, alguém que lutou para fazer desse mundo um lugar melhor. E, quando você me chamou de Kira, eu me senti extremamente honrada! Aliás – a garota fez uma reverência para Ryuuk, que arregalou os olhos – Também me sinto honrada em conhecê-lo Ryuuk, o Shinigami.

Ryuuk riu com gosto daquilo. Que humana educada, até lhe prestou reverência. Light não costumava fazer isso. Mas em seguida parou de rir. Por algum motivo aquele gesto passou a perturbá-lo e ele não quis pensar no motivo. Isso lhe traria dor de cabeça, sem dúvida alguma. Então o shinigami respondeu mais sério:

— Não se curve, Kira, eu não sou desses que ficam pedindo adoração dos humanos. E além disso, - o shinigami apontou para o caderno nos braços de Lily – quem tem o poder aqui é você.

Lily olhou para o Death Note e, em seguida, colocou-o delicadamente sobre a escrivaninha. Ela tinha muitas perguntas para fazer agora que o primeiro susto havia passado.

— Muito bem – a garota olhou para Ryuuk– Por que esse caderno estava na minha porta? O que significa tudo isso?

— Não significa nada. – Ryuuk respondeu – Eu  deixei cair e você o pegou. Agora ele é seu.

“Meu?” Lily pensou “Simples assim?” As perguntas surgiam uma após outra, e a garota não tinha tempo de pensar direito enquanto aquele mar de questionamentos corria pela sua mente:

— Mas... como assim caiu no mundo dos humanos? Do nada? – a garota estranhou e estreitou os olhos para o shinigami, que apenas sorriu.

— Ele caiu aqui porque eu quis. Só isso que lhe contarei. – o shinigami foi categórico -  E você pode dá-lo a outra pessoa se quiser, ou devolvê-lo para mim. Se fizer isso, eu apagarei todas as suas lembranças sobre o Death Note e você nunca se lembrará que um dia o viu ou escreveu nomes nele. Mas, ao que parece – Ryuuk sorriu debochado - você não estaria interessada em devolvê-lo, não é?

Lily olhou bm para o shinigami e, em seguida, para o caderno. Era maravilhoso, de repente, ter um poder como aquele nas mãos. Mas... algo assim tinha que ter um preço. E de repente um arrepio gelado desceu pela espinha de Lily, que tremeu de leve. Ryuuk notou e riu da expressão preocupada dela.

— Que foi? – o shinigami aproximou-se dela – Algum problema?

— Não estou interessada em devolver o Death Note a você. Mas quero saber qual é o preço que tenho que pagar por esse caderno, Ryuuk. – Lily foi curta e direta. Aí mesmo que Ryuuk riu com gosto. Preço? Ele ficava repetindo para si mesmo aquela palavra, rindo muito da cara de espanto de Lily.

— Caramba, vocês humanos têm cada fantasia absurda! Preço! Bah, não há nenhum preço a ser pago! Pelo menos não como você pensa.

— Não? – Lily levantou-se e pegou novamente o Death Note – Você não vai querer minha alma ou nada do tipo?

— Sabe, garota – Ryuuk sorriu – o Kira anterior perguntou a mesma coisa para mim quando me conheceu. Vocês realmente temem seu destino após a morte, não é?

Lily ficou novamente eufórica. Então Ryuuk havia acompanhado Kira? Ele o conhecera? Outras milhares de perguntas rodavam na mente da garota, que não sabia mais o que perguntar em seguida. Mas tanta confusão mental era até irritante para alguém tão metódica e controlada, então, respirando fundo, ela aquietou a mente e foi direto ao ponto mais importante no momento:

— Ryuuk, você disse que não havia um preço, pelo menos não como eu esperava. Então há um preço, não é? Algo me acontecerá por usar este caderno, não é?

— Está certo. – Ryuuk respondeu em tom sério e Lily sentiu novamente um arrepio gelado descer por sua espinha – Se quer saber, Lily, um humano que utilizou um Death Note não pode ir nem para o Céu nem para o Inferno. Seu destino é outro.

— O numdo dos shinigamis – ela deixou escapar e Ryuuk disfarçou a surpresa para não lhe dar dicas. Um hmano não deveria conhecer seu destino final durante a vida e o shinigami não queria quebrar essa regra.

— Não lhe direi nada sobre isso, Lily, mas saiba que foi advertida. Mas de qualquer forma você já escreveu nomes no caderno e, sendo assim, seu destino já está definitivamente traçado. Mesmo que recue agora você não poderá fugir do destino que lhe aguarda. Nem Céu nem Inferno para você, Kira.

Lily ponderou por um instante as palavras de Ryuuk. Não era uma situação das mais justas, afinal ela não sabia de nada disso quando pegou o caderno. Entretanto, sendo uma pessoa inteligente, ela desconfiou que algo lhe aconteceria caso tomasse para si um objeto daquele e o utilizasse.

“Eu devia saber, eu bem que pensei, por um breve instante, que isso poderia acontecer. E mesmo assim escrevi nomes aqui. Ou seja, não fui totalmente enganada. Sendo assim...”

Mea culpa— ela disse simplesmente – Eu aceitei o risco e escrevi nomes aqui.

— Então não se importa com seu destino final? – Ryuuk sorriu novamente.

— Não. – ela sentenciou e sorriu decidida – Se é isso que acontece com quem tenta, por esse método, tornar o mundo um lugar melhor, eu aceito o sacrifício.

— Então saiba que você terá dificuldades no caminho. Você sentirá a dor e o desespero que só os humanos que ousaram escrever nomes no Death Note sentiram. Ele mudará você, tornará você outra pessoa, fará de você uma verdadeira shinigami. E não haverá volta: quanto mais escrever, menos humana sua alma será.

— Não tenho medo, Ryuuk. – Lily estava realmente decidida – Outro antes de mim passou por tudo isso e, enquanto viveu, tornou o mundo um lugar melhor para todos. Se é esse o preço que devo pagar, eu pago sem reclamar.

— E tem mais uma coisa, Lily – Ryuuk aproximou-se da garota e olhou firme para ela. Seus olhos vermelhos pareceram, de repente, maiores e mais sinistros. Lily instintivamente recuou – No fim, quando seu tempo de vida acabar ou se você for pega pela polícia, eu escreverei seu nome em meu Death Note e você morrerá da mesma maneira que todos os criminosos que você matou. É o destino do primeiro humano que usar um Death Note recém chegado ao seu mundo. Não há exceções e não há volta.

— Então será você quem me matará e não a justiça humana? – Lily, após uns breves segundos, perguntou.

Trilha sonora

— Isso mesmo. Se for pega, Kira, saiba que morrerá em questão de segundos. Por isso aconselho que seja ciuidadosa, porque eu não terei pena de você.

A garota olhou bem para Ryuuk e, com um leve sobressalto, percebeu que ele também carregava um Death Note. Uma sensação estranha tomou conta dela. Saber que teria seu nome escrito naquele caderno em específico, por aquele shinigami...

A morte é uma verdade, uma realidade pela qual todo humano, mais cedo ou mais tarde, deverá passar. Enquanto vive, porém, os humanos não pensam muito a respeito da própria morte. A mente não é programada para isso, e é uma boa defesa contra uma ideia que costuma causar medo. Mas para Lily, olhar para Ryuuk, naquele momento, era como encarar a própria morte com a certeza de que ela viria em breve. Era tornar aquela ideia abstrata em algo real e assustador.

Mas, ao mesmo tempo, ela sabia que, ao pegar o caderno e utilizá-lo, ela estava fadada a um destino diferente do da maioria das pessoas. Aliás, em toda a sua vida Lily teve a sensação de que tinha um destino diferente do das demais pessoas. Ela, de algiuma forma, havia se preparado para coisas como aquela. Então, como que por mágica, o medo passou. Encarar a morte era assustador para a maioria das pessoas, mas para ela... Não.

— Não tenho medo, shinigami. – Lily respondeu, por fim. Estava convicta e totalmente disposta a encarar a morte sem medo – Se é esse o meu destino, que assim seja. Ao menos eu tenho o que esperar depois da morte e isso me tranquiliza.

Ryuuk, acostumado ao medo que os humanos tinham da morte, surpreendeu-se com a determinação de Lily. Uma garota tão jovem, de aparência tão delicada, mas com um espírito tão determinado e feroz... O shinigami foi obrigado a devolver a reverência que Lily havia lhe feito, como um gesto de respeito. Ele estava surpreso, de repente sentiu admiração por aquela menina de rosto de anjo. E isso era raro de acontecer.

— Muito bem Lily, você me surpreendeu. Sabe de todos os riscos e mesmo assim não recuou. Está preparada para ser o novo Kira. – Ryuuk ergueu-se e olhou fundo nos olhos daquela pequena e atrevida humana. Ela devolveu o olhar e falou em seguida, cheia de determinação:

— Estou preparada, Ryuuk! Agora não sou mais Lily: Sou Kira, e reconstruirei esse mundo podre definitivamente!

Lily, de frágil e delicada garota, assumiu outra forma naquele momento. Ela cresceu, pareceu aumentar de tamanho e deixar a aparência frágil de lado para assumir uma figura de enorme poder. Parecia que, naquele momento, uma tremendar força explodiu dentro dela,

Então, segurando o Death Note, a nova Kira exclamou ao mesmo tempo em que o mais poderoso de todos os trovões daquela interminável tempestade explodiu nos céus escuros de Londres. Seu rosto, iluminado pela tempestade, não parecia mais humano: aquele era o rosto de um anjo da morte.

Eu serei a Justiça!

Trilha sonora

O dia seguinte foi marcado por muita conversa sobre o noticiário da noite passada. Todos comentavam sobre a morte repentina das irmãs Khartashi e sobre os presidiários mortos. No metrô, a conversa estava anormalmente alta naquele dia. Lily, claro, prestou atenção.

— É muito estranho, todas essas pessoas morreram de paradas cardíacas no mesmo dia! – diziam uns.

— Olha, parece até coisa do Kira! – respndiam outros e Lily, que ouviu essa parte, segurou o riso. “Exatamente, coisa do Kira!” pensou ela, contente.

— Mas Kira matava só criminosos, por que a família Khartashi foi incluída na lista dele?

— Sei lá, vai ver ele não gosta delas. Aliás, muita gente não gosta delas.

— Eu gostava delas, poxa. – uma menina entrou na conversa e Lily revirou os olhos – Não é justo que elas tenham morrido. Se foi Kira, ele não tinha o direito de fazer isso.

— Kira é Kira, ele faz o que bem entende. Se ele acha que elas mereciam morrer, então mereciam e pronto. Aliás, não sei vocês, mas eu tô muito feliz que Kira tenha voltado. Saudades dos tempos em que podia sair por aí com meu celular na mão sem correr o risco de ser assaltado.

— Com certeza! E eu espero também que dessa vez ele não suma. Dizem que pegaram ele, mas eu duvido, Kira não se deixaria pegar assim.

E a conversa continuou, com uma Lily curiosa ouvindo cada palavra que diziam sobre ela e sobre o seu antecessor. Ela mesma estava muito animada, porque os tempos em que Kira estava no mundo foram, para ela, os melhores de sua vida.

Ryuuk, ao lado da garota, também ouvia tudo e ria abertamente. É, aquilo era muito bom. Estar no mundo dos humanos, participar de alguma coisa interessante, fazer alguma diferença... tudo isso não tinha preço para o shinigami.

Foi com um pouco de má vontade que Lily deixou o metrô naquele dia. A convesa estava boa, ela queria ouvir mais. Ryuuk parecia não ter gostado também, mas logo alguma coisa chamou a atenção do shinigami, que cutucou sua companheira.

— Ô Lily, eu esqueci de te dizer uma coisinha ontem. Estava tão animado com sua reação e com suas perguntas que até me esqueci. Mas acontece que eu sou um shinigami viciado em maçãs. Será que você poderia providenciar alguma maçã para mm agora?

Lily, ao ouvir aquilo, quase não segurou o riso. Sério? Um shinigami que come maçãs? Essa era boa! “Caramba, Ryuuk, e você só fala isso agora, quando estamos rodeados de pessoas? Podia ter dito isso mais cedo, quando passávamos por uma rua deserta!”

Mas o pedido de Ryuuk era simples demais e, a julgar pela atitude insistente do shinigami, urgente demais para ser ignorado. Por isso, Lily passou em uma venda e comprou meia dúzia de maçãs, dando um jeito de passá-las a ele sem ser notada. Ryuuk comeu com gosto e seu bom humor voltou. Agora ele falava abertamente sobre como tudo estava novamente divertido e como ele tinha saudades daquele mundo interessante que era o mundo dos humanos.

“Shinigamis que comem maçãs... Em que história maluca eu fui me meter?” Lily segurava a custo um sorriso divertido quando chegou no trabalho.

E durante o dia a conversa sobre as mortes do dia anterior só aumentou. Lily procurava não opinar muito, já que não quereia correr o risco de dizer nada comprometedor. Ela era esperta, de qualquer forma não diria nada que pudessem usar para desconfiar dela, mas era melhor não arriscar. Por isso, quando o assunto era Kira, a garota assumia um tom favorável mas não muito enfático.

E, à medida que o tempo ia passando e as mortes aumentando, o nome de Kira surgia mais e mais nas conversas e nas mentes de todas as pessoas do mundo.

E isso atraiu não só a atenção dos partidários de Kira. Havia pessoas no mundo que não podiam concordar com o reaparecimento de um ser como aquele. Pessoas que sofreram, temeram e deram tudo de si para que aquela loucura tivesse um fim.

Ainda havia gente no mundo disposta a lutar.

Trilha sonora

Shuichi Aizawa olhou para fora de sua janela quando chegou ao departamento de poícia, onde trabalhava. O dia lá fora prometia ser bonito, sem nuvens, e tudo na sua vida, aliás, parecia tranquilo, calmo e sereno como aquela manhã. Sua família ia bem, sua vida profissional também e, mesmo trabalhando na polícia, com todos os riscos que corria, aparentemente nada de concretamente perigoso lhe afligia.

Desde o encerramento do caso Kira as coisas foram entrando nos eixos para Aizawa. Aqueles tempos foram tão sombrios para ele... Caçar um inimigo fantasma, desconhecido e imprevisível era algo assustador, mesmo para ele, que era considerado um homem de grande coragem. Aizawa e seus companheiros mal tinham paz. A vida deles resumia-se a investigar, observar e temer a morte que poderia vir a qualquer momento.

Aliás, a morte levou muitos bons amigos de Aizawa. Soichiro Yagami, Hirokasu Ukita... bons e valorosos amigos mortos em meio àquela loucura. Tudo isso para, no fim, descobrir que o inimigo estava ao lado deles o tempo todo. Light Yagami, o jovem e brilhante filho de Soichiro, era o Kira. Claro, o detetive L desconfiava dele, desconfiou desde o princípio... mas Aizawa não queria acreditar. Aliás, ninguém queria acreditar que aquele rapaz de caráter tão firme e com um futuro tão promissor fosse, na verdade, um assassino em série.

Aizawa ainda lembrava com pesar o dia em que Light foi descoberto e morto. Ele mesmo desconfiou de Light no fim, com todas as evidências apontadas para ele. Mas mesmo assim... era difícil não gostar de Light, não ver nele um bom aliado e, mais que isso, não ver nele um amigo.

Mas havia acabado. Kira estava morto, o caso estava encerrado e agora Aizawa, depois de muito protestar (não se achava à altura do cargo) era o novo comissário de polícia. Aquela era a posição que Soichiro Yagami ocupou.

Agora a vida fluía tranquilamente, à medida do possível para um policial. Dez anos depois da morte de Kira seu nome ainda era pronunciado, ainda causava comoção entre as pessoas, mas não lhe rendeu mais nenhuma dor de cabeça.

Voltando-se para sua escrivaninha, Aizawa sentou-se e abriu o jornal ao mesmo tempo em que alguém bateu na porta.

— Pode entrar – Aizawa falou sem tirar os olhos do jornal.

Uma jovem de cabelos castanhos, presos em um rabo-de-cavalo, entrou. Suas roupas formais contrastavam um pouco com sua expressão leve. Ao ver o chefe de polícia, ela sorriu.

— Bom dia, chefe Aizawa! – ela cumprimentou-o com uma reverência e, em seguida, aproximou-se com uma pequena bandeja cheia de bolinhos de aparência apetitosa – Minha mãe pediu que eu entregasse isso ao senhor. Aliás, ela convidou o senhor e sua família para almoçar conosco no domingo, junto com Matsuda e Mogi. Posso confirmar?

— Bom dia, Sayu. – Aizawa levantou-se e cumprimentou Sayu Yagami, filha do seu grande amigo e irmã de Light Yagami – Agradeça a sua mãe pelos bolinhos, que vieram em boa hora. E diga a ela que eu irei à sua casa no domingo com minha esposa e minha filha. É uma honra, como sempre. Aliás, como ela está Sachiko?

— Ela está bem... – Sayu ficou um pouco tristonha – Sabe como é, Sr. Aizawa, ela nunca se recuperou plenamente da morte do papai e do Light, então ela está bem em um dia mas no outro fica trancada no quarto... Hoje, felizmente, ela acordou mais animada.

— Fico feliz, Sayu. Também lamento até hoje a perda do seu pai e do seu irmão, por isso posso entender os sentimentos de sua mãe. Desejo que ela tenha forças para, um dia, recuperar-se plenamente. E, enquanto ela precisar dos amigos, estaremos por perto para apoiá-la.

Sayu sorriu para aquele homem de semblante tão sério. Aizawa enganava muita gente com seu jeito de durão: existia um grande coração por trás da expressão carrancuda. Depois da perda do pai e do irmão, foi Aizawa quem mais apoiou a devastada família Yagami. Ele foi um pai para Sayu e um irmão para a senhora Yagami. Sua esposa e filha, da mesma forma, consolaram as duas mulheres e lhes deram muito carinho. Sayu e Sachiko deviam muito à família Aizawa.

Touta Matsuda e Kanzo Mogi, que também integraram a equipe de investigação do caso Kira, também estiveram com a família enlutada e lhes deram todo o apoio de que precisavam. Agora todos eles eram como uma só família.

Sachiko nunca soube que seu filho era o Kira. Foi melhor esconder dela a verdade, pois saber disso lhe traria mais dor ainda. Mas Sayu era esperta, e deconfiou de tudo ao ver o comportamento estranho dos amigos ao falarem de Light. Não precisou de muito esforço para descobrir a verdade, mesmo porque Matsuda, que não segurava a língua direito, acabou lhe contando tudo (e levando uma tremenda bronca de Aizawa).  Mas, sendo uma jovem forte, ela superou a notícia e ainda entrou para a polícia, para continuar o trabalho que seu pai havia realizado.

E assim a vida andava, tranquila à medida do possível, sem grandes complicações, sem grandes casos para decifrar.

Mas naquele dia tudo mudou.

Trilha sonora

Depois que Sayu deixou a sala do comissário Aizawa, ele retornou à leitura do jornal. Mas antes que pudesse terminar de ler a primeira página, seu telefone tocou.

— Sim? – Aizawa atendeu. Sua expressão passou imediatamente de calma a perturbada ao ouvir quem lhe falava.

— Sr. Aizawa? Aqui é o L. – a voz do outro lado da linha, disfarçada por um filtro, disse em tom inexpressivo.

—L? L, o detetive? – o homem alterou ligeiramente o tom de voz – Mas L está...

— Não, não sou o L que investigou o caso Kira junto com o senhor. Sou sucessor dele e de N, que foi vítima de um ataque em nossa sede.

— N está morto? – Aizawa quase gritou. N, ou Near, havia pegado Kira depois que L havia sido morto por um shinigami. Era um garoto brilhante, um excelente detetive. Aquela notícia era terrível.

— Sim. E agora eu o sucedi. Mas sem delongas, estou ligando porque o caso Kira está oficialmente reaberto e precisamos da ajuda do senhor e de todos os que participaram da investigação ao Kira anterior.

— Não! Não me diga que... – Aizawa sentiu seu coração parar por um instante. Aquilo era tudo o que ele não queria ouvir.

— Senhor Aizawa, Kira retornou. E precisamos começar a investigar o mais breve possível. – L continuou, sem alterar a voz – Haverá uma reunião da Interpol, cuja data eu divulgarei a seguir. Kira está de volta e, ao que tudo indica, está na Inglaterra. Por isso o MI-5, a agência responsável por investigar casos como esse no Reino Unido, já está no caso e o MI-6, que cuida de ameaças internacionais, está pronto para entrar em ação, basta confirmarmos que essas mortes são de fato coisa do Kira. Mas, para isso, precisamos de toda a informação que aqueles que conheceram a fundo o caso podem nos dar. Por isso, a Inglaterra pede o auxílio de vocês, do Japão. Podemos contar com seu auxílio?

E, para que não restassem dúvidas sobre a identidade de quem falava, um documento oficial, enviado pela Wammy’s House e pelo governo britânico, estava agora diante de Aizawa, trazido por um Matsuda realmente preocupado.

— Diga que iremos. – Aizawa respondeu imediatamente, preocupado mas decidido – Mande a data e local da reunião, que estaremos lá. Enviarei agentes à Inglaterra o mais breve possível. E L... posso apenas perguntar o porquê de você me contatar e não um representante de Interpol ou do govermo inglês?

— Fiz questão de ser eu a conversar com o senhor porque o admiro e a toda a sua equipe, pois fizeram um bom trabalho no caso Kira. Há uma conexão entre Wammy’s House, L e a polícia japonesa desde a resolução daquele caso. Vocês têm nosso respeito, por isso quis ser eu a falar com o senhor. – a voz por trás do filtro pareceu mais branda, até mesmo simpática, e Aizawa ficou surpreso. Uma ponta de carinho surgiu por aquele desconhecido, ao lembrar-se de tudo o que ele e sua equipe passaram naqueles anos de investigação. L, N... foram pessoas brilhantes e corajosas, dois meninos, quase duas crianças... mas ao mesmo tempo eram dois gigantes.

— Obrigado, L. Também não esqueceremos tudo o que seus antecessores fizeram por nós. Temos uma dívida com vocês, por isso colaboraremos neste caso e faremos de tudo para prender este novo Kira. – Aizawa respondeu comovido e decidido.

— Obrigado, comissário Aizawa. Acertaremos os detalhes da reunião em breve. Até logo, e foi um prazer falar com o senhor.

Aizawa desligou o telefone e, quando olhou para Matsuda, que ainda estava à sua frente, parecia ter envelhecido muitos anos. Mas, no fundo daqueles olhos, havia uma determinação gigantesca.

— Matsuda, Kira está de volta. E nós estamos novamente em ação. Prepare-se para viajar para a Inglaterra.

Matsuda, agora não tão inexperiente e nem tão assustado como em seus primeiros anos como policial, apenas acenou com a cabeça ao ouvir aquela notícia. “Lá vamos nós outra vez!”

— Sim, chefe. Estarei pronto para partir ao seu comando.

Trilha sonora

E Aizawa viu que, no jornal que estava em cima de sua mesa, havia uma notícia sobre a morte de uma quadrilha inglesa, todos vítimas de paradas cardiacas, assim como três celebridades do momento. Todos mortos no mesmo dia.

— Vamos lá, Kira. – Aizawa olhou para o jornal com a expressão feroz – A guerra está só começando para você! E você vai perder!

 Na distante Inglaterra, dois olhos de gelo olhavam pela janela, para o nada. Olhos de um gênio, de alguém capaz de sacrificar sua vida para fazer justiça. Aqueles olhos redondos, grandes, rodeados por olheiras, estreitaram-se, decididos. Estavam prontos para encarar o inimigo.

— Kira... eu vou te caçar até o além se precisar, e vou te pegar! Eu juro!


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo veremos nosso L em ação pela primeira vez. O melhor detetive do mundo não descansará até capturar Kira. E ele não estará sozinho.

Mas Kira não se deixará pegar tão facilmente...



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