Eu me lembrei de seu nome.
Podia escutar cada letra ecoar em minha mente, eu precisava ir até você. Correr para você.
Deixei uma dúzia de rosas em seu túmulo e permiti que a tristeza me tomasse. Estava ajoelhado na grama enquanto observava o vazio daquela pedra e limpava as folhas secas.
“Eu vim conversar um pouco, Kate. Algumas coisas que tenho a dizer.”, segurei minha respiração, mas não pude impedir as lágrimas.
“Está tudo acabado, Caleb foi morto junto aos outros no prédio quando tentaram revidar a invasão.”
Senti meu corpo e minha alma pesarem: eu tinha uma, mas não tinha as duas.
“Eu quero segurá-la em meus braços. Faz alguns meses que Alexis, Jim, minha mãe e nossa filha foram levados pelo FBI para ficarem mais protegidos. Sabe, Kate, eu desistiria do mundo para ver nossa pequena olhar para mim mais uma vez.”
Mas agora tudo está acabado e eu quero tê-la comigo.
Mais uma vez, olho para o túmulo da minha esposa e as lembranças da noite em que a perdi explodem em minha mente.
Caleb invadira nosso loft, eu estava no quarto colocando Lucy para dormir quando escutei o primeiro barulho de tiro vindo da sala. Eu poderia ter socorrido Kate mais cedo, mas me escondi no closet com nossa pequena em meus braços, esperando o silêncio para sair.
Meu coração, a mil, parou de bater no instante em que a vi no chão sangrando.
Depois de cinco anos, eu ainda preciso viver com as escolhas que fiz, mas, hoje, eu não consigo conviver comigo mesmo.
“É o aniversário dela, Kate. Eu sei que você sabe.”, passei os dedos pelo mármore e deixei minha mão pender ao lado do meu corpo. “Eles pararam de dizer seu nome, pareceram notar que não a traria de volta.”
“Eu faria tudo diferente se tivesse a chance, mas tudo o que consigo é trazer essas rosas, e elas não me ajudam a trazê-la de volta.”, eu gritei a plenos pulmões, intensificando o choro preso em minha garganta.
Fiquei de pé, encarando o nome esculpido na lápide, ignorando todo e qualquer movimento ou barulho ao meu redor, exceto por um.
Lucy.
Minha menininha acabara de se ajoelhar na grama, assim como eu fiz, inclinando-se para deixar um buquê de pequenos Lírios em um vaso. Ela sabia que a mãe adorava aquelas flores.
“Papai, você acha que a mamãe irá gostar?”, ela olhou para mim, seus olhinhos inocentes brilhando em antecipação.
Confirmei com um balanço de cabeça, tendo-a em meus braços nos próximos dois segundos. Eu nunca quis tanto algo. Aquele abraço nos levava para um novo começo. Podemos viver o que nunca tivemos a chance de viver.
Senti minha filha se mexer para tentar descer do meu colo, quando o fez, apontou para Alexis, Jim e dona Martha, os três estavam encostados em um carro parado ao meio-fio.
Pus minha mão para baixo, segurando os pequenos dedinhos de Lucy. Eu e ela temos o mesmo pensamento: nada, nunca, irá acabar conosco. Nós não queremos e nem deixaremos.
“Eu prometo que esse será apenas o começo.”, prometi com os olhos fixos em Lucy.
Ela sorriu, seus olhos brilhando.
O mesmo brilho dos olhos da mãe.
“I’ll see you in another life
In heaven where we never say goodbye”
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Escondida atrás da árvore, ela conseguia ver a alegria dos dois amores da sua vida.
Agora ela podia voltar, agora ela poderia compartilhar daquela alegria com eles.
Só não seria nada fácil convencê-los daquilo.