Mente de Coordenadora Pokémon escrita por Kevin


Capítulo 7
Perigos da Cidade Grande


Notas iniciais do capítulo

E para quem achou que iriamos ficar sem episódio hoje... hehe!

Antes do episódio, quero agradecer aos comentários e os primeiros persons que estou recebendo, logo aparecerão. ^^



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Reaja Magikarp!” Era uma frase repetida tantas vezes e por tantas pessoas que mais parecia um coro de um grupo que realmente torcia para que Magikarp conseguisse reagir.

Reaja Magikarp!” Até mesmo o ambiente parecia torcer por uma reação, ecos repetiam a frase abafando todo o barulho de golpes que poderia assustar a quem ouvisse.

Ouvintes entenderiam tudo como uma verdadeira batalha pokémon e para quem olhasse de fora também entenderiam como uma batalha pokémon, onde o pequeno grupo de garotas, dispostas em meia lua, torciam para que uma reação acontecesse e Magikarp revidasse, ao menos com um golpe. Mas, para quem conhecia o pokémon Magkarp sabia que balançar-se do lado para o outro era a única coisa que o peixe conseguia fazer. Nadar era um dos grandes mistérios sobre como ele conseguia realiza-lo, alguns ainda tinham a façanha de conseguir realizar uma desengonçada Investida.

Era esperança, mas nada real. Quem gritava não incentivava e sim provocava já que não era um peixe pokémon que apanhava e sim uma jovem humana que não conseguia mais se defender de sua atacante.

Emboscada na hora do banho! Mirian não conseguiu fugir das demais detentas que tinham em posse suas roupas e toalhas. Cercada, caiu no primeiro soco que levara e depois disso restou encolher-se, tentando defender ao menos seus pontos vitais e mais sensíveis, enquanto eram surrados.

Era provocada a reagir, mas sabia que sua capacidade era pouca enquanto as consequências eram grandes.

 

— Se não reagir, vou fazer você sentir dor de outro jeito! -

 

— Não! -

Mirian acordava sobressaltada socando o ar. Tremia e sentia que a garganta ficara machucada após o grito. Sentiu o corpo molhado de suor, além de dolorido e desconfortável. Mexeu-se novamente, para tentar aliviar a tensão e percebeu que o punho esquerdo doía, como se ao invés de socar o ar, ao acordar, tivesse acertado algo.

 

— Garota Idiota! -

 

A mente de Mirian começou a se situar e percebeu, não estava em uma cama ou mesmo saco de dormir. Estava em uma poltrona de ônibus e um senhor uniformizado com crachá de motorista, olhava irritado para ela, enquanto massageava o rosto que visivelmente havia sido acertado por algo.

 

— Fora do meu ônibus agora! -

 

Ela viu o motorista berrar e olhou para os lados, tentando imaginar como explicar que era um pesadelo, mas não havia ninguém no ônibus. Olhou pela janela e viu que estavam em meio a uma mata e muitas pessoas estavam fora do ônibus naquele momento. A maioria em pose de suas bolsas enquanto outros que aparentavam não possuir bagagem já caminhavam em uma determinada direção.

Não teve tempo para um questionamento, conseguiu abraçar a mochila antes de ser puxada pelo motorista que continuava praguejando contra ela, dando a certeza a Mirian que ela o acertou em meio ao pesadelo de seus tempos na prisão.

Desequilibrada, chegou ao lado de fora do ônibus tentando se orientar. As pessoas reclamavam qualquer coisa sobre a caminhada de quase uma hora, sem nenhum desconto ou aviso. Preparou-se para perguntar a alguém o ocorrido e então viu uma cartaz, afixado numa espécie de outdoor improvisado.

 

“Devido ao Festival dos Milhões, ônibus estão proibidos de entrar na cidade. Carros só podem entrar até as 15:00.

Agradecemos a compreensão, SS.”

 

— Então... Terei que andar por uma hora até a cidade? - Mirian perguntou em voz alta para a pessoa mais próxima, mas todos os passageiros já estava a caminhar, deixando-a para trás.

 

— Saia da frente, Idiota! -

 

O motorista berrou socando a buzina tentando tirar Mirian do caminho do ônibus, enquanto ele tentava manobrar.

 

— Quem foi que contou a ele meu apelido? - Mirian murmurou desanimada, já imaginando o que a aguardava na cidade.

 

<><><><>

 

Meu nome é Mirian Miller e me tornei uma Coordenadora Pokémon para conquistar uma taça em homenagem a minha mãe que está doente. No entanto, fui tão mal em minha jornada que acabei presa, através de uma armação, acusada de ser caçadora ilegal e falsificadora. Depois de sair da prisão, fui desafiada a conquistar uma vaga no Grande Festival para assim descobrir o verdadeiro passado da minha mãe e as pessoas que armaram para que eu fosse presa.

Agora estou indo em direção a Saffron, onde um festival está acontecendo e muitos problemas me esperam!

 

 

 

Mente de Coordenadora Pokémon
Episódio 07: Perigos da Cidade Grande

 

 

— Eu não sei se você está na minha, mas vou facilitar para você e confirmar que eu estou na sua! -

 

Olhos nos olhos. Braços em volta em um abraço apertado e firme, que deixava claro que teria de fazer força para se livrar dele. Talvez, se o sorriso de interesse não estivesse presente, a abordagem seria outra, mas Blue a seduziria para tê-la naquela noite de uma forma ou de outra.

Não que fosse a mais bela da cidade, loira de olhos verdes, altura mediana, pele clara, lábios finos e dotes físicos próprios de uma menina de 15 anos. O jovem coordenador poderia dizer que já se aventurara com garotas mais interessantes com muito sucesso. Mas era a quarta vez que esbarrava com ela naquela semana, no festival dos milhões, e se com mais de um milhão de pessoas em uma cidade, você encontra um desconhecido várias vezes, isso queria dizer algo. Ao menos para Blue queria dizer algo.

 

— E quanto aquela garota com quem estava antes? -

 

Blue admitia que a voz agradava-a. Fosse a forma de sempre de falar, ou não, aquele dengo na voz o dava certeza que valia a pena estar a pelo menos uma hora cercando-a e investindo.

 

— Bianca tem seu charme, mas gosto de loiras naturais e não tingidas. - Disse Blue inclinando-se para ela, mas a menina conseguiu impedir a aproximação, sendo mais rápida em falar.

 

— Ela não era loira. Tinha cabelo azul. -

 

— Nick é só um caso antigo. - Ele sorriu. – Nós gordinhos precisamos nos ajudar... -

 

— Ela não era gorda. - Disse a menina. - Era baixinha, mas não gorda. -

 

O jovem saltou a loira piscando e parando para pensar. Pareceu refazer seus passos e chegou a contar nos dedos para certificar-se com quantas garotas esteve naqueles primeiros dias de festival, mas tinha certeza, não havia beijado ninguém com aquelas características.

 

— Acho que você é um mulherengo. – Disse a loira. – Não lembra nem o nome das garotas com quem ficou. - A menina preparava-se para se afastar.

 

— Alto lá! - Blue a segurou, demonstrando estar ofendido. - Posso falar o nome, idade, dotes físicos e mentais, nome de três membros da família e reproduzir metade das conversas que tive com todas elas. -

 

A loira arqueou a sobrancelha naquele momento.

 

— Seu nome é Dove, tem 15 anos, está na cidade na casa dos tios e é seu primeiro festival. Se perdeu na multidão no primeiro dia de festival enquanto procurava a famosa boate Dance Coord, onde esperava conseguir entrar sem ter que apresentar identidade. Já teve um namorado, atualmente está solteira e nunca se interessou pelo mundo pokémon. - Blue parou por alguns instantes. – “Gostaria de ser química perfumista, mas infelizmente os mais famosos e promissores usam de pokémon para isso o que pode ser um grande problema na minha vida.” – Ele disse imitando a voz dela e de repente puxou-a para si envolvendo-a pela cintura. – “Adoro um bom papo, mas nessa questão amorosa confesso que fico perdida quando minhas amigas falam sobre pegada. Talvez, meu ex não tivesse.” -

 

Dove estava parada olhando para Blue perplexa. Havia o percebido todas as vezes que esbarrara com ele, não tendo certeza de quem ele era, mas sabia tê-lo visto em algum lugar. Só quando ela o abordou e o papo rolou é que entendeu tê-lo visto na televisão, já que era um coordenador e já havia ganho quatro fitas.

Gordo, pele clara e bochechas rosadas. Não era o mais bonito dos rapazes que tentaram algo com ela naqueles dias de festival, mas certamente fora o que magicamente tinha conseguido sua atenção. Algo entre o papo, as atitudes e até mesmo o sorriso bonito, quase sedutor, fizeram ela aceitar ver até onde aquilo iria. Desistira diante a perceber que seria mais uma conquista, mas, diante a aquela forma de pegá-la, e de reprisar boa parte da conversa que tiveram, balançou.

 

— Quanto tempo vai levar depois que ficarmos para ir atrás de outra? -

 

Blue segurou uma risada. Perguntou-se sobre explicar ou não sua filosofia de vida, mas estando aonde estavam pareceria uma conversa fiada. Preparou-se para um gracejo que ainda não havia decido, mas acabou ficando estático.

Estavam no centro na parte norte da cidade de Saffron, onde a maior parte do festival acontecia. Naquele momento, quase dez da noite, as ruas estavam lotadas, chegando a ser difícil caminhar por algumas partes. Eram como um mar de corpos se espremendo por vários quilômetros de asfalto, as vezes para entrar em bares ou boates, as vezes para curtir o festival ali mesmo, nas ruas.

 

— Mirian? -

 

Dove percebeu que após dizer aquele nome ele a saltou e tentou ir em uma direção qualquer, mas fora detido pela multidão. Seu físico não ajudava a transpor facilmente todas aquelas pessoas, se tentasse apenas ser educado.

 

— Mais rápido do que imaginei. -

 

Comentou Dove começando a se afastar fazendo Blue alarmar-se. Virou-se para ela e de volta para a pessoa que havia chamado sua atenção.

 

— Devo ir atrás da minha loira linda, ou atrás da idiota da Mirian? - Ele olhava de um lado para o outro tentando não perder nenhuma das duas de vista. - Minha mulher ou a idiota? Minha mulher ou a idiota? - Falando em voz alta ele parou de repente. - Idiota? Bah! -

 

Virou-se para ir atrás de Dove, mas a menina havia sumido na multidão. Tentou, em vão identificar o caminho que ela havia feito, mas o sucesso de sua procura o fez perceber que ela havia escapado naquela noite.

 

— Me resta a idiota! -

 

Inconformado Blue forçou passagem na direção que vira Mirian, sem se importar das reclamações que estava recebendo por estar forçando passagem. Conseguiu chegar ao ponto em que havia visto Mirian, mas ela não estava mais ali.

Saffron era a maior cidade da região e Kanto. Urbanizada e com muitos edifícios era dita como a capital do desenvolvimento da região, possuindo até mesmo uma estação de trem que a ligava região de Jotho. Normalmente lotada de pessoas trabalhando era uma verdadeira metrópole que possuía um ritmo diferenciado da maioria das cidades em sua volta. Dívida em várias zonas, a cidade tinha uma organização que deveria facilitar a navegação das pessoas, especialmente os turistas, além de garantir que áreas de moradia mantivessem um nível de sossego e calmaria.

 

— De onde saiu tanta gente? -

 

— Pergunto-me a mesma coisa todo o ano. -

 

Blue virou-se assustado com a resposta inesperada e viu que uma Oficial Jane havia parado ao seu lado. Trajando seu colete azul, saia e cap, ela parecia bem sorridente e solicita.

 

— Já estive aqui em outros anos também. - Disse Blue. - É que vi uma amiga aqui a poucos instantes e enquanto tentei chegar até ela... -

 

Blue parou de falar ao perceber que a policial a olhava de forma estranha.

 

— Aquela forma truculenta de passar pelas pessoas só por causa de uma garota? - A policial repreendeu-o de imediato. - Você poderia ter machucado alguém ou iniciado uma confusão que acabaria em muitas pessoas machucadas devido a quantidade de pessoas em volta. -

 

— Perdoe-me... - Blue sorriu sem graça enquanto olhava o caminho que fez até ali. Alguns o olhavam irritados e outros pareciam satisfeito dele ter sido abordado pela oficial. - É que Mirian... -

 

— Sua amiga é a Mirian? -

 

Blue viu a expressão séria da policial mudar de repente. Olhou em volta e pegou-o pelo braço puxando-o em uma direção. Quem olhava acreditava que a policial havia decidido por puni-lo, mas Blue sentia que o toque era leve e apenas tinha a intenção de direcioná-lo até algum ponto.

A noite já estava ficando cada mais movimentada e o número de pessoas nas ruas aumentava a cada instante. Blue sabia que se a polícia o saltasse, perdê-la-ia na multidão com facilidade. Por isso, não se importou em ser guiado pela policial, apesar de não entender o que estava acontecendo exatamente.

 

— Mandei sua amiga nesta direção. - Disse a oficial Jane apontando por uma das principais avenidas de Saffron. - Ainda bem que ela conhece alguém que está na cidade, além da tal nutricionista no Hannay. -

 

A quantidade de pessoas ali era ainda maior. Mas, as pessoas não eram bbas de ficar tão encostadas em uma agente da polícia. A maioria já estava bêbada ou portava algo que não deveria.

 

— Hannay.- Blue segurou uma careta momentânea. Olhou na direção que Mirian havia tomado e voltou-se para a agente de polícia, assustado. – Você mandou-a para o Hannay? -

 

— Normalmente eu não faria isso no meio do festival. - A oficial pareceu justificar-se por aquilo. - Mas, ela conseguiu ser furtada duas vezes, não conseguiu hospedar-se em nenhum dos três centros pokémon da cidade e com isso não tinha onde ficar. Estava perambulando, meio sonolenta, com uma mochila de viagem nas costas pedindo para ser assaltada pela terceira vez. Além disso, falou qualquer coisa sobre o um ninho de Muk’s a duas ruas atrás. – A policial pareceu duvidar até mesmo dela falando aquilo.

 

— Teria sido melhor tê-la prendido. - Comentou Blue que viu a policial concordar com a cabeça em meio a uma risada. – Diga-me exatamente as instruções que disse a ela. -

 

— Achei que soubesse chegar na Hannay, já que parece conhece-lo. -

 

— Eu sei chegar. - Disse Blue a policial. - Mas Mirian não. Tenho certeza que ela fará metade das instruções de forma errada. O que você me disser eu vou avaliar se ela vai ser a Mirian Idiota ou não no momento, conforme o que houver no caminho. -

 

A policial balançou a cabeça parecendo compreender a lógica.

 

 

 

<><><><>

 

 

 

— Grite SS, diz a policial. É fácil chegar ao hotel! - Mirian resmungava enquanto caminhava por aquelas ruas.

 

Era mais longe do que Mirian queria e do que a Oficial dizia. Inicialmente tinha até ficado satisfeita da Jane não a acompanhá-la, a ideia de gritar as letras SS para conseguir ajuda parecia bem esquisita e não estava realmente interessada em entender o que aquilo queria dizer ou porque ela diria aquilo. Mas, ao perceber que se perder estava sendo fácil começou a se arrepender.

Já estava começando a se perguntar o que mais tinha de perigoso em uma cidade grande para atormentá-la. Falta de vagas, perder-se, se furtada, ser atropelada, ser esmagada e depender de policiais. Faltava ser sequestrada e ameaçada por uma arma, mas isso já havia acontecido fora da cidade grande e isso não entraria na conta.

Parou após quase uma hora de caminhada, olhando em volta e tendo certeza que estava, novamente, perdida. Não conseguia ver nome de ruas ou placas que identificasse nome dos prédios em volta. A quantidade de pessoas havia diminuído nas ruas, mas, ainda assim, existia bastante gente. Mirian até estranhava que o barulho não tivesse diminuído, a música parecia ter ficado menos entendível, mas a gritaria estava bem maior.

 

— Dez da noite! -

 

Irritada Mirian cogitou que a policial houvesse pregado uma peça nela. Olhou para seu relógio pokeagenda por mais de um minuto, um pouco desolada e tentando pegar ânimo para caminhar. De repente viu uma mão agarrar seu pulso, em cima do relógio. Seu corpo e para um lado enquanto a estranha mão ia para outra.

 

— Socorro! -

 

Ela gritou tentando se levantar rápido e fixar sua visão na pessoa que havia agarrando-a, mas a pessoa já se havia se misturado em meio a vários que olhavam para ela assustadas com o grito.

 

— Devolve! - Tateando o pulso e tentando certeza que seu relógio havia sido arrancado ela gritou olhando para todos que estavam ali. Mas, não conseguia identificar quem dos oito pessoas que estavam ali era a culpada. - É sério! - Ela berrou começando a tremer.

 

— Ladrões desgraçados! -

 

Um berro e o cara mais afastado de Mirian caiu no chão. Todos os outros sete olharam para trás e de repente viram um rapaz branco, careca, sem camisa cheio de músculos e uma sacola de compras ao lado sendo colocada ao chão. Ele pisava na mão da pessoa que ele havia derrubado que se debatia e gritava.

 

— Qual dos oito roubou a garota? Ou se entrega ou juro que vou bater em um por um. - O rapaz deu um sorriso perigoso as duas mulheres que estava no grupo gritaram encostando-se na parede. - Vocês também! Não vou dar moleza! -

 

Outras pessoas que estavam na rua, mas claramente não eram alvo da situação olharam assustadas. Viram quando um dos outros cinco tentou correr, para o outro lado da rua, mas talvez ele tivesse tido mais sorte ficando onde estava. De dentro do prédio do outro lado da rua, os vidros se estilhaçaram com uma espécie de pedra gigante que foi jogado pela janela. A pedra caiu em cima do fugitivo que desmaiou no mesmo instante.

O corpo caído deixou rolar uma espécie de relógio que Mirian identificou como o seu e correu até ele para pegar.

 

— Parece que é o dia de sorte de vocês. - Disse o musculoso sorrindo e saindo de cima do que pisava. - Não o seu. -

 

Talvez aquilo tivesse sido um pedido de desculpas, mas parecia que a vítima do musculoso parecia amedrontado demais para questionar toda aquela violência. Saiu correndo sentindo a mão e pouco olhava para trás.

O careca andou até Mirian e olhou sorrindo por alguns instantes e depois olhou para a janela quebrada do prédio a frente. Olhou para o desmaiado aos seus pés e depois para a gigante pedra.

 

“Geodude. Pokémon de pedra e terra com grande resistência. Não é comum em concursos, mas os poucos que se aventuram conseguem um parceiro sabe manter sua aparência nas fases de batalha.”

 

Mirian havia verificado se algo havia quebrado no sistema, visto que a pulseira parecia ter arrebentado. Ficou surpresa ao perceber que aquilo era um pokémon. Virou-se para agradecer ao rapaz, mas o viu pegar o pokémon pedra no colo e segurar a perna esquerda do rapaz e dirigir-se para dentro do prédio que havia tido a janela quebrada.

 

— Espere! -

 

Mirian disse, mas o rapaz meio que a ignorou. Olhou em volta e percebeu que as pessoas estavam voltando a caminhar, ignorando que algo estranho estava ocorrendo no prédio da janela quebrada já que muitos gritos, nada empolgados, vinham de lá.

Viu o pacote que o musculoso deixou no chão na calçada do outro lado da rua e correu até ele pegando-o e correndo para a porta do prédio.

 

Ele acha que é herói? Me ajudou e agora está entrando no prédio para acabar com a confusão? Será que sabe o que está fazendo?

 

Mirian decidiu por esperar aquele rapaz voltar. Talvez precisa-se de ajuda ou estivesse se metendo em confusão. Não era prudente ir atrás dele. De qualquer forma, queria agradecer e não podia deixar que as compras do rapaz fossem roubadas.

 

A gritaria no prédio chamava sua atenção. Observou a fachada e viu que uma placa discreta dizia ginásio pokémon. Achou curioso que não tivesse aquele famoso emblema oficial da Liga Pokémon, mas não sabia ao certo se aquela era realmente a frente do ginásio. Resolveu espiar o que estava acontecendo dentro porta de vidro.

Parecia que uma luta estava acontecendo dentro do local e imaginou ser o musculoso. Mas, não era possível compreender exatamente que tipo de luta, já que hora eram pokémons que pareciam ser arremessados pelo ar, ou contra a parede, e hora eram humanos. Tinha a impressão de que as pessoas que estavam em volta iam diminuindo a animação e tinha certeza, uma das pessoas que estava bem a sua frente saiu correndo para o meio da confusão e foi lançada ao teto com bastante violência.

A porta se abriu, antes que Mirian pudesse compreender o que realmente acontecia. Ela meio que tropeçou para dentro tendo a visão de um enorme salão que muito lembrava uma academia de artes marciais, tanto pelo chão acolchoado, quanto pelos dizeres e quadros espalhados pelas paredes do local.

 

— Nos perdoe! Nos perdoe! - A voz chorava enquanto repetia desesperada. – Foi apenas um mal entendido! -

 

— Não peça desculpas! Ela não pode vir aqui e aaa... - Um berro mais alto que o normal foi escutado. - Pode! Pode sim! Pode tudo! -

 

Mirian não conseguia ver o dono da primeira voz, mas viu com perfeição que o erguido no ar era o careca musculoso que a havia ajudado em pleno ar com seus braços atrás das costas em uma posição que julgava não ser possível de se fazer.

 

— Vão pedir desculpas a essas pessoas e oferecerão um almoço como pedido de desculpas. -

 

Era uma voz de mulher que falava. Mirian teve certeza de que escutou um baixo “não precisa”, mas que parecia ter morrido na garganta da pessoa por algum motivo que só poderia ser medo.

 

— Sim, senhorita Sabrina! - O homem musculoso que flutuava gritou.

 

Uma luz vermelha tomou conta do local. Mirian percebeu que o musculoso começou a perder altitude e desapareceu em sua visão, pois algumas pessoas permaneciam na sua frente. Um grupo de vinte começou a dizer obrigado e passaram por Mirian rapidamente permitindo assim que Mirian conseguisse ver o local.

Doze pokémon derrubados e desmaiados, umas quinze pessoas gemendo, claramente esgotadas após uma estranha surra, inclusive o rapaz musculoso que a ajudara. Havia uma mulher com uma espécie de quimono lilas, cabelos pretos, alta e olhar frio encarando o careca por alguns instantes. Mirian olhava para aquela cena querendo brigar com a mulher que claramente fora a que havia feito aquilo tudo. Mas, ao ver a quantidade de pessoas e pokémon que caíram diante daquela mulher, não teve coragem de fazer algo.

 

— Precisa de mais alguma coisa? -

 

Havia uma última pessoa que Mirian não notara. Um garoto, talvez um pouco mais novo que ela. Quatorze anos talvez. Óculos, camisa social branca, gravata com calça e calçados pretos, cabelos castanhos e um olhar entediado. Ele se aproximou de Mirian questionando-a. Pareceu examiná-la por mais tempo do que o necessário após a pergunta.

 

— Eu… Eu… -

 

Mirian sentiu um tremor no corpo. O medo quis tomar conta dela, mas foi surpreendida pelo homem careca caído.

 

— Não é... uma visitante. - Ele disse com a voz tentando esconder a dor que sentia. - Ela quase foi roubada ai na porta. - Ele disse se levantando, claramente acabado. - Acho que ela só está tentando devolver minhas coisas que deixei na rua. -

 

A mulher de cabelos pretos olhou para o musculoso por alguns instantes. Não parecia que ela estava avaliando a fala e sim a pessoa. Como se estivesse apenas o lendo.

 

— Ás vezes vocês fazem coisas boas. - Disse a mulher começando a caminhar em direção a porta, onde estava Mirian.

 

Mirian via a mulher caminhando em sua direção e parecia que ela crescia a cada instante. Não tinha certeza, mas parecia que ela não estava apenas se dirigindo a porta, mas encarando-a como se avaliasse algo. O corpo tremeu e pensou em sair do caminho, mas não conseguiu fazê-lo.

A mulher parou e olhou direto nos seus olhos e pareceu frustrada e ao mesmo tempo curiosa. Mirian tentou desviar o olhar, mas não sabia se devia. Era como um duelo de olhar não oficial, como se a primeira pessoa a fraquejar entregaria algo. No entanto, Mirian chegou a dar um passo para trás, sentindo uma pressão que não entendia de onde vinha.

 

— Só uma idiota fica andando com mochila de viagem a uma hora dessas do festival. - Disse a mulher que voltou-se para o garoto de gravata. - Allan, leve-a o nosso ginásio para passar a noite. Vou resolver alguns outros assuntos antes de voltar. -

 

Idiota? Será que ela leu minha mente ou contaram minha história para ela? Aturdida Mirian apenas viu a mulher passar por ela, sem dizer mais nada. Sem perguntar ou dizer algo a mais, ou mesmo olhar para o grupo que aparentemente ela havia acabado de atacar.

 

— Como quiser Senhorita Sabrina. - Disse o rapaz fazendo uma pequena reverência para a mulher que já estava caminhando pelo quarteirão e virou-se para Mirian. - Vamos? -

 

Mirian olhou para o garoto chamado de Allan e se perguntou se deveria ir. Olhou para o careca que ajudava os caídos e não parecia dar muita atenção a situação.

 

— Eu… Posso ficar aqui? - Questionou Mirian na direção do careca.

 

Allan pareceu surpreso, mas apenas deu uma risada, sem dizer nada e encostou-se no batente da porta aberta.

O careca parou por alguns instantes o que estava fazendo e caminhou até Mirian. A menina notou que a perna direita se arrastava, ele realmente estava machucado.

 

— Gatinha, você teve sorte essa noite! - Ele disse pegando o pacote. - Você estará muito segura com aqueles dois. Aqui só há homens e não seria interessante para você ficar aqui, para não dizer prudente. Nosso ginásio poderia… - O careca parou em meio a uma risada dada por Allan. - Certo. Nossa academia poderia ser mal interpretada. - O careca pareceu contrariado. -

 

— Mas, eu não os conheço... - Ela disse a meia voz para ele. - E pelo visto ela entrou aqui e te deu uma surra depois de você ter me ajudo. -

 

Ele apenas riu e deu as costas para ela.

 

— Venha para o bendito do almoço amanhã. - Disse o rapaz.

 

Mirian percebeu que não haveria jeito. Acabou de se oferecer para ficar com um homem que não conhecia e aqueles que ofereceram ajuda poderiam acabar não gostando daquilo. Resolveu aceitar aquilo, ao menos conseguira um lugar para passar a noite. Com sorte, sua consulta seria rápida e sairia ainda no dia de amanhã daquela cidade.

 

— Estarei aqui, com certeza! - Ela disse. - Muito Obrigada! -

 

Mirian olhou para a porta e o garoto chamado Allan já estava na calçada começando a caminhar. Ela apressou-se a alcançá-lo e ele olhou-a como se já soubesse que ela o alcançaria.

 

— Qual é seu nome? - Ele questionou assim que ela o alcançou. - E o que faz aqui em Saffron? -

 

— Bem… - Mirian ainda não sabia ao certo se podia confiar nele, mas sentiu que ele estava tentando falar com ela para deixá-la a vontade. Além disso, já não tinha muito a fazer. - Eu vim fazer uma consulta médica com uma nutricionista e acabei ficando sem lugar para dormir. - Ela respondeu meio sem jeito. - AH! Sou Mirian Miller! -

 

— Miller? - Ele parou olhando-a surpresa. Pareceu examiná-la de cima a baixo e segurou uma risada. - Sempre fazendo das suas. -

 

Allan disse aquilo e logo após voltou a andar. Mirian percebeu que ele virou o quarteirão e a quantidade de música e número de pessoas caiu drasticamente.

 

— O que quer dizer com sempre fazendo das suas? - Mirian questionou-o.

 

— Não você, Senhorita Sabrina. - Disse Allan. - É que estou lendo seu livro e pelo visto ela viu quem era você e resolveu me dar a oportunidade de debater com você. -

 

Mirian ponderou que aquilo poderia ser possível já que ela estava com seu rosto bem conhecido na mídia. Percebeu que Allan, apesar do que disse, não pareceu tão animado assim. Talvez não fosse um fã e tivesse críticas quanto ao livro e por isso queria debater.

 

— Imagino que chegou as cinco ou seis da noite na cidade, após caminhar por uma hora para entrar na cidade. Não conseguiu se hospedar em canto algum e acabou naquela rua, provavelmente tendo se perdido ao encaminhar-se para um dos hotéis de três ruas acima. Não parece faminta, então já se alimentou, o que me leva a dizer que teve muita sorte mesmo de encontrar Drun justamente na hora que foi roubada. - Ele fez um comentário rápido. - Acho que sorte é pouco. Eu diria que tentaram levar algo simples e visível como um relógio, brincos ou cordão o que significa que possivelmente você estava sendo testada para ver se poderiam te seguir e roubar o restante do que tinha de valor. Drun provavelmente não deixaria você ficar na academia, então é provável que ele te levaria no hotel mais caro que é o único com vagas, ou você passaria a noite na mesa de algum barzinho. -

 

Mirian parou de andar diante a tantas informações. Demorou para processar as informações, mas acabou percebendo que o careca parecia se chamar Drun e que ele levou o bandido para dentro de seu ginásio que Allan chamava de academia. Por sinal, apenas naquele momento ela percebia que em meio aos caídos ainda estava o meliante.

 

— Acho que sim. - Ela respondeu meio incerta. - Mas, o que aconteceu lá? Por que a Sabrina bateu neles? Quem são vocês? -

 

Allan não parou de andar, mas olhou de rabo de olho para ela, como quem tentasse acreditar no que estava sendo questionado.

 

— Para começar, Senhorita Sabrina! - Disse Allan desviando o olhar. - Eu não entendi de imediato o porquê ela a chamou de idiota. Mas, começo a desconfiar dos motivos. - Ele pareceu não querer ofender Mirian quanto aquilo, mas nem deu tempo para que ela dissesse algo. - Senhorita Sabrina é a líder do ginásio pokémon de Saffron, o oficial. Eu sou um de seus aprendizes. -

 

Mirian parou espantada por alguns instantes, mas voltou a andar, percebendo que Allan não lhe deu atenção.

 

— Drun é mestre de artes marciais e um treinador de pokémon lutadores que assumiu aquela academia que a anos tenta se tornar um ginásio de pokémo oficial da cidade. - Ele sorriu debochado. - Nunca acontecerá enquanto Sabrina for a líder do ginásio. - Allan continuou suas explicações, ignorando a parada de Mirian. – Em todos os festivais da cidade eles trocam a placa de academia para ginásio e fingem ser o ginásio oficial. Como temos tantas pessoas na cidade, muitos acabam caindo na armação. Eles fazem disputas e inclusive dão insígnias sem valor. Senhorita Sabrina e eu fomos dar um puxão de orelhas neles, mas quando chegamos eles estavam com aquele grupo de quase vinte treinadores sendo enganados e chegaram ao limite de desafiarem-nos na frente de todos… Levaram a surra que presenciou. Bom, eu não uso o termo surra, mas mais de dez contra um resolvendo-se em menos de dez minutos é surra. -

 

Mirian pareceu compreender o que havia acontecido, apesar de demorar para acreditar. Ficou calada por algum tempo, imaginando se Drun era realmente uma pessoa boa ou não. Enganar os treinadores daquela forma parecia quase como roubá-los. No entanto, ele não pareceu irritado ou revoltado com nada daquilo, parecia admitir o erro e aceitar o castigo. Se Sabrina podia mesmo dar ou não aquele castigo, quem saberia dizer e não era algo que Mirian realmente quisesse questionar. O fato que mais a surpreendia era que a mulher de aparência frágil, mas firme, deu uma surra em poucos instantes em um mestre de artes marciais.

Foi quase uma hora de caminhada, onde nenhum voltou a falar nada, deixando o silêncio tomar conta. E realmente o silêncio foi tomando conta, pois quanto mais caminhavam, mais calmo a noite se tornava, como se o festival fosse ficando gradativamente para trás. O número de pessoas também ia diminuindo até chegar ao ponto de que só andavam em uma direção e pareciam todos estarem indo para o festival.

 

— Zona de moradias? -

 

Mirian questionou e recebeu apenas um aceno de afirmação com a cabeça e isso a deixou curiosa. A cidade era grande e já havia se apresentado a Mirian como um local que ela não estava pronta para explorar sozinha. Dificuldade de se hospedar, grandes distâncias a percorrer, multidões a torto e a direito, pessoas com personalidades bem distintas e esquisitas, preços salgados e uma agitação noturna que ela duvidava que era só devido ao festival.

Viver em uma cidade grande como Saffron parecia ser terrível numa época como aquela. Mas, ao chegarem naquela zona as coisas pareciam estar tão tranquilas que causava até estranheza.

 

Um ginásio em área de casas? Mirian Pareceu questionar aquela informação e se tornou apreensiva com aquilo.

 

— Imagino que esteja estranhando que o ginásio se encontre numa área de moradias. Realmente quando comparado a ginásios barulhentos como os de Cerulian e suas apresentações, ou talvez até com o de Vermilion onde explosões acontecem a torto e a direito, um ginásio perto de casas não parece ser algo prudente. - Comentou Allan. - Mas, nosso complexo possui um bom isolamento e consegue manter-se em harmonia com os habitantes, não tendo um ritmo tão agitado quanto o restante da cidade. -

 

Mirian piscou algumas vezes tentando compreender se sua expressão estava entregando as coisas que estava pensando ou se havia sido mera coincidência a informação que ele havia acabado de dar, tão bem detalhada e completa.

Finalmente Mirian teve a visão do ginásio, pegando todo o quarteirão que se aproximavam. O complexo era grande, mas ela podia ver os emblemas oficiais da liga espalhados e a calmaria que o local tinha. Assim que chegaram a porta principal foram recepcionados por um segurança na porta de entrada. Ele fez uma pequena referência para Allan e os encaminhou a passar pela grande porta de vidro fume até um balcão de recepção em forma de ferradura, todo metálico e cheio de computadores. Havia uma jovem que apenas olhou-os e dirigiu sua atenção para Allan que nada disse. Segundos depois a jovem da recepção esticou para Mirian um cartão preto e o segurança voltou para o lado de fora do complexo.

— Como você só vai ficar essa noite não vou fazer cadastro para você. - Disse Allan.

 

Mirian apenas acenou com a cabeça sem realmente compreender o que se deu ali. Olhou ao redor e via que tudo ali na recepção parecia lembrar metal e uma estrutura moderna, mas tirando as cadeiras para quem estava recepcionando, não havia local para sentar-se ou esperar por ali. Quando se deu conta, percebeu que Allan caminhava para o único corredor que ali havia, atrás da ilha de recepção. Apressou-se atrás dele e seguiu-se sem dizer muito, percebendo que o corredor também era metálico e as luzes pareciam vir de dentro do próprio metal.

O final do corredor se aproximou e Mirian pode ver três caminhos com placas de identificação. Um caminho dava para o que dizia ser o ginásio que estava às escuras naquele momento. Outro caminho dava para o que diziam ser Centro de Estudos. Este ainda estava iluminado, mas corredor parecia ser longo e não permitia a Mirian saber o que havia nele. Acabaram por tomar o caminho do meio, que era o que a identificação dizia ser o alojamento.

 

Ele não mentiu ao dizer que era diferente dos demais ginásios. Nenhum deles parece uma empresa e possui uma estrutura como essa. Mesmo Cerulean com um ginásio que possui anexo casa, aquário e teatro aquático, parece tão informatizado e organizado quanto o de Saffron. Será que é devido ao tipo de pokémon que treinam aqui, o tipo de serviço que a líder faz ou talvez seja apenas por ser uma cidade grande?

 

 

— Impressionante, né? - Disse Allan. - Eu disse que nenhum ginásio é como esse. Vou te deixar em um quarto sozinha, temos outros visitantes que podem ser meio barulhentos. -

 

— Escutei isso! -

 

Era uma voz feminina que pareceu ficar bem irritada com a fala. Mirian parou de andar, quase chegando ao que seria uma parte de convivência, como uma sala de estar de uma casa. Ela reconhecia bem a voz.

 

— Não farei panquecas para você amanhã! -

 

A voz feminina ecoou ainda irritada e esperava por Allan com as mãos na cintura totalmente contrariada. Allan revirou os olhos ao chegar e ver a cena da menina de camisa branca e short roxo encarando-a. Mirian arregalou os olhos ao ter aquela visão.

Cabelo azul até os ombros, pele clara quase roseada. Não tinha dúvidas de que a conhecia, largou a mochila das costas a tempo de conseguir se estabilizar e receber o abraço animado da menina que se jogou em cima dela.

 

— Mirian! - Ela parecia completamente animada. - Eu achei que não ia mais te ver! Céus! Mirian! -

 

Allan pareceu um pouco perdido, mas resolveu não interromper ou ficar questionando. Caminhou pela sala vazia e foi até uma porta que possuía trava eletrônica, assim como várias outras que estavam em sequência, e digitou algumas coisas até que ela se abriu após um bip sonoro.

 

— Este será seu quarto. Se me der seu cartão, posso cadastrá-lo como chave da porta. -

 

Allan estendeu a mão para pegar o cartão de Mirian enquanto ela e Hina pareciam se inteirar, rapidamente, de como ela foi parar ali. Hina, parecia altamente animada e puxou a menina para dentro do quarto para mostrar como as coisas eram.

 

— E não estava falando de você, Hina, e sim de seu irmão. - Complementou Allan ao terminar de cadastrar o cartão como chave. - Bruno é o escandaloso! -

 

A menina de cabelo azul olhou para Allan, de dentro do quarto, e fez uma careta para ela.

 

— Você conheceu... cinco meninas ontem... graças... ao barulhento aqui! –

 

Uma voz ecoou pelo corredor. Allan revirou os olhos enquanto via a chegada do jovem gordo Blue, suado e com cara de cansado. Na ponta do corredor Blue chegava suado e visivelmente cansado. Havia feito diversos trajetos, sem sucesso para encontrar a Mirian, sendo que o último lugar ao qual procurou, após passar pelo Hannay foi justamente a academia de pokémon lutadores.

 

— Mas, isso não importa preciso de ajuda para achar uma idiota perdida na cidade. - Disse Blue. - Ela no mínimo já deve ter sido assaltada pela terceira vez ou alguma coisa pior. -

 

— Tenho certeza que vou me arrepender e te dar ouvidos. – Disse Allan. – Como ontem que me fez ficar conversando com as cinco meninas mais feias que já vi na vida. -

 

— Tem que começar de baixo. - Disse Blue com desdém. - Mas, depois discutimos como você evoluirá neste mundo. - Blue olhou em volta. - Hina! - Ele berrou fazendo Allan tampar os ouvidos. - Você vai ajudar a achar a Mirian? -

 

Hina saiu do quarto com Mirian, atendendo aos gritos do seu irmão. Blue arregalou os olhos surpreso de ver a menina ali.

 

— Então sua namorada idiota e perdida é a Mirian. – Comentou Allan saindo do meio deles. – Como eu disse barulhento. –

 

— Ei! - Mirian reclamou. - Ele não é meu namorado! –

 

Allan havia dado alguns passos apenas e virou-se para Mirian.

 

— Falar que você é namorado disso é um problema, mas te chamar de idiota não tem? –

 

Blue estava encostado na parede recuperando o folego de toda a maratona que havia feito enquanto Hina ria da cara de irritada que Mirian fazia diante da pergunta de Allan.

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Os olhos abriram-se lentamente. A claridade machucou um pouco os olhos, mas a mente parecia tão descansada que não deu importância real a dor, apenas ao estranho local em que estava e não conseguia reconhecer.

Cama confortável, temperatura amena, lençóis macios, paredes de metal num pequeno quarto sem janela, duas portas e espelho. Memórias surgindo com calma e um alívio de quem havia percebido tudo o que ocorrera. Encontrou-se com os irmãos Bluenda, velhos amigos, ao preparar-se para passar a noite no complexo do ginásio de Saffron. Mas, pouco conseguiu conversar com eles, já que Allan, um dos aprendizes de Sabrina, parecia interessado em colocá-la logo em um quarto e acabar seus afazeres.

 

— Acho que nem na primeira noite fora da prisão foi tão tranquila. - Mirian comentou para ela mesma. - Dormi tão bem! -

 

Mirian tentou se espreguiçar e sentiu dor por todo o corpo, como se tivesse realizado exercícios físicos por horas. Ficou parada estranhando aquilo e percebeu que apesar de sua mente estar muito tranquila e descansada, o corpo estava quase exausto. Talvez a noite não tivesse sido tão tranquila.

Sentou-se olhando o quarto. Havia um grande espelho, atrás dele havia um armário onde ela colocou a mochila. Ao lado estava o banheiro para o qual ela dirigiu-se para tomar uma chuveirada matinal. Era estranho como o corpo estava pesado, chegou a se desnudar na frente do espelho e observar se não havia um hematoma novo, mas não tinha nada que mostrasse novos machucados que não fossem os antigos.

Costumava tomar banho frio naquela hora do dia, ajudava a despertar e a colocar a cabeça no lugar. Mas, resolveu por um banho quente para massagear o corpo e vez se ele relaxava. Levou um pouco mais de vinte minutos, mas conseguiu se aprontar e sair do quarto as sete em ponto.

O pequeno quarto teve sua porta metálica aberta e dali Mirian pode ver a sala que parecia ser um local para descanso. Agora havia uma mesa metálica com um farto café da manhã posto. Mirian não via ninguém antes de sair do quarto. Perguntou-se se estava muito atrasada ou talvez fosse muito cedo.

 

— A primeira a acordar hoje! Estou surpresa que tenha essa disposição toda. Por sorte, teremos tempo de conversar sem grandes interferências. -

 

A voz séria fez Mirian tremer. Não reconheceu a voz e por isso hesitou em sair do quarto e até teve a intenção de fechar a porta, mas dona da voz surgiu em sua frente. O quimono rosa justo, os cabelos pretos longos e os olhos escuros frios.

 

— Sabrina? - Surpresa a menina tentou corrigir sua postura. - Bom dia! - Ela sorriu o melhor que pode. - Muito obrigado por me hospedar. -

 

Todas as vezes que viu Sabrina, as duas únicas vezes que viu Sabrina, ela não pareceu ter uma expressão diferente no rosto. Naquele momento, ela continuava tão séria e compenetrada que Mirian imaginou ter dito algo errado. Saiu de seu quarto e confirmou que a informação de Sabrina estava correta, pensou em servi-se, mas talvez diante de toda a seriedade que a mulher mostra resolveu perguntar se poderia se servir.

 

— Devemos esperar pelos demais? - Questionou Mirian, um pouco sem jeito, já que sentia fome.

 

— Fique à vontade para se servir. - Disse Sabrina. - Enquanto isso, vamos conversar. -

 

Mirian assentiu com a cabeça enquanto procurava pelo que costumava comer em seu café da manhã.

 

— Para começar sua hospedagem aqui deve-se a uma curiosidade genuína que tenho quanto a você. Nada tem a ver com Allan ter amado seu livro. Por tanto, poderá ficar enquanto minha curiosidade quanto a você se manter. - Diz Sabrina.

 

Curiosidade? Será que tem alguma coisa em mim que as pessoas sentem ou saibam que eu sou única que não sei? Mirian evitou encarar Sabrina naquele momento e continuou a servir-se. Mas, não deixou de notar que Sabrina esperava que ela ficasse vários dias.

 

— Agradeço a hospitalidade. Mas, devo ir embora pouco após o almoço, após minha consulta. -

 

— Todos que passam um dia aqui precisam prestar algum serviço para o complexo. Você pode escolher algo da lista que está junto a porta. Depois poderá ir. - Sabrina viu Mirian virar-se para ela. - Agora, vamos ao que interessa. Amanhã à tarde, você e eu vamos batalhar. -

 

Batalhar? A líder de ginásio está me desafiando? A mulher que lutou contra mais de dez homens e pokémon e surrou todos eles?


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam de Blue?



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