Mente de Coordenadora Pokémon escrita por Kevin


Capítulo 24
O que você deseja?


Notas iniciais do capítulo

Saudações meus caros leitores.
Sinto por ter desaparecido durante tanto tempo, mas confesso preciso de muito mais palavras para explicar e redimir-me. Mas, podemos resumir por hora em doença e falta de recursos para criação e postagem dos capítulos!

Na próxima postagem estarei colocando tudo em ordem, mas por hora... vou deixá-los com este pequeno capítulo!

Espero que gostem!



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— Por favor, repete para que eu tenha certeza que não estou sonhando! -

 

A animação na voz era tão intensa que chegava a perturbar a calmaria daquela madrugada em meio a mata aos arredores de Celadon. Laris havia disparado a tagarelar falando do que faria, do que diria e quantas fotos tiraria. Sempre pausando as falas querendo uma confirmação se todas as ideias dela seriam possíveis e se realmente ela estava acordada e não sonhando com um dos maiores encontros da sua vida.

 

— Queria que Mirian fosse animada como você Laris! - Um olhar de desdem voltado para Mirian que caminhava mais atrás veio de Aries, mas foi ignorado talvez por Mirian está sonolenta ou talvez pela penumbra. - Mas, estamos indo de madrugada justamente para não sermos vistos, criar mais alardes entre humanos e pokémons e nem nada deste gênero. Vamos fazer um caminhar mais quieto até Saltlork? -

 

Laris parou de andar confusa. Aries percebeu que ela parou e fez o mesmo, menos Mirian chocou-se contra os dois caindo no chão.

 

— Ai! - No chão Mirian tentou se levantar sem entender porque seus amigos pararam. - Por que paramos? -

 

— Achei que iriamos ver o diretor de cinema, Juan Pierre! - Comentou Laris.

 

— Por isso saímos de madrugada, para não sermos vistos, seguidos ou ouvidos. - Aries deu uma risada sarcástica. - Mas, por que paramos? - O próprio percebeu que talvez a pergunta fosse muito válida a ser feita a Laris.

 

— Você disse Saltlork, Juan Pierre está gravando em Saltork. - Comentou Laris pensativa. - Talvez ele esteja mudando o local para não invadirmos o set de filmagens. -

 

— Não. - Comentou Mirian de pé, ele disse que eu poderia andar pelo set de filmagens. - Mirian riu sem graça. - Acho que errei o nome por uma letrinha. Mas, não tem problema! -

 

Sorrindo Mirian preparou-se para caminhar, mas percebeu que Aries e Laris olhavam-na irritados.

 

— A diferença não é de uma letrinha é de 10 kilômetros! - Berrou Aries.

 

<><><><>

 

Meu nome é Mirian Miller e me tornei uma Coordenadora Pokémon para conquistar uma taça em homenagem a minha. No entanto, fui tão mal em minha jornada que acabei presa acusada de ser caçadora ilegal e falsificadora. Depois de sair da prisão, retomei minha jornada para descobrir as pessoas que armaram para que eu fosse presa.

Sempre me perguntei o que minha mãe via de interessante na coordenação. Mas, conhecer um produtor de cinema nunca foi uma das minhas respostas!

 

 

Mente de Coordenadora Pokémon
Episódio 24: O que você deseja?

 

 

 

<><><><> Final do Concurso Edição Especial de Celadon <><><><>

 

— Acho que ela deve demorar um pouco mais. Se você quiser ir, nos encontramos mais tarde. - Mirian comentou para Aries que ele parecia extremamente quieto. - Não quero que faça nada muito louco com ela, estou devendo muito a ela. - Foi uma pausa rápida e de repente ela falou mais firme. - Estou falando, sério! Ela dividiu uma cama minúscula comigo para não me deixar dormir fedorenta na rua, mesmo não cabendo as duas. -

 

Aries estava encostado numa árvore e de tão quieto, após quase uma hora esperando a saída de Laris, as coisas começaram a ficar estranhas para Mirian que quase desconfiara que o rapaz estava dormindo. Mas, então ele virou os olhos para o lado encarando-a e deu um sorrisinho debochado.

 

— Eu sempre achei que você fosse acabar na cama com o Kenan, mas acho que não é muita surpresa saber que você é dessas. - Ele saiu da árvore rindo. - Estou mais surpreso que Laris seja dessas. -

 

Mirian preparou-se para responder, mas viu um homem de terno e óculos preto aproximando-se e apenas moveu com os olhos vagarosamente para o lado. De longe a pessoa não perceberia nada, mas de perto, de onde Aries estava, ele percebeu o pequeno sinal sútil.

 

Aries virou-se rápido apenas a tempo de colocar uma mão no cinto de pokebolas e deixar seus olhos faiscarem clamando para que o homem que se aproximava fosse realmente um problema.

 

Eu devo ficar surpreso com a velocidade de análise e sutileza do aviso de Mirian. Parece que a interiorização realmente trouxe uma Mirian diferente a tona. Quase tão boa quanto Maurício diz que ela era antes de sair de Holly. Definitivamente este cara parece um problema.

 

Andar ereto, olhos escondidos, cabelo alinhado, terno impecável. Alto, com músculos que davam a certeza que tinham motivos para estarem tão nítidos, mesmo com o terno. A três passos homem parou percebendo que aquilo havia ficado estranho, em especial pela posição que o jovem de claros havia assumido perto de seu alvo.

 

— Sou apenas um mensageiro. - Ele disse levando a mão ao bolso e mostrando um celular. - Alguém importante quer falar e não ser identificado. -

 

— Mensageiro? - Uma risada sarcástica. - Sei! Espero que seja mensagem de guerra! -

 

— Tentador! - Comentou o homem de terno, mas ele apenas caminhou até Mirian e Aries e mostrou a imagem que estava congelada no celular. - Sou demitido se bater no acompanhante do alvo. -

 

Aries até pensou em começar ali mesmo a briga, mas identificou no vídeo a imagem de Juan Pierre, um dos jurados do concurso que havia acabado de acontecer. Aquilo era improvável.

 

Saudações, talentosa Mirian!

Já havia lido seu livro e te jugava promissora, mas ao vê-la em ação no concurso pude comprovar que realmente tem talento. Por isso quero te convidar a vir ao meu set de filmagens para conhecer como as coisas aqui funcionam e ter uma conversa sobre desejos.

O que eu desejo? Você saberá quando chegar aqui. Mas, chegue sabendo o que você deseja. Afinal, a arte é sobre isso, não é?

Receberá um torpedo com o nome da cidade as quatro da manhã. Não se atrase e tente não revelar meu lugar de filmagem secreto.

 

A imagem ficou preta e o rosto de Juan Pierre desapareceu.

 

Com o vídeo terminado o homem de terno moveu-se para se afastar. Mas, deu apenas dois três passos e olhou Aries.

 

— Duas da tarde daqui a dois dias se quiser se divertir. -

 

Aries sorriu triunfante ao escutar aquilo, os olhos faiscaram e olhou para Mirian esperando que ela fosse dizer algo, mas percebeu a aproximação de Laris. Não sabia se Mirian contaria a Laris, então não deixaria Mirian fazer suas idiotices.

 

— Vamos comemorar a vitória de Laris. - Disse Aires. - Eu pago! -

 

Mirian parou olhando incrédula para Aries sem acreditar que ele realmente estava fazendo um convite tão cordial para ela e Laris do nada.

 

— Qual é a pegadinha? - Questionou Mirian. - Você nunca quis comemorar nenhuma vitória minha. -

 

— Você nunca ganhou nada! - Disse Aries de forma zombeteira. - Além disso, a única jogada é que vocês não podem ir para um centro pokémon lotado ainda. Então vamos dar um tempo para a algazarra fim de concurso acabar para que possam voltar para o quartinho de vocês e descansar. - Aries balançou a cabeça contrariado. - Você parece que não aprendeu nada com os concursos que participou. É mesmo idiota! -

 

Mirian revirou os olhos e olhou para Laris que olhava-os sérios.

 

— Não repare no Aries ele é assim mesmo. - Disse Mirian sorrindo sem graça. - Mas, tem bom coração. -

 

— Quem era o homem de terno preto mostrando um vídeo para vocês fora da cúpula? -

 

<><><><>

 

A coisa mais difícil do mundo é identificar o que você deseja. Temos muitas vontades e algumas são completamente ilógicas. O bom é que a maioria é temporária, mas algumas, infelizmente, parecem querer durar para sempre, mesmo depois de ser realizada.

Depois que fiz minha interiorização e entendi que não estou sendo eu mesma por causa do estresse e toda a pressão que vivo devido a essa jornada insana. Mesmo que eu volte para casa agora precisaria me acertar com Maurício que agora me odeia. Então em casa eu não teria calma e nesta jornada maluca onde eu não consegui conquistar nada eu não vou conseguir me acalmar.

Interessante pensar que eu não consigo apreciar meu sucesso com escritora, que seria um dos meus grandes desejos. Meu primeiro livro publicado e eu não consegui curtir nenhum dia inteiro, sempre com coisas de coordenação me perseguindo. O que eu mais desejava não parece nada quando eu penso que minha mãe vive com medo de algo que me mandou para a prisão e que meu melhor amigo me odeia.

Eu queria me acalmar, parar de pensar nisso tudo, mas toda vez que penso que as coisas finalmente vão se acalmar, as coisas tomam um rumo inesperado que me deixa ainda mais agitada pensando que eu devo ser a pessoa mais retardada do mundo. Eu posso não ter muitos sonhos, mas eu deveria poder ao menos conseguir apreciar o que qualquer um desejaria, conhecer o set de filmagens de Juan Pierre. Mas, eu tenho que chegar a ele sabendo o que desejo e isto se tornou uma pressão extra.

 

— Vamos Conhecer Juan Pierre! -

 

Laris estava eufórica, o que fazia Mirian ficar ainda mais pensativa de porque ela não estava se divertindo. A experiência definitivamente era única, desejada por qualquer pessoa no mundo.

Juan Pierre era um diretor e produtor de cinema reconhecido no mundo pela qualidade de quase todos os seus trabalhos e premiado todo o ano com algo que ele tenha feito. Não havia pessoa que fosse amante do cinema que não conhecesse seu nome e ainda assim seus filmes eram sempre uma surpresa para o mundo. Dificilmente informações eram vazadas sobre suas produções e as vezes, mesmo com a globalização, o mundo só sabia no que ele estava trabalhando quando a pré-estreia começava. Ele conseguia montar um esquema de total segredo sobre o que ele estava fazendo e onde ele estava fazendo.

Talvez por isso Mirian cobrava-se de não apreciar aquele momento único e desejado por qualquer pessoa. Ainda mais que via algo fora do normal, a forma como as pessoas trabalhavam para Juan Pierre.

Centenas de pokémons espalhados acompanhados de outras centenas pessoas. Difícil identificaria-se o que realmente estava sendo feito por cada um deles. Era incrível que Juan Pierre havia conseguido uma cidade inteira para ser seu set de filmagens, deixando tudo muito realista quanto a ambientação, e ainda conseguir que todas as pessoas da cidade trabalhassem para ele nas filmagens.

Correria de um lado para o outro, testes e ensaios que não pareciam dizer nada espalhados, pessoas costurando no meio das ruas, maquiagens sendo feitas e muitas câmeras sendo preparadas, buscando pontos e focos perfeitos.

Ainda não era possível se identificar nenhum ator famoso, fosse pokémon ou humano. Ainda assim Laris estava maravilhada com tudo o que estava vendo, tentava falar com todos tentando entender o que cada um estava fazendo e chegou ao ponto de precisar ser pega por Aries e carregada pelo ombro antes que fossem convidados a deixarem a cidade, independente de terem sido convidados ou não.

Juan Pierre havia mandado um de seus assistentes convidar Mirian para estar indo ao set de filmagens conversar com ele. Ele sabia que seria difícil para ela acreditar e por isso enviou um vídeo. Era no mínimo engraçado ser convidada por um diretor de cinema via vídeo, mas qualquer pessoa que visse achava que algo bem estranho estava acontecendo, já que o assistente acabou mandando outra pessoa o fazê-lo, talvez temendo ser identificado. Quem viu, no mínimo achou que algo sério estava acontecendo.

O vídeo era uma preocaução para que ninguém invadisse a cidade de filmagens e nem achasse que de alguma forma Mirian havia sido favorecida durante o último concurso pokémon. Além disso, a conversa que ele queria ter com ela poderia ser mais longa do que qualquer um pudesse prever.

A chegada do trio não era esperada na cidade, os seguranças que montavam um cerco no local demoraram para conseguir permissão para que Mirian entrasse acompanhada de seus dois amigos. Esperavam ela e mais um acompanhante, no máximo. Mas, após a Miller ameaçar ir embora eles acabaram aceitando que ela entrasse acompanhada.

 

— Mirian Miller! -

 

Juan Pierre estava sentado em uma das famosas cadeiras de diretores, junto a outro que parecia ser seu assistente, folheando algumas folhas de uma pasta. Demoraram para perceber a aproximação do trio, mas o produtor não se fez de rogado ao identificar a aproximação de Mirian. Levantou-se animado e recebeu-a sorridente e de braços abertos.

 

— Trouxe convidados. - Ele pareceu consultar a si mesmo naquele momento. - Eu deveria imaginar que viria com alguma comitiva, seu tutor do Grupo Olimpo, Aries. Mas, nossa campeã do concurso, Laris, é surpresa! - Juan demonstrou um sorriso genuíno. - Adorarei ter um autógrafo seu, após aquela belíssima apresentação. -

 

Mirian arregalou os olhos toda animada com o que havia acabado de escutar. Ela que estaria pronta para implorar por um autógrafo estava recebendo um pedido de autógrafo.

 

— Não me senti a vontade de vir sozinha me encontrar com o senhor. - Disse Mirian. - Espero não ter problemas com isso. -

 

— Mentira! Ela fica toda avontade sozinha com gente famosa, precisa vê-la com o Kornox! - Riu Aries.

 

— Aries! - Mirian gritou com ela rapidamente. - Desculpe! Ele tem essa mania de envergonhar as pessoas. -

 

— Não se preocupe. - Juan deu uma risada e virou-se para seus assistentes. - Procure pelo cuidador, precisamos preparar alguns dos pokémon para os ensaios finais de hoje. - Juan fez um sinal e o assistente olhou para Aries e Laris. - Sim! Também é para levar esses dois com vocês para que eu possa conversar com a sós com a Miller. -

 

— Pokémon para ensaios finais... Estou dentro! - Ele caminhou na direção do assistente. - Leve-me para onde os dublês estão! Eu gosto é de bagunça! -

 

Laris deu alguns passos animada, mas parou olhando Mirian logo em seguida.

 

— Ficarei bem. - Sorriu Mirian. - Acho que não há problemas.

 

Juan sentou-se enquanto o grupo se afastava e depois apontou para a cadeira vazia para que Mirian se sentasse. Ela sentou-se e de repente um silêncio se formou. Ficaram os dois apreciando o verde daquele longo campo por alguns minutos, como se ambos fossem velhos amigos. O sol não incomodava mesmo estando próximo do sol das dez da manhã.

 

— Não sei a resposta. - Disse Mirian começando o assunto. - Não sei o que desejo. Tenho tantos desejos no momento, tantos problemas ocorrendo, que não sei o que mais desejo. -

 

— Sinceridade. - Juan cruzou as pernas e encarou a menina por alguns instantes. - Mais uma qualidade inesperada! - Ele sorriu. - Quantas facetas a menina a minha frente possuí? -

 

Mirian apenas sorriu sem graça. Era quase como se ele estivesse falando sobre várias Mirians, justamente o que ela não queria. Mas, estranhamente, agora não se sentia pressionada.

 

— Não tenho ideia. - Ela resolveu responder. - Acho que é por isso que eu não sei o que mais desejo. -

 

 

— Entendo. - Juan pareceu pensativo. - Contar as melhores estórias que façam diferença no mundo. - Ele começou a dizer. - Meu sonho sempre foi mexer com a imaginação das pessoas e fazerem-nas pensarem sobre elas mesmas. Por isso cada filme ou série que faço é sempre secreto, com atores que precisam de chances, pokémons que precisam de chances, pessoas que precisam de chances, lugares como esta cidade que precisam de chances. Cada filmagem que faço não é só sobre o que passa na tela. É sóbre mudar todos os envolvidos, de quem vai assistir a quem participou do projeto. -

 

Mirian escutava aquilo e percebia que ele era apaixonado não por seus filmes, mas por ajudar as pessoas em sua volta. Seu talento nato com a arte cinematográfica certamente era inegável, mas ele não o seguiu cegamente, passou a utilizá-lo para o que ele mais queria, ajudar as pessoas.

 

— Já ouviu falar em livro do filme? - Questionou Piere.

 

— Livro do filme. - Repetiu Mirian que olhou para aquela imensidão verde, tentando se lembrar do termo. - Seria quando pegam um livro e fazem um filme sobre ele? - Ela de repente pareceu perceber algo. - Fico honrada em querer fazer um filme sobre meu livro. - Ela sorriu. - Ainda mais que acha que ele pode realmente fazer a diferença para as pessoas. Mas, a editora tem direitos sobre o livro tanto quanto eu. Não poderia fazer um acordo com você sem eles. -

 

Uma risada longa e gostosa que pareceu tão divertida que acabou criando risadas na própria Mirian, mesmo ela entendo que sua suposição de que ele queria seu livro para filmar era os motivos das risadas.

 

— Desculpe-me! Adorei seu livro, mas a história não daria em filme. Um filme precisa de começo meio e fim e com um tempo reduzido. Seu livro tem muitos detalhes, além de terminar de uma forma trágica. Filmes assim não causam o efeito que quero. Uma série por outro lado é promissora com uma certa liberdade poética para que eu preencha algumas lacunas. - Juan voltou a encarar Mirian. - Por isso já conversei com o Editor, a editora e faremos algum acordo se você vier a escrever um bom segundo livro desta saga. -

 

Mirian piscou algumas vezes e conseguiu recordar que seu Editor havia dito de um contato de Juan com a Editora. Mas, estava tão atordoada com o encontro com Maurício que tudo o que ocorreu em seguida, como uma conversa longa com o Editor, ficou bem vago em sua mente e quase sem importância.

 

— Você definiu o termo filme do livro. Um livro com uma boa história ganhando as telas, o que é altamente comum. Eu questionei sobre livro do filme. Incomum, mas de um potencial inegável. - Ele levantou-se. - Todas minhas criações mudaram o mundo, exceto três delas. As três primeiras que fiz com meros trocados, uma filmadora de terceira mão, meus melhores amigos e os primeiros pokémons deles. Bem… Demorei para ter o meu primeiro. -

 

Mirian acompanhava-o com os olhos, agora perdida sobre o que estava fazendo ali e o que seus desejos tinham com tudo aquilo.

 

— Três filmes que tinham todos os meus sonhos e me ensinaram muito para que o quarto fosse premiado, não só pela crítica, mas pelas pessoas que trabalharam nela e meu estilo começasse. - Ele virou-se para ela sorrindo. - Ainda assim eu gostaria que os três primeiros transformasse o mundo também. -

 

— Por que você não os regrava? - Questionou Mirian. - Estamos em uma época de refilmagens e tenho certeza que seu talento não permitiria que ele fosse um fracasso. -

 

Ele sorriu diante os elogios e foi até a sua cadeira novamente e sentou-se.

 

— Não refaço meus trabalhos, pois eles têm minha energia pessoal e de todos os que trabalham neles. São perfeitos do jeito que são e apenas não alcançaram seus potenciais completos porque precisavam de mudar a vida de mais alguém. - Neste momento Juan Pierre apontou para Mirian. - Meus três primeiros trabalhos precisam de você para completarem-se e você precisa que eles mudem suas vidas. -

 

Mirian não conseguiu entender, mas sentiu as palavras do produtor de filmes dizendo que precisava dela.

 

— Sua criatividade, a forma como usa as palavras, a forma única como enxerga a arte e a forma como se posiciona quanto aos pokémon me dizem que você é perfeita para transformar meus três primeiros filmes em livros. - Juan Pierre sorriu. - Por isso preciso saber o que mais deseja, pois se fecharmos este acordo de trabalhar para mim e pôr em palavras o que criei nas telas, preciso ter certeza que aquilo será o que mais deseja do início ao fim. -

 

Mirian levantou-se surpresa. Seus olhos brilhavam e seu corpo tremia de uma forma que ela não poderia controlar e seu coração palpitava tão forte que parecia que o mundo ia parar.

 

— Está me propondo ser sua escritora? - Mirian falou tão alto e animada que estava a segundos de um ter um troço. - Ser a escritora de Juan Pierre? -

 

— Ei! - Ele se levantou sorrindo e colocou as mãos nos ombros dela. - Não vamos fazer disso algo maior do que é! - Ele riu. - Tenha certeza que estou te convidando para escrever livros dos meus três primeiros filmes. Mas, não diga minha escritora, pois parecerá ser minha roteirista. Você odiaria ser minha roteirista, tanto porque sou exigente demais e muito perfeccionista, tanto porque o mundo adora ficar correndo atrás dos meus roteiristas querendo informações sobre no que trabalhamos. -

 

— O tipo de vida que não quero. Holofotes e outros mais não me interessam. - Mirian sacudiu a cabeça compreendendo. - Bem… Eu quero cuidar de um assunto familiar que assusta muito a minha mãe, quero que a vida se acalme novamente e quero fazer as pazes com meu melhor amigo que anda ameaçando me matar. - Mirian percebeu que Juan Pierre pareceu absorver cada palavra dela e voltou a sentar-se em sua cadeira. - Para isso preciso terminar esta temporada de concursos e chegar ao Grande Festival. - Ela suspirou. - Sua oferta é magnífica, mas eu só poderia fazê-lo a partir do ano que vem. -

 

Juan Pierre ficou olhando-a durante algum tempo. Tempo o suficiente para Mirian ficar sem graça e virar-se e ver uma confusão acontecendo ao longe. De início a Miller não entendeu o que era, mas bastou um grito doentio e um rugido tenebroso e ela soube.

 

— Aries! - Disse ela desmotivada. - Vou pedir desculpas pelos próximos eventos. A coisa vai ser feia. -

 

Mirian disse aquilo virando-se para Juan e surpreendendo-se com a chegada repentina dele, em um salto desesperado. A queda no chão foi até bem confortável, mas algo que passou por cima deles, segundos depois, fez o local tremer.

Eles se olharam e instantes depois olharam para a direção do impacto. Um pokémon parecia levantar-se, sujo com alguns arranhões pelo corpo.

Caída no chão, Mirian conseguia ver um pokémon com corpo negro e azulado, um estranho bico e olhos tão determinados que quase pareciam querer dizer algo. Daquela distância, podia perceber que o corpo tinha alguns chamuscados.

 

— Este é meu Prinplup, comigo desde o quarto filme. O meu primeiro pokémon. - Ele riu levantando-se. - Não se preocupe que ele esteja brigando com alguém, ele está aborrecido de não estar nos meus dois últimos e nem no atual. -

 

Mirian recebeu ajuda para se levantar e escutou Aries e Houndoom gritando a caminho daquele ponto para continuar a luta deles, iniciada por qualquer motivo que ela tentaria ignorar.

 

— Bem… Divirtam-se pelo set. - Disse Juan. - Leve o tempo que precisar para decidir, Miller! -

 

Mirian acenou com a cabeça para Juan entendo que ela poderia resolver primeiros seus problemas pessoais para depois aceitar a oferta de emprego.

 

<><><><>

 

— Você ficou esperando-me até… - Ela parou por alguns instantes. - Você conseguiu convencer a oficial Jane de avisar quando eu sairia, né? -

 

A cidade de Violeta não tinha ideia do que acontecia em seu interior. Após chacinar dezena de milionários e policiais corruptos, sem contar algumas pessoas que julgava serem culpadas de suas perdas, Dove fora presa por tentativa de roubo no ginásio da cidade Violeta.

Allan que estava em seu encalço a dias chegou a cidade sendo recepcionado por uma carta de Dove que dizia para ele desistir de caçá-la, pois não poderia garantir a segurança dele e toda a jornada que ela estava fazendo tinha riscos calculados para todos os inocentes.

 

— Você é um gênio, mas dizem que também sou. - Comentou Allan. - A policial não me deu ouvidos, mas eu sei que você é uma ameaça no momento. -

 

Allan era o aprendiz de Sabrina, da cidade de Saffron em Kanto. Após Dove ter atentado contra a vida de sua mestra em meio a sua vingança, e manipulado-a para possivelmente levar a culpa, o jovem tomou como missão pessoal encontrar Dove e pará-la.

 

— Sempre fui melhor que você no instituo. Não que eu fosse mais inteligente, mas tinha mais confiança e não tinha medo de errar. - Dove sorriu. Ela parecia um pouco cansada e seu rosto claro de menina diziam que aqueles dias presa precisavam de um merecido descanso. - Mas, creio que mudara enquanto servia a Sabrina. -

 

— Senhoria Sabrina! - Allan exclamou como quem pedisse mais respeito da jovem a sua frente, para com sua mestra.

 

Amigos num passado distante, enquanto ainda eram crianças. Allan agora sentia-se inimigo da menina e não sabia ao certo como pará-la, mas a encarava com um olhar frio e decidido a fazer o que fosse preciso.

 

— Vamos para a lanchonete a duas quadras daqui. Preciso comer algo descente. - Dove começou a dar alguns passos. - Lá posso responder todas as perguntas que quiser. -

 

Ela passou por ele, sem muita cerimônia, mas ele permaneceu parado. Ela notou isso dois a três passos depois de já ter se afastado dele, mas continuou seu rumo.

 

— Eu escolho o local. - Ele disse fazendo-a parar. - Afinal, não acha que sou como as pessoas que lidou por todo este caminho, não é? - Ele viu ela se virar com um sorriso convencido nos lábios. - Claro que eu notei. Você já sabia que eu estava te caçando e chegava cada vez mais perto. Então armou este encontro aqui, em Violeta, para poder ter controle de tudo e me dar a falsa sensação de controle. -

 

— Você escolhe o local. - Ela disse sem perder o sorriso convencido. - Mas, realmente armei para que nos encontrássemos aqui. Deixei a carta no caminho que acreditei que faria, bem como fiz Falkner acreditar que estava para ser roubado e assim ir presa para que você viesse a delegacia e contasse o quanto eu sou perigosa. - Dove fez sinal para andarem, realmente ela estava faminta. - Só me ajudou a provar minha inocência. -

 

Allan correu e possou por Dove, impedindo a passagem dela. Era aquilo que não fazia sentido para ele. Era aquela a maior das perguntas no momento, como Dove pode ser dada como inocente? Ainda que não tivesse como provar que ela orquestrara o tentado a Saffron, ela fugira de um reformatório e tentara roubar um líder de ginásio, como poderia ter sido inocentada de tudo isso?

Dove percebeu que Allan só se moveria após algumas informações e de certo modo ela até esperava por isso. Mas, imaginou que ele caminharia para algum lugar mais calmo onde pudesse dar vazão a sua raiva por ela ter atentado contra a líder de ginásio que servia-lhe de mestra e não na frente da delegacia onde a Oficial Jane na certa observava o encontro dos dois.

 

— Falkner retirou a queixa pois encontrou uma poção feita com ervas caídas próximo ao pokémon voador que supostamente tentei roubar. - Ela disse calmamente. - Ele examinou o pokémon percebeu que ele estava com uma doença incomum e pouco assintomática, mas que poderia ser curada justamente com aquela poção. -

 

Allan não precisou de muito para entender qual fora a armação de Dove. Ela lutara contra Falkner anteriormente, ou deu algum jeito de ter contato com o pokémon e contaminou o pokémon do líder do local. Depois foi ao local, secretamente, para curá-lo. Mas, tudo era para ser pega por tentativa de roubo e mais tarde ter o líder retirando as acusações e pedindo desculpas.

 

— Com você presa e eu alegando que você era uma fugitiva revirariam seu passado. - Disse Allan. - Você queria garantir que o que você tivesse armado tinha funcionado corretamente. -

 

— Na verdade te mostrar que o que armei funcionou perfeitamente. - Disse Dove. - Eu fugi, mas para todos eu ainda estava presa e fui solta dois dias após o incidente de Saffron. Na transição entre os novos guardas e diretores, já que todos estavam em Saffron morrendo, fui acobertada por algumas detentas que convenci de eu conseguiria ajuda de fora. Quando voltei, clandestinamente, todas as acusações que me levaram para aquele lugar haviam sumido. Era como se minha ida para lá tivesse sido um erro de mal gosto. -

 

— Manipulou algum juiz antes de matá-lo? - Allan ficou surpreso.

 

— Não. Matei aquele que estava manipulando as coisas pelas sombras. Com a morte dele muitos casos dele foram revistos e, nesse caso manipulei para o meu ser o primeiro, e que coisa, o novo juiz não entendia porque me mandar para lá. Como o advogado de defesa estava desaparecido, este que ainda quero matar, um novo defensor foi rápido em me libertar. -

 

Allan respirou fundo buscando forças para manter a calma. Ela ainda falava em matar. Ela não estava fugindo, estava caçando. Preparou-se para confrontá-la, agora que sabia que ela estava atrás de mais sangue, mas percebeu que talvez suas intenções fossem bem próximas da dela. Além disso, ela estava contando tudo e isso significava que algo mais estava para acontecer e que ela julgava que ele não poderia ou não iria querer pará-lo após saber de tudo.

 

— Não era melhor só voltar para casa? Você precisa mesmo ir atrás de vingança contra um homem depois de se vingar de dezena deles? - Questionou Allan.

 

O sorriso de Dove desapareceu diante as falas de Allan. Uma face abatida e derrotada tomou conta dela e um suspiro de pesar veio junto.

 

— Não tenho mais para onde voltar. Quem me botou naquele presídio, matou meus pais e já está me caçando. - Dove parecia desolada. - Me vingar do Lado Sombrio é a única opção que eu tenho se quiser sobreviver. -

 

<><><><>

 

A volta pareceu mais demorada, talvez devido ao cansaço e a espera de anoitecer para que não encontrassem conhecidos no caminho e tivessem que mentir. O cansaço estava claro, mas de alguma forma todo os três estavam animados com tudo o que havia ocorrido. Aries havia surrado alguns dublês, Laris havia preenchido um caderno de autógrafos, além de ter conseguido tirar fotos com todos os famosos que estavam no local, mesmo aqueles que ela sequer sabia o nome, e Mirian havia recebido uma proposta de trabalho que pareci mentira.

Ainda assim, continuava confusa com tudo o que estava lhe acontecendo. Como ela iria se acalmar com tanta coisa lhe acontecendo? Com faria as pazes com Maurício? Ela estaria segura realmente ou o Lado Sombrio atacaria novamente?

 

— Algo errado? - Questionou Aries a Mirian.

 

— Foi um dia incrível! Apesar de ser um acontecimento bem fora da curva, hoje me senti numa jornada totalmente normal, feita com amigos, mesmo que não sejamos exatamente um trio em jornada. -

 

Mirian olhou para a dupla que a acompanhava, sorriram em resposta, já que parecia ser a melhor resposta que poderiam dar.

 

— A cidade! - Mirian percebeu a aproximação e com isso a volta a realidade. - Vou apertar o passo um pouquinho para tomar banho antes e não te atrapalhar Laris. -

 

A negra fez que sim com a cabeça e viu a amiga começar a caminhar mais rápido. Assim que a Miller se afastou Laris olhou para Aries que vinha caminhando mais atrás, como quem não estivesse muito interessado em conversar.

 

— Não vai questionar sobre ficarmos ainda no mesmo quarto, ou fazer qualquer piada? -

 

Aries olhou para Laris questionando aquilo e emparelhou com ela rapidamente.

 

— Você faria algo para tirar aquele momentinho de felicidade que ela teve, mesmo depois dela ter te dado um dia incrível? - Questionou o Olimpo com descaso. - Ela precisava de um dia assim, longe de todo aquela drama de fitas. -

 

— Bem… - Laris concordou com a cabeça enquanto caminhava. - É que do jeito que ela falou de você eu esperava um outro tipo de Aries. - Ela riu. - Não deveria te julgar, né? -

 

— Talvez deveria! - Ele parou. - Sou debochado, sarcástico, ácido e agressivo com quase todo mundo. Mas, tenho controlado isso! -

 

— Sério? - Laris parou e virou-se surpresa. - Por que faria isso? Pela Mirian? -

 

— Não pela Mirian. As idiotices dela são fortes de mais para eu abdicar. - Aries sorriu. - Isto é por você! -


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Notas finais do capítulo

No próximo episódio teremos muitas revelações...

Na fic e na nossa e dos vários motivos que me fizeram atrasar tanto.



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