Mente de Coordenadora Pokémon escrita por Kevin


Capítulo 10
Gaiola das Loucas


Notas iniciais do capítulo

AVISO: Classificação deste episódio e de 18 anos. Saltá-lo não vai interferir na trama da fic, pois um resumo LEVE e apenas intuitivo será dado no episódio seguinte (o episódio 11)



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Mente de Coordenadora Pokémon
Episódio 10: Gaiola das Loucas

 

<><><><> Dias de Mirian na Prisão <><><><>

 

Não dava para ver o teto ou a iluminação do local e isso a fazia duvidar que ainda estava dentro de uma área que fosse seu atual lar. Lar que odiava, mas começava a desejar estar de volta nele o quanto antes, pois sua localização atual era preocupante demais para pensar na possibilidade de permanecer ali.

Seu coração já palpitava desde o momento em que percebera a retirada de várias pessoas de suas celas, sendo que elas pareciam nunca voltar. As palpitações aceleraram ao também ser removida e ver os olhares de piedade das outras detentas para ela, olhares que sempre foram raivosos. Agora, que chegara a aquele local, sentia que a qualquer momento o coração saltaria pela boca.

Era como uma arena circular, com chão de terra batida e muros que chegavam a três metros de altura. Mas, os muros não eram alcançáveis, já que cinco metros antes deles começavam grades de ferro que iam para o alto unindo-se em uma cúpula, fazendo daquele local uma gaiola, a dita gaiola das loucas.

Entender o que aquele nome queria dizer não era tão complicado quanto parecia, mas nem de perto era tão simples entender o que aconteceria ali. Em volta da gaiola estavam diversas cabines espelhadas, parecendo camarotes restritos. Percebia movimentação dentro deles, mas quem estaria ali, quantos seriam ou o que estariam fazendo era difícil de dizer.

Mirian sentiu as pernas tremer diante aquela visão. A gritaria das pessoas ocultas em seus camarotes invadia seus ouvidos, deixando-a desorientada. Empurrada para dentro ela demorou a orientar-se, percebeu que algumas pessoas estavam com seus camarotes com as vidraças e cortinas abertas, exibindo roupas elegantes, ocultando seus rostos por mascaras estranhas.

 

O que está acontecendo? O que é esse lugar? Onde estou? Mirian tentava processar o tipo de lugar em que estava, mas não conseguia raciocinar muito bem. A surra que havia levado horas atrás, no chuveiro, ainda estava afetando seu corpo e mente, apesar de nunca ter sido uma menina muito rápida de movimentos e percepção.

 

— Mirian! - Dove correu para junto dela, pegando na mão da amiga, completamente assustada.

 

A loira de traços delicados nunca havia demonstrado para Mirian estar assustada dentro da prisão naqueles poucos dias que se conheceram. Mas, seu rosto estava transparecendo muito pavor e os olhos já vertiam lágrimas.

As outras quatro meninas gritaram e já corriam pela jaula. Mirian virou-se e congelou. Sentia seu corpo sendo puxado para trás, para também mover-se. Dove parecia que não iria deixa-la ali, mas Mirian ainda não conseguia se mexer. Ela odiava aranhas.

 

— As novas desafiantes! - A plateia aplaudiu animada. - Aquelas que permanecerem conscientes após cinco minutos, ou a última de pé, serão premiadas com um jantar no terceiro camarote, as demais seguirão para a fase das apresentações. -

 

Um contato digital e vermelho surgiu no topo da gaiola, com uma contagem regressiva, mostrando os cinco minutos que foram anunciados. Mas, nenhuma das meninas parecia ter prestado atenção naquilo. Afinal, a criatura a frente delas era muito mais importante.

Um metro e oitenta de comprimento, corpo e garras pretas, com seis patas esverdeadas. Detalhes vermelho pelo corpo e grandes esferas azuladas em suas juntas e cabeça. Olhos azuis que pareciam faiscar. Era um pokémon aranha gigante que não estava com cara de muitos amigos e estava criando um pavor em Mirian que ninguém poderia explicar.

Mirian tinha um pavor mortal de aranhas. Uma fobia criada devido a sua primeira noite de jornada, onde fora atacada por Spinarks e Ariados que de alguma forma indicavam que iriam devorá-la, já que a envolveram num casulo de teias pegajosas. Ela sequer se lembrava como sobrevivera aquilo, só sabia que se aquela coisa a sua frente a pegasse, não iria sobreviver.

A plateia gritava pelo nome do pokémon, Araquanid, aumentando ainda mais a certeza de que aquela coisa na frente de Mirian era um pokémon aranha gigante.

 

— A...Aracnideo... Eu... –

 

Dove percebia o balbuciar da amiga, quase inaudível diante a toda a gritaria que estava acontecendo. Araquanid caminhava na direção delas, ignorando, momentaneamente, as demais detentas.

 

— Mirian! - Dove Gritava tentando puxá-la, mas ela parecia estar congelada no chão. - Mirian! -

 

— Ara... Ara... - Mirian gaguejava sem parar, congelada diante a seu temor.

 

— Aranha? - Dove deduziu. - Conte as patas! Conte as patas! Seis! Seis! -

 

Mirian piscou de repente saindo do seu momento catatônico. Com seu corpo saindo daquele enrijecimento do estado de choque caiu no chão devido aos puxões insistentes que Dove dava.

Araquanid avançou sobre elas e Dove rolou por cima de Mirian a tirando do local. Tudo girou e Mirian viu a nuvem de poeira que subiu com o choque de Araquanid tocando no chão. Aquilo havia sido uma investida poderosa, para a surpresa de Mirian que desconhecia que insetos faziam aquilo.

 

Realmente colocaram um pokémon perigoso como esses para nos atacar? E se nos machucarmos? E se morrermos? O que está acontecendo? Mirian se perdia em pensamentos, enquanto ainda estava no chão, mas novamente foi puxada por Dove.

 

O pokémon encarou as duas que acabaram de fugir e algo foi disparado de sua boca. Felizmente, errou por pouco. Mas, Mirian arregalou os olhos. A sua frente estava um tufo de fios pegajosos.

 

— Você disse que não era aranha! - Mirian gritou amedrontada, enquanto se levantava correndo. - Eu não gosto de aranhas! -

 

— Tem seis patas! E muitos pokémon lançam teias também! - Disse Dove correndo.

 

Devido a um jato de água inesperado, Dove e Mirian acabaram separando-se. Cada uma indo para um lado da gaiola, onde outras detentas pareciam tentar se afastar da criatura.

A criatura continuou a disparar jatos de água contra Mirian que corrida enquanto Dove chegava próximo de uma detenta que estava parada a uma distância que julgava ser impossível ser acertada por um golpe de longa distância.

Mirian chegou as grades onde uma das outras detentas tentava escalar as grades da gaiolas. Observando-a por alguns instantes, imaginou se aquilo era uma boa ideia. Foi só então que percebeu o cronometro que marcava quatro minutos e regredia segundo a segundo.

Um rosnado e a jovem Miller decidiu que se arriscaria nas alturas. Esticou o braço, mas sentiu as dores musculares ainda fazendo efeito e soube, jamais conseguiria ficar pendurada como a detenta acima dela.

 

Bem... É uma aranha, certamente pode dar um jeito de subir por essa gaiola e...

 

Um raio brilhante passou por cima de Mirian, fazendo-a cortar seus pensamentos assustada. Olhou para cima e viu a detenta que escalava a gaiola congelada as barras de ferro da gaiola.

 

— Gelo, água, teias, investida... - Mirian piscou algumas vezes aturdida e escutou alguns gritos diferentes do da plateia. Agora uma garota se aventurava a tentar golpear Araquanid. - Sério? -

 

Mirian demorou um pouco, mas percebeu que não era uma, mas duas garotas que encheram-se de coragem e com gritos, que talvez fossem brados de guerra para encontrar a coragem, investiram contra a criatura que as perseguiam. Correndo contra a criatura elas desviam dos diversos Jatos de Água que eram lançados contra ela e de mãos nuas elas chutavam e socavam as patas da criatura desesperadas, tentando não ser acertar.

 

— Humano versus pokémon? -

 

Por alguns instantes Mirian se lembrou de um ou outro livro que diziam que arenas clandestinas e sanguinárias forçavam humanos escravos a lutarem contra pokémon por suas vidas. No final, mesmo derrotando os pokémon, teriam novas batalhas. Mas, ela rejeitou aquele tipo de pensamento, certamente alguém deveria ter sobrevivido a uma noite daquelas e falado ao advogado ou qualquer outra pessoa de fora daquele lugar.

 

— Cuidado! -

 

Um grito desesperado de uma das meninas chamou a atenção de Mirian. Uma pata estava energizada e golpeava velozmente o ar, tentando acertar uma das duas que estavam a golpeá-la a todo o momento. Araquanid parecia estar ficando furiosa.

Olhou de novo o cronometro que marcavam três minutos. Aquele contador zerar talvez fosse a melhor coisa que poderia acontecer.

Mirian voltou sua atenção de para a menina que gritava irritada, gesticulava e praguejava como se sua vida dependesse daquilo, e talvez até dependesse. Aparentemente ela não estava feliz com a ideia das duas enfrentarem o pokémon. Dove tentava falar com a menina, para entender o motivo de tanta irritação.

Mirian pensou em ir até lá, mas acabou parando ao ver sangue ganhando o ar. Uma das meninas havia sido acertada na perna. A plateia gritou abafando o gemido de dor da menina. A outra pareceu perceber que não tinha chances ou talvez tivesse entrado em choque diante o ataque e acabou ficando parada diante a criatura. Araquinid não se fez de rogada acertando-a com uma investida e lançando-a metros de distância.

A detenta chocou-se contra a grade com força e seu corpo logo tombou, caindo ao chão, aparentemente desacordada.

 

— Vamos morrer... -

 

Mirian começou a tremer. Imaginou que poderiam sair apenas com alguns hematomas, mas diante ao gelo usado numa garota pendurada e completamente inofensiva, uma garota quase retalhada por um golpe cortante e uma que foi violentamente jogada contra a grade, a esperança caia por terra.

Mirian quase foi ao chão ajoelhando-se, mas o som característico da arma de água a alertou que a ação continuava. Arregalou os olhos ao ver que Dove corria de um lado para o outro enquanto Araquanid tentava em vão acertá-la com o jato de água.

Em dado momento Dove parecia ter caído, ou talvez se jogado. Mirian não conseguiu decidir, ao certo, já que ela passou a rolar. Araquanid começou a se aproximar usando agora as teias, para tentar prender Dove ao chão.

 

— Suba agora na grade! -

 

Um berro forte de Dove pode ser escutado, mas Mirian demorou a entender. Olhou para a grade procurando uma ideia do que teria naquele lugar para que Dove quisesse que ela subisse. O cronometro marcava um minuto e meio e continuava regredindo. Dove havia ganho muito tempo com sua correria, parecia ter distraído bem o pokémon. No entanto, ainda não encontrava nada na grade que pudesse ser um destino. A grade era toda fechada e as únicas três partes móveis, portões, estavam fechados e não se moveriam. Na procura acabou percebendo que o grito de Dove não era para com ela e sim para com a outra menina.

A garota subiu pouco na grade, sem grande velocidade como se não houvesse nada de importante a fazer na grade, além de se pendurar. Mas, apesar da lentidão da garota, Araquanid não se fez de regoda começando a emitir um brilho de sua estranha bolha na cabeça e disparando um raio luminoso branco contra a menina na grade, demorou menos de dois segundos até o gelo tomar conta da menina prendendo-a na grade.

Mirian tremeu em seu lugar ao ver a menina sendo congelada, por isso pouco percebeu que Araquanid em seguida virou-se para ela e começou a avançar em sua direção com suas seis patas mexendo-se velozmente.

 

— Mirian! – Dove chegou a ela desesperada, abraçando-a e tirando-a do lugar aos puxões, em meio ao abraço.

 

Mirian sentiu seu corpo se deslocar em meio ao abraço de Dove. Escutou um barulho forte que só poderia ser o impacto da investida do pokémon contra a grade. No entanto, ela pouco se deu conta disso, pois Dove murmurava com ela algumas coisas que ela não entendia.

 

— ... Então entenda que os quatro movimentos para as quatro ações humanos básicas. E não vá para a enfermaria nunca! –

 

Mirian não conseguiu entender tudo que Dove falou, quando foi para perguntar o que ela estava falando e porque não era para ir a enfermaria, sentiu o abraço se desfazer e algo acertar sua perna com tamanha força e jeito que ela foi ao chão na mesma hora.

 

Dove me deu uma rasteira? Mirian pareceu aturdida, ao perceber que não era a criatura e sim Dove que a derrubara.

 

Caída Mirian viu o cronometro no topo da gaiola a marcar cinquenta segundos para o final. Tudo parecia ter ocorrido com tão rápido, duvidava realmente que quase cinco minutos passaram-se naquele inferno. Preparou-se para se levantar, no entanto a criatura estava de frente para ela disparou teias pegajosas envolvendo-a e deixando tudo escuro.

 

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“Estou bem! Estou bem!” A voz vinha de longe e a cada vez que a frase era repetida doía a cabeça, como se fosse gritada quase que colada a seus ouvidos. O mundo escuro ia desaparecendo em luz desfocada que não permitiam distinguir nada. A cabeça rodava e por um minuto imaginou que mais uma vez havia levado a pior em alguma parte de sua louca jornada pelo mundo pokémon, mas a voz que gritava ao longe se fez muito mais perto do que esperava e finalmente escutou mais do que “Estou bem!”. A frase completa, ou a segunda frase que até então não captava era um “Não vou para a enfermaria!”

 

Enfermaria. Um local em que feridos e adoentados receberiam os cuidados que precisavam. Não faria sentido alguém não querer ir parar gritando a plenos pulmões, demonstrando tanto medo. Eu também não deveria ir para lá, mas não lembro o porquê disso. Não deveria haver nada de perigoso numa enfermaria de centro pokémon... Espera. Eu não estava num centro pokémon. Eu fui presa e...

 

Mirian abriu os olhos assustada e viu um guarda preparado para levantá-la pelos braços e coloca-la numa maca.

 

— Estou bem! - Ela berrou de imediato tentando encarar o guarda mascarado e que escondia seu olhar atrás de uma visor estranho. - Eu provo! –

 

A menina se levantou rápida. Fez algumas gestos loucos e pulou de um lado para o outro, acreditando que aquilo provaria que ela estava bem. Percebeu que o guarda ficou a observá-la durante algum tempo. Pensou em se olhar, mas teve medo de que aquilo demonstrasse alguma fraqueza ou que realmente houvesse algo que estivesse fora do lugar e só não estava sentindo porque ainda não estava vendo.

 

— Deixe a novata. - A voz de outro guarda invadiu os ouvidos de Mirian fazendo-a olhar em volta. - Vamos levar uma das ensanguentadas primeiro. Depois pegamos a outra e a congelada. -

 

Eram dois guardas que com roupa tática e mascara, pareciam bem ameaçadores. Analisando-os, entendia que eram ambos homens, fortes e que não pareciam querer muito papo e estarem com certa pressa, já que simplesmente jogaram o corpo de uma menina ensanguentada na maca e começaram a sair.

A porta se fechou atrás dos guarda com a maca e Mirian sentiu-se aliviada de imediato, indo ao chão, e ficando sentada ali por alguns instantes.

Era uma saleta, com um banco de concreto e duas portas. A iluminação era precária não havia nenhum outro tipo de adorno, era basicamente como os ambientes de cima da prisão, tudo acinzentado. Os gritos empolgados da plateia eram escutados, criando na mente de Mirian o questionamento sobre o que estaria ocorrendo lá fora naquele momento. Pareciam muito mais animados do que quanto ela estava na arena, mas desconfiou que talvez ela e as outras cinco não tivessem empolgado o público ou que ela estava assustada demais para perceber a empolgação alheia.

Olhou-se ao se lembrar que o guarda bem a encarava. E começou a se debater de forma desesperada. Estava coberta por teias em vários locais. Ela odiava aranhas e agora se lembrava perfeitamente, havia sido coberta por elas e certamente fora isso que a fez desmaiar.

 

— O que está acontecendo aqui? - Mirian questionou a menina que estava sentada no banco, sua única outra companhia ali. - O que é isso tudo? -

 

Levantou-se debatendo-se, ainda em seu alarde de pavor e acabou por perceber que a menina nada falou. Nenhuma das garotas falava nada sobre a nenhum momento, parecia que havia regra de não falar sobre aquelas coisas que estavam acontecendo.

Sem ter certeza de como tudo ocorreu após seu desmaio, identificou que as cinco abatidas, o que não incluía Dove, foram levadas para aquela saleta. De certo uma saiu andando, pois via pegadas molhadas e está deveria ter sido da menina que foi congelada por último, pois a que havia sido congelada primeiro, estava ali, ainda inconsciente. A que foi acertada por uma espécie de golpe cortante havia sido levada pela maca a pouco e a outra, que foi arremessada contra a grade era a sentada, com o braço todo manchado de vermelho.

Mirian tremeu em seu lugar ao ver o sangue, havia se preparado para sentar próximo a menina, mas o sangue a assustou.

 

— Você precisa ir para enfermaria. - Disse Mirian assustada.

 

— Eu não vou para a enfermaria... - A menina choramingou entre os dentes. – Não ... -

 

A dor era evidente. Por um minuto Mirian deixou-se vagar por suas lembranças, onde presenciou a menina sendo lançada para a grade com força. O impacto dizia que corte algum deveria ter acontecido. A possibilidade de que ela tivesse quebrado algo a ponto de expor o osso era bem clara.

 

Mirian tocou o braço da menina que de imediato ameaçou socá-la.

 

— Se quebrou o braço a ponto de o osso fazer vasar todo esse sangue você vai para enfermaria. - Disse Mirian. - Mas, se não for o caso podemos fazer você parar de sangrar antes deles voltarem e fingir que esse sangue era da sua amiga. -

 

A garota ferida ficou olhando para Mirian sem dizer nada. Havia dor, medo e muita hesitação em seu olhar.

 

— Por que me ajudaria? - Questionou a menina. - Está achando que viraremos amiguinhas e vou te proteger surras? -

 

— Estou achando que você está com tanto medo de ir para a enfermaria, como todas as outras, que eu devo temer ir para lá também. - Disse Mrian encarando a detenta. - Eu sou nova aqui, ninguém me diz o que está acontecendo e não sei o que acontecerá se eu for para lá. Mas, você vai se não for ajudada agora. Então, você me deixa tentar impedir de ir parar na enfermaria e se eu conseguir me conta que merda está acontecendo! -

 

Mirian parecia desesperada ao fazer a proposta. A menina olhou-a incrédula e logo depois deu um sorriso sacana. Afinal, todos pensavam que Mirian era uma fraca e só naquele momento a percepção de que ela havia sido presa por algo problemático vinha a cabeça da ferida.

 

— A enfermaria é mil vezes pior do que você. - Disse a detenta retirando o braço do macacão. - Faça rápido por favor! -

 

Mirian ficou pensativa nas palavras que escutara. Ela não tinha ideia de como ela poderia ser algo ruim, mas resolveu não questionar. Examinou o braço ensanguentado e viu que era um corte, talvez não profundo, mas que fizera bastante sujeira. Talvez tenha forçado o braço muitas vezes após o corte.

 

É só um corte, mas pela expressão de dor ela vai ser levada.

 

Mirian levantou-se rápido e foi até a menina desmaiada, coberta de camadas de gelo. Raspou o que poderia de gelo que ainda tinha e olhou em volta. De repente mexeu em seu próprio macacão arrancando a manga esquerda. Era uma prova de que o seu estava bem gasto. Com um puxão daquele ele já estava rasgando.

A menina ferida ficou olhando sem entender o que Mirian estava fazendo. Viu –a pegar o gelo e colocar na manga rasgada e enrolar a longa manda arrancada e virar-se para ela começando a enfaixar rapidamente, tão apertado que já não era só o corte que dois, mas o braço pelo aperto.

Escutaram a porta e Mirian parou afastando-se da menina ferida que rapidamente recolocou o braço de volta ao macacão.

Os guarda entraram e observaram que as duas estavam quietas, o que era no mínimo estranho, já que para eles, elas sempre estavam agitadas. Um guarda foi para a menina congelada e outro até a ensanguentada. Pegou o braço dela e arregaçou a manga.

Talvez tivesse sido sorte, talvez planejado por Mirian, mas com o arregaçar de mangar a faixa criada com a manga arregaçada de Mirian se confundiram e ele pode ver o braço limpo, sem nenhuma maraca além de sujo de sangue.

 

— Me sujei com minha amiga. - Disse ela.

 

O guarda deixou-a e ajudou o companheiro a colocar a congelada na maca.

 

— Esperem aqui, dentro de uns cinco minutos alguém virá para leva-las para a próxima fase. - Um dos guardas disse abrindo a porta para que o outro passasse com a maca.

 

A porta se fechou e imediatamente a menina ferida começou a chorar. Mirian não entendeu bem, mas foi até a porta pelo que os guardas saíram e viu, estava trancada. Foi até a outra e também conferiu que estava trancada. Acabou por ir até o banco e sentar, não havia muito a fazer naquele momento. Resolveu descansar e esperar que a menina cumprisse sua parte do acordo. Fechou os olhos relaxando o corpo por alguns insantes.

 

— Você me salvou de ser abusada. - Disse a menina.

 

Mirian abriu os olhos arregalando sem compreender se havia escutado direito. Sem coragem de perguntar se havia escutado direito e se ela estava brincando com ela.

 

— Estou aqui a seis meses. Este é meu quinto evento, mas não sei explicar tudo. - A menina ferida tentava conter a voz de choro. - Não se fala sobre isso no presidio, nem aqui em baixo. Parece que quem falou sobre isso morreu repentinamente. Aos advogados, as carcereiras, aos parentes ou entre nós. - A menina fez uma pausa. - Quem fala morre. -

 

Mirian compreendeu que naquele momento a menina estava arriscando a própria vida ao manter a promessa. Ninguém falava porque não queriam morrer e não por ela ser novata. Humanos contra pokémon, ameaças de morte e estupros. Parecia como um circo clandestino para adultos.

 

Será que a Dove descobriu isso com alguém? Será que ela está bem? Mirian tomou coragem e virou-se para a menina.

 

— Não há câmeras ou escutas nesta sala. - Disse a menina. - Tudo que falarei é o que aprendi nessas cinco edições e nunca te contei e nunca repetirei. -

 

Mirian apenas acenou com a cabeça confirmando que compreendia. O que seria falado não seria repetido, nunca foi falado e era apenas a interpretação do que foi observado.

 

— Gaiola das Loucas é o nome que escutamos para isso que acontece. - A voz era baixa, quase inaudível, e ainda tinha o problema do choro. - Uma determinada quantidade de detentas são selecionadas conforme a quantidade de visitantes, não sei dizer a proporção. Separadas em grupos de seis alguns camarotes são selecionados para ofertar um pokémon para combater as meninas e a que melhor se sair é levada para o camarote no tal jantar. –

 

Mirian escutou aquele início de relato atentamente. Ficou curiosa sobre este tal jantar, já que tudo parecia tão cruel e perguntou-se novamente como Dove estaria.

 

— Normalmente quem vai para estes jantares são as de macacão laranja. Considera perigosas não só por seus crimes, mas pelo desempenho nestas fases. - A menina parecia medir as palavras ao falar, mas para Mirian talvez fosse só a dor e o medo. - Aquela sua amiga te traiu pelo jantar e provavelmente deve aparecer de laranja pela manhã. -

 

Mirian escutou aquilo, mas ignorou. Dove fora a única a se preocupar com ela em todos aqueles primeiros dias e a alertou sobre a enfermaria arriscando a própria vida, jamais desconfiaria dela e ficava até feliz que o jantar a manteria segura.

 

— As feridas vão para a enfermaria, as em condições seguem para a fase dois. Apresentações. - Ela comentou. - Duas a duas são levadas de volta a arena e recebem cada qual um pokémon, também cedidos pelos camarotes. Em parceria com os pokémon as detentas devem realizar uma apresentação, durante dois minutos. A plateia decide quem for melhor, a vencedora pode ser convidada ou não para o camarote, não ocorrendo o convite segue para a fase três. - Disse a menina.

 

— Como assim apresentação? Que tipo de apresentação? O que acontece com quem perde? -

 

Mirian falou um pouco mais alto do que o tom da conversa. A menina se calou durante alguns instantes até que Mirian percebeu que deveria ficar calada.

 

— Qualquer tipo de apresentação é válida, o que conseguir fazer naquele imediatismo. Se agradar a maioria do público é válido. - A menina voltou a falar. - O problema é justamente quando você não agrada. Se não ganhar o pokémon com o qual fez parceria automaticamente te ataca por dois minutos. Não tem como fugir como na primeira fase, você é ferida e vai parar na enfermaria. -

 

A menina percebeu que Mirian ficou estranha e olhou para ela com um olhar estranho.

 

— A fase três é um leilão, mas eu nunca cheguei até lá. Está é minha quinta vez, da primeira eu fui até o leilão, mas deu cinco da manhã e o evento acabou sem que eu participasse. Da segunda e da terceira vez eu perdi na fase dois, nas apresentações e então... - A menina segurou a vontade de chorar, mas Mirian pode ver o corpo dela tremer. - Da última vez eu dei sorte, colocaram um pokémon de gelo que nunca vi na primeira fase e quando ele me acertou com o raio de gelo me prendeu num esquife. Disseram que levaram até o meio dia para me retirar de lá. -

 

A menina percebeu que Mirian continuava com um olhar estranho, pensativa e claramente querendo falar algo, mas respeitando a lei do silêncio.

 

— Se quiser perguntar algo, seja rápida antes que eu me arrependa. - Disse a garota revirando os olhos.

 

— Eu... - Mirian parecia não apenas incerta, mas completamente sem palavras. - Você enfrentou o pokémon para tentar ir para o jantar ou ser congelada, né? - A menina pareceu surpresa com a observação de Mirian, demorou um pouco mas confirmou com a cabeça. - Então... O que faz você pensar que ir para a cabine é algo bom? -

 

A garota escutou aquilo como um baque. As garotas não conversavam sobre isso por medo e ela estava fazendo aquilo para pagar sua dívida com Mirian. No geral, ir para o camarote, ou cabine como alguns chamavam, parecia ser algo bom. Havia a promessa do jantar, havia a certeza que escaparia de ser agredida e enviada para a enfermaria onde seria abusada, além da probabilidade de ser considerada perigosa e ganhar um macacão laranja que lhe daria um certo status entre as detentas, garantindo que pensariam duas vezes antes de mexerem com ela.

No entanto, ninguém sabia o que acontecia lá. Se cada fase era cruel e desumana, se o fracasso era cruel e desumano, porque a vitória não seria?

 

— Você pode escolher ser abusada pelos guardas na enfermaria ou a incerteza de uma provável cabine. -

 

Mirian piscou algumas vezes confusa enquanto a fala era processada na sua cabeça. Ela ainda não havia compreendido que na próxima fase era detenta contra detenta e elas teriam que se enfrentar.

 

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Caminhava pelo corredor ao lado da garota que teria que enfrentar. A mesma que ajudara a não ir para enfermaria e como pagamento recebeu os detalhes do que acontecia ali.

O coração acelerado e o medo tentava dominá-la. Ela sentia o olhar do guarda sobre ela, percebia ser o mesmo que verificara quem estava ferida ou não na sua vez. Quando ele ficou a encará-la anteriormente, imaginou que procurava por expressão de dor, ou estranhasse tantas teias, mas agora, que o olhar dele permanecia fixo nela, enquanto caminhavam pelo corredor que daria acesso a arena e ao início da segunda fase, para ela, tinha certeza que ele estava torcendo para que ela fosse parar na enfermaria.

 

Eu não sei se vou aguentar isso. Eu... tenho certeza que não vou aguentar! Preciso vencer! Preciso vencer! Preciso vencer! Céus... Acabei de entender porque me atacaram no chuveiro.

 

Mirian parou de andar espantada, levou um empurrão para continuar andando. Olhou para a garota ferida que havia lhe contato tudo e que agora seria sua adversária. Teve vontade de começar a chorar, tentou segurar e voltou a caminhar.

A surra do chuveiro fora estranha, como se quisessem incapacita-la e agora fazia sentido. As detentas eram antigas e já sabiam como aquilo funcionava e provavelmente sabiam que Mirian sendo novata poderia atrair a atenção de algum guarda da enfermaria, sendo menos cobiçada, independente do corpo desprovido de grandes atributos. Além disso, machucada e com dores não conseguiria bom desempenho em nenhuma fase garantindo as demais uma pequena vantagem.

Se isso já não era motivo o suficiente para fazer Mirian ter certeza que não teria muitas chances, agora estava lado a lado com a garota que precisaria superar e a questão era, quem perdesse ia parar na enfermaria e teria um destino horrível. Haviam-na colocado numa situação de ser uma ou outra, não havia escolha. Não era morte, mas para uma garota era algo pior que a morte.

 

Pararam diante a porta e um terceiro guarda estendeu um saco negro. Mirian não sabia o que deveria fazer, mas viu que a menina levou a mão ao saco e ao retirar tinha uma pokebola em sua mão. Era o sorteio do pokémon que utilizaria.

Azarada como sempre, Mirian não teve nem como arriscar a sorte, seu futuro já estava traçado pois só restava uma pokebola no saco, que lhe foi entregue de imediato. Mirian olhou para a pokebola reduzida por alguns instantes. Atacar os guardas com ele parecia ser uma tarefa idiota, muitos deveriam ter tentado tal ato e as armas pareciam fortes para abater até mesmo os pokémon.

A porta se abriu e a plateia aplaudiu. O som parecia tão forte quanto ela imaginava, acabou de caminhar para dentro da arena e viu manchas de sangue espalhadas pelo local.

Engoliu um seco querendo parar de caminhar, mas sua adversária continuou até se posicionar no meio da arena e ela entendeu que deveria fazer o mesmo. Ampliaram a pokebola quase que em simultâneo.

Mirian viu a luz da pokebola da adversária se manifestar e um Arbok esguio surgir e dar uma espécie de rugido seguido de uma reverência, como se estivesse acostumado ao ambiente.

 

— Espero que não seja virgem. –

 

A voz da menina foi contra Mirian como uma informação de que iria vencer de qualquer forma. Mirian encarou sua pokebola, eram mais de 700 espécies de pokémon e azarada como era, deveria sair outro aracnídeo dali para que ela ficasse paralisada.

Lançou a pokebola e a luz branca fez materializar, em sua frente, um pokemon róseo, quase do seu tamanho, com olhos azuis, orelhas engraçadas e olhar doce.

 

— Audino? - Mirian arregalou os olhos estática enquanto a plateia gritava para que ela se afastasse da outra de uma vez. - Audino! - Mirian sorriu ao balbuciar o tipo de pokémon que havia tirado. Não era a sua Audino, claramente, mas conhecia movimentos suficientes para reprisar sua primeira apresentação.

 

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Derrotas traziam um gosto amargo de incompetência e frustração que ninguém deveria provar. De fato, algumas derrotas eram tão amargas que apreciam o fim do mundo. Derrotas na fase de apresentação da Gaiola das Loucas significava exatamente o fim do mundo. Mirian sentia aquele gosto amargo mesmo não tendo perdido.

Replicar sua primeira apresentação de concurso foi tão fácil com aquela Audino que por um segundos teve dúvidas se não seria a sua, mas a personalidade amável e doce que apresentou, nos poucos segundos eu pode interagir com ela antes da apresentação confirmou não ser a sua. Ao ver vários aplausos e luzes mostrando que ela venceu sentiu o início de um lacrimejar de emoção, no entanto, durou menos de um segundo.

Ao seu lado um rugido enfurecido foi escutado e lembrou da dura realidade daquela disputa. Quem perdia era atacada pelo pokémon parceiro. Um olhar inusitado para o lado e presenciou o momento que que Arbok enrolou-se na menina apertando-a num movimento Esmagar que ela teve certeza de escutar os trincados dos ossos da adversária em toda aquela confusão.

No entanto, aquilo era só o começo da tortura que a menina viveria, pois eram dois minutos que o pokémon tinha para ir à forra por terem perdido. Mirian fechou os olhos virando o rosto e apenas escutando os gritos de dor e agonia e só teve certeza do término de tudo aquilo quando escutou a voz do apresentador questionar “Ela vai para o leilão ou para o camarote?”.

A vitória havia se mostrado muito amarga. Não conseguia deixar de se sentir culpada pela dor que a adversária havia sentido e que haveria sentir. Não tinha certeza de como foi a decisão de que não iria ao camarote, apenas sabia que não iria pois o guarda a colocou num lugar onde algumas outras garotas esperavam.

Sentada ali, sentiu-se pequena e perturbada. Não sabia que horas eram, via olhos desesperados que demonstravam que o tal leilão ainda era pior do que as fases anteriores e as vezes tinha a impressão de escutar pedidos suplicantes de que não fizessem aquilo. Mas, tinha certeza de o último ser apenas imaginação, já que quando achava ter escutado algo, ninguém mais esboçava reação.

 

Existe um lugar tão sombrio e sujo como este no mundo? Todo o medo que passei em minha vida parece brincadeira de criança comparado ao que estou sentido agora e ao que essas garotas estão sentindo. Será que realmente nenhum governante sabe o que está acontecendo? Talvez eles mesmos tenham criado este jogo para entreterem-se e dar favores aos milionários. Por que as pessoas fazem este tipo de coisa? Por que estou aqui? Por que fui sair de casa para tentar honrar minha mãe com um troféu idiota? Ela talvez tenha mentindo para mim a vida toda, me fazendo de idiota! Idiota! Idiota! Idiota!

 

— ... Idiota! -

 

Mirian levantou o olhar deixando que sua visão voltasse a ter foco, já que a horas estava de olhos abertos, sem conseguir reagir a sua situação. Era um soldado diferente dos demais. Tanto que nem a arma estava em punho, apenas no coldre. Usava o uniforme dos que vigiavam a entrada do presidio. Respirou, calmamente levantando-se.

 

— Ah! Desculpe-me! O idiota não era com você! - Ele Disse da porta da saleta ao perceber que Mirian lhe dava atenção. - Não foi uma noite muito fácil, mas acho que deveria estar feliz por ter acabado. - Ele comentou fazendo sinal para ela o seguir. - Ou queria ter ido para enfermaria ou para um camarote? -

 

O tom era zombeteiro, leve e quase agradável, como se estivesse tentando fazer Mirian relaxar. Mas, a menina começou a debulhar-se em lágrimas, sem sair do lugar, tremendo como se estivesse para ter uma convulsão.

 

— Posso te dar alguns instantes para se sentir melhor, mas assim não poderei levá-la pelo corredor seguro que dá nos chuveiros. Teremos que passar pelo da enfermaria e não vou me responsabilizar pelo que ver ou pelo que acontecer. -

 

Mirian olhou-o em meio as lágrimas. Era o único guarda que falava sem dar ordens, o único sem roupa tática, o único que não escondia o rosto. Era o único guarda daquela noite que parecia preocupado.

 

— Você é uma alucinação? -

 

Mirian questionou enxugando as lagrimas e tentando despertar daquele possível sonho.

 

— Hum... Essa é a primeira vez que vejo uma reação como essas. - Comentou o guarda levando a mão ao queixo, pensativo. - Você passou para a terceira fase, mas o leilão se estendeu mais do que deveria e são cinco horas. O evento está no final, você foi a única desta noite que se salvou. - Disse o guarda parado a porta na tentativa de esclarecer as coisas para a jovem. - Então agora vou te levar de volta ao presidio, lá em cima. Você teve sorte, se é que podemos dizer isso. -

 

Mirian arriscou um passo. Confirmou que a tremedeira não a levaria ao chão e aproximou-se do guarda tocando em seu rosto, deixando ele meio tenso. Era carne e osso.

 

— Por que está vestido diferente e age diferente dos outros? -

 

O guarda revirou os olhos empurrou Mirian para fora da saleta, indicando o caminho que fariam. Mirian caminhou hesitante, realmente o barulho havia acabado e não via os guardas armados nas bifurcações.

 

— Faço parte da segurança externa do presidio e não concordo com o que ocorre aqui. Mas, preciso do emprego e matariam-me se eu não participasse ou delatasse o esquema. Bom, acabou usando o dinheiro da propina para ajudar minha irmãzinha doente. - Comentou o guarda levando Mirian por um corredor que apresentava uma longa escada para cima. - Não me disfarço porque não faço nada de errado com vocês, na verdade sou a pessoa que ajuda-as quando o tempo acaba e alguns querem passar dos limites. -

 

Mirian parou de andar e olhou para trás. Era uma penumbra forte, mas os olhos dos dois se encararam por alguns instantes.

 

— Estou percebendo que você é um pouco inocente. - Disse o guarda indicando que ela caminhasse. - Ainda assim está nítido que já sabe que as detentas são abusadas. Então pense que existem alguns tarados que não se satisfazem apenas de fornicar sem consentimento. Fica a dica, cuidado com suas apresentações, pois você pode despertar o interesse dos sadomasoquistas, zoofilias ou piores. -

 

Mirian assentiu com a cabeça aterrorizada ao receber a informação de que ela não tinha ideia do terror que era aquele lugar. O relato da menina ferida, que não tinha ideia do nome, era forte, mas as informações do guarda eram ainda mais preocupantes.

Para a jovem Miller aquele guarda não queria participar daquilo, talvez devido a pensar em todas ali como suas irmãs menores, mas não tinha como fugir daquilo. Não temia mostrar seu rosto já que num caso onde fossem descobertos, ele seria o primeiro que as detentas lembrariam como o cara que as ajudou e não como o que as atacou.

Voltaram a caminhar, com a cabeça da menina a mil. Percebeu que poderia perguntar qualquer coisa naquele momento, mas o que mais ela poderia querer saber que ele poderia dizer? Como fazer para não voltar para aquele lugar? Todas as perguntas que talvez ele pudesse responder ela percebia que estavam respondidas e as que a ajudariam a não mais ir para aquele lugar, ele já havia dito, não tinha resposta pois ele não tinha como impedir aquilo.

 

— Você realmente nunca quis ficar com nenhuma das detentas? - Mirian questionou sem virar para trás. - Eu acho que vi até mesmo uma guarda mulher no meio dos guardas mascarados no corredor.

 

— Você é interessante. - Disse ele fazendo Mirian parar de andar e virar-se assustada para ele. - Calma! Interessante na forma que pensa e reage as coisas. -

 

Mirian ficou olhando-o.

 

— No geral, as meninas que fazem esse percurso até os chuveiros estão em condições de conversar e me enchem de perguntas, exigências e outros mais. Todas querem encontrar uma forma de sair deste inferno. - Ele fez sinal para ela caminhar. - No entanto, você está num misto de alivio e dor que eu nem sei se você realmente não sofreu nada esta noite ou não. Quando resolveu falar questionou o que era realidade e o que era alucinação, o que é até compreensível, e agora está falando sobre porque eu não participo da orgia. -

 

Mirian voltou a subir sem comentar mais nada. No geral, ele era jovem, tendo talvez uns vinte e cinco anos no máximo. Acreditava que poderia sim ele não fazer nada por ser correto e honesto. Mas, a pergunta dela foi mais por curiosidade e não buscando informações. Existia todo tipo de garota naquele presidio, das com jeito de criança aos estilo mulherões com muito corpo.

Mirian viu a porta e quando abriu percebeu que realmente estavam nos chuveiros e toalhas estavam enfileiradas com novos uniformes disponíveis.

 

— Quem diria que a novata sairia ilesa. - Cinco carcereiras estavam a postos no banheiro.

 

Ela se virou para o guarda amistoso, mas ele já estava fechando a porta oculta pelos ladrilhos do banheiro.

 

A Quanto tempo será que ele faz isso? Quantas vezes será que eu terei que ir lá em baixo?

 

 


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Notas finais do capítulo

Este foi um episódio bem fora da fic, né? Eu tinha planos de fazer uma temporada (quando Mirian fizesse 18 anos) só com essa temática mais sexual, trapaceira e violenta. Mostrando que existe um viés da arte na promiscuidade. No entanto, acabei percebendo que o fandom não se trata disso e assim resolvi trazer apenas uma saga mostrando um lado oculto da coordenação. Espero que tenham gostado pois a história da prisão de Mirian está chegando ao fim, para seguirmos direto para a tentativa dela de uma fita!



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