“Eu também te amo mais do que posso entender camarada”

Já haviam se passado quase duas horas desde que mandei a mensagem pra Dimitri.

Eu ainda não havia obtido resposta.

Mil coisas se passavam pela minha cabeça, Mia falou que eles iriam ao cinema então talvez ele ainda não tivesse respondido porque estava vendo o filme, talvez o celular dele estivesse sem bateria, talvez ele tivesse sido roubado ou talvez ele ainda esteja tão chateado que não quis ou não soube como responder.

Meu coração estava acelerado. E se eu tivesse entendido tudo errado? E se aquela frase não fosse nada demais? Não, não podia ser. Eu senti que aquilo era pra mim, que o sentimento era verdadeiro, senti que ele me amava.

Estava tão perdida em pensamentos que a TV ainda estava ligada, mas eu não saberia dizer o que estava passando, nem que horas eram, nem nada do tipo, eu parecia estar em uma espécie de estado vegetativo enquanto ficava deitada no sofá encarando o nada e também não sei dizer por quanto tempo fiquei assim, só sei que fui despertada pelo único som que poderia me alcançar agora.

O meu celular.

Será que era o Dimitri ligando?

Rapidamente me levantei e corri para o aparelho que estava em cima da estante, mas assim que o peguei vi que não se tratava do russo e sim da Mia, deslizei o dedo pelo aparelho e o coloquei na orelha, meu coração batia um pouco decepcionado agora afinal queria que fosse ele me ligando.

Ligação On

—Oi Mia. –Minha voz soava completamente desanimada.

—Rose, aconteceu alguma coisa. –A voz da loira parecia ansiosa e eu não estava entendendo nada.

—Como assim?

—Aconteceu alguma coisa com o Dimitri.

—O que? Como assim? O que aconteceu? Ele tá bem? –Meu coração batia loucamente no peito agora, como assim? Será que ele estava machucado?

—Ele tá bem Rose, eu acho. É só que, ele saiu daqui correndo.

—Como assim correndo? Saiu de onde? Mia me explica direito essa historia porque você já tá me deixando aflita.

Eu não estava entendendo mais nada, como assim aconteceu alguma coisa e ele saiu correndo? Correndo de onde? Correndo pra onde? Ouvi Mia respirar fundo e limpar a garganta, ela fazia isso quando iria ter que falar muito.

—Bem, presta atenção. Nós fomos pro Takito’s, depois viemos pro cinema e durante todo esse tempo ele estava calado, Tasha tentava a todo o momento puxar assunto ou chamar a atenção dele, mas ele mal a respondia, parecia estar com a cabeça em outro lugar. Nós escolhemos o filme e depois que entramos na sala tudo foi normal, mas quando saímos do cinema é que tudo aconteceu. A gente foi pra praça de alimentação e assim que nos sentamos perto daquela lanchonete que você gosta o Dimitri tirou o celular do bolso e pareceu ler alguma coisa, depois disso ele se levantou e saiu correndo sem mais nem menos, todo mundo ficou sem entender. Até fomos atrás dele, mas ele já tinha ido embora.

Ai meu Deus, será que?

—Mia, eu acho que sei o que aconteceu com ele. Quer dizer, é uma possibilidade.

—Então me conta logo Rose.

Contei pra Mia toda historia, desde o meu sonho até a mensagem enviada. Quando terminei, podia praticamente escutar Mia dando pulos de alegria.

—Rose, como assim você acha? É obvio, ele está indo atrás de você. Ai meu Deus, finalmente. Olha só, conversem e se resolvam ok?

—Mia eu nem sei se ele vem aqui mesmo, mas caso ele venha eu prometo que vamos conversar.

—Ok, ai meu Deus que tudo. Pode deixar que eu vou distrair o pessoal aqui, não vou deixar ninguém incomodar vocês dois. A proposito usem camisinha em!

Ligação Off

A maluca desligou na minha cara, como assim usem camisinha? A gente nem conversou ainda e ela já está pensando naquilo? Mia é uma tarada mesmo, não tem jeito.

Será que ele está vindo pra cá mesmo? E se ele estiver vindo, o que ele vai fazer? E caso ele não esteja vindo pra cá, pra onde ele foi então? Perguntas e mais perguntas e infelizmente quando se tratava de certo russo eu nunca tinha resposta pra nada.

Fui tirada dos meus devaneios com o som da campainha. Ai meu Deus, será ele mesmo? Saí correndo até a porta e abri bruscamente.

—Oi Rose.

Meu coração bateu decepcionado novamente, não era ele.

—Oi Charles.

—Então, sua mãe me pediu pra buscar uns relatórios que ela esqueceu aqui, ela precisa deles pra fechar o prontuário de um paciente.

—Eu realmente vi esses relatórios em cima da bancada da cozinha, eu vou buscar.

Charles apenas assentiu com a cabeça e eu fui em direção à cozinha pegar esses benditos papeis. Ele era enfermeiro no hospital em que minha mãe trabalha e, além disso, acumulava a função como uma espécie de assistente dela.

Peguei os papeis e voltei pra sala.

—Aqui está Charles.

—Muito obrigada Rose, até outro dia.

—Até.

Depois disso eu fechei a porta e me escorei na mesma, meu coração já havia dado tantos solavancos hoje que estava com medo de ter um ataque cardíaco. Coloquei a mão sobre o peito e comecei a respirar fundo pra acalmar os meus batimentos.

Dei um pulo pra longe da porta quando me assustei com o som da campainha. Coitado do Charles, será que minha mãe tinha pedido pra ele pegar alguma outra coisa? Sorri comigo mesma e fui atender o rapaz.

—O que minha mãe esqueceu dessa...Dimitri? –Ai meu Deus, não era o Charles. O russo me encarava com a respiração ofegante, como se estivesse cansado. Suas pupilas estavam dilatadas e ele parecia ansioso.

—É verdade? O que você disse na mensagem?-Eu estava atônita, mesmo querendo que Dimitri aparecesse na minha porta eu não esperava que isso realmente fosse acontecer e esperava menos ainda que ele fosse tão direto assim.

Eu não sabia o que falar, agora que estava frente a frente com ele sentia como se a minha boca estivesse costurada.  Sem conseguir dizer uma simples palavra, mas não querendo deixar o russo no vácuo optei por um aceno de concordância. Os olhos dele pareceram se iluminar com isso e um segundo depois eu sentia a boca dele grudada na minha.

No inicio foi só um selinho, nada mais que isso. O russo segurava forte em minha cintura enquanto eu me colocava na ponta dos pés e passava os braços pelo seu pescoço, ficamos assim por algum tempo, só curtindo a presença um do outro e quando Dimitri pediu passagem com a língua, eu não neguei afinal estava ávida por aquilo.

Esse beijo era diferente de todos os outros, é como se tentássemos passar todo o amor que sentíamos por ele, as mãos dele apertaram ainda mais a minha cintura e eu arranhei levemente a sua nuca, nossas línguas se moviam em sincronia e eu desejava nunca mais sair dali. Fomos caminhando às pressas pra dentro de casa enquanto eu sentia o russo chutando a porta com o pé e era tudo tão intenso, tão maravilhoso, eu sentia suas mãos em meu corpo me queimando de uma maneira maravilhosa e quando ele mordeu o meu lábio inferior não pude evitar, puxei seus cabelos de forma brusca o que fez que ele me apertasse ainda mais contra o seu corpo.

Nessa altura do campeonato eu já sentia as pernas bambas, a minha respiração saia em lufadas e as mãos do russo correndo pelas minhas costas de forma possessiva não ajudavam a acalmar os meus pensamentos de leva-lo pro meu quarto.

Rose, pelo amor de Deus. Vocês tem que conversar, para de agarrar ele agora!

A minha consciência finalmente pareceu retomar o controle sobreo meu corpo e eu fui me afastando de Dimitri aos poucos, parando o beijo com incontáveis selinhos e quando finalmente chegamos ao fim encostei a minha testa na dele e sorri enquanto tentava acalmar as batidas do meu coração e normalizar a minha respiração que parecia tão descontrolada quanto à dele.

Dimitri agora me abraçava enquanto mantinha os olhos fechados.

—Eu te amo Roza, eu te amo tanto. –Quase chorei ao escutar aquilo, eu não poderia estar mais feliz. Coloquei as mãos em seu rosto e comecei a fazer um leve carinho ali. –Eu também te amo camarada, muito.

Dimitri deu um sorriso de tirar o folego e me segurou forte enquanto me rodava pela sala, parecíamos duas crianças brincando e dando risadas. Quando finalmente paramos de rodopiar, dei um leve beijo naquela boca que eu parecia estar viciada e puxei Dimitri pra se sentar no sofá comigo. Encarei aqueles olhos chocolate e suspirei, apesar de tudo ainda precisávamos conversar e colocar as coisas em seus devidos lugares.

—Precisamos conversar, acho que o momento é agora. –Dimitri concordou com a cabeça enquanto suas mãos buscavam as minhas e as entrelaçavam, dei um leve sorriso que logo foi correspondido e respirei fundo. –Primeiramente, me desculpa pelas coisas horríveis que eu te falei aquele dia, eu disse que você não era nada pra mim e nós dois sabemos que eu menti, eu tava nervosa e falei sem pensar, mas eu não queria te magoar, acabou comigo saber que você ficou triste por minha causa. –Meus olhos se encheram de lágrimas, eu amava aquele garoto e me matava saber que tinha o deixado triste. –Ei, tudo bem. Eu também peço desculpas, eu disse que não queria ser nada seu e nós dois sabemos que eu menti também, eu amo você, mas eu fiquei com raiva quando você não falou comigo na escola e em seguida vi você conversando com aquele garoto, Adrian. Acho que no fundo eu só estava com... –O interrompi nesse momento. –Ciúmes? É, acho que eu também estava com ciúmes. –Dimitri abaixou a cabeça, parecendo envergonhado, e eu encostei levemente em seus ombros o fazendo olhar pra mim. –Não tem porque ter ciúmes do Adrian, ele é meu amigo, só isso. –Dimitri suspirou parecendo não acreditar muito. –Sei, e aquele dia na sorveteria?

Suspirei e dessa vez quem abaixou a cabeça fui eu, Adrian realmente havia pisado na bola aquele dia. –Escuta, Adrian e eu ficamos sim e quando eu disse que não queria mais ele ficou com o orgulho ferido, não é como se ele me amasse, ele só não estava acostumado a não dar a palavra final e foi por isso que ele agiu daquela maneira, mas aquele dia que você nos viu juntos ele estava me pedindo desculpas e eu as aceitei, concordamos de colocar uma pedra nessa historia, porque nós gostamos um do outro Dimitri, antes de qualquer coisa Adrian é meu amigo a mais de três anos e é uma amizade sincera, não precisa se preocupar. Inclusive eu acho até que ele está se apaixonando por outra pessoa. –O russo pareceu mais calmo com a minha explicação, mas ainda dava pra ver no fundo dos seus olhos que ele não confiava 100% no Adrian, bem, ele tinha seus motivos pra isso porem eu não deixaria a minha amizade de lado e ele parecia ter entendido isso com o meu discurso. Acho que falar que ele estava se apaixonando também pareceu ajudar na situação eu não tinha certeza, mas era um palpite, hoje na escola o vi no corredor olhando fixamente pra uma garota e eu nunca o tinha visto olhar daquele jeito pra ninguém, acho que o nome dela era Sidney e ela acabou de chegar na escola.

—Ok, se você diz isso eu confio em você, prometo que vou tentar me controlar e que não vou importunar a sua amizade com o Adrian. Mas sobre a Tasha. –Bufei desgostosa, não consegui evitar. Tasha era uma pedra no meu sapato e eu tinha certeza de que ela ia aprontar, eu sabia que Adrian era de confiança e que apesar dos últimos desentendimentos, ele continuava sendo um ótimo amigo e que não me incomodaria mais com esse assunto, mas Tasha? Ela era uma cobra e não ia descansar enquanto não conseguisse Dimitri. O russo percebeu a minha aversão a “amiguinha” dele e logo tratou de me puxar pro seu colo, em uma tentativa de me acalmar. –Roza, ela também é minha amiga e eu gosto dela. Sei que ela pode parecer invasiva e tudo o mais e sei também que vocês tem uma rixa, mas não posso simplesmente destruir a minha amizade com ela. –Eu estava ficando nervosa com aquela situação, será que ele não entendia que ela não queria amizade coisa nenhuma? Tentei sair do seu colo, mas ele me segurou firme contra si e eu apenas bufei frustrada. –Você é tão inocente assim? Ela não quer só amizade Dimitri, ele quer você pra ela e não vai descansar até conseguir, aquela vaca.

O russo apenas deu uma leve risada e beijou o topo da minha cabeça. –Roza, quantas vezes vou ter que repetir que eu te amo? Tasha é minha amiga e só isso. Ela sabe que só seremos amigos e mesmo que ela quisesse algo a mais não aconteceria, eu só quero você. –Maldito russo idiota que conseguia me desarmar com essas palavras bonitas e esse sorrisinho de canto. Ele não iria acreditar em mim, Mia estava certa. Preferi deixar ele pensando que eu concordava com a situação, mas eu daria um jeito de afasta-lo dela ou não me chamo Rosemarie Hathaway.–Ok ok, eu prometo que vou tentar me comportar, mas se ela fizer uma gracinha eu juro que ninguém nunca vai encontrar o corpo dela. –Dimitri apenas riu e balançou a cabeça, me apertou mais contra si e eu me ajeitei melhor em seu colo encostando a cabeça no peito dele.

Ficamos assim por bastante tempo, apenas sentindo a respiração um do outro. Eu sentia que agora as coisas começariam a dar certo, no final das contas essa tal conversa nem foi tão complicada. Nós nos amamos e agora sabemos disso, tudo o que eu quero é ficar junto dele.

Com esse pensamento em mente, levantei a cabeça e comecei a beijar o pescoço de Dimitri, o russo dava suspiros de satisfação enquanto eu continuava salpicando leves beijos em toda pele que eu encontrava, um pensamento se formou em mim e logo eu sorri maliciosa, Tasha saberia que estávamos juntos, eu faria questão de mostrar. Aproximei os meus lábios do pescoço dele novamente e fui direto ao ponto em que podia sentir sua pulsação, comecei a dar beijos mais estalados naquela área e vi que ele começou a ofegar, motivada por aquilo passei a lamber e a mordiscar, queria que ele ficasse marcado.

Quando dei uma mordida mais forte em seu pescoço, o autocontrole do russo pareceu ir pra China, logo ele puxou meu rosto em sua direção e me beijou, ele não pediu permissão, apenas invadiu a minha boca com sua língua, era quente muito quente, sua língua se movimentava de forma lasciva e quase bruta e eu sentia coisas que nunca tinha sentido antes. Comecei a puxa-lo pra mim e logo eu estava deitada em baixo do russo, automaticamente cruzei as pernas em volta da sua cintura enquanto ofegava em sua boca.

Fomos obrigados a parar pela falta de oxigênio, mas em nenhum momento Dimitri afastou sua boca de mim, assim que nos separamos ele se dirigiu ao meu pescoço e começou a morder e chupar aquela área, pelo visto ele não seria o único marcado ali, ele salpicava de beijos o meu colo enquanto eu segurava a sua cabeça contra o meu corpo instigando-o a continuar.

Deus, isso é tão bom!