As Crônicas dos Amaldiçoados, Caimitas escrita por Elias Pereira


Capítulo 6
Capítulo 6




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 Paolo estaciona o carro e saímos dele. Os homens ainda olhavam o ambiente e passam pelo rádio a informação sobre minha chegada. Caminhamos até o elevador. Minha roupa estava encharcada, meus sapatos sujos de miolos e sangue, meu rosto manchado de carmesim, coloco óculos escuros e sigo.

—Mande alguém lavar o carro! – Falo para um homem qualquer que assente com a cabeça sem me olhar e segue andando dali.

O elevador chega e entramos nele. Paolo arrumava seu blazer. Eu me recosto em um canto e mexo no celular.

—Esse aparelho ficou o tempo inteiro no meu bolso e mesmo assim ainda funciona. – Falo surpreso e olho para Paolo. Ele parecia incomodado com algo. – Quer dizer alguma coisa?

—Na verdade uma pergunta. – Ele suspira e continua encarando a porta do elevador. – Por que disse para tomarem cuidado com o sol? Já vi o senhor inúmeras vezes caminhando durante o dia e não acontecer nada além das presas sumirem e os olhos ficarem castanhos.

—Vampiros morrem no sol Paolo! – Guardo o celular novamente no bolso interno do terno. – Eu sou a exceção devido o fato de ser o patriarca e manter todo o poder de Caim. O sol me torna humano ao invés de me matar.

Paolo assente com a cabeça e volta a ficar calado. O elevador sobe mais algum tempo e chegamos à cobertura.

—Você fica ai Paolo! – Aperto um botão no painel do elevador, aparece uma caixa de números para colocar um código de acesso. – Volto depois! – Digito um código de seis dígitos e a porta se fecha.

O elevador desce um andar apenas, as pessoas não reparavam isso, entre o penúltimo e ultimo andar na verdade existia mais um. A porta se abre e caminho para fora do elevador. Era uma sala escura, uma musica tocava alta. As pessoas ali dançavam de uma forma quase hipnótica, bebiam. Todos tem olhos amarelos.

Quando me veem passando curvam a cabeça em respeito, eu alisava o cabelo de alguns, beijava outros. Em um canto tinha um vampiro e uma vampira transando sem ligar para todos os outros.

—Vocês dois! – Chamo e eles se assustam ao me ver.

—Meu senhor. – Eles correm ainda nus e se ajoelham em minha frente.

—Não precisa disso! Levantem! – Levanto os dois com o dedo apoiado no queixo de ambos.

Aproximo-me da mulher e a beijo. As nossas línguas bifurcadas se cruzam por uns breves segundos e paro. Olho para o homem e o puxo fazendo o mesmo por alguns poucos segundos.

—Subam! – Falo apontando para o elevador. – Me esperem lá em cima.

Eles assentem com a cabeça ainda meio em choque e seguem até o andar de cima. Caminho até uma mesa com bebidas e pego um pouco de tequila.

—Me atualizem das novidades! – Sento em um banco e olho para eles. Eram quase cem vampiros ali.

—Um dos nossos morreu meu senhor. – Fala uma mulher encarando o chão.

—Por quem? – Olho para ela e apoio o copo no balcão onde estou recostado, continuo passando o dedo na borda dele.

—Uma vampira da família dos olhos azuis. – Ouço seu coração acelerar com medo.

—Entendo. – Pego o copo e termino a bebida em um gole. – Vou resolver isso ainda hoje. Algo mais?

—Trouxemos algumas pessoas do corredor da morte também. Como o senhor pediu. – Dessa vez um homem tatuado que fala.

—Tragam para mim! – Acendo um cigarro entre os lábios.

Trazem seis pessoas acorrentadas, duas mulheres e quatro homens. Observo-os atentamente, creio que pelo menos dois deles seriam compatíveis. Caminho até eles, tiro o cigarro da boca e deixo entre o dedo mindinho e o anelar. Coloco o dedão e o indicador embaixo do queixo da prisioneira da esquerda e levanto seu rosto. Ele tinha algumas cicatrizes, era possível ver a loucura em seus olhos. Solto seu rosto e me afasto.

—Transformem todos e me digam depois os que sobreviveram! – Sigo caminhando até o elevador, eles atacam os humanos, sorrio com os gritos. Aperto o botão para a cobertura e a porta se fecha.

A porta abre e vejo Paolo sentado com a arma na mão. Caminho em direção às bebidas e ainda com o cigarro preso entre os lábios.

—Vamos sair novamente Paolo! – Pego um pouco de conhaque e caminho em direção ao banheiro. – Assim que me limpar. Só essa noite eu devo ter tomado mais banho do que as pessoas na vida. – Dou risada e fecho a porta.

Termino o cigarro, apago e jogo no lixo. Bebo o resto do conhaque e coloco o copo na bancada da pia. Tiro minhas roupas me vendo no espelho. O sangue em meu rosto estava seco já. Entro no chuveiro e deixo a água quente limpar todo meu corpo. Fico olhando o sangue descendo pelo ralo.

Após alguns minutos saio do chuveiro e enrolo uma toalha na cintura. Vou ao closet, pego um terno preto e termino de me vestir. Colo a arma na cintura, o maço de cigarros e o celular no bolso. Sigo até Paolo.

—Vamos? – Caminho até o elevador com o segurança em meu encalço. – Dessa vez vamos para The Towers at Lotte New York Palace. Sabe chegar lá?

—Sim senhor! – Ele aperta o botão da garagem.

—Excelente. – Sorrio e me recosto em um canto.

O elevador desce e continuamos em silêncio até que a porta abre novamente. Paolo segue até uma cabine onde pega a chave da lamborghini, ele amava esse carro. Sigo até o veículo e sento no banco do carona. Paolo senta ao meu lado e dá partida no motor.

—Bom... – Falo acendendo outro cigarro. Olho para o isqueiro. – Se eu fosse humano já teria morrido de câncer. – Vejo que Paolo sorriu e sorrio junto. – Onde parei a historia mesmo? – Trago o cigarro. – Lembrei...


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