As Crônicas dos Amaldiçoados, Caimitas escrita por Elias Pereira


Capítulo 21
Capítulo 21: Setembro de 1888




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/724583/chapter/21

  Angeline estava andando de um lado para o outro, ocupada com os papéis e os subornos. Controlar a entrada e saída de ópio em países não era nada fácil, mas como ela cuidava disso eu apenas me ocupava em observar e aprender.

  Observo então ela colocar em minha mesa o relatório que pedi, o nome no topo era Annie Chapman, ou também Eliza Ann Smith, nascida em setembro de 1841. Tem uma foto também, ela tem o rosto arredondado, cabelos partidos ao meio. Lembro dela, lembro de suas risadas enquanto eu era surrado.

  -Angeline... - Chamo-a enquanto pego um pouco de tabaco e coloco num cachimbo.

  -Sim meu senhor? - Ela se aproxima e apoia um livro em minha mesa. - Preciso de sua atenção nisto aqui, temos uma carga grande chegando e aqui verá para onde direcionará cada quantia e quanto deverá pagar a cada um. - Ela empurra o livro para mim. - Temos juízes, oficiais, marinheiros, e carregadores para pagar.

  -Entendi... - Abro o livro e passo os olhos nos números e dados. - Tem alguns aqui que não tem valores. O que significa?

  -São aqueles que precisamos silenciar pessoalmente, sabem demais e estão a pouco de nos entregar. - Ela fala e acendo o cachimbo para mim.

  -Obrigado! - Fecho o livro. - Annie chapman... Onde a encontro? - Pergunto apontando a foto.

  -Tenho relatos de que a veem sempre próximo a Hambury Street. - Ela olha a foto. - Qual sua real intenção com essa caça as putas, meu senhor?

  -Diversão! - Sorrio. - Na verdade um pouco de raiva contida talvez, mas, quero mostrar aos humanos quem eu sou, deixar uma marca na história. Caim tem seu nome fixado na mente de todos, preciso disso também.

  -Isso não é um boa motivação. - Ela fala e tira os olhos da foto. - Isso se permite-me dar a minha opinião.

  -Bom... - Levanto e trago a fumaça do cachimbo. - Compreensível. - Sigo até onde guardei meu sobretudo e cartola. - Está começando a anoitecer, tenho assuntos pendentes. Mais tarde darei uma atenção maior a este livro ai. - Coloco o sobretudo e a cartola. 

  -Tudo bem meu senhor! - Angeline pega o livro e caminha em direção ao cofre atrás da mesa. - Sabe onde encontrar!

  Observo ela fechar o cofre e sair da sala. Termino de fumar e jogo fora o resto do tabaco queimado. Pego minha carteira de cigarros. Imagina, um item todo em prata com minhas iniciais entalhadas. Agora tenho o dinheiro que não tive a vida toda.

  Saio da sala e sigo em direção a rua, o sol estava começando a se por, ajeito minha cartola e começo a caminhar. As pessoas estavam terminando seus afazeres. Aproveito e entro em uma loja que vejo do outro lado da rua.

  -Estamos para fechar senhor! - Um homem avisa enquanto conta o dinheiro do caixa.

  Observo calado os itens a venda. Tinha varias ervas e tipos diferentes de fumo. Caminho em direção ao balcão e olho o homem. Ele tinha um bigode avantajado e brilhante.

  -Gostaria de saber sobre o fumo que você tem. - Coloco algumas cédulas no balcão. -Não os que expõe, quero o que esconde nos fundos. Longe dos olhos oficiais.

  O homem olha pela vitrine. Ele segue até a porta e a tranca, então segue para os fundos em silencio. Observo cada pote, cada frasco ali presente. Todos com uma coloração diferente e um respectivo rótulo. Chás, ervas e por ai vai.

  O Vendedor volta com um pequeno saco e põe em cima da mesa. Abro e vejo a substancia dentro, uma especie de pó. Era ópio. 

  -O melhor do mercado meu senhor! - O homem sorria enquanto me observava.

  Eu podia simplesmente pegar o ópio do estoque que tenho para distribuição, mas por que não comprar? Quero ver a forma como a droga está sendo repassada para os usuários. Seus valores, estados de qualidade e afins.

  Pego a sacola e o homem me cobra um valor não muito alto e sigo meu caminho. A droga em meu bolso e a cartola cobrindo meus olhos agora amarelos. Finalmente anoiteceu. O cheiro das coisas muda, fica mais intenso. O som de tudo parece mais nítido e mais alto. Até mesmo as cores parecem mais vívidas.

  Hambury Street é um local grande. Ficava a uma boa distancia do local onde larguei Mary Ann Nichols. Entretanto como era uma rua principal eu teria como ter mais rotas para seguir. Pego um cigarro, minha caixa de fósforos e acendo. O gosto do tabaco, a sensação da nicotina, tudo mais apurado.

  Um som a alguns metros dali me chama a atenção, parecia suspiros baixos vindos de um dos becos. Aproximo-me passo a passo e vejo da escuridão. Era Annie Chapman. Ela estava com seu primeiro cliente da noite. Sabia disso devido seu cheiro, ela ainda não tinha o misto de cheiro de uma variedade de homens.

  Fico quieto, observando e fumando. Meu coração disparado, a adrenalina juntamente à excitação fazendo todo meu corpo da espasmos de prazer. Então o homem me nota. Percebe que estou ali devido a pequena luz emitida pelo cigarro aceso. 

  -Que porra você está fazendo ai? - Ele grita enquanto tira seu pau de dentro da prostituta. O homem veste suas calças apressado.

  -Observando apenas! - Falo e puxo a fumaça do cigarro. Solto pelo nariz. - Gosto de olhar.

  -Para olhar terá que pagar! - A prostituta fala enquanto arruma suas vestes.

  -Não seja por isso! - Jogo o saco de ópio para ela.

  A moça abre um sorriso ao ver a droga. O homem termina de se vestir e sai dali resmungando que não iria pagar por um serviço incompleto.Aproximo-me da moça, rondando, sentindo seu cheiro. Eu sentia uma terrível excitação. 

  -Vamos nos afastar daqui um pouco? Quero seus serviços... - Sorrio e a moça nota meus olhos amarelos.

  Ela se apavora e derruba a droga. Pego do chão e ponho dentro do sobretudo. Puxo minha cartola para cobrir meus olhos e caminho em sua direção. Annie puxa o ar para gritar, usando toda minha velocidade agarro-a pelo pescoço e sigo dali carregando-a. Paro atrás de uma casa ainda na Hambury Street.

  -Você lembra de mim Annie Chapman? - Aproximo-me dela e passo minha língua bifurcada em seu rosto. - Consegue recordar?

  -O que quer de mim? - Ela chorava. Sabia que iria morrer ali. E aquilo me animava ainda mais.

  -Quero que você sinta o medo que eu senti quando me atacaram. Quero que sofra mais do que sofri. - Beijo sua boca.

  Ao sentir meu beijo ela paralisa e entra em panico. Seu corpo da espasmo e então uso seu lenço para sufoca-la, vejo seus olhos esbugalhando, até que seu coração para. Apoio seu peso em meu braço para que não tombe para trás. Afasto minha boca da dela e com as garras do dedo indicador e médio eu abro sua garganta. Tão delicioso quanto a primeira vez. Deixo seu corpo cair no chão.

  Faço incisões em seu abdome com minhas garras e abro-o. Suas vísceras expostas, seus órgãos sob a luz do luar. Quero deixar uma marca, algo que aterrorize os humanos. Quero estampar meu nome em seus pesadelos. Então removo todo o seu útero e levo comigo. Deixo enrolado em um pedaço de suas vestes e sigo usando toda a minha velocidade de volta pra casa.

  Eu sentia meu corpo todo tremer de excitação. Sigo até minha sala e coloco o útero dela em cima da mesa. Sento e fico observando aquilo. Angeline entra pouco depois e nota o pedaço sangrento de Annie Chapman ali em cima.

  -O que é isso? - Angeline me pergunta encarando aquilo.

  -Um útero. - Falo sem tirar os olhos do pedaço sangrento de carne.

  -Eu sei o que é! - Ela fala rispidamente. - Entretanto o que isto faz aqui?

  -Eu trouxe de Annie Chapman. - Levanto e sigo até as bebidas. - Quando acharem o corpo irão perceber o útero removido e assim começarei a criar uma marca nesta cidade.

  -Esse seu plano é ridículo! - Angeline fala com rispidez.

  -Acho que você perdeu a noção de com quem está falando! - Sirvo-me com uísque. Bebo um gole sentindo a bebida descendo quente.

  -O senhor está comprometendo tudo o que Caim criou com essa brincadeira infantil de querer um legado! - Angeline continua ríspida.

  -Sabe Angeline! - Apoio o copo na mesa e sigo até ela. - Por mais engraçado que seja toda a situação. Ou por mais que você esteja cuidar de tudo. - Paro a poucos centímetros dela. - Você deve obedecer-me. Antes que pense em me contrariar mais uma vez sequer. Lembre o que posso fazer com você!

  Meus olhos amarelos brilham e vejo Angeline engolir em seco. Seu coração dispara e ela sua frio.

  -Eu admiro muito você e sem tudo o que fez eu não consigo manter isto criado por Caim. - Falo e sigo novamente até a bebida. - Então espero que continue seu bom trabalho! Pode ir!

  Termino a bebida e Angeline sai da sala. Caminho até onde deixei o útero da moça. Pego em minhas mãos e caminho até a lareira.

  -Aqui começa meu legado! - Sorrio e jogo ao fogo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Crônicas dos Amaldiçoados, Caimitas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.