No dia seguinte eu consegui acordar cedo. Mas também, com todo aquele barulho do akumatizado, quem conseguiria dormir? Eu é que não. 

Levantei-me cansada, tudo o que eu queria era dormir de novo. Coisa que eu nem cogitei fazer depois que ouvi meus pais gritando. Fui correndo ver o que tinha acontecido, eles tinham sido capturados por uns sujeitos que pareciam zumbies. Como eu tinha certeza de que não estava em um filme de terror, soube na hora que era mais um dos akumatizados do Hawkmoth que controlava pessoas. Ele não tinha poderes melhores não? 

Só esperava que Chat não fosse controlado. Espera?! Chat?! A última coisa que eu queria era vê-lo... Ainda mais porque eu lembraria do Adrien e sentir-me-ia culpada. Definitivamente eu não estava com ânimo para aquilo. 

—Tikki transformar! 

E lá estava eu, Ladybug, lutando contra mais um akumatizado... Tudo que eu não queria. 

Achei meus pais presos pelos zombies. Eles estavam junto com um senhor, o akumatizado gritava com os três. 

—Os Dupain-Cheng tem uma padaria melhor que a minha? Vocês vão ver quem é o melhor padeiro. 

Ele atirou neles com alguma espécie de forma para pizza. No mesmo instante eles viraram pães. 

"Pai, mãe! Não!" gritei em pensamento 

Eu me aproximei para tentar pegá-lo de surpresa, mas ele viu-me e minha tentativa foi água abaixo. Começamos a lutar e obviamente ele mandou seus escravos para cima de mim. Eu comecei a me defender e enrolar. Queria ver o Chat e essa demora estava me preocupando. 

Chegou uma hora em que eu percebi que ele não vinha. O que aconteceu? Isso me deixou meio estranha, eu... fiquei muito abalada, quase chorei. Eu... eu quase perdi meu miraculous. Isso me deixou alerta e pude revidar. 

—Chega de maldade para você akuma. Hora de aniquilar a maldade. Te peguei. Tchau, tchau borboletinha. Miraculous Ladybug! Ze... - eu me lembrei que ele não tinha vindo e fechei a cara 

Será que ele virou zumbie? Não, ele não veio por minha causa. Por mais que eu tentasse negar, no fundo era verdade. E no fundo, eu sabia disso. Eu, eu não sei mais o que eu fiz... Parecia que ele gostava mesmo de mim, eu... Eu devia ter dado uma chance a ele, e se ele estivesse tão ruim quanto Adrien? Eu esperava que nesse momento ele estivesse festejando com amigos e não apareceu porque foi desleixado. 

Ao pensar em possibilidades ruins para o paradeiro do Chat Noir, eu lembrei-me de Adrien. Eu precisava ver como ele estava. Talvez ele tivesse melhorado, esse pensamento animou-me muito. 

Eu estaria nervosa em uma situação normal, era a segunda vez em que eu vou na casa dele e o sujeito estava muito doente. Eu não passava nem morta por aquela porta. Mas a vida dele estava em jogo, isso bastou para mim tocar a campainha. 

Nathalie abriu a porta quase imediatamente depois. Ela estava desesperada. 

—Marinette, que bom que veio. Estou precisando de ajuda - disse ela ofegante 

—O que aconteceu? - perguntei preocupada 

—Ele sumiu. 

Nessa hora senti meu coração parar de bater, ele... por favor alguém diga que não... 

—Ele não... 

—Se matou? Espero que não. 

Palavras quando ditas em voz alta pareciam mais reais. Por que ela disse isso? 

Eu estava quase chorando. Foi horrível ele ficar doente de tristeza, mas se ele cometeu suicídio, era capaz de eu cometer um também. Por favor, que Adrien esteja vivo. Ele não faria isso né? Tentei me aliviar um pouco, mas eu só conseguia pensar nele. Nele e no Chat Noir, eles podiam estar em situações parecidas. Eu não suportaria a morte dele também. Ainda mais sabendo que sou a culpada... 

—Nathalie eu vou procurar por ele na cidade, não saia daí. 

Eu corri para um beco e me transformei em Ladybug. 

Pensei que teria uma boa vista da cidade se eu subisse na Torre Eiffel, se eu não visse Adrien, talvez visse Chat Noir. 

Eu não esperava ter êxito na minha tentativa, mas se havia algo que eu não esperava era ver, era Adrien se transformar em Chat Noir e subir até o alto da Torre. 

Eu fiquei paralisada, totalmente chocada. Só fiquei olhando ele subir até o topo da Torre (onde eu estava), ativar seu poder e flexionar as pernas como se fosse pular. Ele aproximou a mão de seu peito pronto para tocá-lo. 

Espera, se Adrien era Chat Noir, isso queria dizer que eu sou Ela! Eu sou uma pessoa horrível, sou um monstro! 

Eu não aguentei mais, desabei no chão com e comecei a chorar. 

—Adrien! Por favor! Não! Não faça isso! Eu estava enganada, eu te amo! - e chorei mais ainda 

Ele olhou para trás assustado, até que me viu e sorriu. Foi o primeiro sorriso verdadeiro que via nele em muito tempo. 

Isso só fez aumentar minhas lágrimas, que agora já não eram de desespero, e sim, de alívio. Alívio por ele estar vivo. 

Ele usou o cataclismo em uma pedra por ali perto e foi me abraçar. Nós ficamos assim por um tempo, comigo chorando no ombro dele, até que minhas lágrimas acabaram e nós ficamos em silêncio ainda nos abraçando. 

Beep beep 

O apito do anel dele quebrou o silêncio. Nem eu nem ele ligamos, afinal, eu já sabia que ele era o Adrien e ele sabia que eu sabia. 

Para ser justa, desfiz minha transformação também. Podia ficar de Ladybug para sempre já que não tinha usado o talismã, mas seria legal para Tikki descansar e ele descobrir quem sou. 

Mas acho que ele não percebeu porque estava ocupado demais tentando beijar-me. E pela primeira vez, não recusei um beijo de Chat Noir.