Under The Chicago Sky escrita por Dayna


Capítulo 7
Capitulo 7


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!!! Mais um capítulo, espero que gostem. =)



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Capitulo 7

 

Estou no Molly's no fim do plantão. Estou acompanhado por Latham e os membros da equipe de cirurgia cardiotorácica, é bom ter esse tipo de vínculo com eles, um vínculo de amizade entre colegas de trabalho, que vai além da sala de operação. Passamos muitas horas juntos no centro cirúrgico, lutando para salvar as vidas daqueles que dependem de nossa harmonia no ambiente de trabalho. E essa é uma forma de garantir essa união. Além disso, eu também queria descansar um pouco da conversa com Robbin, suas palavras continuavam ecoando em meus pensamentos a cada momento. Pedimos umas cervejas ao atendente e começamos a discutir um caso peculiar que eu havia encontrado em um artigo em uma revista médica da costa leste, a respeito de falso positivo para os casos raros de Doença de Chagas no Hemisfério norte. Lathan achava o artigo inútil:

— Connor, eu sei que você viveu em países tropicais, mas isso não se aplica aqui. Temos mais de 300 milhões de habitantes e qual a porcentagem que pega essa doença exótica? É ínfima, estou lhe dizendo! – Latham disse daquele seu jeito todo sério. Foi uma batalha conseguir que ele saísse conosco para coisas como aquela. Me lembro de como era o relacionamento entre ele e a equipe quando entrei na residência. Vamos dizer que o relacionamento tinha melhorado, mas que ele continuava com seu jeito peculiar de encarar uma reunião de grupo.

— Ora vamos, Lathan! – Respondi – Com tantos turistas de qualquer país do mundo, você não acha que pode nos ser úteis informações como essa? E não é porque eu estudei no México que vi muitos casos, eles são freqüentes na América do Sul. Concordo com você que são casos raros aqui, mas podem aumentar, assim como qualquer doença trazida de outros países. Acho melhor estudar e se precaver do que remediar depois.

Lathan me olhou com uma cara séria. As vezes eu me esquecia de seu ceticismo com relação a casos hipotéticos.

— Nenhum cardiologista que eu conheça já sequer chegou perto de um chagásico nos EUA e olha que eu rodei muitos hospitais nesse país conhecendo muita gente!

Continuamos a conversa por mais uns minutos quando tive que ir ao banheiro. No meio do caminho, vi Sarah, April e Maggie entrando no bar e, ao voltar do sanitário, fui até a mesa delas para cumprimentá-las.

—Olá senhoras o que fazem por aqui?

—Senhoritas, por favor - disse Maggie sorrindo para mim - Estamos aqui para comemorar a entrada oficial da Dra. Reese no PS, vai ter mais ajuda na equipe Dr. Rhodes.

— Oh! Parabéns Sarah, seja bem vinda. Você vai aprender muito e vai ser de grande ajuda!

— Vai se juntar a nós Dr. Rhodes? - perguntou April

— Infelizmente não posso, estou com Lathan e os colegas da cardiologia, saímos juntos pra discutir uns protocolos e estratégias. Estamos ali no balcão - disse apontando para o pessoal que conversava alegremente.

— Trabalhando enquanto relaxa? Como você consegue Dr. Rhodes? Isso me parece errado... - disse Maggie com um “que” de divertimento na sua censura.

— Ah é apenas amor ao trabalho, Maggie, não se preocupe, tenho muita prática nessa área - sorri para as meninas – Bom, apesar de não poder me juntar a vocês posso ao menos pagar uma rodada de comemoração? O que acha Dra Reese?

Sarah me olhou meio envergonhada mas sorriu com os olhos brilhantes. Não pude deixar de notar como seu cabelo solto e ondulado, maquiagem e vestido caíam muito bem nela, tirando aquele ar sem graça de como ela se apresentava no trabalho.

— Sim, acho que sim - ela disse entre sorrisos, acompanhada por Maggie e April que também assentiram na oferta.

Chamei o garçom e cada uma pediu um drinque para iniciar a comemoração, saudei-as e dei novamente parabéns a Sarah, e fui ter com Lathan e outros colegas que já olhavam para o meu lado para ver o porquê de eu me demorar. Ao me aproximar Lathan falou rindo.

— Ei Connor, quer ficar lá? A companhia das garotas parece muito mais agradável do que a nossa, homens barbudos e conversas sobre medicina! – Na certa o álcool estava começando a mostrar seus efeitos.

— Não se preocupe Lathan, não estou com cabeça pra garotas nesse momento.

— Mulheres são uma caixa de pandora. – eu sorri de seu comentário pouco usual. O que me lembrava que eu estava de certa forma livre. Eu não estava traindo minha “namorada” que me pedira um tempo, um tempo que claramente significa mais do que parecia, nós não nos falamos depois daquela noite e Robbin me evitava tanto quanto podia.

Peguei-me olhando para a direção da mesa das garotas mais uma vez naquela noite. Por alguma razão, eu queria estar lá. Queria passar mais tempo na companhia de Sarah, não só porque ela estava diferente, mas também porque ela despertava um lado meu que eu havia esquecido há algum tempo: O Connor mais relaxado, sem tantas preocupações e eu admitia: gostava de provocá-la, de vê-la envergonhada.

Tentei desviar esses pensamentos e continuamos a beber durante mais algumas horas. Por vezes, me pegava encontrando os olhares de Sarah na mesa dela, que agora possuía mais uma ocupante, uma amiga bem falante de Sarah que eu tinha visto antes mas não me recordava o nome. Aparentemente, as meninas andavam tão boas de copo quanto os rapazes do balcão.

Forcei-me a parar de olhar na direção de Sarah, pois ainda que recentemente separados, me senti culpado por Robbin, como se a estivesse traindo. Traindo? Mas Sarah era nova demais, bonita... mas nova. E ainda havia Robbin. Não devia nem mesmo pensar nessa possibilidade.

Ficamos por mais um tempo conversando quando parei com a cerveja. Lathan fez o mesmo. Ambos iríamos para casa dirigindo e sabíamos a hora de parar. Por uma razão qualquer o Molly's naquela noite estava servindo torta de maçã. Pedi um pedaço para arrematar a minha sobriedade. Uma tempestade começou a cair em Chicago e as janelas do Molly’s embaçaram rapidamente. O noticiário local da noite já anunciava as conseqüências iniciais daquela chuva na cidade. Era uma ponta do tornado que atingiu a Carolina do Sul e sobrou como forte tempestade para o meio oeste e Ilinóis. Já era um pouco tarde quando despedi-me do pessoal, que provavelmente teria que usar um serviço de táxi para ir para casa. Isso se tivessem sorte de conseguir voltar no meio da tempestade. Lathan estava mais falante e alegre do que jamais fora e despediu-se de mim e da equipe mais cortês do que nunca.

No caminho para a saída vi com certa surpresa que a amiga de Sarah me abordou.

— Oi Dr Rhodes, já está indo? Que tal tomarmos um drink?

Ela era bonita. Suspirei recordando os meus tempos de juventude, em que não recusaria um convite desses nem por todo o dinheiro de meu pai. Declinei a oferta. Estudante era uma encrenca desnecessária para a minha cabeça já cheia com problemas pessoais.

— Não, desculpe estou indo pra casa! – Eu disse o mais educadamente que pude.

— Ahh fique mais um pouco, preciso de companhia.Já estou sozinha aqui e presa nessa tempestade! - disse ela fazendo biquinho.

Aquilo era obviamente uma mentira, eu podia ver que April e Maggie ainda conversavam na mesa em que ela estava junto com Sarah mais cedo, então fui firme.

— Não, realmente não posso, trabalho amanhã, tenho que ir mesmo embora, obrigado pelo convite.

— Quer companhia pra ir pra casa nessa chuva? Preciso de alguém para me aquecer nesse friozinho... – disse ela piscando o olho enquanto eu tentei me afastar. A garota segurou meu braço e me virei com o rosto interrogativamente, então ela me entregou um guardanapo com um número escrito a caneta: DREW 555-78654 ligue-me.

Aceitei o papel e acenei pra ela e caminhei em direção à porta. Jogaria fora na primeira oportunidade. Pude observar pelo reflexo do vidro da porta que ela havia se sentado à mesa de Maggie e April. E onde estava Sarah? Afastei esse pensamento de minha cabeça e abri a porta para sair, e ao olhar para o lado encontrei Sarah ao celular, embaixo dos respingos de chuva do toldo da porta do Molly’s. Estava realmente frio por causa da tempestade e ventava muito. Levantei a gola e enfiei as mãos nos bolsos da jaqueta.

— Droga, droga, droga. – ela dizia olhando seu aparelho de telefone nas mãos.

— Algo errado? – eu disse por educação, sabendo que, provavelmente, com aquela chuva ela não havia encontrado um carro para leva-la para casa. Até parar um pouco ela estaria ali.

— Enquanto a chuva não diminuir parece que estou presa aqui. Há um alagamento em vários pontos da cidade. Vai levar horas para que eu chegue em casa – ela disse aborrecida.

— Onde você mora? – me vi perguntando.

— BridgePort – não era muito longe de onde eu havia comprado um apartamento. Mas era uma distância considerável de desvio do meu caminho, mais meia hora de desvio de rota. – Além disso com esse aguaceiro todas as linhas de taxi estão mudas ou ocupadas. Nenhum Uber se dispõe a fazer o trajeto até a minha casa também.

— Posso levá-la se quiser. – eu ofereci pensando que como colega de trabalho podia ajudá-la dessa vez. Como nunca fiz com nenhum outro colega do Med antes. Me recriminei pensando que sempre havia uma primeira vez.

— Uhmm não quero atrapalhar ninguém com caronas. A Maggie me ofereceu mas ela mora muito longe e não fica no trajeto de minha casa.

— Ora, vamos Reese eu não vou te morder. – eu disse e acrescentei – Não se você não quiser.

Vi Sarah corar do pescoço às orelhas enquanto dava uma risada.

— Ei não fique brava estou brincando. – eu acrescentei sem saber como interpretar a sua reação. Além disso me preocupava agora com a situação dela ao ir para casa, um tanto distante de onde estávamos, a essa hora da noite e com o tempo tempestuoso.

— Pois eu não gostei da brincadeira Dr Connor. – ela disse cruzando os braços na frente do corpo e me encarando um tanto seriamente.

— Ok. Desculpe-me, por favor, não quis te ofender. E para compensar eu insisto em te levar para casa Sarah. – eu disse decidido a leva-la. Nem que para isso tivesse que ser persuasivo - Por favor.

Sarah me olhou de esguelha e franziu os lábios. Gotas de chuva da tempestade respingavam em seus cabelos.

— Ok mas só porque eu não tenho ninguém para me levar! – ela disse descruzando os braços com uma expressão resignada.

— Maravilha! – eu disse pegando as chaves do carro e colocando-as no bolso da jaqueta. Normalmente, eu não usava carro para ir para o Hospital. Agradeci mentalmente pelo bom senso que tinha de usá-lo quando marcávamos reuniões com a equipe após os plantões.

— Não quero dar trabalho Dr Rhodes. – ela disse ainda um tanto hesitante.

— Ah não se preocupe é caminho para minha casa – eu disse para tranquiliza-la. Poucas pessoas no Med sabiam o endereço dos colegas de trabalho, e Sarah não precisava saber que eu me desviaria do caminho para levá-la. Analisando a situação me preocupei com o tipo de serviço que Sarah conseguiria para levá-la até sua casa. Eu faria um favor para ela, eu disse tentando me convencer de que aquela era a motivação de tanta insistência com ela. A quem você quer enganar? Eu pensava mais do que deveria nela desde aquele dia em que encontrei-a na sala do Dr Charles e ela me disse que ela não era uma fã minha. – Mas com essa chuva espero que não se incomode em passar meia hora dentro do carro.

Observei Sarah pensar e analisar as opções que ela tinha. Ir comigo ou esperar e vi aliviado ela me olhar de volta com um leve sorriso nos lábios.

— Contanto que eu chegue sem mordidas… - disse sorrindo e ficando novamente vermelha.

— Só se você pedir…- dei um risada e corremos até meu carro que estava estacionado do outro lado da rua.

O caminho até Bridgeport foi acidentado. A chuva torrencial junto com o vento tinha derrubado algumas árvores e havia aqui e ali uma ou outra batida de carro pois as ruas estavam cheias de água e os motoristas aquaplanavam com mais facilidade. A velocidade do limpador de pára-brisas estava no máximo. Permanecemos ambos em silêncio, principalmente porque eu tive que triplicar a minha atenção. O silêncio que era estranho com outras pessoas, considerando as circunstâncias, me deixava confortável com ela.

— Parabéns novamente pela residência Dra Reese. – eu disse quando parei em frente a um conjunto de prédios com a fachada de tijolinhos vermelhos.

— Obrigada pela carona Dr Rhodes.

— Às ordens Sarah. – eu disse piscando. Sarah sorriu e eu fitei seus lindos olhos castanhos. Ambos presos naquele momento no olhar um do outro. Ela era linda, baixei os olhos para a sua boca sendo tomado subitamente pela vontade insana de beijá-la e saber se os lábios eram tão doces como pareciam. A proximidade provocava minha sanidade.

Fomos ambos tirados desse momento pelo telefone de Sarah que tocou. Talvez fosse melhor assim. Ela pegou a bolsa e o jaleco se atrapalhando e derrubando o celular que caiu embaixo do banco do motorista.

— Que desastrada. – ela disse mal sabendo o que pegar primeiro, já que também deixara cair o jaleco e alguns livros ao tentar se abaixar para recuperar o telefone. Sorri com o pensamento de que ela ficava ainda mais adorável com seu jeito de atrapalhada.

— Deixa que eu ajudo. – eu disse também me abaixando na mesma hora que ela levantava, batendo minha cabeça na dela – Ai! – Exclamei mais de surpresa que de dor, sendo seguido por ela.

— Ai! Desculpa Connor. – ela tinha as bochechas rubras. Estávamos a pouco centímetros de distância agora.

— Tudo bem. - eu disse sorrindo de sua falta de jeito.

Eu encarei o rosto de Sarah que me fitava de volta, me olhando com a mesma intensidade com que olhava pra ela. Parecendo de alguma maneira me analisar. Fui surpreendido com os lábios quentes e macios dela nos meus. Eu mal tive tempo de registrar se queria aquilo ou não quando cessou e ela saiu correndo do carro.


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