Under The Chicago Sky escrita por Dayna


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Demorei mais voltei! =)
Obrigada Kellycavalcanti por me ajudar betando este capitulo.
Para esclarecimento eu me inspirei em um dos últimos episódios de Chicago Med pra este capítulo.



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Sarah

— Dr Charles – A senhora Goodwin parou-nos enquanto passávamos pelo PS aquela tarde. – Preciso da Dra Reese ajudando no PS hoje. Temos vários casos de acidentes chegando por causa de uma tempestade.

Dr Charles apenas assentiu e eu acompanhei-a em direção a estação de enfermagem.

— Maggie a Dra Reese irá ajudar hoje na falta do Dr Weller.

— Oi Querida. – Maggie disse com os olhos no seu tablet mal me olhando – Desculpe estou tentando pedir ao banco de sangue mais unidades de O-, plaquetas e plasma. Engavetamento na rodovia. Preparem-se. Paciente chegando em dois minutos. – Ela anunciou essa segunda parte para todos na estação de enfermagem.

Eu podia ver os rostos conhecidos cada um em uma estação trabalhando. Dr Rhodes e Dr Choi estavam ambos saindo do trauma 1 com um homem inconsciente e que havia, claramente, fraturado a perna.

— Maggie ligue para o Centro cirúrgico, estamos subindo. – Connor disse passando por nós duas, vi ele me olhar um tanto surpreso ao passar.

— Dr Choi, Dra Reese, trauma 2 – Maggie indicou ao mesmo tempo em que uma maca adentrava o Pronto Socorro. Um paramédico bombeava oxigênio e a vitima estava inconsciente. Uma mulher grávida em avançado estado de gestação.

— Mulher Grávida, PA 90x70, freqüência cardíaca 110. Glasgow 11. Retirada inconsciente de uma Minivan. – O paramédico instruiu enquanto entravamos no trauma 2.

— Na minha contagem 1, 2, 3.

Dr Choi comandou a transferência para o leito de exames. Vi April se juntar a nós.

— Dra Reese monitore o feto. April puncione uma veia e coloque-a no soro. – Ele disse enquanto checava a paciente.

Peguei o aparelho de Ultrassom e coloquei na tela a imagem do feto. A frequência cardíaca estava dentro da normalidade pelo que eu me lembrava para as prováveis 30 semanas de gestação.

— Dr Choi – April alertou – Pressão caindo para 70x40, batimentos a 130.

— Batimentos fetais caindo. – Eu observei o monitor começar a oscilar.

— 1mg de epinefrina Dra Reese – abri a gaveta do armário da sala e localizei a pequena seringa aplicando-a pelo acesso na veia da paciente.

Observei ansiosa o monitor da sala. Precisávamos fazer mais exames para descobrir o que havia de errado com ela.

— Batimentos em 90, Pressão 110x73 – April disse

— Batimentos Fetais estáveis. – eu observei.

— Vamos levá-la para uma tomografia, April peça exames de sangue: coagulação, hemograma, glicemia, ligue para obstetrícia para que possam checar a necessidade de uma cesárea de emergência. Provável trauma na cabeça.

Dr Choi disse saindo com April, ambos empurrando a maca da sala.

Respirei profundamente, esperando que aquela mulher e seu bebê ficassem bem. Aquilo serviu para me mostrar o que era evidente: eu sentia falta do PS. Era difícil consertar a mente de alguém, fazer a pessoa se abrir, desvendar os segredos escondidos atrás das várias paredes que as pessoas erguem para se protegerem.

Aqui era tudo uma tênue linha entre a vida e a morte. Um segundo determinava a diferença entre salvar uma vida ou perdê-la, mas aqui pelo menos eu sabia o que fazer.

Encostei-me no balcaão cansada vendo Dr Choi e April subirem para o andar de exames.

— Vai se acostumando de novo Dra Reese – Maggie me disse e percebi que a sala tinha se tornado um pouco mais calma, a maioria dos pacientes já haviam sido liberados ou encaminhados para procedimentos. – Temos uma vaga para o Pronto Socorro. Me diga que se candidatou – Maggie disse com um sorriso.

— Há duas semanas.

— Eu e April estamos torcendo. – Ela me disse afetuosamente. – Precisamos de alguém para nos ajudar aqui. – Ela disse observando a sala de emergência que começava novamente a encher com pacientes. - Leito 2 – Maggie disse me entregando um tablet – A propósito gostei do cabelo Diva.

— Eu também.– Fazia algum tempo que eu e ela havíamos conversado sobre isso. Percebi há alguns dias atrás o quanto precisava fazer isso por mim mesma, cuidar mais de mim. Então, na minha ultima folga, resolvi ir ao salão. O resultado foi excelente meus cachos caiam em ondas suaves e domadas nos meus ombros agora.– Dica da April. – eu disse indo em direção a sala de exames atender a uma senhora idosa.

 

Connor

Liguei as luzes do meu apartamento com uma interrogação ecoando na minha cabeça. Ainda me lembrava da expressão determinada em seu rosto, o sorriso sincero, as palavras dela na minha cabeça. “Ela é boba por não aproveitar...” O que aquilo significava? O que Sarah quis dizer?

Robin estava se mudando. E queria que eu fosse junto, era coisa demais para se pedir assim com tão pouco tempo. Eu tinha minha carreira, estava me reaproximando de Claire, tinha feito amigos e me permitido criar raízes novamente na cidade que cresci.

 

— Connor, recebi uma proposta de um hospital em Nova York. – Ela disse quando nos sentamos em um pequeno restaurante japonês próximo ao hospital. Ainda estava cansado e com parte da tensão envolvendo os pais da garotinha que operei na minha cabeça. De modo que não registrei inicialmente o que ela queria me dizer.

— Que bom. Mostra o que te digo sempre: que você é uma ótima profissional naquilo que faz.

— Connor eles me ofereceram a chance de integrar uma equipe de pesquisa de doenças tropicais: um estudo pioneiro sobre os efeitos do vírus Zika no desenvolvimento fetal em gestantes. – ela disse com um brilho nos olhos. Eu sabia que ela amava o que fazia. E essa oportunidade era algo que ela queria a algum tempo: fazer parte de estudos pioneiros na na área de epidemiologia.

— E esta pensando em aceitar? – eu disse com delicadeza. Parecia que o meu destino era ser deixado pelas mulheres em favor de suas carreiras. Era a terceira vez que eu me deparava com aquela situação.

Havia deixado Chicago assim que atingi minha maioridade, fugindo das coisas que não dependiam de mim mudar, coisas que eu não conseguia mais suportar. Família era uma palavra estranha, a minha havia sido destruída de vez quando perdemos nossa mãe. Havia reencontrado com Claire algum tempo atrás. Haviam feridas que o tempo não curaria, mas estava disposto a remendar as que eu conseguisse.

Me tornei médico satisfazendo a minha vontade de ser totalmente avesso ao que esperavam de mim. A única que teria me apoiado teria sido ela. Me lembrar da minha mãe me fazia sentir amargurado. Sentia falta do seu sorriso, do seu abraço, da sua presença, e os anos não mudaram isso, só foi desbotando as lembranças que eu tinha.

Tomei um gole de vinho vendo certa hesitação dela.

— Na verdade estive pensando se você não iria comigo – ela pediu me olhando nos olhos. Ter um futuro longe de Chicago, construir um novo futuro com ela, eu poderia fazer isso? Não, não podia.

— Robbin – eu disse sem saber como de fato dizer que recusaria – Tenho uma carreira aqui também. Não acho que…

— Connor você arrumaria emprego rapidamente. Duas ligações e você estará trabalhando no Memorial. – Eu observei-a sem saber que palavras dizer.

Eu não podia me ausentar da cidade naquele momento. E não podia pedir para que ela ficasse e perdesse uma chance que sempre quis.

— Sabe o que mais gosto em você? – Eu disse calmamente – Você se entrega aquilo que ama. E quero que faça isso por você mesma, mas também por mim…

— Como é? – ela disse parecendo surpresa. – Esta me pedindo para que eu vá embora? E então namoremos a distância?

— Sim. Preciso ficar em Chicago. – Lamentei imediatamente ao ver o olhar magoado em seu rosto.

— Entendo – ela me disse indiferente. – Não acredito que a este ponto namorar a distância seja a solução. Como dizem: cada um segue uma etapa diferente agora?

— Ei, eu não quis dizer isso – Eu queria estar com ela. Precisava dela, mas sair? Será que eu estava tomando a melhor decisão? Me sentia um canalha por dar esperanças a ela.

— Connor Rhodes sejamos sinceros e ponto. Acho que precisamos disso. Ao menos de um tempo afinal.

 

Abri uma garrafa de vinho branco e me servi de uma taça. Tempo. Soava estranha essa palavra aos meus ouvidos, e porque raios eu não parava de pensar na residente do pai de Robbin?

 

Sarah

Olhei o quadro de avisos na sala dos médicos e não acreditei no que vi: “Dra Sarah Reese – Vaga postulada: Residência Pronto Atendimento. Resultado: Nada a opor da comissão – Aprovada.” – Fiquei de queixo caído durante uns segundos até que April apareceu me dirigindo um sorriso radiante:

— Parabéns Sarah! Te desejo muito sucesso, mas sei que vai se dar bem.

— Obrigada April, eu espero que sim! Mas quando a ficha cair acho que vou começar a desabar de nervosa. – Eu disse sorrindo. Eu estava perplexa que tivesse sido tão rápida a resposta. Acho que a saída do Dr Weller colaborou com o aceleramento do processo.

— Parabéns Dra Reese – A Senhora Goodwin disse passando rapidamente por ali me cumprimentando também – Espero que se esforce e faça por merecer a indicação de Daniel em você.

— Vou me esforçar e não irei decepcionar– eu respondi convicta. Agora eu entendia a insistência dos formulários. Me sentia muito grata pela oportunidade. Eu iria me esforçar o máximo que eu conseguisse.

— Ouviu Doutora? – April disse séria quando Goodwin se afastou – Nada de distrações e esqueça namorados idiotas.

Eu havia contado a April sobre o fim do meu relacionamento com Joey. No dia em que ele terminou comigo, eu e ela nos encontramos no final do meu plantão. Contei rapidamente sobre o que acontecera naquele dia, então ela me chamou para ir beber algo, alegando, que eu estava precisando disso, ela tinha razão, eu não estava mesmo em um dos meus melhores dias. Contei a ela sobre o final de meu relacionamento, inclusive, o fato de que eu já não estava tão interessada. Omitindo o fato de outra pessoa ocupar meus pensamentos. Por mais que o sentimento estivesse acabando, eu ainda me sentia traída. E você não o traia em pensando em outro Sarah? Me dizia desde aquele dia a minha consciência.

April havia me apoiado, juntas xingamos meu ex, ela inclusive tinha me incentivado a mudar. Que eu mostrasse que quem perdeu era somente ele. E que usasse esse episódio como um aprendizado, que eu realmente devia cuidar mais de minha aparência. Confesso que também achava que ela estava certa. Eu tinha 26 anos e o trabalho não devia ser uma desculpa. Além disso, seu argumento fez ainda mais sentindo quando ela apontou para o fato de que eu saí do trabalho usando meu uniforme.

— Pode apostar. – eu disse afastando a lembrança de minha cabeça. Iria ser bom um tempo sozinha. Até por que não iria ser fácil, haveriam dias em que eu repensaria a minha decisão, mas era o que eu gostava de fazer. April sorriu e de repente fez uma cara de dúvida brincalhona.

— Uhmmm pensando bem acho que vai ser mesmo difícil para você se concentrar com todos os colegas doutores bonitões…

Meu queixo caiu novamente, espantada com a piada e então nós duas caimos na gargalhada.

— Brincadeiras a parte April, não quero nada com ninguém só quero conseguir terminar minha especialização.

Vi pela minha visão periférica o Dr Charles com o seu jaleco cinza ir carregando uma pasta no corredor, aparentemente se dirigindo para sua sala. O que me lembrava que eu devia o agradecer por tudo o que ele havia feito por mim como meu tutor. E principalmente por interferir a meu favor perante a comissão de aprovação de residência do Hospital.

— Com licença April, preciso contar as novidades para o Dr Charles. Estou tão feliz! Vou até comemorar hoje no Molly’s. Venha, por favor! Se não tiver mais nada pra fazer, quero comemorar com quem sempre me incentivou – Nunca me esquecerei da insistência dela e de Maggie para que eu continuasse no Pronto Socorro.

— Pode contar comigo – ela disse sorrindo e me dando um joiá saindo para continuar com os seus afazeres.

— Doutor Charles – o chamei e ele estancou no corredor. Sorrindo ao se virar e me ver.

— Minha pupila favorita Parabéns! Eu vi o quadro mais cedo e convenhamos para mim não era surpresa que eles ratificassem o meu pedido. Imagino que esteja feliz com a escolha – ele disse me abraçando pelos ombros.

— Sim Dr Charles – eu disse me sentindo um pouco culpada pela bondade com que ele sempre teve comigo. Me sentia como se o tivesse o traindo de alguma maneira ao abandonar a psiquiatria. Na verdade, vim agradecer o senhor por tudo o que fez e vem fazendo por mim. Eu nem sei como agradecer…

— Ora Dra Reese, não se preocupe com isso. Você é uma garota esplendida. Sempre gostei de você desde o primeiro momento que te conheci e ainda que esteja no PS, que eu sei que vai fazer muito bem a você, sempre pode contar comigo. Procure-me quando quiser. Isto é, quando você conseguir um tempo – disse piscando um olho e rindo baixinho – Você vai ver o que é trabalho.

— Não me assuste Dr Charles – eu disse com uma careta. Eu iria sentir falta do grande professor que ele era.

— Você vai se dar bem Reese, confie em mim, conheço o seu talento.

— A propósito combinei de ir comemorar minha promoção no Molly’s, adoraria que o senhor fosse. – Eu disse com esperança de que ele pudesse ir comigo celebrar.

Ele era uma das razões de eu estar ali pra começo de conversa. Os formulários, meu trabalho com Connor (que me fez repensar novamente minha residência) a sua defesa de que eu tivesse a oportunidade. Eram raras as pessoas que faziam isso uma pela outra.

— Sinto muito Dra Reese, tenho compromisso – ele disse consultando um relógio – Mas saiba que estou muito feliz, parabéns novamente.

Tentei novamente o celular de Drew enquanto me dirigia para a sala dos médicos trocar de roupas. Deixei um recado na sua caixa postal. Se desse ela apareceria. Me lembrei com amargura que Joey havia me dito que meu lugar era num laboratório: as pessoas podiam se enganar.


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Notas finais do capítulo

Pra quem queria saber do final do Connor e da Robbin é uma história mal terminada. Obrigada por acompanhar minha história.
Bjos =)



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