A Prometida escrita por Kirimi


Capítulo 2
Tribulações


Notas iniciais do capítulo

Narcissa e Lucius estão amadurecendo.

Amei escrever esse capítulo, não vou mentir!

Isa, Nat, Van e Lils, vocês são incríveis! E obrigada por me aguentarem postando spoilers da história no DM! xD

Obrigada por ser meu Six, Lubs! Te amo!



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Os dias se tornaram meses, e os meses gradativamente em anos. Minha relação com Bella só piorou com o tempo e face a isso, Andie e eu, ficamos ainda mais próximas. Na escola, minha amizade com Amber e Howie se estreitaram, enquanto Aleto nos deixou, pois se interessava demais por fazer intrigas e suposições mentirosas sobre pessoas que ela sequer conhecia. Howie e ela acabaram discutindo e Amber e eu ficamos do lado dele.

Muita coisa em mim mudou, minha aparência, meu corpo e principalmente minhas ideias, mas ainda procurei manter em mim a serenidade que faltava à Andie e o equilíbrio totalmente ausente em Bella. Em Hogwarts, Amber, Howie e eu nos diferenciávamos dos outros alunos de nossa Casa, pois nos concentrávamos mais em aprender o que nos era ensinado do que tentar trapacear ou copiar de alguém. Nós sempre estudávamos juntos, o que no geral fazia com que as outras pessoas rissem de nós. Mas nunca nos importamos muito com opiniões alheias. Howie era estúpido o suficiente para fazer esses enxeridos voltarem para seus lugares com o rabo entre as pernas. Porém, uma coisa ainda permanecia a mesma: Lucius Malfoy ainda me rondava. Eu estava no 4º ano, e ele no 5º, sem surpresa, fora nomeado Monitor. O broche reluzente em seu peito parecia chamar ainda mais a atenção das meninas, e se tinha uma coisa que Lucius adorava, era receber atenção feminina. Em outros aspectos, ele também estava mudando. Seu corpo permanecia esguio, mas agora era maior que eu e os cabelos cor de platina cada vez mais compridos. Ele adotara uma postura ereta e um certo ar de superioridade que lhe caia muito bem, porém ele sempre estava em algum lugar para me oferecer um sorriso e um breve aceno de cabeça. Amber achava tudo aquilo encantador, enquanto eu estava ficando perturbada. Não havia um canto em Hogwarts em que eu não encontrasse Lucius Malfoy e aquilo estava começando a me irritar.

No dia dos namorados daquele mesmo ano, eu recebi uma coruja com um charmoso cartão em forma de flor, mas não uma flor qualquer: O cartão tinha a forma exata de um narciso. Quando abri o cartão li uma mensagem curta em caligrafia fina e caprichada:

Há tempos venho querendo um momento a sós com você. Me encontre hoje ao anoitecer na Torre de Astronomia para apreciarmos o pôr-do-sol e as estrelas juntos. Espero encontrar você por lá. ”

 E no fim do cartão, uma assinatura floreada, mas ainda legível marcava o que eu já imaginava: Lucius Malfoy. Eu decidi atender ao pedido do cartão e tentar me livrar daquela minha sombra.

Após as aulas, comuniquei minha decisão à Amber e Howie:

— Ai, eu sabia que você ia acabar cedendo aos encantos dele! – Amber disse, quase extasiada. – Vocês combinam tanto!

— Calma, Amb. Eu não cedi a ninguém. Eu vou até lá para pôr um fim nessa perseguição ridícula.

— Converse com ele antes de sair por aí tacando pedras, Cissy. – Aconselhou Howie. – Ouça o que ele tem a dizer, mas não deixe ele te enganar, ok?

Sorri para tranquiliza-los:

— Obrigada, aos dois. Amo vocês!

— Também amamos você, florzinha! – Amb respondeu com um toque divertido de ironia.

— É, tanto faz. – O garoto se levantou. – Se me dão licença, moças, não é só a Cissy que tem um encontro agora a noite. – Howie nos deu uma piscadela e saiu pela passagem da sala comunal.

Amber e eu trocamos meios sorrisos significativos. Fiquei sentada ao lado de minha amiga com a cabeça encostada em seu ombro por alguns minutos, enquanto ela lia a última edição de O Semanário das Bruxas, para tomar coragem e por fim nos despedimos e eu rumei para a Torre de Astronomia, mais nervosa do que gostaria de admitir.

Quando cheguei ao local do encontro, o sol já estava se pondo e ele olhava distraído para os terrenos da escola em direção ao pôr-do-sol róseo que enchia o horizonte. Aparentemente ele não notara minha chegada, pois tive que pigarrear para anunciar minha presença:

Caham. Com licença, Malfoy...? ­– Ele se virou, seu rosto refletiu surpresa em me ver, por alguns segundos e logo voltou a impassibilidade de sempre.

­– Narcissa... – Ele pronunciou meu nome tão vagarosamente que parecia saborear cada sílaba. ­– Não imaginei que viria. Venha cá, vamos ver o pôr-do-sol juntos.

Me aproximei do parapeito da torre e não pude deixar de sorrir diante de um fenômeno tão grandioso e tão belo quanto aquele. Ficamos em silêncio até o espetáculo natural terminar, e enquanto eu sorria bobamente diante de tanta beleza, não reparei que ele olhava para mim. Fiquei séria novamente e cruzei os braços, adotando postura defensiva:

— Então, o que você quer?

— Você. É isso o que eu quero. – Disse ele dando um passo em minha direção.

Joguei a cabeça para trás, gargalhando ironicamente.

— Não seja ridículo, Malfoy. Eu jamais ficaria com você. – Descarreguei ironia sobre ele, mas ele não se abalou.

— Por que não, Narcissa? Blacks e Malfoys têm um histórico juntos – Ele estendeu a mão ­– O que me diz?

— Eu digo não! É tão difícil assim para você entender e aceitar um não de vez em quando? Você não faz meu tipo. Aliás, não gosto de ninguém do seu tipo! Hunf! – Ainda de braços cruzados, virei o rosto.

— Meu tipo? – Ele me olhou com curiosidade. – O que você classifica como meu tipo? – Ele parecia estar se divertindo com essa informação e deu mais um passo em minha direção.

— Você é cínico, interesseiro e mulherengo! – Eu sentia meu rosto corar e o coração saltar. Nunca na vida eu fui tão rude com alguém. Mesmo que essa pessoa realmente merecesse.

Ele crispou os lábios, analisando o que tinha sido dito:

— Suas irmãs andaram falando sobre mim para você de novo? – Ele estreitou os olhos de maneira quase desafiadora.

— Não, Malfoy. Eu não vivo pelos pensamentos delas, sabe. Só estou dizendo o que venho vendo ao longo dos anos.

— Fico feliz em saber que tem opinião própria, Narcissa. – Ele recuou um passo, olhando para o céu estrelado e para a lua crescente que sorria irônica para nós. – Está uma linda noite, não acha?

— Está. – Respondi secamente, mas logo desfiz a postura ferina, que não era nada parecida com a minha personalidade. – Por favor, Lucius. Pare de me perseguir pela escola. Isso me incomoda tanto. – Pedi, por fim, cansada. – Agora se me der licença, vou descer para jantar.

Quando estava saindo, senti que ele me impediu, segurando meu braço e me puxando para junto de si, para um abraço. Fiquei imóvel, temendo um avanço brusco da parte dele, mas tudo o que ele fez foi me guardar em seus braços. Por fim relaxei e o abracei também, encostando minha cabeça em seu peito.

— Eu entendo... ­– Eu senti sua respiração profunda. – Eu... vou parar de insistir em você. Sei quando perco uma batalha. – Ergueu meu rosto gentilmente pelo queixo para me olhar fundo nos olhos – Você é realmente surpreendente. – Ele depositou um beijo no alto da minha cabeça, me soltando dele – Boa noite, Narcissa.

Eu saí apressada e ainda confusa com aquele último gesto do rapaz. Eu jamais esperava carinho sincero vindo de alguém tão dissimulado.

Depois desse ocorrido na Torre de Astronomia, eu finalmente encontrei a paz que tanto desejava: Lucius parara de me perseguir e voltou as suas atenções para as moças que o queriam de fato, e eu pude andar pelo castelo livremente sem correr o risco de encontrá-lo à minha espreita. Vez ou outra, Howie e Amber apareciam com novos interesses amorosos e até eu tive um ou dois rapazes com quem sai, mas o que eu realmente gostava era de estar sozinha, sem obrigações sociais de cortesia quase forçadas de namoricos adolescentes sem um pingo de compromisso. Lucius e eu nos tornamos colegas. Nos cumprimentávamos quando nos encontrávamos pela escola ou na sala comunal, mas nada além disso. Um acordo mudo de ambas as partes de "Política de Boa Vizinhança", como Bella chamava.

Mas, como tudo que é bom chega ao fim, as verdadeiras tribulações começaram quando eu tinha 16 anos. Andie brigou feio com meus pais e Bella por causa do rapaz com quem saía. Essa briga, resultou em meu pai a expulsando de casa, portanto ela apenas juntou algumas coisas essenciais e foi morar com o rapaz nascido trouxa com quem ela se casaria poucos meses depois, Teddy Tonks. A expulsão de Andie foi um verdadeiro escândalo entre as famílias bruxas mais tradicionais que prezavam a pureza do sangue, e meus pais estavam fazendo de tudo para abafar o caso. Nesse meio temo, Bella conseguiu atar compromisso com o mais velho dos irmãos Lestrange, Rodolphus através de um acordo feito pela minha mãe.

Nas férias do meu 5º para o 6º ano, meu pai mandou me chamar até a sala de visitas para uma conversa. Quando cheguei ao aposento, minha mãe estava parada à porta de entrada, torcendo as mãos, como ela fazia sempre que estava nervosa:

— Entre, filha. Seu pai quer falar a sós com você. – Seu queixo tremia tanto que mal conseguiu falar.

— Mas o que foi que eu fiz? – Perguntei assustada.

Não houve resposta. Minha mãe apenas acenou negativamente com a cabeça; ela sempre temeu a meu pai. Ela abriu a porta e me deixou entrar com a porta se fechando atrás de mim com um pancada leve e surda e som de passos indicando que ela não ficaria nem pelas proximidades.

Meu pai estava sentado em sua poltrona em frente à lareira com um cálice de água de gilly numa mão e uma carta dobrada, mas já sem lacre, na outra. Seus olhos encaravam com tanta atenção e tão intensamente às chamas que pareciam que elas estavam lhe contando um segredo que ele não podia deixar de ouvir. Sem olhar para mim, usou a mão do cálice para apontar para o sofá de dois lugares:

— Sente-se Narcissa. – Sem pestanejar, obedeci.

— Papai, eu... – Quando comecei a falar, o olhar severo que ele me lançou me fez calar imediatamente. Como minha mãe, eu também tinha medo dele.

— Sabe Narcissa, tenho me correspondido com Abraxas Malfoy. – Acenei positivamente com a cabeça, enquanto ele tomava um gole de sua água de gilly – Ele tem um filho quase da sua idade. E devido ao fato de sua irmã ter envergonhado a nobre casa dos Black, precisamos provar que não somos a favor da miscigenação com a escória mágica, ou cairemos todos em desgraça. Por isso, Abraxas e eu decidimos unir as famílias Malfoy e Black através de um casamento. Está me entendendo? – Eu me senti empalidecendo e meus olhos estavam vidrados na parede oposta da sala, enquanto ele tomava mais um gole de sua bebida – Você foi prometida à Lucius Malfoy e se casará com ele assim você terminar seus estudos em Hogwarts, já que ele é um ano mais velho. Entendeu? Faremos uma festa para que ele te entregue o anel e sele o compromisso nas próximas férias de vocês, quando você já terá 17 anos completos. Alguma dúvida?

— Papai... Bella não vai se casar com Rodolphus Lestrange? – Perguntei, timidamente.

— Vai. O que isso tem a ver? – Ele respondeu como se eu não tivesse inteligência para acompanhar seu raciocínio.

— Bom, já não ajuda a desviar a atenção da Andromeda e... – Eu fui interrompida, quando ele se colocou em pé de um salto, jogando a carta para um lado e o cálice com um último gole de água de gilly para outro, e de imediato estava a centímetros de mim apontando o dedo diretamente para o meu rosto.

— NUNCA MAIS pronuncie o nome dessa mulherzinha em minha presença! – Ele gritou, com os olhos saltados, numa semelhança incrível com Bella. Não pude deixar de me encolher. – Você vai fazer o que eu mando Narcissa, ou vai ser expulsa da família como a sua irmã! ­– E sem aviso, recebi uma bofetada no rosto. – Saia daqui menina burra. E acostume-se com a ideia de ter o rapaz Malfoy ao seu lado o resto da vida, ou ao invés de um casamento, teremos um funeral na casa dos Black.

Saí correndo da sala com o rosto dolorido e meio inchado e me tranquei no quarto, onde chorei até dormir. No restante das minhas férias, me recusei a participar do convívio familiar, tanto que nem vi minha carta de Hogwarts chegar e nem acompanhei minha mãe ao Beco Diagonal, como de costume. A única visita que recebia era Coifa, que vinha trazer minhas refeições. A única vez que ela se demorou um pouco mais para perguntar como eu estava, meu pai a fez andar no fogareiro ainda aceso.

Meu retorno à Hogwarts para o 6º ano foi sombrio. Pela primeira vez, eu não tinha a companhia de nenhuma das minhas irmãs. Papai me levou até a King’s Cross, mas sequer falou comigo ou se despediu quando atravessei a barreira sozinha. Howie e Amber já haviam conseguido um canto só para nós quando os encontrei, e quando viram meus olhos inchados e cheios de olheira de quem havia passado muitos dias chorando, fecharam a porta e cortinas do nosso compartimento e me soterraram com perguntas, que foram todas devidamente respondidas com relato completo das minhas férias infelizes.

Tanto Amber quanto Howie ficaram chocados com o que ouviram. Até Amber, que vê romance em tudo, não achou certa a decisão de meu pai. Depois do meu desabafo, passamos a falar sobre assuntos mais amenos, como o desenvolvimento dos nossos patronos: O gato persa de Amber, o tigre de Howie e o meu pavão. Então subitamente a porta se abriu e eu vi Lucius Malfoy, com um distintivo de Monitor-Chefe brilhando no peito, parado à nossa porta com o horror estampado no rosto.

— Narcissa, eu... – Ele olhou para Howie e Amber com olhos suplicantes que não ficavam bem sobre a altivez costumeira.

Os olhos de Amber encararam seu distintivo:

— Monitor-Chefe, Malfoy? Se ficar muito tempo por aqui, vão dar pela sua falta e virão te procurar. – Ela sorria com o canto da boca.

— Eu preciso conversar com a Narcissa. Se perguntarem por mim a vocês, digam que não me viram. O assunto é urgente. – Ele olhou para Howie ­– Greengrass, por favor.

Howie pôs-se em pé, e pegando Amber pela mão, disse enquanto foi saindo:

— Vem Amb, vamos atrás dos gêmeos Prewett. Soube que eles têm cerveja amanteigada.

Quando a porta se fechou, Lucius sentou-se ao meu lado e me puxou para um abraço:

— Me perdoe, Narcissa... – Ele disse, honestamente – Me perdoe...

Meu rosto estava escondido em seu peito e, inevitavelmente as lágrimas brotaram dos meus olhos. Levou um tempo até eu conseguir parar de chorar. Eu permaneci abraçada a ele, sentindo seu cheiro, seus braços ao meu redor, sua mão acariciando meus cabelos e, mesmo que a contragosto, me senti segura. Quando finalmente consegui me recompor, perguntei:

— Te perdoar, Lucius? Pelo que? Não me diga que essa história de casamento foi ideia sua?

— É claro que não. – Ele disse, mostrando transparência – Mas me senti culpado por não conseguir fazer nada para impedir essa situação. Sei que você não gosta de mim nem como amigo, quanto mais como noivo ou... Marido... – Havia amargura em sua voz – Quando vi que meu pai estava se correspondendo com o velho Cygnus Black, imaginei que ele fosse propor casamento à Bellatrix e fiquei tranquilo, já que ela está noiva de Rodolphus. Meu pai só me contou que o compromisso seria com você, na última semana de férias. Me perdoe, Narcissa...

— A culpa não é sua, Lucius. De verdade. – Eu disse, agora já totalmente calma –­ Não se martirize por minha causa. Curta bastante seu último ano em Hogwarts, afinal, o noivado só será anunciado ano que vem, quando eu estiver próxima de me tornar maior de idade.

— Pela Sabedoria de Merlin, somos tão jovens – Ele disse segurando minhas mãos, mas de cabeça baixa – A questão não é aproveitar ou não, Narcissa. Eles não podem fazer isso conosco! Não têm o direito de nos usarem como moeda de troca nas transações insanas que eles fazem. – Quando vi que ele estava perdendo a calma, toquei seu rosto com uma das mãos, enquanto a outra permanecia segurando firme as mãos dele.

— Não podemos nos opor aos desejos dos nossos pais, Lucius – Ergui seu rosto para que olhasse nos meus olhos – Mas também não precisamos apressar as coisas. Faça o que tem que ser feito em seu último ano em Hogwarts e, quando firmarmos o compromisso, conversaremos novamente, pode ser?

Ele estava atônito, olhando para mim com uma expressão quase débil:

— Como você consegue manter a calma e o equilíbrio diante de uma situação como essa?

— Eu fui criada com Andie e Bella que de calma e equilibrada, respectivamente, não têm nada. – Sorrimos juntos pela primeira vez – Vamos enfrentar isso juntos, ok? – Ele maneou positivamente com a cabeça e se levantou.

— Tenho que ir, antes que realmente deem pela minha falta – Depositou um beijo suave em minha testa – Obrigado por ser meu ponto de equilíbrio, Cissy. – Sorri em resposta para vê-lo alisar as vestes e assumir novamente a imponente postura tão característica de Lucius Malfoy.

Depois que ele saiu, fiquei só por alguns minutos. Assim, a bruxa do carrinho de doces passou e se foi e, quando eu já estava na metade da minha segunda tortinha de abóbora, Howie e Amber voltaram trazendo de fato, uma garrafa de cerveja amanteigada e três copos de plástico. Saboreamos a bebida enquanto eu contava a eles minha conversa com Lucius. Ambos ouviram em silêncio, sem comentar nada até eu terminar o relato.

— Ele está com medo. – Howie concluiu com simplicidade.

— Medo de que? – Perguntei sem entender.

— Medo de falhar, medo de você o odiar e o culpar pela situação de vocês, medo de não ser feliz, medo de não ser capaz de honrar o compromisso imposto pelos seus pais. Malfoy não é o tipo de cara que trai. Apesar de ser mulherengo, sempre esteve com uma garota por vez. Sempre que pretendia trocar de namorada, terminava um relacionamento antes de começar outro, diferente de muitos rapazes por aí. – Howie explicou, como se fosse muito óbvio.

— Como você sabe tudo isso? – Perguntei impressionada.

— Ora, a Amber sabe tudo da vida de todo mundo, né?

— Acha mesmo que eu não ia investigar o cara que está correndo atrás da minha melhor amiga? – Amber disse, sorrindo maldosamente antes de tomar seu último gole de cerveja amanteigada.

Na primeira semana de aula, Andie me mandou uma coruja. Desde que ela saíra de casa não tivemos contato, e o fato de eu ter me afastado dela, foi para mim como seu eu tivesse perdido metade de mim mesma afinal, Andie sempre foi minha mentora e protetora. E ler aquelas palavras me trouxeram um conforto enorme por saber que eu ainda a tinha ao meu lado:

“Querida Cissy,

Soube através do Sirius (que soube através da Tia Walburga) a loucura que papai quer fazer com você. Me sinto imensamente culpada por ter causado essa situação a você, minha irmãzinha. Os Malfoy são uma família de puro-sangue e muito rica, do jeito que papai e mamãe gostam. Você pensa em aceitar o compromisso com o rapaz? Não me deixe no escuro, Cissy querida, por favor. Te amo muito.

Sua irmã

Andromeda Tonks”

 

Meu coração se encheu de alegria, mesmo que eu tivesse que guardar segredo da carta. O burburinho sobre minha irmã ter se casado com um sangue-ruim não havia cessado ainda e, se alguém decidisse mandar uma coruja aos meus pais contando que eu estava em contato com a minha irmã “traidora”, eu também estaria perdida. Contei à Howie e a Amber sobre a carta e ambos ficaram muito felizes por mim e até me apressaram para que eu respondesse a ela. Assim, dois dias depois, mandei por uma coruja simples de Hogwarts, uma resposta à minha irmã:

“Querida Andie,

Com vai? Espero que esteja feliz com o Teddy. Papai foi irredutível quanto ao acordo e disse que se eu não aceitasse, teríamos um funeral e não um casamento na casa dos Black. Acho que ele não falou sério, mas ainda assim ele e mamãe têm enlouquecido aos poucos desde que você foi embora. Se Bella não fosse se casar nas férias de Natal desse ano, eu daria um jeito de ficar por lá pelo menos mais um ano; nada consegue me tirar da cabeça que parte da loucura deles vem através dela. Enquanto eu estiver em Hogwarts, podemos nos corresponder em paz e isso me deixa realmente muito feliz! Obrigada por não me odiar e por não achar que eu penso como elas.

Toda a felicidade do mundo para você!

Narcissa Black. ”

Depois que mandei a resposta para minha irmã, Amb me chamou a atenção para um detalhe na carta dela: Sirius. Sirius Black era filho mais velho de Tio Órion e Tia Walburga, um garoto considerado por toda a família como problemático, mas atualmente, ele cursava o primeiro ano em Hogwarts na Grifinória, diferindo-se de todos os outros Black, que sempre pertenceram à Sonserina. Eu sempre via o pequeno Sirius quando visitava a casa principal dos Black com meus pais e irmãs, mas minha mãe nunca me deixou aproximar muito do garoto, justamente por ele ser considerado cheio de problemas. Decidi por fim enviar a ele um bilhete. Procurei por Avery, um menino tímido do primeiro ano da minha casa pedindo que me encontrasse no corujal na hora do almoço do dia seguinte. Eu tinha certeza que ele não viria, mas para minha surpresa, quando cheguei ao corujal ele já estava lá, encostado na parede, com as mãos enterradas nos bolsos da calça. Quando apareci na porta, ele me recebeu com uma saudação incomum e quase hostil:

— Ora, ora Cissy, te deixaram sair da torre para respirar um pouco? Suponho que não devem imaginar que estou aqui. – Ele perguntou, desafiadoramente.

— Que bom que você veio. Não estava certa se você atenderia meu pedido...

— Sinceramente considerei não vir. Mas imaginei que para você ter me mandado o Avery, deveria ser importante. E bem, eu ainda gosto de você, Cissy. Então aqui estou eu. – Disse ele sorrindo como se fosse um privilégio para mim, o fato de ele ter vindo ao meu encontro.

— Calma, eu vim em paz. – Eu disse temendo outra resposta brusca – Queria agradecer por ter entrado em contato com a Andie e contado a ela o que está acontecendo em casa.

— Tudo bem, não estou aqui para brigar com você, fique tranquila. – Disse ele com uma displicência que beirava ao descaso – Andrômeda é provavelmente a melhor pessoa da nossa família, e sempre que posso falo com ela. E ela te adora, e sei que você desejava ter contado pessoalmente sobre o casamento. Só fiz o que ela teria feito por mim, não precisa me agradecer. Mesmo.

— Posso perguntar como ficou sabendo do acordo? Acredito que sua mãe não contou a você deliberadamente, não? – Perguntei astutamente.

— Não, claro que não – Disse ele aproximando-se mais de onde ela estava parada, ainda com as mãos no bolso – Eu tenho meus métodos de descobrir as coisas naquela casa desde meus sete anos. Você ficaria surpresa de saber o quanto escondem as coisas de nós. Bem, principalmente de mim. Mas, sobre o acordo... Como você está com isso? Se me permite a pergunta, é claro. – O olhar dele mudara da ferocidade para uma espécie de preocupação atenciosa, que me fez arquear as sobrancelhas em surpresa.

— Ainda estou digerindo a informação. Mas já conversei com Lucius sobre isso e vamos seguir com os planos de nossos pais – Não pude disfarçar o quê de amargura contido em minha voz.

— Andie se preocupa com você, o que acaba me preocupando também. – Confessou ele, revirando os olhos – Hm, eu estou sempre em contato com ela e sei que ela gostaria de saber como você está. Posso dizer à Andie, se você não tiver como falar com ela. Posso te ajudar com isso.

— Enviei uma carta a ela ontem mesmo. Aqui em Hogwarts eu consigo me comunicar com ela, pois não tem ninguém para me impedir ou interceptar as corujas que vêm e vão. Em casa, em compensação, é impossível. Meus pais estão enlouquecendo e acho que a culpa é da Bella. Sinceramente, não aguento mais – Admiti, cansada.

— Um dos maiores hobbies de Bella é me atormentar, desde que éramos crianças. Mas eu não queria que fosse assim, sabe Sirius... Somos irmãs. Isso deveria significar alguma coisa, não? Quanto a minha situação aqui na escola, se não fosse pela Amber e pelo Howie acho que minha estadia em Hogwarts seria tão infeliz quanto são minhas férias em casa.

— Não sou uma boa pessoa para falar sobre irmãos. Veja bem, eu e o Reg sempre nos demos bem, mas desde que vim pra Hogwarts, as coisas mudaram. Você sabe, eu sou um Grfinório dentro de um ninho de Sonserinos... Sem ofensas. Mamãe faz questão de colocá-lo contra mim. E sempre me dei melhor com a sua irmã do que o meu, então acho que "ser irmão" está mais ligado ao coração do que ao sangue... –Disse ele, refletindo – Mas que bom que fez amigos. Soube que o Greengrass é um cara legal. Ele tem uns artefatos que confesso, daria tudo para dar uma olhada – Ele riu um riso rouco – Mas, além disso, pensando bem, o Malfoy, Cissy? Mesmo achando ele um babaca, ele é um partidão! – Disse ele querendo me provocar.

— Partidão, é? Só se for partido ao meio. Ele é difícil, mas não é uma pessoa ruim. Só tem que aprender lidar com o seu gosto por mulheres, ou esse compromisso não funcionará. Quanto a Howie, bem, ele trabalha troca e venda de itens amaldiçoados, e você ainda é muito jovem para essas coisas!

— Posso ser jovem, mas ainda sou curioso. Não que eu tenha interesse por coisas das trevas. Enfim. James e eu gostaríamos de ver esse tipo de coisa para fins... acadêmicos, por assim dizer. E ei, estou te enchendo. Espero que o Malfoy ao menos te faça mais feliz do que qualquer um de nós jamais seria em nossa família.

— Lucius ainda tem que aprender sobre conduta. Ele acha que ser sangue puro faz dele melhor do que outras pessoas. E simplesmente me irrita ver ele, ou qualquer aluno da minha casa usar a expressão sangue-ruim... – Desabafei, com raiva.

— Também me deixa furioso esse tipo de coisa. Mas enfim... Hm, é bom falar com você depois de tanto tempo. Achei que também fosse me odiar por ser da Grifinória. – O garoto disse, com certo receio.

— Eu não te odeio, Sirius. Só creio que nossos pais acabaram nos separando. Enfim, obrigada mais uma vez. Se precisar de algo, entre em contato comigo e farei todo o possível para te ajudar, ok? Tenho que ir agora, ou vou me atrasar para a aula, e você também. – Eu disse, pousando a mão gentilmente sobre a cabeça do garoto.

— Pode deixar, Cissy. Você também. Hã, cuide-se! E boa aula! – Ele disse, sorrindo.

Desci as escadas num passo apressado e fui rumando para o castelo, para conseguir comer alguma coisa, antes de encarar mais uma aula de aritimancia.

Até o mês de dezembro, tudo foi tranquilo. Me correspondi bastante com a Andie e não me permiti ficar arrasada por causa do meu noivado forçado. Nas férias de natal, fui para casa, para celebrar o casamento de Bella e Rodolphus. Para minha infelicidade, não pude contar nem com a presença de Amber, que iria visitar os avós em Gales, nem de Howie, que ia com o pai atrás de mais objetos para negociação em Hogwarts e na loja que administrava às margens da Travessa do Tranco.

O casamento foi celebrado no dia 27 de dezembro. Foi uma cerimônia enorme, abastada e luxuosa. Minha irmã estava deslumbrante em seu vestido branco de anáguas e corpete, desenhado especialmente para ela por Drúsius, o fiel estilista da família. Eu trajava um vestido azul sem mangas e com um discreto decote princesa. Repórteres do Profeta Diário e de mais algumas revistas bruxas estavam lá, com suas câmeras e suas penas, ocasionalmente parando esse ou aquele convidado para perguntas sobre o noivo e a noiva. Eu fui fotografada com minha irmã e Rodolphus e fiz de tudo para estampar um sorriso nos lábios, mas era muito difícil para mim, nunca fui boa em mascarar sentimentos. A festa decorreu sem grandes surpresas, e eu desempenhei meu papel de irmã caçula de forma satisfatória, cumprimentando e conversando com quem me mandavam e sorrindo quando convinha.

Quando finalmente consegui uma brecha para me distanciaar da agitação, sentei-me sozinha numa das mesas mais afastadas, ainda segurando uma taça de um vinho espumante branco caríssimo qualquer, cuidadosamente escolhido pelo gosto apurado para bebidas de meu pai. Esse drink me foi oferecido por um dos amigos íntimos de papai que ficara viúvo há pouco tempo, mas já procurava uma nova esposa. Aceitei a taça e tomei um gole mínimo, para não parecer deselegante, mas na realidade, nunca gostei de bebidas alcóolicas azedas; só as que são doces agradam o meu paladar. Eu me perdi em pensamentos e me peguei olhando, vidrada para o bolo de dez andares que marcava o centro de uma belíssima mesa de doces, quando uma pequena taça cheia de gotículas por fora e sem cheiro em seu conteúdo, indicaram água gelada, foi posta à minha frente por uma mão pálida. Levantei os olhos e me deparei com Lucius Malfoy, trajado elegantemente em um smoking de veludo vinho de corte e caimento perfeitos, os cabelos presos em um formal rabo baixo, tão comum aos homens de classe que não cortavam os cabelos.

— Sua família não a conhece bem o suficiente para saber que você não bebe nenhuma bebida alcoólica que não seja doce? – Ele perguntou, puxando uma cadeira e sentando ao meu lado.

Aceitei a taça e bebi dela de bom grado para tirar o gosto ruim que invadia minha boca:

— Não, não conhece. E nem você deveria saber de um detalhe como esse sobre mim. Amber andou conversando com você? – Ele riu da minha conclusão precipitada.

— É claro que não. Não que eu não tenha tentado tirar dela alguma informação sobre você, mas aquela Rosier é fiel à sua amizade. – Ele bebeu um gole de água de outra taça que eu não havia reparado ­– E não se esqueça que eu observei você de perto por alguns anos, e um dia vi você comentando com o Greengrass sobre o asco que tem de bebidas secas e azedas. Como pode ver, guardei com carinho essa informação.

Não pude deixar de sorrir, perguntando a mim mesma quais outras informações a meu respeito ele teria guardada:

— O que você faz aqui afinal de contas? Não o vi durante a cerimônia, nem no início da festa.

— Meu pai decidiu aceitar o convite para o casamento de última hora, por isso acabamos ficando nas cadeiras do fundo, e assim que a cerimônia acabou, sua mãe nos encurralou para algumas, caham, muitas perguntas.

— Minha mãe não tem um pingo de senso mesmo. Nem sei o que ela disse a vocês, mas já peço desculpas. É só isso? Seu pai já é um homem de idade bem avançada para ter aceitado vir a um casamento por consideração. O que mais os trouxe aqui? – Perguntei, astutamente.

— Hã... Nós... Ele... veio ver com os próprios olhos o tipo de casamento que os Black dariam às filhas, entende? Que tipo de casamento o velho Cygnus pode pagar... – Eu vi suas faces pálidas tingidas de um rosado de vergonha, que eu nunca vira antes.

— É claro que entendo, afinal é tradição o pai da noiva arcar com as despesas da festa... – Não pude evitar de fazer uma careta e procurei um gole da minha água para disfarçar meu descontentamento.

— Por favor Cissy, não faça essa cara de angustiada. Você faz com que eu me sinta ainda pior do que já estou. – A sinceridade na voz dele, me afetou mais do que deveria.

— Lucius, você sabe que casamento é uma coisa para a vida toda, não sabe? – Ele acenou positivamente com a cabeça – Pois então me diga e seja sincero: Seus pais eram felizes juntos? Por que os meus não são e nem nunca foram.

— Minha mãe era muito devota ao meu pai e me criou muito bem, da melhor maneira que pode. Ela veio a falecer quando eu tinha nove anos, mas deixou sua marca, sabe? – Ele disse pousando a mão sobre o coração – Quanto a ser feliz no casamento, eu acredito que não, embora se respeitassem muito como indivíduos ­– Ele admitiu respirando fundo.

— Foi exatamente o que eu quis dizer. Será que é um crime passível de Azkaban querer ser livre e ousar a felicidade?

Uma movimentação exagerada indicou a despedida dos noivos da festa rumo à lua-de-mel. Lucius pôs-se em pé e me estendeu a mão:

— Vamos, temos que estar lá na partida deles.

Assim que aceitei seu gesto, ele passou minha mão pelo seu braço e seguimos até junto das outras pessoas. O que eu vi a seguir, me chocou um pouco: as mulheres gritavam à Bella conselhos do que fazer na cama e os homens gritarem obscenidades à Rodolphus. Os noivos riram dos gracejos, deram um último aceno de despedida e num rodopio, aparataram para sua nova casa, onde passariam a levar a vida de casados, deixando os convidados para trás, para que pudessem aproveitar o restante da festa. Quando a multidão se dissipou, vimos Abraxas Malfoy e Cygnus Black lado a lado com sorrisos triunfantes em nos ver juntos de braços dados. Eu senti meu rosto ficando vermelho e o ódio crescendo dentro de mim. Eu respirava fundo, buscando o oxigênio que me faltava, mas não foi o suficiente: Minha visão ficou turva, meu corpo amoleceu e eu desmaiei naquela onda de irritação e rancor.

Acordei deitada em minha cama, ainda com o vestido que usara na festa de casamento. Minha cabeça ainda latejava, mas sob outros aspectos, eu estava bem. Sentado ao meu lado, numa cadeira trazida do andar de baixo estava Lucius Malfoy:

— Cissy, você acordou! Merlin, fiquei tão preocupado... – Ele sorria de alívio, o que conferiu à ele um aspecto abobalhado, que me fez sorrir também.

— Estou bem, Lucius. Só tive falta de ar e acabei desmaiando.

— Quer que avise sua mãe que acordou? – Ele perguntou, solicito.

Considerei por um momento e me decidi:

— Hmm... Não. Sente-se aqui ao meu lado – Eu disse, indicando a ponta da cama com duas palmadinhas.

Ele se sentou, conforme o meu pedido. Eu me ajeitei na cama, de forma a deitar minha cabeça em seus joelhos, enquanto sentia seus dedos acariciando meus cabelos. Ficamos em silêncio por um longo momento, até que ele tomou coragem de falar:

— Eu vou cuidar de você, Narcissa. Vou te proteger, eu prometo.

Levantei a cabeça para olhar para ele e senti uma solitária lágrima escorrer de seu olho direito e pingar ainda quente em minhas faces.

— Obrigada, Lucius. De todo o meu coração. – Respondi surpreendida por essa declaração.

Ele se inclinou sobre mim e beijou minha testa com carinho, em seguida ajeitou minha cabeça de volta ao meu travesseiro, finalizando com um gesto de carícia em meu rosto:

— Vou avisar seus pais que você já está acordada e se sente bem. – Ele disse, enquanto parava para enxugar os olhos antes de sair do quarto.

Mesmo depois que acordei, meus pais mandaram buscar um curandeiro que iria me avaliar. A visita dele foi rápida e logo o funcionário do St. Mungus constatou que eu desmaiara por excesso de stress e que uma boa noite de sono iria restabelecer minhas forças. Apesar da clareza nas instruções do curandeiro, minha mãe me fez ficar de cama por uma semana, na qual fui tratada à base de caldos e comidas leves e muito bem preparadas.

O meu regresso à Hogwarts foi marcado por uma avalanche de matérias novas e deveres de casa. Obviamente contei tudo sobre o casamento para Amber, Howie e Andie, através de correspondência. Lucius e eu mal tivemos chance de nos falarmos, pois além de ele estar sobrecarregado de tarefas das aulas e preparação para os N.I.E.M.’s, tinha também os deveres de Monitor-Chefe para cumprir. Os exames finais do sexto ano foram realmente difíceis, mas como nós três sempre estudamos juntos, conseguimos fazer as provassem stress e da melhor maneira possível.

Na última tarde em Hogwarts, recebi uma mensagem de Lucius, pedindo que eu o encontrasse nas hortas da escola, atrás das estufas. Avisei aos meus amigos que me olharam com sorrisinhos de encorajamento e fui ao seu encontro. O local estava deserto, embora o cheiro de temperos e hortaliças invadisse o ar, de forma agradável a cada lufada de vento. Como o rapaz ainda não estava lá quando cheguei, aproveitei para convocar meu patrono. O belo pavão nunca me permitia que me sentisse só. Enquanto estava distraída, admirando meu pavão-patrono, ouvi atrás de mim:

— Bela ave a sua, Cissy.

            – Obrigada, Lucius. Sempre gostei de pavões. Ainda mais os brancos. – Sorri, vendo meu patrono se dissipar em mais uma lufada de vento que carregava o forte odor do coentro fresco.

            – Mais uma informação sobre você guardada com cuidado. – Ele sorriu.

            – Bem aqui estou. Em que posso ajudar?

            Ele se aproximou de mim de modo que ele conseguiu segurar minha mão com o braço ligeiramente inclinado. Uma distância segura e respeitosa:

            – Sabe Narcissa, no restante desse ano, que quase não tivemos chance de nos falarmos mais que cumprimentos breves, eu pensei e ponderei muito sobre o nosso casamento e tomei uma decisão. ­– Ele olhou para mim, enquanto eu absorvia cada palavra que ele dizia, e respirou fundo para tomar coragem – Eu não quero ser um fardo para você. Eu quero que tenhamos uma relação no mínimo razoável, onde haja entre nós, principalmente respeito.

            – Lucius, eu não quero uma relação razoável, eu quero ser feliz. – Eu disse, sem conseguir conter a amargura.

            – Então vou te fazer feliz Narcissa, da melhor forma que eu puder. – Ele disse com um sorriso largo, e me puxando pela mão para um abraço – Já que estamos juntos nessa, como você mesmo disse, vou lutar todos os dias pela sua felicidade.

            Ele me envolveu em seus braços. Mais uma lufada de vento, ergueu o cheiro inconfundível do alecrim. Meus cabelos ficaram revoltos com a rajada e ele abraçou ainda mais forte até o vento cessar. Quando a natureza deu trégua, ergui minha cabeça e nossos olhos se encontraram. Ele acariciou meu rosto com uma das mãos, enquanto a outra permanecia firme em minha cintura. Meus olhos vagavam entre os belíssimos olhos cinzentos e os finos lábios pálidos. Ele se aproximou de mim receoso, ficando a centímetros de meu rosto, eu cobri o restante da pequena distância que nos separava, juntando nossos lábios pela primeira vez, num beijo suave e lento. Nossas línguas dançavam num ritmo perfeitamente sincronizado, como se há tempos se conhecessem, era como se minha alma flutuasse em nuvens, ao passo que tinha a nítida impressão de que meu coração ia saltar para fora de meu peito, devido à força que palpitava. Nos separamos depois de alguns segundos, trazidos de volta à realidade por um sopro particularmente forte vento frio, que carregava ainda mais o cheiro do alecrim.

            – E agora, o que faremos? – Perguntou Lucius, ainda abraçado a mim.

            – Bem, nossa festa de noivado é daqui a algumas semanas, portanto precisaremos de descanso e então... – Minha voz se perdeu.

            – Então...? – Ele me encorajou.

            ­– Então enfrentaremos nosso destino juntos, buscando um caminho para a felicidade.

            – Eu te amo, Narcissa Black. – Ele confessou, olhando em meus olhos.

            – E eu vou aprender a te amar, Lucius Malfoy.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!

Reviews são bem-vindas!

Beeejo! ^v^



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