Três amigas e o amor. escrita por calivillas


Capítulo 5
Raquel – Trancada do lado de fora




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Raquel nem pode acreditar, no momento, Marcelo ofereceu uma carona a suas amigas, mesmo sem saber o porquê, mas não importava, já que, assim, ela poderia ficar mais tempo naquela festa com Vitor, sem culpa.

A festa já rolava há horas, no meio da madrugada, a maioria das pessoas ali restante estavam bêbadas ou chapadas, vários tipos de casais se formavam, pelos cantos e sofás da sala.

— Vitor me leva para casa - Raquel pediu, já cansada, querendo aproveitar o final da noite com ele.

— Mas, a gente não pode sair juntos assim da festa! -  argumentou, sempre precavido.

— Vitor, acha que alguém nessa festa, vai notar com quem você saiu? - rebateu, com um tom sarcástico. Ele refletiu um pouco, olhando em volta.

— Você tem razão. Vamos! – decidiu, guiando-a pelo braço para fora.

— Você gostou da festa? – No carro dele, ela perguntou de um jeito animado, querendo iniciar uma conversa.

— É, como as outras – respondeu, sucinto e calou-se.

Sem querer aborrecê-lo, Raquel também ficou calada até chegarem em frente ao prédio onde ela morava. Os primeiros raios de sol surgiam quando Vitor parou o carro diante da portaria, Raquel estranhou, pois, normalmente, estacionava na garagem, sempre que ficava no apartamento dela, além de não fazer nenhum movimento para acompanhá-la.

— Você não vai subir? – indagou, olhando-o, surpresa, quando já abria a porta.

— Hoje não, querida. Estou muito cansado e com dor de cabeça, nó combinamos depois. Bom dia – despediu-se, dando-lhe um casto beijo no rosto.

Ela ficou ali, parada, por um segundo, na vã esperava que ele mudasse de ideia, sem acreditar de aquilo estivesse acontecendo. Sentindo-se frustrada, abriu a porta e saiu do carro.

— Bom dia, Vitor – disse, tentando não transparecer sua decepção, ele partiu com o carro antes que ela chegasse a entrada.

Arrastando-se de cansaço, Raquel deu um educado bom-dia ao porteiro sonolento e ao se deparar com a porta do elevador se fechando e notou vulto no seu interior.

— Por favor, segure o elevador! – pediu, em voz alta, mas a porta manteve o seu movimento para fechar. Então, teve que correu para conseguiu alcançar o botão do elevador, antes que a porta se fechasse, totalmente. A porta se abriu e Raquel entrou, ofegante, sem dizer nada, ao encontrar um homem dentro dele.

Muito obrigada, ela pensou, irritada, de nariz em pé e o olhando de soslaio para o outro ocupante. Ele também a ignorou, os dois seguiram em silêncio, enquanto Raquel o observava, nunca o virá antes ali no prédio, não era alguém que passaria despercebido. O vizinho desconhecido era mais alto do que ela, mesmo usando aqueles saltos estratosféricos, o que dificilmente acontecia. Vestia camiseta, short, tênis e um boné laranja, devia ter acabado de voltar de uma corrida, consequentemente, seu corpo emanava ondas de calor e um cheiro intenso e almiscarado de suor, que a deixou desconfortável, contudo, estranhamente, não por repulsa, mas pelo contrário, ela se sentiu muito excitada com aquele odor. Imaginando estar assim com os sentidos tão à flor da pele devido a frustração por Vitor ter indo embora, a deixando sozinha, após tantas expectativas para o fim de noite.

Pare com isso, Raquel, ela se repreendeu, mentalmente. Então, finalmente, o elevador chegou ao seu andar, apesar de não se lembrar de ter apertado o botão. Sem falar nada, o homem saiu primeiro, não olhou para trás, enquanto Raquel examinava bumbum dele redondo e bem definido, coxas grossas e torneadas, quadris estreito, ombros largos e pele marrom, brilhando de suor, suspirou fundo, nervosa, antes que ele entrasse na porta ao lado da sua. Você está ficando uma tarada, ela se censurou com ironia, no instante que abria a porta do seu apartamento. Foi direto para o banheiro e tirou a maquiagem, colocou uma camisola, rolou na cama por algum tempo, até conseguir dormir.

Já era quase hora do almoço, quando Raquel acordou e ficou enrolando na cama por algum tempo, levantou-se e foi até a cozinha, procurou na geladeira, achou o resto de uma salada esquecida e comeu, sentada na frente de seu computador para ler, revisar e escrever alguns textos. Pouco tempo depois, recebeu uma mensagem pelo celular: “4.V” Ele sempre falava em código, avisando a hora que chegaria, 4 horas, só faltavam 2 horas, levantou correndo, deu uma arrumada na casa, guardou seus papéis, fez a cama, Vitor detestava bagunça. Rapidamente, tomou um banho, maquiou-se, penteou os cabelos com cuidado, colocou um vestido que ele gostava. Às 3:30 horas, colocou sapatos de salto alto, verificou se os copos de cristais estavam limpos e se o uísque que ele apreciava no bar, encheu o balde de gelo.  Um pouco antes das 4 horas, já estava tudo pronto. Vitor chegou um pouco depois, entrou com as chaves dele, Raquel se levantou da cadeira, onde trabalhava para recebê-lo. Ele a abraçou e deu um suave beijo nos seus lábios.

— Ontem, você estava maravilhosa! Fiquei tão orgulhoso! Sabendo que você é a minha garota, com todos aqueles homens a olhando cheios de desejo! Você era a mulher mais bonita da festa! - Elogiou-a, estava orgulhoso dela, isso o excitava e a deixava feliz, depois a soltou e sentou-se no sofá – Por favor, Raquel, traga o meu uísque – solicitou, então ela foi até o bar, colocou duas pedras de gelo no copo de cristal e encheu pela metade de uísque, como ele gostava, e entregou na mão dele.

— Estava trabalhando? - perguntou, displicente, olhando para o computador sobre a mesa, depois que tomou um gole do copo em suas mãos.

— Sim, estava escrevendo um texto. Pensei em escrever sobre... – Ela começou animada, mas Vitor levantou a mão para fazê-la parar.

— Não, Raquel! Não quero falar sobre trabalho agora, só quero relaxar. Vamos para o quarto, não posso demorar muito, pois teremos convidados para o jantar, hoje à noite.

— Raquel, tire a roupa! – Já no quarto, ele ordenou, sentou-se na cama, ainda com o copo na mão. Parada, em pé, na frente dele, ela conhecia muito bem aquele ritual, sorriu, maliciosa, gostava disso, da maneira como a olhava jeito de cobiça, sabendo que ela era só dele. Desabotoando o vestido, lentamente, deixou-o cair aos seus pés, revelando a lingerie de renda da cor turquesa, pequena e cara que vestia, sob os olhos em fogo de Vitor, que pousou o copo na mesinha ao seu lado.

— Venha, aqui! – Vitor mandou e ela se aproximou, para ele mergulhar seu rosto entre os seios dela, inalando o perfume francês na sua pele, enquanto os beijava.

— Você sabe o quanto é linda, desejável e excitante, Raquel? – Vitor murmurava a cariciando com sua boca – Quando, vejo todos aqueles homens admirando e desejando-a, eu penso que você é minha, que só eu posso tocá-la – ele acariciou o sexo dela – Só eu posso ter você assim por inteiro – puxou calcinha dela para baixo e a deitou na cama ao seu lado, depois abaixou suas calças e entrando nela, devagar.

 Aqueles encontros eram rápido, o sexo satisfatório, não empolgante, mas Raquel sentia-se desejada e especial para Vitor. Algum tempo depois, ele já estava de pé ao lado da cama, arrumando-se para ir embora, curvou-se e a beijou, ainda deitada.

— Adeus, querida! – ele se despediu, saindo e Raquel ouviu a chave fechar a porta da frente.

Agitada e solitária, decidida a gastar um pouco de energia, levantou-se em um pulo, arrumando-se para sair de casa, já que, ela era sócia de uma daquelas gigantescas academias, que funcionava 24 horas e, sempre, que se sentia frustrada ou triste, ia para lá, malhava e corria como uma louca, até se sentir esgotada ou de melhor humor. Mas, na hora de sair de casa, mais uma vez, teve dificuldade de trancar a porta, resmungando, planejou chamar um chaveiro para resolver isso, logo no dia seguinte.

Após uma hora, correndo na esteira e fazendo musculação, Raquel sentiu que seu humor melhorou, tomou um banho na academia e voltou para casa. Porém, ao tentar abrir a porta, a sua chave não girava na fechadura, estava travada, e ela, presa do lado de fora do seu apartamento. Continuou tentando, tentando e nada, imaginando como poderia conseguir um chaveiro naquela hora da noite em pleno sábado. O desespero da situação, juntou-se a frustração e tristeza anteriores e Raquel encostou-se na parede e deslizou até o chão, chorando. Sem saber quanto tempo havia ficado ali sentada no corredor, desolada, ouviu a porta do elevador abrir e seu vizinho antipático, saiu dele, carregando algumas sacolas de compras. Só faltava essa!  Pensou, irritada.

— O que você está fazendo aí, no chão? – o homem perguntou, com uma expressão surpresa.

— Chorando! – respondeu, de mal humor.

— Isso eu estou vendo! Mas, por que você está chorando do lado de fora do seu apartamento? 

— Não consigo entrar! – E mostrou a chave em sua mão. – Ela não abre! – disse, lamuriando-se.

— Ah! -  exclamou, depois abriu a porta do seu apartamento e entrou, sem falar mais nada.

Muito obrigada pela ajuda!  Raquel pensou, decepcionada. Então, cinco minutos depois, ele voltou com dois pequenos arames finos

— Com licença! - pediu, secamente, ela se afastou e ele ajoelhou-se em frente da porta, enfiou os arames na fechadura, mexeu, remexeu e a porta abriu – Pronto – disse, sem emoção na voz.

— Você abriu! – Raquel exclamou, empolgada, sem poder acreditar naquele milagre.

— A trave estava presa, mas você precisa trocar a fechadura, senão vai acontecer de novo -  explicou e cada um foi para a sua porta

— Obrigada -  Raquel agradeceu antes de entrar. - Aliás, o meu nome é Raquel. Olha! Se você tiver alguma coisa que eu possa ajudá-lo e só pedir.

— Tudo bem – ele respondeu, friamente, e entrou, sem dar mais atenção a ela.


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