Três amigas e o amor. escrita por calivillas


Capítulo 4
Ana – Fim de festa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/724314/chapter/4

O pequeno grupo se voltou, surpreso, em direção da voz, e lá estava o homem que esbarrou em Ana no bar mais cedo, com um encantador sorriso, fazendo joelhos dela fraquejarem.
— Ah, Marcelo, você faria esse favor? – Raquel se dirigiu a ele, entusiasmada com a solução – Você seria um amor, salvaria as nossas vidas – exagerou, animada.
— Não! Não precisa! Não queremos lhe dar trabalho e tirar você da festa –– Ana protestou, com veemência, não se sentido nada à vontade com a ideia.

— Não se preocupe, eu estava indo embora mesmo e, além disso, eu gosto de dirigir, o trânsito está bom a essa hora da noite, não é nenhum problema para mim - Marcelo replicou de maneira simpática, não parecia disposto a aceitar uma recusa.
Por isso, Ana se sentiu tentada a aceitar a carona. No entanto, não compreendia como um cara igual a ele, estava saindo sozinho dessa festa e, ainda, querendo bancar o motorista de duas garotas desconhecidas como elas. Olhou para Silvia procurando uma resposta, que parecia desesperada para ir embora.

— Está bem, aceitamos a sua carona – Ana concordou, dando-se por vencida. As amigas sentiram-se aliviadas com a solução e Raquel fez as apresentações.

— Marcelo, estas são minhas melhores amigas, Ana e Sílvia. Cuide muito bem delas! – Recomendou em tom de brincadeira - Meninas, esse é Marcelo e, como estão vendo, ele é muito gentil, porque eu não deixaria vocês com qualquer um. Não se preocupe comigo, eu pego uma carona com um amigo mais tarde. Adeus e me ligue amanhã, mas não muito cedo. Beijos – Raquel se despediu, dispensando-as, rapidamente. Depois, voltou-se para o seu grupo e sua conserva.
Dentro do elevador, entre eles, havia uma certa cortesia formal comum entre estranhos. Marcelo, educadamente, perguntou onde elas moravam e achou que seria melhor deixar Silvia, em casa, primeiro.
O carro de Marcelo era um esportivo de luxo, importado, preto, cheirando a novo e, para total surpresa delas, ele abriu a porta para elas entrarem, ligou o som baixinho, seguiu-se um breve momento silêncio meio constrangedor, onde se escolhiam, com cuidado, as palavras a serem ditas. Foi Ana que o quebrou o gelo, iniciando uma conversa casual, uma parte para ser educada e outra para satisfazer sua curiosidade sobre ele.

— Você trabalha com Raquel, Marcelo? - perguntou, curiosa, fitando seu perfil, obscurecido na penumbra do carro, encarando a rua em frente.

— Não, sou amigo de Roberto – Marcelo se voltou, rapidamente para ela. - Conheço Raquel de algumas festas e encontros sociais, ela parece ser uma boa pessoa – respondeu, com um sorriso simpático.

— Sim, é mesmo. Nós nos conhecemos desde quando éramos crianças, frequentávamos a mesma escola. Nós três nos tornamos amigas, há muito tempo.

— Mas vocês parecem ser bem diferentes. Dava para ver que você se sentia um tanto deslocada naquela festa – ele revelou, bem audacioso, pois, realmente, ela e Silvia deveriam parecer alguma espécie de aberração naquele lugar, no meio daquela gente.

— Está tão na cara assim? – indagou, sem jeito.

— Sim, estava – Marcelo confirmou.

— E você? Por que está saindo sozinho dessa festa? – Era a vez de Ana provocar.

— Eu não estou sozinho, estou com vocês – ele respondeu, com um sorriso travesso.

— Você sabe o que estou dizendo! – Ana rebateu, não entendia o porquê estava fazendo isso, instigá-lo daquela forma.

 - Talvez, eu esteja um pouco cansado da mesmice de sempre.

— Por isso, você resolveu fazer uma boa ação e bancar o motorista de duas donzelas desamparadas? – indagou de modo irônico.- Por favor, não me entenda mal, só que é estranho.

— Porque, talvez, eu tenha outros interesses além de ser gentil.

Mas antes que ele prosseguisse, chegaram na frente do prédio de Sílvia, que estava cochilando no banco detrás.
— Ela é professora, acorda muito cedo, todos os dias, para dar aulas – Ana desculpou-se pela amiga.
— Dever ser muito bom, ter amigas assim por tanto tempo? - Ele parecia sincero
— Sim, é muito bom – concordou. – Sua carona foi bastante providencial. Desculpa pelo trabalho.

— Mas se fui eu que me ofereci – Marcelo reafirmou sorrindo com simpatia. - Estava louco para sair de lá. Eu gosto de festas, mas, chega uma hora que não dá mais para aturar todas aquelas conversas de desfiles, dietas, sessões de fotos – explicou, querendo deixá-la mais à vontade.
— Então, você não trabalha com moda? Achei que você fosse modelo ou algo parecido?
— Modelo, não! - Ele negou, surpreendido pela ideia, rindo alto - Trabalho em uma multinacional. Roberto é um amigo de uma amiga, que trabalha com moda. E você? – Ana percebeu que ele mudou o foco da conversa.
— Não faço nada tão glamoroso assim, sou advogada e trabalho em um pequeno escritório, no centro da cidade -  respondeu, sem muito detalhes, pois não achava sua vida muito interessante.

 A medida que o carro avançava, pelas ruas pouco movimentadas, Ana se sentia estranhamente embriagada com o perfume dele, com notas de madeira e couro, que impregnava o carro, que a deixando meio tonta, junto com a bebida, que tomara na festa, estava certa, que nunca mais esqueceria aquele cheiro. Seu olhar se fixou, observando as mãos deles, segurando o volante, eram grandes e fortes, os tendões sobressaltados, perdeu-se imaginando como seria a sensação delas passeando pelo seu corpo, tirando as suas roupas, sentiu-se inquieta, piscou duas vezes para afastar aquele pensamento. Pois, ela sabia que Marcelo estava apenas sendo gentil, talvez estivesse interessado em Raquel. Eles continuaram uma conversa mais amena, nada comprometedor, que expusesse suas vidas, cada vez mais soltos, rindo de piadas bobas. Como se o tempo acelerasse, o carro parou na frente da portaria do prédio dela, e o encanto se quebrou. A carruagem havia virado abóbora e o príncipe iria embora, para sempre, mas a vida é assim mesmo, Ana pensou.
Mais uma vez, agradeceu a carona, com sinceridade, demorando um pouco mais e já saía do carro, quando ele a surpreendeu.

— Posso ligar para você, caso precise de uma advogada?  -  brincou, com falso tom de seriedade, Ana não esperava por isso, fitou-o, surpreendida.

—Claro! Mas não sei, se sou o tipo de advogada que você poderia precisar -  Ana respondeu, com duplo sentido, mesmo sem muita esperança que um dia ele ligaria, deu-lhe seu número.

 - Nunca se sabe, o que pode acontecer. Boa noite, Ana. -  Ele se despediu, com um sorriso travesso, depois que digitou o número no seu celular.
— Boa noite, Marcelo e, mais uma vez, obrigada pela carona -  Ana respondeu, contudo, acreditava que nunca mais o veria outra vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Três amigas e o amor." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.