Três amigas e o amor. escrita por calivillas


Capítulo 27
Ana - Quanto perdida, você me deixa




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Na segunda-feira, Ana entrou ao escritório, sentindo inacreditavelmente leve e feliz, já encontrando Maria e Clara colocando a conversa em dia, na recepção.

— Bom dia, meninas! - Ana as cumprimentou, cantarolando, com um sorriso luminoso.

— Bom dia, Ana!  responderam uníssono

— Nossa! Ana, você está ótima hoje. Cara boa, alegre e até um pouco bronzeada. O fim de semana foi bom mesmo - Clara foi a primeira a reparar na mudança da aparência de Ana.

— Foi ótimo!

— Isso tem jeito de namorado novo, é isso? - Maria continuou, indiscreta.

— Pode ser - Ana respondeu, enigmática, mas torcendo que elas estivessem certas.

— Que bom! Até que fim! - Maria exclamou, entusiasmada.

Ana pensou porque todo mundo falava algo parecido, afinal, não estava tanto tempo assim sozinha. Mas, para falar a verdade, há muitos anos, não tinha nenhum relacionamento sério.

— Isso é para você! – Clara afirmou e entregou-lhe uma pilha de pastas e papéis, porém, sentia-se tão feliz que não se importou, foi para sua mesa, onde outra pilha de pastas já a esperava.

No meio da manhã recebeu uma mensagem pelo telefone:

“Bom dia. Estou com saudades”.

Feliz, ligou para Marcelo, mas caiu na caixa postal, deixou recado, esperou um retorno, o dia inteiro, ficando na expectativa de um telefonema, porém, Marcelo não ligou.

Reuniões, pensou Ana, resignada.

Assim, passaram segunda, terça, quarta, os dias se sucederam, sem nenhuma notícia. O que havia de errado? Não podia acreditar, que ele não teria nenhum minuto para dar um simples e rápido telefonema.  Ela ligava e sempre caía na caixa postal, assim, decidiu não telefonar mais. Finalmente, resolveu que precisava ser objetiva, voltar à vida normal e esquecer, não queria viver assim sempre a espera, sem saber, quando Marcelo apareceria como se nada tivesse acontecido, sabia que seria difícil, mas era melhor não ter expectativa sobre aquela relação.

Com um tempo preciso, a pegando no meio de uma crise de insegurança, Alberto ligou.

— Ana, tentei falar com o você, para combinarmos algo.

— Eu estava viajando.

— Sei, o namorado novo – Seu tom ficou desanimado.

— Foi.

— Então, pelo visto, aquele relacionamento está indo em frente - Ana não respondeu, pois não sabia o que falar. - Ou não – Alberto completou a perceber a hesitação dela.

— Sabe, Alberto, é complicado.

— Se é assim, por que não saímos qualquer dia desses? Apenas como amigo – completou apressado. – Talvez para ouvir uma opinião masculina sobre o assunto.

Ana sorriu ao telefone, percebeu que ele sorriu de volta.

— Sim, vamos combinar. Quem sabe, nesse fim de semana?

— Eu ligarei. Beijos, Ana.

— Beijos, Alberto.

Naquela quinta à noite, desanimada e cansada, ela fez um rápido jantar, tomou um bom banho e vestiu um velho e confortável pijama, colocou pipoca no micro-ondas e começou a rever alguns trabalhos dependentes. Depois de algum tempo, a campainha da porta da frente tocou, imaginando quem seria àquela hora, Ana olhou pelo visor e para sua surpresa, viu Marcelo, de terno e gravata, como se tivesse vindo direto do trabalho, ela abriu a porta de supetão, o encarou com a cara fechada, ele lhe devolveu um sorriso encabulado.

— O que você está fazendo aqui, agora, Marcelo? – perguntou, sem disfarçar seu mal humor.

— Desculpe-me, por não ter ligado! -  falou, sem graça, e tentou abraçá-la.  Ana deu passo para trás o evitando, estava muito irritada, os braços dele penderam ao lado do corpo, sem resistência.

Na cozinha, o micro-ondas apitou, mas ela não se mexeu.

— Eu entendo que você esteja aborrecida comigo, não sou o melhor namorado do mundo, mas tive um dia duro, mas queria muito ver você - Ele tinha a expressão desanimada, estava abatido, olheiras escuras sob os olhos e parecia até mais magro.

— Você não retornou meus telefonemas - Ana reclamou, esperando uma explicação.

— Estive muito ocupado todos esses dias.

— Já sei, reuniões - Ana concluiu, pois sabia das mesmas desculpas de sempre – Marcelo, você me deixa perdida. Eu não sei o que você quer de mim, um dia parece que está tudo bem, depois desaparece, sem ao menos me dar uma única explicação e, de repente, aparece na minha porta, de surpresa, dizendo que sente a minha falta. Você está me enlouquecendo, não sei o que pensar sobre isso tudo.

Sim, eu sei que tudo parece muito estranho para você, Ana. Mas, estamos aprovando um projeto muito grande e com muita gente envolvida e opiniões bem diferentes – Marcelo esclareceu mais uma vez, parecendo, realmente, muito cansado, como se carregasse uma imensa carga sobre os ombros. Mesmo desconfiada, ela saiu da frente, para deixá-lo entrar, tirando o paletó e a gravata, jogou-os sobre uma cadeira. – Algumas coisas que eu não concordo, tento remediar, mas sou voto vencido.

— Tão ruim assim?

— Bastante, estou fazendo algo que não gosto – respondeu, angustiado, mas sem dar detalhes. - Por favor, eu prefiro não falar sobre isso agora, só quero estar com você.

— A propósito, como você entrou no prédio?

— Uma vizinha sua estava saindo e me deixou entrar – Marcelo explicou, dando de ombros.

— Não é muito britânico aparecer sem avisar - Ela disse, em tom de ironia.

—Também tenho sangue italiano, mais espontâneo - Marcelo a encarou, com um sorriso que não refletiu nos olhos. – Gostei do seu pijama. – Observou, divertido, Ana tinha se esquecido de como estava vestida.

— É, eu gosto dele, é bem confortável, além disso, não esperava por você, depois de todos esses dias. Está com fome? Estou fazendo pipoca – Já não estava aborrecida, mas aquela situação precisa ser esclarecida, ele não podia entrar e sair da sua vida, quando bem entendesse, sem dar explicações.

— Não, comi um sanduíche no caminho, só queria ver e ficar com você um pouco.

— Eu já volto.

Marcelo sentou-se no sofá, quando ao seu lado, o telefone de Ana enviou sinal de mensagem recebida. Sem disfarçar a curiosidade, ele olhou para tela.

— Alberto está mandando um recado, sobre o fim de semana, se está tudo certo – ele avisou com um tom soturno, quando Ana retornou a sala.

— Ele é um amigo, combinamos de sair, porque não sabia quando ou se você iria aparecer outra vez.

— Tudo bem – falou, depois de um longo suspiro, segurou-a pela mão e a trouxe para junto dele no sofá, e deitou, abraçando-a e não disse mais nada, ela também não perguntou, sabia que não era o momento de ter uma conversa séria. 

Assim, ele relaxou tanto, que acabaram adormecendo, abraçados. Até que no meio da noite, Ana acordou, dolorida, pela posição desconfortável, no leito improvisado e apertado.

— Marcelo, vamos para a cama - sugeriu, ainda sonolenta, mas ele sentou-se, passado na mão nos cabelos.

— Não, preciso ir para casa – Marcelo afirmou, procurando por seus pertences.

— Por que? Você está exausto. Amanhã, poderá acordar mais cedo e ir para casa se arrumar.

— Eu não posso – ele respondeu, quase em um lamento.

 - Por que nunca passa a noite, aqui, comigo? - Ana não se conformava com aquela atitude dele de sempre sair no meio da noite.

— Bem que eu gostaria, mas não posso - Ele parecia chateado, porém não deu justificativa, pegou o paletó e a gravata largados na cadeira e foi para porta, ela o seguiu.

— Você não sabe o bem que me faz, Ana – relevou, com a voz suave, acompanhando a o contorno do rosto dela com a mão.

— Mas, eu não fiz nada! – Ana replicou, Marcelo apenas deu um sorriso que não refletiu nos olhos e um longo beijo, indo embora

— E você nem imagina, quanto perdida, você me deixa – Ana confessou para porta fechada.

Assim, outra vez, sozinha, notou seu computador em cima da mesa e não resistiu, em um site de busca digitou “Marcelo Larsson”, porém nada apareceu. Havia alguns Larsson, mas ninguém, com este nome. Então, imaginou uma solução para suas dúvidas, precisava conversar com Raquel, já que ela o conhecia.


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