Três amigas e o amor. escrita por calivillas


Capítulo 17
Sílvia – Cheia de coragem




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Nos dias que se seguiram o término do seu noivado com Pedro, Silvia ficou no quarto, desamparada, sem tomar banho ou comer, apenas deitada encarando o vazio. Seus pais estavam bastante preocupados e desconfiados que houve algo muito errado que ela não revelara, assim, a todo momento, um deles ia verificar como estava. Colocava a cabeça pela porta entreaberta, para olhava para dentro do quarto, ressabiados e decepcionados quando viam a filha com a mesma roupa de vários dias, despenteada e abatida, com os olhos inchados de tanto chorar.

— Você está bem, Sílvia? – Era uma pergunta retórica, pois a resposta se mostrava óbvia. - Quer comer alguma coisa? – seu pai questionava, mais uma vez, segurando uma bandeja com um prato fumegante. – Sua mãe fez a sua sopa predileta

— Não quero comer nada. Eu estou bem, só estou um pouco gripada, não tenho fome – ela reafirmava a mentira.

— Quer que chamemos um médico? Ir a um pronto-socorro?

— Não, pai. Não é necessário, eu estou bem.

— É só isso mesmo, Silvia? Você pode confiar na gente, somos os seus pais e a amamos. É algum problema no trabalho? Dívidas? – seu pai a incentiva, mas Silvia confirmava a mentira.

— Não, pai. Acho que é só uma virose muito forte, logo estarei melhor.

— Mesmo assim, deixarei a sopa aqui, caso tenha fome mais tarde - O pai colocou a bandeja sobre a mesa do computador, que ficava ligando noite e dia, na espera inútil de um retorno de Pedro. Seu pai saiu do quarto, hesitante, fechando a porta bem devagar.

Várias vezes por dia, ela tentou entrar em contato com Pedro, mas sem sucesso. Imaginava, que se ao menos conseguisse conversar com ele, relembrar o seu passado, com certeza, mudaria de ideia, voltaria a trás na sua atitude intempestiva. 

Naqueles dias sóbrios, Sílvia não tinha ânimo de pegar no telefone e ligar para alguém, como poderia falar em voz alta, que estava tudo acabado entre ela e Pedro, assim pareceria que era realmente verdade. Continuava a repetir para si mesma, que ele só estava confuso pela distância e pela solidão, com o tempo ele voltaria a razão, lembrando de todos aqueles bons momentos que passaram juntos e mudaria de ideia.

Depois de algum tempo, Ana ligou, Sílvia não queria falar com ela, mas sua mãe insistiu.

— Oi, Ana – cumprimentou a amiga, com a voz desanimada.

— Sílvia que voz é essa, Sílvia?

— Nada demais. Eu só estou gripada – Silvia continuava a mentir.

— E como está Pedro?

— Bem – Silvia respondeu, pensando, porque todo mundo com quem falava, sempre, perguntava por Pedro.

— Sílvia, o que houve? Eu conheço você, isso não é gripe.

— Ana, Pedro terminou comigo! – revelou com a voz embargada, após um longo suspiro e caiu em prantos.

— O que? Como assim terminou com você? – Ana indagou, chocada com a notícia.

— É isso! Na verdade, ele pediu um tempo. Falou que precisava de espaço e que eu o estava sufocando - Sílvia disse, entre lágrimas.

— Calma, Sílvia! Ele pode mudar de ideia, vai pensar bem e colocar a cabeça no lugar. Talvez com a distância ele comece a sentir a sua falta. Afinal, vocês se amam – Ana tentou consolar a amiga.

— Sim, nós nos amamos. E um grande amor não pode terminar desse jeito – Sílvia afirmou, convicta – Talvez, se eu pudesse falar com ele, abraçá-lo e tocá-lo, lembraria como eram felizes juntos – cogitou, e uma pequena chama de esperança aqueceu seu coração.

— Mas, ele está longe, como poderá fazer isso Sílvia? - Ana ponderou, a trazendo para a cruel realidade.

— Eu sei que ele está longe – Sílvia exclamou, abatida, então, de repente, mudou para um tom mais animado – Mas, espera aí! Eu tenho meu passaporte e a passagem, posso ir até lá e falar com ele. As férias escolares começarão em alguns dias, poderei viajar e, aí, conversaremos, pessoalmente, olhos nos olhos. Assim, eu sei que ele mudará de ideia!

A voz de Sílvia foi ficando cada vez mais exaltada, à medida, que falava, ela estava eufórica. Sua vontade de rever Pedro era tanta, que não cogitou nem o medo de enfrentar uma viagem para o exterior sozinha, logo ela que mal tinha saído do próprio bairro.

— Sílvia, você quer viajar para outro país, sozinha, para conversar com Pedro. Pode até ser que funcione, mas eu tenho minhas dúvidas. Além do mais, você nunca foi a lugar nenhum desacompanhada em toda sua vida, como vai viajar para um país estranho desse modo -  ela lembrou.

— Preciso ir até lá, Ana! É minha última esperança, tenho fé que vai funcionar. – Sílvia concluiu, entusiasmada.

— Espero que sim, Sílvia.

A perspectiva do reencontro com Pedro e de conversarem cara a cara desfazer esse terrível mal-entendido, deu a Sílvia um novo ânimo para enfrentar as aulas e a sua vida até a viagem, estava cheia de esperança que iria reconquista o seu amor. Para isso, ela fez um planejamento minucioso desde o aeroporto até chegar à cidade no interior da França, onde Pedro estudava e morava, estava anotando tudo, cuidadosamente, nos mínimos detalhes, como ela gostava, nada podia dar errado. Até escolheu alguns hotéis, mais em conta, em Paris, para uma possível viagem de reconciliação, que, com certeza, aconteceria, assim viveria uma verdadeira lua de mel. Já se sonhava passeando de mãos dadas com o seu noivo às margens do Sena, visitando a os pontos turísticos da cidade mais romântica do planeta, conhecendo os seus museus, bebendo vinho nos bistrôs com mesas na calçada. Silvia se sentia cada vez mais ansiosa com a proximidade da viagem, ao mesmo tempo, estava muito orgulhosa da sua coragem, pois sempre foi superprotegida, a noiva, filhinha e irmãzinha mais nova, que nunca tinha feito nada tão diferente, nunca tinha sido tão espontânea e determinada na vida.


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