Três amigas e o amor. escrita por calivillas


Capítulo 15
Sílvia - Seria o fim de todos os seus sonhos?




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Na sexta, Sílvia recebeu uma mensagem de Ana pedindo que ligasse para ela assim que pudesse. Essa atitude não era comum para a amiga, por isso, no intervalo entre as aulas, ligou para ela um tanto aflita.

— O que houve, Ana?

— Você nem vai adivinhar o que aconteceu? – Ana indagou, eufórica

— Marcelo ligou e vocês saíram – Sílvia respondeu de um jeito casual.

— Como você adivinhou?

— Pelo seu jeito tão animado, supus que tenha sido algo bom. E aí?

— E aí, fomos a um restaurante incrível, um japonês.

— Japonês?! Você?!

— Sim, estou disposta a experimentar coisas novas – Ana retrucou na defensiva.

— Tudo bem. E aí? – Fez um momento de silêncio. – Não me diga que vocês...

— Sim, eu o convidei para subir e nós dois... – Ana abaixou o tom de voz para não ser ouvida por mais ninguém no escritório – transamos.

— Você transou no segundo encontro?! – Sílvia estava incrédula. – E as suas regras de conhecer bem o cara, ter confiança, saber com que está se envolvendo?

— Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas não posso viver assim presa a regras a minha vida toda – Ana rebateu.

— Ninguém precisa viver assim, Ana. No entanto, você não é uma pessoa que não se envolve, que faz apenas sexo casual.

— Eu sei, Sílvia.

— Então, cuidado para não se ferir.

— Eu terei, mas, por favor, não conte nada para Raquel, já que ela o conhece.

— Não entendo o porquê desses cuidados, mas não contarei.

— E como vão os preparativos da viagem? – Ana mudou o rumo da conversa.

— Indo bem, já dei entrada no passaporte, procurei a passagem mais barata e, em pouco tempo, eu e Pedro estaremos juntos outra vez.

— Fico feliz por você, Sílvia.

— Não vejo a hora, as ligações de Pedro estão ficando mais curtas e raras. Muitas vezes, ele nem liga mais, ficou frustrada o dia inteiro, mas não quero aborrecê-lo com minhas paranoias.

— E você já perguntou a ele o porquê disso?

— Já, ele me disse que não vive em função disso, que tem muitas coisas para fazer, parecia impaciente com a minha pergunta – Sílvia explicou, aborrecida. Ana desconfiou que havia algo errado, entretanto, não queria preocupar a amiga com uma mera suposição. — Eu não quero ser pegajosa, no entanto, eu sinto muito a falta dele — ela se justificava, como sempre, compreensiva. – Ele já está dois dias sem dar notícias, vou insistir hoje à noite.

— Talvez, ele não tenha falado com você por algum motivo – Ana queria alertar a amiga, que havia algo erro, e ela não estava percebendo, contudo, Sílvia não se deixou abalar, assim, se despediram.

Naquela noite, Sílvia só conseguiu falar com ele, depois de várias tentativas, já estava quase desistindo, quando Pedro surgiu na tela, com um ar aborrecido.

— Querido, por que você não entrou em contato nesses dois últimos dias? Aconteceu algum problema? — Sílvia sentia uma mescla de ansiedade e alívio.

— Não, Sílvia, está tudo bem! Eu, simplesmente, ando muito ocupado! – Pedro repetia a mesma ladainha, irritado.

— Desculpe, querido! Eu só fico preocupada com você — Ela tentou acalmá-lo, com ternura.

— Sílvia, a nossa situação não pode continuar assim. Nós dois temos objetivos e ideias diferentes do queremos da vida – Ele começou em tom solene e frio.

— Como assim objetivos e ideias diferentes da vida? – Sílvia se sentiu confusa com aquelas palavras.

— Olhe, Sílvia, acho melhor a gente dar um tempo. Você está aí e eu estou aqui, há muita distância entre nós, estamos vivendo em mundos bem diferentes, nossas vidas tomaram um novo rumo e estamos nos afastando cada vez mais. Será melhor para ambos nos distanciarmos um pouco, termos tempo para pensar o que queremos para nós – ele declarou, de forma fria e lógica.

— Não estou estendendo! Como assim dar um tempo? O que você quer dizer com isso? – Aquelas palavras não faziam o mínimo sentindo para ela.

— Sílvia, o que eu quero dizer é que precisamos ficar livres, nos abrirmos para novas experiências de vida, conhecer outras pessoas, mudar nossas visões — continuou a explicação, sem nenhuma piedade da perplexa Sílvia do outro lado da tela.

— Você está terminando comigo? É isso, Pedro? – Ela, finalmente, compreendeu a situação.

— Não estou, exatamente, terminando com você, Silvia! Só dando um tempo, eu preciso de liberdade. Vivemos a vida toda grudados um no outro, até agora, por isso preciso me conhecer e crescer, descobrir a mim mesmo!

— Pedro, querido, por que você está fazendo isso? O que eu fiz de errado? – Agora, Sílvia se sentia desesperadamente perdida.

— Sílvia, você não fez nada errado. Como eu falei, só quero me sentir livre, me abrir para uma nossa perspectiva de vida e você fica aí me cobrando o tempo todo, querendo a minha atenção. Eu quero experimentar algo novo! — Pedro falava, exaltado.

— Pedro, algo novo? É outra mulher? — perguntou, indecisa, com medo da resposta.

— Não é, exatamente, uma outra mulher.

— Como não exatamente?

— Pode ser...  Olha, Sílvia! Essa é uma via de mão dupla, você também pode conhecer outras pessoas, crescer longe de mim, ampliando seu mundo.

— Mas, eu não quero conhecer mais ninguém, não preciso ampliar o meu mundo. Meu mundo é você! Eu só quero você, Pedro! – falou, em desespero.

— É disso que eu estou falando! Você me sufoca, Silvia! – Ele disse, angustiado.

— Eu sufoco você? Como?

— Fazendo isso! Me cobrando sempre e sempre! Para mim, chega! Eu tenho que ir. Adeus, Sílvia. – E ele finalizou, desaparecendo da tela.

— Espere, Pedro! – gritou para a tela vazia, sem acreditar que aquilo estivesse acontecendo com ela.

Imaginando, que estivesse ainda dormindo e aquilo fosse um terrível pesadelo, que iria acordar logo e a vida continuaria como antes. Mesmo assim, Silvia esperou por algum tempo, talvez, ele estivesse mal-humorado e logo voltaria para falar com ela, mas Pedro não retornou.

Ela não sabia o que fazer, estava desnorteada, era como tivesse arrancado um dos seus braços. O que ela iria acontecer agora? Achando, que ele teria que mudar de ideia, pois sua vida não poderia desmoronar assim tão subitamente. O casamento, o apartamento e sua ideia daquela vida perfeita ao lado do homem que amava, seria o fim de todos os seus sonhos?

Então, ligou para escola, mentiu que estava doente, porque era assim que se sentia, quase à beira da morte por desilusão, e que não poderia dar aulas naquele dia, não queria falar com ninguém nem sair de casa. Também, não contaria nada aos seus pais, por enquanto, pois se Pedro voltasse atrás, os teria preocupados à toa. Neste momento, perdida em seus pensamentos, Sílvia ouviu uma leve batida, a porta do seu quarto e a cabeça de sua mãe apareceu pela fresta recém-aberta.

— Sílvia, querida, você vai se atrasar para o trabalho. Perdeu a hora? – Ela falou baixinho, como para não a assustar.

— Não, mãe. Já liguei para o colégio e avisei, que não estou me sentindo bem e que não irei hoje.

A mãe entrou no quarto, Sílvia ainda estava sentada na frente do computador, colocou a mão na testa da filha, para verificar se ela tinha febre.

— É, você não parece bem mesmo! Está pálida! Andou chorando? — A mãe perguntou, preocupada com a filha, que nunca faltou nenhum dia de trabalho, mesmo estando doente.

— Não, só muito gripada — Sílvia mentiu, passando a mão no rosto, na tentativa de melhorar a aparência.

— É melhor, você deitar um pouco. Quer que traga algo para você comer? – A mãe ofereceu, prestativa.

 — Não, obrigada. Não estou com fome – Silvia não sentia mais nada, naquele momento, a não ser desamparo e desesperança.

— Você já falou com Pedro hoje? – Sua mãe quis saber, curiosa para saber as novidades.

— Já, mãe. Está tudo bem, sem novidades. Por favor, eu quero ficar aqui sozinha e dormir um pouco – Sílvia disse, cm uma expressão abatida, não queria continuar a conversar nem que a mãe a visse chorando.

— É melhor, mesmo. Caso, precise de algo, me peça

A mãe saiu, fechando a porta devagar.

Sílvia se deitou e ficou olhando para o teto, não sabia o que fazer, no que pensar, sem poder acreditar, como tudo poderia ter acabado daquele jeito tão absurdo. Pedro sempre falou que a amava, mesmo que, ultimamente, ela não se lembrasse de ele ter dito isso.

Pedro foi seu primeiro e único amor. O primeiro e único homem da sua vida, nunca houve mais ninguém, nunca desejo que houvesse. Por toda sua vida, achou que seu destino fosse casar com ele, ter seus filhos e envelhecer juntos. Agora, toda a sua vida não fazia mais sentido. 


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