Enquanto existir o amor... escrita por Mayfair


Capítulo 8
Desabafos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! ;-)



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Já estavam todos comendo quando eles chegaram. Hermione corou até o último fio de cabelo ao ver que todos os amigos olhavam para os dois descaradamente.

— Bom dia! – Rony estava radiante, e não fazia questão alguma de esconder. Sentou-se de frente para Harry, que também sorria abertamente.

— Quando isso aconteceu? – Gina perguntou, soltando a mão do moreno ao seu lado, que estava escondida em baixo da mesa.

 - E isso importa? – Angélica cortou, percebendo que no mesmo instante a castanha ficou se jeito – Isso é motivo de comemoração!

— Concordo com a Angélica! – Harry percebeu o olhar agradecido que a amiga tinha lançado para a ruiva. Conversaria com ela depois. Estava muito feliz por eles, pois sabia o quanto o melhor amigo estava sofrendo mantendo seus sentimentos em segredo. - “Assim como eu”— pensou amargurado. Se Rony havia conseguido colocar tudo pra fora, ele também conseguiria. Decidiu que conversaria com Gina a respeito disso o mais rápido possível. Afinal de contas, estava claro para os dois o quanto se gostavam, mas não era justo com seus amigos manter isso em segredo por mais tempo.

—Vamos com calma. – Hermione olhava para as próprias mãos. Ainda não havia soltado a mão do ruivo, que as mantinha juntas em seu colo. Ele lhe deu um aperto carinhoso, incentivando-a a olha-lo. Ele tinha um sorriso tranquilizador.

— Estamos apenas no começo, ok! – ele se pronunciou, tentando olhar sério para os outros, mas sem obter sucesso – Então não fiquem alardeando por aí! – olhou especificamente para a sua irmã, em um recado bem claro que dizia: “Nada de contar para os nossos pais!”. Ficou mais tranquilo quando ela acenou a cabeça em entendimento. Estava extremamente contente, e se fosse apenas pela sua vontade, sairia gritando aos quatro ventos que estava com Hermione, mas prometeu que iria respeitar o ritmo dela, e não pretendia fazer de outra forma.

— Então Rony, vai fazer os testes para goleiro esse ano, não é? – Harry mudou o assunto para algo mais confortável – Preciso do time forte se quisermos ganhar aquela taça. A saída dos gêmeos vai ser um desfalque e tanto.

— Eu não sei. – o ruivo respondeu com a boca cheia de torrada, com a expressão um pouco nervosa.

— Claro que vai! – Hermione disse antes mesmo que o moreno pudesse argumentar – Rony, você é incrível! Não precisa se preocupar.

— A Mione tem razão! – Gina deu apoio – Precisamos de você! – sabia que o problema do irmão era apenas o nervosismo, mas que ele realmente era um bom jogador.

— Eu vou pensar. – respondeu vencido – Mas não prometo nada!

— Na sua escola vocês jogavam quadribol, Angélica? – Hermione perguntou curiosa. A ruiva nunca opinava quando o assunto era esse.

— Havia alguns times. – a ruiva respondeu pensativa – Mas nunca prestei muita atenção. Não era o esporte da escola, apenas jogo amador. Acho que nunca nem vi um jogo oficial. Nem sei exatamente como se joga.

— Como assim? – os outros quatro exclamaram, como se isso fosse quase uma heresia. Passaram o resto do café da manhã explicando o esporte para a ruiva.

No caminho para a primeira aula, Hermione ainda estava de mãos dadas com Rony, enquanto o mesmo ainda conversava com Harry sobre os testes, que seriam no próximo fim de semana. Angélica estava um pouco distante, perdida em pensamentos, então deixou a mente vagar, pensando nas próximas aulas. Estava tão distraída que simplesmente parou quando o viu, completamente sem reação. Na porta da sala estava Draco Malfoy, que parecia querer matar alguém apenas com o olhar. Sentia a raiva emanando dele em ondas, como uma aura. Demorou dois segundos para perceber para onde ele dirigia o olhar: sua mão entrelaçada com a do ruivo ao seu lado.

Rony sentiu Hermione parar abruptamente. Como nesse mesmo instante, Angélica havia perguntado algo para Harry, virou-se para a castanha para saber o que houve. Ficou confuso ao ver a expressão estranha no rosto dela.

— Está tudo bem, Mione? – ela não respondeu, apenas continuou olhando para frete.

Ele seguiu seu olhar e se deparou com Malfoy, com cara de poucos amigos, olhando diretamente para eles. Sentiu o sangue ferver. Podia ver que o loiro estava encostado na parede, parecendo perfeitamente confortável com os braços de Andresa ao redor da sua cintura. Então quem diabos ele pensava que era para olhar daquela forma para Hermione? Como se fosse seu dono?

— Hey! – ele sussurrou para ela, puxando-a para mais perto – Eu estou aqui, ok?! – tocou seu rosto de forma carinhosa, atraindo sua atenção.

— Eu sinto muito, Ron. – ela sussurrou de volta. Não podia fingir que aquilo não a afetava. Não podia mentir, não para ele. Sentia o olhar de Draco em si, e finalmente teve alguma reação: raiva. Ele não tinha esse direito! Ele havia deixado claro que eles não tinham nada! Olhar nos olhos do ruivo na sua frente fez sua raiva derreter e seu coração aquecer. Ele sim merecia seus sentimentos. Ele sempre fora seu amigo, e agora, no momento mais difícil, estava ao seu lado, sendo compreensível, atencioso e carinhoso.

— Um passo de cada vez. – ele disse ainda em tom de voz baixo – Estou com você.

— Um passo de cada vez! – ela concordou, segurando mais firme em sua mão, voltando a caminhar.

Passou pelo loiro sem nem ao menos lhe dirigir o olhar. Fingiu que ele era parte da decoração, apenas mais uma estátua.

Não diria que foi fácil, mas ao final do dia, estava completamente orgulhosa de si própria. Passara o dia todo fingindo que Draco Malfoy não existia. Em cada momento de fraqueza, encontrava apoio nas mãos de Rony, que sempre lhe sorria confiante. Se separaram apenas após o jantar, quando o ruivo saiu para fazer sua ronda com a Luna. Durante a viagem de trem, ela havia feito o sorteio das duplas que trabalhariam juntas durante o período letivo, e ele era o par da loira. Ela ficou feliz, porque no fundo tinha medo de que a garota ficasse solitária com o fim da A.D., e os dois pareciam se darm bem. Como Harry tinha uma reunião com Dumbledore, sentou-se no seu lugar favorito em frente à lareira para fazer as tarefas com Angélica.

— Você não vai me perguntar sobre como aconteceu? – perguntou depois de uns 10 minutos de silêncio, enquanto a ruiva apenas encrava o livro á sua frente, sem realmente lê-lo.

— Não quero ser indiscreta. – ela respondeu de forma simples, virando-se para a castanha – Mas você pode me contar, se estiver precisando conversar com alguém.

— Bem, eu... – não sabia por onde começar. Sentou-se ereta, respirando fundo – Eu contei tudo á ele, ontem à noite.

— Quando ele foi te procurar? – imaginou que algo havia acontecido, mas pela cara da castanha de manhã, mas não havia pensado que fosse algo bom.

— Sim. – abaixou o tom de voz, com medo que alguém ouvisse – Ele me encontrou na biblioteca.

— Não preciso nem perguntar como ele reagiu. – sorriu – Pela forma como estão, ele deve ter entendido.

— Eu fiquei tão surpresa! – finalmente desabafou – Ele era a última pessoa do mundo que eu poderia imaginar que aceitaria o que houve entre eu e o... – não conseguiu se obrigar a pronunciar o nome do loiro.

— Aconteceu alguma coisa a mais entre vocês dois? – olhou no fundo dos olhos da amiga. Ela estava abalada demais de manhã para apenas ter conversado com Rony.

— Eu não quero mais pensar sobre isso. – suspirou triste – Mas ele apareceu durante a minha ronda, me beijou e depois foi embora.

— Como assim? – não queria pressionar a garota a falar, mas era surreal demais ouvir aquilo.

— Ele também disse que gosta de mim, antes de ir embora. – controlou-se para ser o mais impessoal possível – E disse que isso não muda nada. Então foi embora, fim da história.

— E como você está com isso? – segurou a mão de Hermione por cima dos livros, em solidariedade.

— Um lixo! – soltou triste – Mas vou superar! – tentou sorrir de forma confiante.

— E vai usar o Rony para isso? – soltou as palavras sem perceber, arrependendo-se instantaneamente.

— Não estou usando ele! – puxou a mão de volta, exasperada – Ele sabe sobre os meus sentimentos! Além do mais, foi ideia dele! Eu nunca menti ou fingi alguma coisa!

— Desculpa Mione, não quis parecer ofensiva! – disse arrependida – Apenas não quero que vocês se magoem.

— Eu sei! – suspirou – Você não acha que eu não pensei a mesma coisa? Que estou usando um dos meus melhores amigos para tapar o sol com a peneira! Mas sinceramente, não sei o que fazer.

— Apenas seja sincera com ele e com você, ok? – sorriu amigavelmente – Ambos merecem isso, assim como merecem ser felizes.

— Falando em felicidade... – resolveu mudar de assunto – Você e o Constantine parecem bem próximos.

— Ele é um bom amigo. – sentiu seu rosto pegar fogo e desviou os olhos para os livros.

— Ele me parece querer ser mais do que apenas seu amigo! – cutucou maliciosamente. Não era como se ele disfarçasse. O rapaz sentava ao lado da ruiva em todas as aulas, já que tinham a maioria das aulas conjuntas. Apenas se afastava durante as refeições, já que era de outra casa. E dava para ver o brilho nos olhos dele quando olhava para Angélica, além de praticamente beber as palavras que ela dizia como se fossem a sua fonte de vida.

— Não acho que ele me vê dessa forma. – suspirou. Claro que com o seu pacto de sempre ser sincera consigo mesma, já havia admitido internamente que sentia algo especial pelo garoto. Sempre que se pegava pensando nele, sentia algo estranho no estômago. Durante o passeio que haviam feito pelo jardim, havia passado mais tempo do que gostaria de admitir admirando o reflexo que a luz do sol produzia em seu cabelo dourado, que iam até os ombros. Ter o cabelo comprido não o deixava com qualquer tipo de aspecto afeminado, muito pelo contrário. Também precisava aceitar a frequência com que se perdia em seus olhos azuis, que lembravam o céu. Não algo tempestuoso, mas o céu límpido e claro do verão. Quando viu Draco Malfoy pela primeira vez, sentado próximo á Christian, precisou disfarçar a incredulidade. Eles eram tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. Como se um fosse inverno e o outro verão.

— Agora é você quem está se enganando! – a castanha riu – Mas não estou em posição de julgar ninguém.

— Vamos mudar de assunto! – retrucou incomodada – Você conseguiu encontrar a Parkinson?

— Não! – respondeu rápido demais, atraindo o olhar desconfiado da ruiva – Não havia ninguém no banheiro. – tentou emendar, mas não era boa com mentiras. No fundo sabia que agira de forma errada. Não deveria ter deixado a morena prosseguir com o seu plano maluco, por mais que quisesse se vingar de Andresa. Iria no dia seguinte atrás dela para por um fim naquilo.

Antes que qualquer uma das duas pudesse dizer mais alguma coisa, Harry e Rony entraram pela passagem e se aproximaram.

— Preciso contar uma coisa para vocês. – o moreno disse sem cerimônia, sentando-se. Olhou nervosamente para a ruiva, enquanto o amigo se juntava à eles.

— Eu posso sair, se for algo particular. – escondeu com sucesso a decepção em usa voz. No final das contas, ainda era a novata.

— Não, pode ficar. – Harry respondeu decidido – Você faz parte do time agora.

A ruiva sorriu agradecida, ajeitando-se melhor para escutar.

— É algo que Dumbledore me contou. – olhou em volta para ter certeza de que ninguém iria ouvir, mas já estava tarde, então estavam sozinhos – Sobre Voldemort.

Quando o moreno terminou o relato, Angélica estava surpresa. Não que desconhecesse o assunto, mas não acreditava que o diretor fosse falar sobre as Horcruxs com Harry tão cedo. Ele parecia tão empenhado em proteger o jovem. Mas também sabia que o incidente do ano anterior, com o ataque ao Ministério, havia feito Dumbledore olhar a situação de forma diferente. Olhando ao redor, viu que os amigos estavam espantados.

— Dividir a própria alma! – Hermione estava enjoada. Temia que pudesse vomitar ali mesmo – Isso é a pior coisa que eu poderia imaginar.

— E ao que tudo indica, ele não fez isso apenas uma vez. – Harry ainda tentava assimilar tudo aquilo.

— Até onde alguém pode chegar para conseguir poder? – Rony perguntou retoricamente. Também não conseguia entender tal ato.

— E Dumbledore já sabe quais são os objetos escolhidos? – a ruiva realmente queria saber sobre isso. Nunca conversara deforma aprofundada com o diretor sobre esse assunto. Não era parte do seu trabalho.

— Não. – Harry percebeu que ela não parecia tão alarmada como os outros – Por isso vamos analisar várias memórias sobreo passado de Voldemort, tentando adivinhar. – suspirou – Vamos nos encontrar semanalmente para fazer isso. Mas no fundo, são apenas especulações.

— Não subestime essas informações, Harry! – a ruiva o olhou firme – Criar uma Horcrux é um faca de dois gumes, você protege sua alma caso algo aconteça com o seu corpo, mas a deixa vulnerável, presa em um objeto. Apenas uma pessoa muito desesperada se submeteria a isso. – falava de forma confiante – Além disso, é o mais perto da verdade que qualquer bruxo já chegou com relação a Voldemort. – não tinha medo de pronunciar esse nome – E em uma guerra, a maior arma é a informação!

— Angélica tem razão, Harry! – Hermione apoiava a ideia da ruiva – Pense no quanto ele ficou desesperado por causa de uma mera profecia! – tremeu levemente ao se lembrar do ocorrido – Ele perdeu a vantagem que tinha enquanto ninguém acreditava no seu retorno, expôs a si mesmo e aos seus seguidores, apenas para tentar impedir que alguém soubesse alguma coisa sobre ele. Informação é a única arma que temos.

— Vocês têm razão. – o moreno sorriu em concordância – Tentar entender tudo isso é o melhor que posso fazer.

Encerraram a conversa pouco tempo depois. Apesar de o dia seguinte ser sábado, o que significava que não tinham aula, havia sido uma longa semana, e todos estavam desesperados por uma boa noite de sono.

Na manhã seguinte, todos acordaram cedo, indo contra o esperado. Era o primeiro fim de semana e todos queriam aproveitar da melhor maneira possível.

— Eu consegui reservar o campo de Quadribol para agora de manhã. – Harry dizia durante o café, olhando para Gina e Rony – Quero aproveitar para aquecer o time que já está formado e vou receber as candidaturas para as vagas em aberto.

— Então se ninguém aparecer para se candidatar para goleiro... – Hermione começou, sorrindo, enquanto segurava a mão do ruivo.

— A vaga vai ser do Rony! – Harry complementou sorrindo para o amigo, que mais parecia que ia vomitar – E é por isso que quero que vá treinar com a gente hoje.

— Mas e se tiver algum candidato? – o ruivo perguntou, tentando não entrar em pânico – Você não pode demonstrar favoritismo, nem me colocar no time se mais alguém tiver interesse.

— Não vai ser nada oficial. – foi Gina quem respondeu – Apenas um amistoso entre a própria equipe. Mais alunos foram convidados para jogar, então não precisa se preocupar. E caso não apareça mais ninguém, vai ser uma ótima oportunidade para você treinar com o time.

— Você vai assistir, Mione? – Rony perguntou para a castanha, que parecia radiante com a ideia.

— Claro! – ela lhe sorriu – Vou estar lá para te dar apoio moral.

— E você, Angélica, vem com a gente? – Gina perguntou para a outra ruiva, que não havia dito nada desde o momento em que se sentaram para comer.

— Acho que não. – respondeu distante, apesar de sorrir – Tenho algumas coisas para fazer, e no fim das contas, não entendo muito sobre o esporte.

— Tenho o palpite que você vai se interessar por ele muito em breve! – Harry comentou, com ar travesso.

— Por quê? – a ruiva perguntou curiosa.

— Porque ouvi o pessoal comentando que o Constantine é o novo capitão do time da Sonserina. – ele terminou a frase com um sorriso quase malicioso, mas falhando ao começar a rir.

Angélica apenas corou e acompanhou a risada. Antes que pudesse dizer alguma coisa, sons de passos ecoaram ao seu lado, e ela virou-se para encarar o Prof. Snape.

— Bom dia professor. – ela cumprimentou com um aceno de cabeça, já que ele parou atrás de si.

— O diretor pediu para que me acompanhe, Srta. Angel. – disse em um tom sério, ignorando o cumprimento.

— Aconteceu alguma coisa? – Harry perguntou, enquanto a ruiva apenas se levantava.

— Se fosse algo do seu interesse, Sr Potter, você teria sido chamado. – o homem respondeu simplesmente, em tom debochado, enquanto acompanhava a ruiva para fora do Salão.

— Isso não me parece boa coisa. – Hermione comentou desconfiada – Mas perguntamos para ela quando voltar, vocês estão atrasados para o treino.

Durante toda a manhã, Hermione ficou sentada na arquibancada, assistindo os amigos jogarem. Eventualmente, alguns alunos das outras casas também apareceram, atraídos pelo barulho, e Harry convidou-os para jogar, afinal, não era um treino oficial.

Ninguém se candidatou para a vaga de goleiro, e apesar do nervosismo, Rony fez um bom jogo, garantindo sua vaga no time. Já era quase hora do almoço quando ele finalmente desceu na vassoura, ao lado da garota.

— Você foi ótimo, Ron! – ela lançou os braços ao redor dele, ignorando completamente o fato de ele estar todo suado – Parabéns!

— Obrigado Mione! – ele retribuiu o abraço – Ainda nem acredito que consegui! – sorriu sem graça enquanto sentia o rosto corar.

— Você foi brilhante! – colocou uma de suas mãos no rosto do ruivo, fazendo um pequeno carinho, olhando-o nos olhos. Tão profundos e tão sinceros. Transmitiam-lhe paz e tranquilidade.

— Apenas se beijem de uma vez! – a voz de Gina se fez presente, enquanto a ruiva desmontava da vassoura, acompanhada de Harry, e caminhava até eles.

— Você acabou de estragar o clima! Obrigado maninha! – Rony virou-se para a ruiva, fingindo desagrado, arrancando risadas tanto de Hermione quanto Harry.

— Foi mal! – ela respondeu corando, parando ao lado deles.

— Tudo bem! – Hermione ainda ria – Agora vão tomar banho para podermos comer, estou faminta!

Os três riram, dirigindo-se para os vestiários.

Já estavam terminando de comer quando Angélica se juntou a eles.

— Está tudo bem? – Hermione perguntou, percebendo que a ruiva estava pálida, mais do que o normal.

— Claro! – o sorriso forçado, treinado por tanto tempo.

— O que Dumbledore queria? – Harry estava curioso, principalmente ao perceber o quanto a ruiva parecia abalada.

— Nada importante. – respondeu sem emoção – E como foi o jogo? – distração, sempre a melhor saída.

— Rony conseguiu a vaga! – Gina estava realmente orgulhosa.

— Parabéns Rony! – Angélica parecia menos tensa.

— Não fique tão feliz. – Harry voltou à atenção para seu prato – Isso significa que seremos invencíveis na Copa das Casas!

— A Sonserina não vai ter chance! – Hermione concordou.

— Espero que seu amigo não se importe em ser derrotado por nós! – Gina entrou na brincadeira.

— Ou podemos ver no campo qual time realmente estará melhor! – Crhistian apareceu atrás de Angélica, com um sorriso malicioso, apoiando uma de suas mãos no ombro da ruiva, de forma delicada – Não cantem vitória antes da hora, ainda tenho cartas na manga!

Harry riu, porque sentiu que não era uma provocação séria. Apenas competição saudável.

— Parabéns por conseguir montar o time tão rápido, Potter! – sorriu verdadeiramente – Não seria uma vitória válida se o time de vocês estivesse defasado! – sorriu debochado.

— Talvez você se arrepensa disso! – o moreno devolveu a provocação, ainda rindo.

— Talvez sim, talvez não! Vamos deixar para o jogo decidir isso! – piscou marotamente – Por que não vamos dar uma volta no jardim? – sua atenção voltou-se completamente para a ruiva – Está um dia bonito. – olhou-a nos olhos, mantendo aquela conversa íntima, que apenas eles entendiam.

— Parece ótimo! – sorriu amavelmente, mas agradecendo-lhe com o olhar por ter vindo ao seu resgate tão rápido.

— Mas você nem comeu nada! – Hermione disse preocupada, enquanto a ruiva já se levantava.

— Está tudo bem, não estou com fome. – acenou para eles – Vejo vocês mais tarde. – E em questão de segundos, já estava fora do Salão, acompanhada pelo loiro.

— Só eu achei isso muito estranho? – Gina comentou.

— Isso foi muito estranho. – Hermione concordou.

Havia passado o restante da tarde com Rony na biblioteca, fazendo algumas pesquisas para as aulas. Estava cada vez mais impressionada com o ruivo, com a forma como ele a tratava, se preocupava e até mesmo aceitava passar horas em meio aos livros apenas para ficar com ela.

— Hermione, você sabe que eu não entendo nada disso, não é? – ele apontou exausto para um livro de runas que ela estava tentando explicar para ele – Apenas não faz sentido algum para mim!

— Eu sinto muito! – ela respondeu corando – É que acho um assunto tão fascinante! Não queria te deixar entediado.

— Não estou entediado. – ele pegou a sua mão, por cima da mesa – Apenas não quero que fique brava se perguntar alguma coisa e eu não souber responder. Mas acho realmente atraente a forma como seus olhos brilham quando fala de alguma coisa que gosta. Posso ficar o dia todo escutando você falar, se isso te faz feliz, porque me faz feliz.

— Obrigada Ron! – ela sussurrou. Sabia dos sentimentos do ruivo e estava grata por ele estar ali, mesmo sabendo a confusão que ela era.

Ele tocou seu rosto, fazendo carinho, colocando uma mecha do seu cabelo delicadamente atrás da orelha. Ela sabia o que ele ia fazer, mas não o impediu. Também queria aquilo. Por isso apenas fechou os olhos e suspirou quando sentiu os lábios dele sobre os seus, e quando sua língua pediu passagem, a concedeu, aprofundando o beijo. Foi calmo, carinhoso, tão natural quanto respirar. Separaram-se apenas quando o ar se fez necessário.

— Hermione, eu... – começou corado. Não queria forçar a barra.

— Não precisa dizer nada. – ela colocou seu dedo indicador nos lábio do ruivo, sorrindo – Não precisa se justificar ou explicar. Está tudo bem. Também quero isso.

Dessa vez foi ela que tomou a iniciativa, beijando-o. Não era uma distração da sua dor, não era enganação. Sempre fora apaixonada pelo ruivo, sempre soube que esse era o caminho natural das coisas. Sem conflitos, sem questionamentos, apenas a evolução da amizade que tinham. Afinal, era mais lógico resgatar um sentimento que já existiu com uma pessoa que conhecia, confiava, do que tentar criar outro com alguém completamente desconhecido.

Já estava quase na hora da sua ronda quando finalmente voltaram para o Salão Comunal. Estavam tão radiantes que não conseguiam esconder. Rony estava tão corado que era difícil não adivinhar o que havia acontecido entre eles, mas nenhum dos dois se importava de verdade que os outros soubessem, afinal, já estavam juntos mesmo.

Apenas Angélica estava no canto favorito do grupo, olhando para a janela.

— Angélica? – Hermione se aproximou, ainda com Rony ao seu lado – Onde estão Harry e Gina?

— Acho que foram pegar chocolate na cozinha. – virou-se para encará-los – Podemos conversar?

— Eu vou lá em cima guardar o material. – o ruivo disse, olhando cúmplice para a castanha. Pelo tom sério que a ruiva usara, parecia claro que era algo particular.

— Aconteceu alguma coisa? – Hermione sentou-se ao lado de Angélica – Você sumiu o dia todo.

— Você me disse que não encontrou Pansy Parkinson no banheiro feminino quando foi verificar os boatos de que ela estava fazendo algo escondido. – olhou-a nos olhos – Você tem certeza?

— Por que está me perguntando isso agora? – Hermione ficou na defensiva, apesar de não conseguir desviar o olhar.

— Apenas me responda, por favor. – apesar do tom firme, não conseguiu esconder o cansaço.

— Já conversamos sobre isso. – aquela conversa não estava indo bem. Alguma coisa tinha acontecido e o fogo que emanava dos olhos da ruiva a deixava desconfortável.

— Eu preciso que seja sincero comigo, é importante. – estudava cada uma de suas feições, tentando identificar qualquer sinal de mentira.

— Qual a relevância dessa conversa? – perguntou meio assustada – Eu te disse que não, hoje de manhã. Por que acha que eu menti?

— Hermione, vou perguntar uma última vez. – o tom baixo de voz denunciava o quanto estava irritada e o quão séria era a situação – A aluna Pansy Parkinson está internada no St. Mungus nesse exato momento, porque foi encontrada inconsciente no banheiro, hoje de manhã. Ela não desmaiou, foi atacada. Então, você quer me contar o que aconteceu quando a confrontou? – a conversa que tivera com Snape de manhã ainda martelava na sua cabeça. Estava com raiva. Não da menina á sua frente, que a olhava de forma escandalizada, mas de si mesma, por permitir que algo assim acontecesse.

— Por Merlin! – Hermione cobriu a boca com uma das mãos. Atacada? Quem faria uma coisa dessas? – Como ela está? Quem fez isso?

— Ainda é assunto confidencial. – falava tudo muito baixo e rápido. Não podiam ser ouvidas – O Estado dela é grave. Não sabemos quem fez isso. O diretor vai fazer um anuncio oficial amanhã à noite. Apenas alguns poucos alunos da Sonserina sabem o que aconteceu. A única coisa que achamos foi o caldeirão vazio. Quem quer que tenha feito isso foi meticuloso. Por isso estou te perguntando o que aconteceu quando você falou com ela, e não adianta negar Hermione, eu sei que a viu.

— Você acha que eu fiz alguma coisa contra ela? – estava ofendida pela ruiva ter insinuado isso, mas ao mesmo tempo sentia a culpa pesar em seus ombros. Será que se tivesse feito alguma coisa, isso não poderia ter sido evitado?

— Não acho que foi você! – suspirou exausta – Mas não temos nenhuma pista, nada que incrimine alguém. Precisamos encontrar a motivação para poder chegar ao agressor.

— E como você sabe sobre tudo isso? – perguntou desconfiada. Na verdade, estava apenas tentando ganhar tempo antes de confessar que havia mentido.

— É sério isso? – Angélica perdeu a paciência. Pegou a varinha e apontou para a sala, lançando um feitiço, antes de voltar a encarar a castanha – Agora eles não podem nos ouvir. – fechou os olhos com força, tentando manter a calma – Uma aluna quase morreu e sua única preocupação é saber como eu tenho essas informações? – ainda soava irritada – Isso realmente importa agora?

— Não, não importa. – deu-se por vencida. A ruiva tinha razão. – Quando a encontrei, Pansy estava preparando uma poção, algo que eu nunca tinha visto antes.

— Ela disse sobre o que era?

— Não, apenas disse que era algo para desmascarar a Andresa.

— E não passou pela sua cabeça impedir que ela continuasse, já que isso deve infringir umas 50 regras da escola? – a ruiva a olhava incrédula.

— Sim. – olhou para as próprias mãos, envergonhada – Mas ela me garantiu que era algo inofensivo, que não faria mal para a Constantine, apenas a deixaria envergonhada.

— E você acreditou. – não conseguiu mascarar a decepção na voz.

— Sim e não. Acho que estava tão desesperada para que ela tivesse o que merecia por tentar me prejudicar na aula, que não pensei direito.

— Tem certeza que essa é a única razão? – aquele olhar, que parecia ver a sua alma.

— Não sei o que você quer dizer com isso. – desconversou, mais uma vez.

— Isso não importa agora. Pelo menos agora sei no que ela estava trabalhando, e tenho algumas ideias sobre o porquê ela foi atacada.

— Acha que Andresa pode ter feito alguma coisa? – Hermione estava assustada. Até onde aquela menina iria para se manter ao lado de Draco.

— Duvido muito. – Angélica olhou pela janela, pensativa – Quem fez aquilo com a Parkinson sabia o que estava fazendo. Foi magia além da habilidade de um estudante do sexto ano.

— O que exatamente aconteceu com ela? – cada vez que a ruiva soltava um detalhe desse tipo, sentia um tremor. Era sua culpa.

— Não importa, está feito. – suspirou – Pode não ter sido Andresa, mas quem quer que tenha feito isso, está relacionado a ela. Tentou impedir que algo acontecesse com ela.

— Já pensou no irmão? – falou delicadamente. Não queria despertar mais uma onda de raiva.

— Claro que sim. – respondeu de forma curta – Foi a primeira pessoa que passou pela minha cabeça. Mas além de estar fora das habilidades dele, duvido que mesmo para proteger a irmã, ele atacaria outro estudante, principalmente da mesma casa. As duas famílias são próximas, ele não arriscaria algo assim. Tem mais alguma coisa faltando nessa história.

— Você vai contar ao diretor que eu falei com ela antes do ataque? – estava receosa, mas sabia que merecia enfrentar as consequências de seus atos. Nada daquilo teria acontecido se ela tivesse impedido a morena quando teve chance.

— Não. – respondeu sem olhá-la – Não há sentido nisso. Não muda nada.

— Mas... – não conseguiu argumentar.

— Você ficar de detenção e perder pontos para a Grifinória não trará Pansy de volta. Então não há motivos reais para punição.

O tom frio que a ruiva usou a amedrontou. Era racional, lógico, mas muito antipessoal. Como se ela estivesse preocupada com outra coisa.

— Eu preciso fazer a minha ronda. – levantou-se apressadamente – Precisa de mais alguma coisa?

— Não. – virou-se para a castanha que já estava de pé e indo para longe – Apenas tome cuidado.

Hermione não respondeu, apenas correu para fora da torre.

Era dia de ronda nas masmorras, o que significava encontrar Draco Malfoy. Mas estava tão abalada com a conversa coma ruiva que mal o notou quando chegou lá.

— Não precisa fazer isso. – seu tom de voz era frio, e a tirou de seus devaneios.

— Não preciso fazer o que? – perguntou indiferente. Estava tão presa em seus próprios pensamentos que não estava prestando atenção.

— A ronda, Granger. – suspirou – Pode voltar para o seu namorado. Não estou com paciência para companhia.

Não soube ser foram as palavras ou o tom de voz exausto que a fizeram ancorar na realidade. Algo não estava certo.

— É o meu trabalho. – suspirou, se aproximando – Não estou com cabeça para discutir agora. Vamos fazer isso de uma vez.

— Que seja. – a voz sem vida do garoto chamou sua atenção.

— Está tudo bem, Malfoy? – perguntou olhando eu seu rosto pela primeira vez. Ele parecia cansado, tinha olheiras e parecia estar desolado.

— Não é problema seu. – virou-se para longe dela – Vamos apenas acabar logo com isso.

— O que aconteceu? – perguntou mais uma vez, puxando o braço do loiro. Algo estava muito errado.

— Acho que você sabe o que aconteceu. – olhou-a nos olhos, deixando transparecer, mesmo que contra sua vontade, um pouco da sua dor.

— Pansy... – susurrou, soltando-o. Ele sabia, e estava sofrendo – Eu não achei que você... – foi interrompida bruscamente.

— Não achou que eu me importaria? – riu com escárnio – Que tipo de monstro acha que eu sou, Granger?

— Não foi isso que eu quis dizer. – tentou emendar rapidamente – É que você parecia não gostar muito do jeito pegajoso dela.

— E não gosto! – quase gritou. Estava segurando aquilo tudo desde que recebera a notícia de que ela havia sido internada, de manhã – Mas ela é minha melhor amiga! – suspirou derrotado – Provavelmente a única que eu tenho. Nos conhecemos desde sempre, e apesar de tudo, ela não é má pessoa. Talvez tenha alguns problemas emocionais, mas não merecia aquilo.

O desabafo do loiro a pegou desprevenida. Não sabia como reagir.

— Eu sinto muito Draco, de verdade. – aproximou-se novamente.

— Não preciso da sua pena. – afastou-se – Quando eu pegar o desgraçado que fez isso, vou matá-lo com as minhas próprias mãos.

Ela sabia que tanta raiva acumulada era por causa da dor que ele estava sentindo. Talvez antes, teria se afastado, julgado-o como um arrogante estúpido. Mas agora, depois de espiado através de uma rachadura em sua armadura, não conseguia se obrigar a se afastar. Sabia que era tolice, que sairia mais magoada ainda, mas algo na dor dele doía em seu próprio peito.

— Ela vai ficar bem. – sussurrou enquanto o fitava, ficando bem na sua frente – E vão pegar que fez isso, pode ter certeza.

— Por que está me dizendo essas coisas? – tentou se afastar, mas ela o havia encurralado contra a parede – Não deveria estar aqui. Seu namorado está te esperando. – amaldiçoou-se por não conseguir conter o ciúmes em sua voz.

— Porque você está sofrendo, e eu sei como é. – ignorou a menção á Rony. Doía pensar nele nesse momento, enquanto queria consolar o loiro. E conseguia lidar apenas com uma dor de cada vez.

Antes que ele pudesse dizer alguma coisa ou reagir, ela o abraçou. Não com malícia ou segundas intenções. Foi um abraço carinhoso, solidário. Esperava qualquer reação dele, menos a que teve: ele a abraçou de volta. Sentia as lágrimas quentes do menino molhando a sua camisa, mas não se importou. Apenas o apertou mais em seus braços.


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Notas finais do capítulo

As coisas vão começar a fluir mais nos próximos capítulos, prometo. Eu simplesmente não achei que ficaria algo natural um relacionamento logo de cara entre Draco e Hermione. Não apenas pelo passado delas, mas pelo contexto geral da história. Quero evoluir as coisas mais naturalmente, mas prometo que eles vão ficar juntos em breve.

Com relação à Angélica, eu sei que grande parte da história tem focado nela, e eu sinto muito por isso. Mas quanto penso no enredo em geral, não consigo encontrar uma forma de explicar exatamente o que está acontecendo sem ser do ponto de vista dela. E esses fatos vão ter influência direta no relacionamento Dramione. Mas isso também vai mudar, em breve. Pensem na história como um tabuleiro de xadrez. Eu preciso posicionar as peças entes de fazer a jogada. Ok, isso ficou ainda mais confuso. Mas espero que tenham conseguido entender a ideia geral que eu quis passar.

Até o próximo capítulo!



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