Enquanto existir o amor... escrita por Mayfair


Capítulo 7
Encontros


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!
Tive um surto nas últimas duas horas e escrevi o capítulo de hoje!
Eu sei que estou demorando muito nos primeiros dias de aula, e talvez colocando muita coisa acontecendo neles, mas eu precisava que todos os personagens aparecessem, descrever um pouco sobre suas personalidades e história, para que o enredo possa fazer sentido. As coisas serão mais rápidas a partir dos próximos capítulos, ok!

Gostaria de agradecer aos novos favoritos e comentários!
Espero que gostem capítulo! Nos vemos lá no final!



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Quando finalmente conseguiu chegar ao Salão Comunal, Angélica estava exausta. Havia sido um dia longo. Longo demais. Não estava apenas fisicamente cansada, mas psicologicamente esgotada. Ao menos havia entrado em um acordo com o diretor, e isso era o melhor que podia desejar no momento.

— Hermione...? – uma voz masculina perto da lareira a tirou de seus pensamentos. Se dirigiu até lá.

— Rony? – chamou incerta ao encontrar o ruivo adormecido em cima do que deveria ser a tarefa de Transfiguração.

— Angélica? – ele disse acordando – Que horas são?

— Quase meia-noite. – respondeu ajudando-o a levantar – Você deveria ir dormir.

— Tão tarde? – ele ignorou as últimas palavras da menina, completamente desperto – Hermione ainda não voltou!

— Estranho... – comentou enquanto olhava para a lareira, quase apagada a essa altura – Ela não deveria demorar tanto para fazer a ronda. Acho melhor ir procurá-la.

Já estava se virando para sair quando sentiu uma mão do jovem segurando-a pelo braço de forma delicada.

— Você deveria ir descansar. – sorriu de forma bondosa – Não tem dormido direito e dá para ver que mal está se aguentando em pé. Eu vou procurá-la.

— Você tem certeza? – poderia encontrá-la de forma mais rápida, mas estava realmente esgotada.

— Claro! – respondeu rindo – Conheço esse castelo melhor a noite do que de dia!

Ela riu enquanto via-o saindo marotamente pela passagem da torre. Tentaria ficar acordada o máximo possível esperando-os voltar, mas sabia que era uma luta perdida.

Rony já havia procurado em mais da metade do caminho em que Hermione estaria fazendo sua ronda e nada de encontrá-la. Estava quase voltando para chamar os amigos para ajudá-lo quando decidiu passar pela biblioteca. Era sua última esperança.

Já havia passado muito do toque de recolher. Se fosse pego andando pelo castelo àquela hora, com certeza receberia uma detenção. Então tentou caminhar fazendo o mínimo possível de barulho. A biblioteca estava completamente escura. Estava dando meia volta quando escutou um ruído. Aproximou-se lentamente de uma mesa lá no fundo. Percebeu que havia uma sombra, abaixada junto à parede.

— Lumus... – sussurrou com a varinha em punhos. A luz suave iluminou levemente o ambiente, fazendo-o perceber que a sombra, era na verdade, Hermione.

— Quem está ... Rony? O que faz aqui? – ela ainda estava no chão, no mesmo lugar em que Draco a havia deixado. Sabia que tinha que sair dali, mas não encontrava forças. Surpreendeu-se por ver o amigo ruivo ali.

— Estava procurando você. – ele abaixou-se junto a ela – Fiquei preocupado. – percebeu que os olhos da garota estavam completamente vermelhos e inchados. Lágrimas frescas ainda escorriam por sua face – O que houve, Mione?

— Não foi nada... – era a segunda vez que ouvia esse pergunta nas últimas horas, e o fato de que finalmente havia encontrado uma resposta para ela, não aliviava a dor.

— Hermione, por favor, converse comigo, me conte o que está acontecendo! – estava desesperado – Você estava tão bem nas férias, e de repente, está sempre chorando, magoada. O que está acontecendo?

— É sério Rony, não foi nada. – não conseguiria contar para ele – Só estou nervosa com as aulas. É um ano muito importante, e também tem esse problema com uma guerra iminente, e Harry...

— Não adianta tentar me enrolar! – ele se aproximou mais dela, secando suas lágrimas com uma das mãos, de forma delicada. – Posso não ser muito observador ou esperto, mas eu te conheço bem. Tem alguma coisa séria acontecendo e você está escondendo de mim. – ele olhou no fundo de seus olhos, suplicante – Por favor, confie em mim! Não vou te julgar!

— Ah, Rony! – ela o abraçou forte. Naquele momento, tudo o que precisava era de algo seguro, familiar, e os braços de Rony lhe transmitiam esse sentimento.

Ele colocou a varinha no chão, puxando-a mais para ele, abraçando-a forte. Tudo o que queria era poder acalmá-la, vê-la sorrir novamente.

— Quem é o babaca que está te fazendo sofrer assim, Mione? – o ruivo perguntou suavemente, ainda mantendo-a bem firme em seus braços.

— Não é nada disso, Rony! – ela ficou apavorada. Como ele sabia?

— Hermione, já disse que não sou idiota e que te conheço bem. – provavelmente era mais sério do que ele imaginava, já que ela estava tão relutante em contar.

— Como você sabe que é por causa de um garoto? – estava tão cansada, e os braços dele eram tão fortes e confortáveis, que desistiu de mentir. Com ele, ela podia ser ela mesma, sem jogos, sem medo.

— Porque eu já fui o babaca que te fez chorar algumas vezes... – suas orelhas ficaram vermelhas com essa confissão. Ela quase morrera no primeiro ano, quando estava chorando no banheiro por sua causa. De depois no quarto ano, fora babaca mais uma vez, ao não convidá-la para o baile. Teve que engolir todos os seus sentimentos a seco, ao vê-la acompanhada de Krum. Tentara reparar seus erros durante as férias. Achou que talvez estivesse dando certo. Mas talvez ele estivesse muito atrasado, e mais uma vez, alguém tenha roubado o seu lugar.

— Eu queria te contar, mas você não entenderia. – por mais que ele estivesse tendo um momento compreensível, seria pedir de mais que ele entendesse o que estava acontecendo.

— Por favor, confie em mim. – ser compreensivo não era muito o seu forte, mas queria a todo custo reconquistar a confiança dela. Sentia essa urgência desde o dia em que ela quase morreu no Ministério no ano anterior. Mesmo que não ficassem juntos, precisava saber que fez tudo o que podia.

Hermione aconchegou-se melhor nele. Deixou-o trocar de lugar com ela, encostando-se na parede, enquanto ela sentou-se entre as suas pernas, encostada em seu peito, enquanto ele a abraçava. Nunca tinham tido esse tipo de troca de carinho. Nunca nem haviam se abraçado por muito tempo, mas naquele momento, isso era tudo o que ela precisava. Contou tudo a ele. Falou sobre o trem, o medo que sentiu, depois a confusão emocional por pensar que Draco iria beijá-la. Contou da discussão no lago, do incidente na floresta, em como ele foi prestativo e carinhoso, para logo em seguida destratá-la novamente. Falou sobre sua mágoa ao vê-lo com outra, e finalmente, contou sobre o beijo. Quando terminou, ficou em silêncio, de olhos fechados, esperando pela reação dele.

— Hermione, ele... ele... – tentava ao máximo controlar sua respiração. Aquilo era mais do que ele podia suportar. Draco Malfoy? Mataria aquela doninha quicante na primeira oportunidade, mas essa não era a prioridade no momento – Hermione, ele a beijou a força? – teve que dizer isso com os dentes trincados para conter a raiva em suas palavras. Se ele a tivesse forçado, não estaria vivo até o amanhecer.

— Não, Rony... – ela estava envergonhada, mas ao mesmo tempo, impressionada com o autocontrole dele e a preocupação em sua voz. Estava com medo de tê-lo decepcionado – Ele não me forçou a nada.

— E você acha que vocês dois... – Ele precisava perguntar, mas tinha medo da resposta.

— Não, Rony, não existe nós dois. – Hermione virou-se para olhar o ruivo nos olhos – Como eu te disse, foi apenas uma ilusão temporária da minha cabeça. – podia sentir a dor voltando – Eu idealizei algo que nunca existiu. Não existiu e nunca existirá “nós dois”.

— Independente disso, ele ainda deve significar alguma coisa para você, ou não estaria tão triste. – a dor nas suas palavras não pôde ser mascarada. Talvez fosse tarde demais para ele.

— Não significa. – repetiria isso para si mesma até que fosse realmente verdade. Não podia abrir mão da sua felicidade por uma ilusão – Não significa mais.

— Hermione... – ele olhou no fundo dos olhos dela, segurando-a delicadamente junto a ele – Vou ficar ao seu lado, para o que você precisar, até que suas palavras sejam realmente verdade. – Talvez não fosse tarde. Quando ela esquecesse aquele loiro metido a besta, talvez pudessem ter uma chance.

— Você faria isso por mim? – sentiu seus olhos lacrimejarem, mas dessa vez não por tristeza, mas por felicidade. Temia que se contasse a ele tudo o que havia acontecido, ele a afastaria como uma pária. Mas não, ele estava diferente, estava carinhoso e compreensivo.

— Sim. – ele sorriu enquanto secou as lágrimas que começaram a escorrer dos olhos dela.

Os dois ficaram abraçados por mais algum tempo, antes de voltarem de mãos dadas para o Salão Comunal, que estava vazio. Abraçaram-se uma última vez antes de se separarem e irem se deitar.

Pouco antes de dormir, Hermione percebeu que Rony não havia tentado beijá-la nenhuma vez, e ficou grata por isso. Não que não teria permitido. Depois das palavras carinhosas e da compreensão, não teria negado isso. Mas não estava preparada. Não ainda. Mas talvez tivesse uma chance de ser feliz, de viver a vida que gostaria desde o terceiro ano, quando acreditava que era apaixonada pelo amigo ruivo. Talvez conseguisse despertar esse sentimento novamente. Seria o melhor para todos.

O dia amanheceu preguiçosamente. Hermione podia sentir no corpo os frutos da noite mal dormida. Estava cansada, com dores por ter dormido de forma desconfortável e extremamente chateada. Percebeu que havia lágrimas secas em seu rosto e que seu travesseiro estava manchado. Havia sonhado com aquele maldito beijo. Apesar de estar reconfortada pelo apoio que Rony havia demonstrado na noite anterior, ainda não conseguia apagar a sensação de perda que se instalara em seu peito. Perda de algo que nunca tivera.

Se arrastou para fora da cama e foi tomar um banho. Ainda era muito cedo e as outras garotas ainda dormiam. A única cama vazia além da sua era a da Angélica. Sabia que provavelmente ela já estava no Salão Comunal. Ela nunca dormia bem.

Realmente não foi surpresa nenhuma encontrar a ruiva sentada em frente a janela quando saiu do dormitório.

— Acordou bem cedo para alguém que foi dormir tão tarde, Hermione... – Angélica comentou sem se virar, ainda encarando o céu.

— Não dormi bem, assim como você, eu presumo. – a morena se aproximou, e passou a olhar o amanhecer também.

— Melhor do que ontem, e isso já é um progresso. – Angélica se virou e olhou para Hermione, que ainda encarava a janela, sem se preocupar em esconder as olheiras e a vermelhidão e inchaço dos olhos.

Angélica se levantou e abraçou a amiga, de forma carinhosa. Sentiu a morena estremecer enquanto tentava conter os soluços das lágrimas que não queria derramar.

— O que houve ontem, Hermione? – ela perguntou delicadamente.

— Não importa... – Hermione tentava com todas as forças não chorar – Não importa mais.

A ruiva apenas concordou. Não iria força-la a contar nada. Entendia melhor do que ninguém que às vezes a única coisa que pode ser feita após noites em claro de tanto chorar, é levantar e seguir em frente.

— Acho que vou precisar daquele corretivo novamente. – Hermione respondeu um pouco acanhada, quando a outra se afastou.

— Espero que seja a última vez. – a ruiva sorriu de forma encorajadora.

— Eu também. – respondeu baixo, tentando se convencer de que isso era verdade.

Christian estava sentado na beira do lago, vendo o sol nascer. Não havia conseguido dormir bem a noite, o que era raro. As lembranças da noite anterior ainda martelando em sua mente.

“Ainda estava no Salão Comunal da Sonserina lendo um livro qualquer quando Draco chegou, na noite anterior. Lembrava-se da sua irmã reclamando o tempo todo por não tê-lo visto a noite, mas não se importou. Viu que o loiro estava com os olhos vermelhos e o rosto ligeiramente inchado, o que significava que ele havia chorado. Normalmente não se envolveria. Ninguém se envolvia com os assuntos particulares de Draco Malfoy. Não que tivesse medo, porque não tinha, mas nunca havia se importado. Até aquele momento, em que ele apenas se sentou ao seu lado e ficou encarando a lareira acesa, como quem espera algum tipo de resposta divina. Seu primeiro instinto foi o de se levantar e ignorar, mas algo o fez ficar no lugar. Talvez o fato de que ele mesmo já havia se sentido perdido assim, ou talvez porque fosse a primeira vez que via o loiro sozinho. Então apenas ficou ali, sentado, encarando a lareira também, deixando que o jovem chorasse. Não era um espetáculo ou algo grandioso, apenas lágrimas silenciosas que escorriam por sua face. Não ousaria tocá-lo, então apenas se manteve em silêncio, em apoio. Não sabia o que era, mas apenas alguma coisa muito séria seria capaz de abalar Malfoy. Não soube quanto tempo ficou sentado, parado, apenas percebeu que aos poucos as lágrimas cessaram e o loiro fez menção de se levantar.

— Vai precisar disso amanhã. – foram as primeiras palavras que dirigiu a ele, enquanto estendia um frasco que acabara de tirar do bolso.

Draco pegou o frasco desconfiado, erguendo as sobrancelhas em um questionamento mudo.

— É uma das poções milagrosas da Angélica. – respondeu simplesmente, levantando-se – Vai melhorar os olhos vermelhos e inchados. E também não vai te deixar com cara de zumbi.

Passou pelo loiro dirigindo-se ao seu dormitório. Teve a impressão de ouvi-lo dizer algo, mas apenas mais tarde, já deitado, que entendeu as palavras sussurradas. “Obrigado”. ”

 

Ainda se lembrava do dia em que havia recebido aquele frasco de presente da ruiva, na primeira vez em que conversaram.

“Estava caminhando por um parque que havia encontrado acidentalmente na semana anterior. Não havia ninguém por perto. O calor daquele verão mantinha os franceses bem trancados dentro de casa. Mas naquele lugar ainda era possível se sentir o vento gélido do inverno, misturado com a beleza da primavera. As flores, ainda estavam em seu auge, coloridas, perfumando o ar. Aquele parque poderia ter saído direto de um dos livros de paisagismo e viagens trouxas, que sua mãe insistia em comprar, obviamente escondido do seu pai, para tirar ideias para sua casa. Não que se interessasse pelo assunto, geralmente deixava isso para as mulheres, mas aquele lugar lhe transmitia calma, paz, tranquilidade, coisas que para ele, era impossível sentir em qualquer outro lugar.

Durante a semana que se passou, pegou o hábito de ir até ali perto do horário do pôr do sol. Havia um lago, repleto de peixes coloridos, de onde se tinha uma vista maravilhosa. Gostava de ir até lá quando precisava pensar, normalmente após uma briga com a sua irmã ou com o seu pai. O seu dia havia sido terrível. Após o problema com a sua irmã na manhã anterior, seu pai chegou ao hotel furioso. Aparentemente um funcionário havia lhe ligado dizendo que seus filhos estavam se comportando mal. Claro que Andresa nunca levava a culpa, ele garantia sempre isso. Bastava ver o olhar frio do pai para, mesmo que com raiva da irmã, assumisse toda a culpa por qualquer coisa. E dessa vez não tinha sido diferente. A única coisa que mudara foi o sonoro tapa que recebeu em sua face esquerda. Seu pai nunca havia lhe infligido castigos físicos. Nunca. Algo muito grave deveria estar acontecendo para que ele perdesse o controle. Lembrava-se de ouvi-lo gritar:

— Você precisa crescer, Christian! – estava na frente dele, erguendo a mão mais uma vez – Como espera conseguir alguma coisa na vida levando tudo na brincadeira. Nunca vai conseguir ser bom em alguma coisa!

— Não vou conseguir ser bom em alguma coisa, ou não vou conseguir seguir seus planos? – cuspiu as palavras de volta. Maldita hora para não conseguir controlar a língua. O próximo tapa veio seguido de mais dois.

— Tudo o que eu quero é o melhor para a nossa família! – seu pai passava as mãos pelo rosto tentando se acalmar. Pela visão periférica podia ver sua irmã paralisada na porta. Com as mãos cobrindo a boca, tentando impedir que seus lábios emitissem qualquer som que chamasse a atenção do pai para si.

— Temos ideias diferentes do que é o melhor para a família. – esperou o próximo tapa, mas ele não veio. Então simplesmente saiu do quarto, batendo a porta com força ao passar.

A caminhada já o estava acalmando, mas ainda podia sentir algumas lágrimas tentarem escapar. Não deixaria ninguém ver a sua dor. Surpreendeu-se ao encontrar alguém já sentado no banco em que ocupara sozinho todos os dias anteriores. Mesmo de longe era impossível não ver seus cabelos vermelhos, que pareciam fogo vivo sob a luz alaranjada do céu. Era a mesma garota que viu no hotel em que estava hospedado. Pensou em talvez dar meia volta e ir embora, mas algo o impeliu a se aproximar, como se uma força invisível o puxasse até ela.

— Boa tarde! – disse polidamente, parando ao lado do banco.

— Boa tarde! – ela sorriu de volta de forma estonteante. Seus olhos, verdes como esmeraldas, brilhavam intensamente. Ela usava um vestido simples, preto, que na sua opinião, lhe vestia perfeitamente – Você é o garoto do hotel, não é? – ela perguntou ainda sorridente, chegando para o lado, dando espaço para ele se sentar.

— Não achei que fosse se lembrar de mim. – ele sorriu se sentando. Percebeu que seu coração estava acelerado e que suas mãos estavam suando. Estranho. Se não se conhecesse, pensaria que estava nervoso.

— Ah, mesmo que eu quisesse, não conseguiria esquecer o que vi ontem! – ele percebeu que ela tentava conter uma risada, provavelmente se lembrando da situação em que sua irmã apareceu. Sorriu de forma verdadeira. Algo na presença dela o acalmava, trancando seus demônios novamente.

— É, aquela foi de fato uma situação extremamente cômica! – já imaginava todas as piadas que faria com a irmã sobre aquilo. Era o mínimo que merecia depois de levar a culpa – Você sumiu tão rápido depois daquilo... – tentou manter sua curiosidade mascarada por uma conversa despreocupada.

— Eu tinha um compromisso marcado com um velho amigo, resolvendo algumas questões escolares. – ela também estava se atendo à trivialidades, mas ele notou que seus olhos estavam brilhantes – Foi vindo de lá que acabei encontrando esse parque. É o local perfeito para pensar, e maravilhoso para se ver o entardecer. – ela sorriu, desviando os olhos dele e olhando para o horizonte.

— Sim, perfeito! – ele sorriu concordando, mas naquele instante, não se referia ao céu.

— Então, você também está de férias? – ela o olhou de forma curiosa, e ele não soube se estava apenas sendo educada, continuando a conversa, ou se estava de fato interessada.

— Estou viajando com os meus pais, aproveitando as férias escolares. – foi a sua vez de fitar o céu. Estava realmente gostando de ficar ali com ela, e não era só por causa da sua beleza, ela tinha alguma coisa que o intrigava – Moramos na Inglaterra, mas minha mãe simplesmente odeia ficar em casa nessa época. E você, mora por aqui?

— Não, não moro por aqui... – ele viu o brilho desaparecer instantaneamente dos seus olhos. Não entendeu o que disse de errado e decidiu mudar rapidamente de assunto.

— Você comentou que estava resolvendo algumas questões escolares... – ela relaxou visivelmente – Onde você estuda?

— Vou para Hogwarts esse ano. Você deve estudar lá, não é? – ele percebeu que ela não quis dizer onde estudava antes, mas isso não era de fato problema seu.

— Sim, vou começar o sexto ano. – ele sorriu animadamente. Iriam para a mesma escola, então teria mais chances de conversar com ela.

— Eu também! –ela sorriu amavelmente – É um ano muito importante. Já tem planos para depois da escola?

— Meu pai trabalha no Ministério, e pretende me arrumar um estágio de férias lá, ano que vem. – sua voz saiu mais rancorosa do que imaginava. Ainda era tudo muito recente. Odiava o fato de ter que ir para esse estágio, mas seu pai não lhe deu escolhas. De acordo com ele, era obrigação sua dar continuidade aos negócios da família, já que era dois segundos mais velho do que sua irmã, sendo assim, o primogênito. Sabia exatamente que negócios eram esses, e isso não era animador.

— Você não me parece muito empolgado com isso. – ele percebeu que ela não estava questionando, e sim afirmando. E era verdade.

— Na verdade, nem um pouco. – fitou o horizonte, observando as últimas luzes do sol brilharem. Não costumava se abrir com ninguém, mas ali estava ele, conversando sobre assuntos particulares com uma garota que acabara de conhecer.

— E o que você gostaria de fazer? – ela parecia sinceramente interessada na resposta dele.

— Eu não sei. – era verdade – Nunca pensei muito nisso. Desde que era pequeno meu pai fala sobre o meu dever com a família, de como devo continuar nossas tradições, preservar o nome, a...

— Pureza do sangue? – a repulsa na voz dela o fez se virar para encará-la. Seus olhos ainda brilhavam, mas o sentimento era diferente, ela estava com raiva.

— Olha, eu não ligo para nada disso, ok! – nunca tinha dito isso para ninguém, mas a raiva nos olhos dela o obrigou a admitir isso em voz alta. Seu pai o mataria se ouvisse tal blasfêmia saindo dos lábios do próprio filho – Não sou como eles. – ele se referia a toda a sua família.

— E como você é? – a expressão dela estava mais suave. Talvez ele não tivesse estragado tudo com o comentário sobre a sua família.

— Bem, eu... – mas não chegou a terminar a frase, pois ela levantou-se bruscamente.

—-Eu sinto muito! – ela olhava aflita para o céu, que estava escuro – Mas preciso ir!

—-Mas já?! É tão cedo! – tentou não soar emburrado, enquanto se levantava também, mas falhou miseravelmente.

— Eu tenho que terminar alguns assuntos... – ela parecia realmente triste por ter que ir – Mas adorei ter passado esse tempo com você, foi extremamente agradável.

— Eu digo o mesmo! – ele pegou uma das mãos dela e depositou um beijo suave, cavalheiro – Espero que possamos repetir isso algum dia.

— Bem, vamos para a mesma escola, além do mais, ainda temos alguns dias de férias. – ela sorriu.

— Você ainda ficará hospedada no hotel? – perguntou empolgado.

— Até o início das aulas. – ela respondeu ainda sorrindo.

— Tem compromisso para o almoço de amanhã? – perguntou hesitante. Não era de chamar garotas para sair, principalmente quando não as conhecia.

— Não, e adoraria almoçar com você. – ela parecia decidida, confiante.

— Então te encontro às 11:00 hrs na frente do hotel. Vou te apresentar a um lugar incrível! – ele hesitava em soltar a mão dela. Não queria se despedir.

— Combinado! Talvez amanhã você tenha uma resposta para a minha pergunta. – antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela se aproximou, olhou no fundo de seus olhos, beijou-lhe na bochecha e sussurrou algo em seu ouvido, enquanto depositava algo em suas mãos. Depois virou-se e foi embora, desaparecendo nas sombras.

Ficou parado no mesmo lugar muito tempo depois que ela já havia ido. Com a mão em cima do local onde os lábios dela o haviam tocado. Olhou para um frasco em sua mão, com um pequeno rótulo que dizia apenas, “Para seguir em frente”. Sentiu o cheiro do líquido que era contido ali. Algo que lembrava uma poção revigorante, mas aparentemente um pouco modificada. Só tempos depois, que seu cérebro processou as palavras que ela havia lhe sussurrado: “Até mais, Chrstian!”. Suspirou ao perceber o que isso significava. Ela sabia seu nome, sabia quem ele era, e ainda assim, queria encontra-lo novamente.

— Até mais! – sussurrou para o vento, como uma promessa. E então riu ao perceber algo crucial: não havia perguntado o nome dela!”

 

Lembrar daquele dia ainda o fazia rir. Marcara um encontro com uma garota que não conhecia e ainda por cima nem se lembrou de perguntar o nome dela! Claro que havia ouvido várias e várias provocações da mesma, por causa disso. Encontraram-se todos os dias durante aqueles últimos 15 dias de férias. Não soube em que momento percebeu que sentia algo por ela. Se foi pela forma como ela sorria, ou como sempre tinha uma resposta e uma solução para tudo, ou pelo conjunto de fatores. Apenas sabia que havia decidido que precisava tê-la para si. Era um pensamento egoísta, não negava, mas havia se tornado dependente da paz e tranquilidade que ela lhe transmitia. Levantou-se bruscamente indo em direção ao castelo. Já estava na hora do café da manhã, e mal podia esperar para vê-la.

Hermione deixou que os outros fossem primeiro, ficando para trás com Rony. Precisava conversar com ele sobre a noite anterior.

— Rony, eu... – começou hesitante, quando os amigos sumiram pela passagem.

— Mione, tudo bem, não precisa me dizer nada. – ele a olhava de forma carinhosa. Podia notar mais uma vez a maquiagem que ela usava para esconder os traços da noite mal dormida.

— Não, eu preciso. – olhou-o nos olhos, decidida – Eu ainda estou muito magoada, e ainda é muito cedo, mas se você quiser e tiver paciência... – Não conseguia continuar. Parecia perder a coragem a cada palavra. Será que era justo envolvê-lo naquela bagunça?

— Não quero que se sinta obrigada a nada, Mione. – continuou olhando-a de forma firme – O que eu disse ontem é verdade, estou aqui por você, mas isso não significa que você precisa ficar comigo dessa forma.

— Mas e se eu quiser tentar? – as palavras saíram sussurradas.

— Você tem certeza? – seu peito estava doendo de tanta felicidade, mas realmente não queria forçá-la a nada.

— Apenas se você quiser... – não conseguia mais encará-lo. Talvez estivesse entendendo as coisas errado novamente.

— É claro que eu quero! – ele quase gritou de alegria, fazendo a castanha rir – Vamos com calma, ok. – ele disse em tom tranquilizador, sorrindo para ela – Vamos no seu ritmo, de forma que se sinta confortável.

— Obrigada Ron! – ela o abraçou, sentindo os olhos arderem.

Eles deram as mãos enquanto desciam para comer. Era um pequeno gesto, mas que significava muito para eles.

No banheiro, Pansy olhava para seu trabalho finalizado, sorrindo diabolicamente. Havia mentido sobre o prazo para Hermione, simplesmente porque a julgava estúpida o suficiente para acreditar.

— Você parece feliz! – uma voz masculina surgiu da porta do banheiro.

— Quem é você? – a garota perguntou enquanto se levantava a escondia o caldeirão à suas costas – Aqui é um banheiro feminino, garoto idiota!

— Você parece muito preocupada com as regras para alguém que está fazendo poções escondida. – a risada dele era fria.

— Isso não é problema seu! – estava furiosa.

— Na verdade, infelizmente para você, é problema meu. – ele parecia verdadeiramente chateado.

— O que você quer? – sentiu um arrepio na espinha. Um medo repentino.

— Você está tramando contra alguém que eu preciso, e isso é péssimo. – ele se aproximava com os olhos brilhando.

— Por que alguém precisaria da idiota da Constantine? – sua única chance era conseguir respostas.

— Isso é problema meu. – ele respondeu simplesmente, ainda mais perto – E você está no meu caminho.

— Quem é você? – ela estava tremendo, em pânico.

— Não adianta te falar. – ele riu sadicamente – Não é como se você fosse se lembrar.

— C-como assim? – ela se afastava conforme ele se aproximava, até que atingiu a parede.

Ele apontou a varinha para ela, sorrindo.

— Não vou me desculpar porque seria uma mentira. – ele ainda ria – Na verdade, gostaria de lhe agradecer.

— Agradecer? – não tinha como escapar. Estava sem a sua varinha e o fogo do caldeirão já estava apagado.

— Sim. – os olhos dele se tornaram negros – Eu estava ficando entediado.

A última coisa que viu foi uma luz vindo em sua direção, então veio a dor terrível, o grito desesperado que esvaziou seus pulmões, e então, o vazio.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!

O próximo capítulo talvez saia na terça-feira da semana que vem, mas vou deixar a meta em aberto, ok!
Vai ser uma semana bem corrida por causa dos feriados, nos quais eu também trabalho, então não prometo nada.
Mas se eu tiver um surto igual ao de hoje, tento postar mais rápido!
Até a próxima! ;-)



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