Seu corpo alto parou atrás de mim, tampando meus olhos com suas mãos e me aninhando em um abraço leve enquanto andávamos em um passo descompassado.

- Onde fica seu sonho?

- Você logo verá.

Senti que ele estava me guiando por caminhos mais compridos, pois sentia que estava caminhando em círculos.

- Chegamos, mas não abra os olhos. Vou ajudar você a subir.

Suas mãos prenderam as minhas ao corrimão, e seus braços seguraram minha cintura me empurrando para cima.

- Não abra os olhos.

- Não vou abrir.

Senti o assoalho de madeira ranger sob meus pés.

- Onde estamos? Conheço esse cheiro.

- Eu sei que você conhece. Fique parada exatamente ai. – Ouvi o som de uma janela sendo forçada a abrir, e passos apressados para perto de mim.

- Agora abra os olhos, devagar.

Olhei para seu rosto perfeito, estava parado a minha frente. Fiquei por algum tempo observando sua imagem, só depois observei o local onde estávamos. A antiga casa da árvore. Tinha o mesmo cheiro, o mesmo ar frio, e o mesmo problema com as janelas.

- Aqui fica o seu sonho?

- Não. Meu sonho começa aqui.

Bill fechou seus olhos e foi se aproximando devagar, de forma quase imperceptível, até tocar meus lábios com os seus.

- Eu sonhava com isso todas as noites, e mentia pra você falando que tinha sonhado com robôs.

Então era isso? Éramos um do outro antes mesmo de sabermos disso? Amávamos-nos às escondidas? Bill agora era meu? Para sempre?

Agarrei seu pescoço com meus braços e deixei-me ser levantada, precisava de recordações da noite anterior a sua partida, acho que no fim quem havia esquecido aquela noite tinha sido eu, não ele.