See Our Love escrita por darksblue


Capítulo 1
Love or Love?




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Fazia alguns dias desde que Bill havia avisado que voltaria de Leipzig, e eu não fazia idéia de como deveria tratá-lo. Ainda mais depois de sua última noite em Berlim, há dois meses atrás.

 

 

Recordações.

 

Puxei seu braço no meio da multidão, tentando carregar seu peso para um lugar mais calmo. Aquela festa estava lotada, nem parecia com uma festa de despedida na casa de alguém, estava mais para uma boate.

- Amelie, qual é o problema? –Suas palavras estavam saindo confusas pelo excesso de álcool.

- Eu avisei para você não beber aquilo.

- Eu perguntei “qual é o problema?”.

Odiava ter que admitir, mas Bill deixando de ser um garoto doce, e se tornando um canalha bêbado tinha seu charme.

- É que você me disse que quando eu quisesse ir embora era para avisar, mas você não está em condições de dirigir até a minha casa. Eu vou conseguir uma carona, não se preocupe. Aproveite sua festa, e, por favor, não beba mais nada. – Disse retirando o copo vermelho de suas mãos e colocando em uma mesa próxima. – Espero que você faça uma ótima viagem, e eu te vejo logo, eu acho.. Eu vou sentir sua falta, mas vou ficar bem e...

Senti seus braços me agarrarem, esperei que fosse um abraço de despedida. Mas seu rosto de repente ficou muito próximo ao meu, e seus olhos encontraram com os meus.

- Cale a boca. – Seu hálito de licor de cereja tomou conta de meus lábios e rosto.

Quando percebi estava sendo guiada para seu quarto, no segundo andar de sua casa.

 

Fim de recordações.

 

Eu não poderia ignorar o fato de que passei a noite com meu melhor amigo, e que eu desejava isso desde meus quatorze anos. Mas eu também não poderia ignorar o fato de que ele estava bêbado e que provavelmente não lembrava de nada disso, porque eu simplesmente deixei sua cama antes que ele acordasse sóbrio o suficiente para digerir os fatos.

Não sei exatamente o que me fez deixar seu quarto, vestir minhas roupas e sair correndo. Talvez o medo de ele acordar e perceber que fez uma coisa patética como transar comigo. Bill não poderia me amar, porque ele mudaria para Leipzig para viver com seu grande amor, Strify.

Certo, a verdade é que eu saí de seu quarto porque se existia alguma possibilidade de ele não lembrar do que aconteceu entre nós, e então viver seu romance tão sonhado sem sentir culpa por uma suposta traição, eu não iria destruí-la.

Mas, então por que ele estava voltando para cá? E por que não respondeu minhas cartas? Será que ele lembra de algo? Será que não quer me ver? Mas se ele não quisesse me ver, não teria me mandando uma mensagem pedindo para buscá-lo no aeroporto.

 

 

Cheguei ao aeroporto quase uma hora antes do combinado, eu precisava preparar meu ambiente, meus discursos, avaliar o espaço que eu teria. Uma parte de mim desejava que ele tivesse esquecido tudo, esquecido do que disse em meu ouvido, esquecido que me teve em seus braços como muito mais do que uma amiga, uma amante. E a outra parte gostaria que ele lembrasse, lembrasse de cada detalhe da noite que fez com que meus desejos reprimidos voltassem ao centro das atenções.

Eu estava perdida nessa contradição quando ouvi a irritante voz do aeroporto avisar que seu vôo havia chego. Corri ao portão de desembarque.

Demoraram alguns minutos para sua silhueta perfeita surgir por entre os outros corpos, e demorou mais alguns minutos para ele avistar minha pequena figura o encarando. Quando o vi, pouco me importei com as memórias de sua última noite, com meus desejos e amores, apenas lembrei do doce garoto de cinco anos que se mudou para a casa ao meu lado. Corri em sua direção assim que vi seu sorriso, deixando que meus braços envolvessem seu pescoço, e que seus braços me levantassem.

- Senti tanto sua falta, Bill. Como no verão em que você viajou para França durante três semanas. Eu não sabia mais o que fazer, não havia nada para fazer nessa cidade sem você.

Ele sorriu me colocando no chão, mas ainda agarrando meu corpo contra o dele.

- Não tanto quanto eu senti a sua. – E afastou-se apertando a ponta do meu nariz com seu polegar.

Agarrei sua mão automaticamente e o puxei em direção as bagagens.

- Não quero que você fique sem roupas para vestir.

Ele riu calmamente e apertou minha mão, deixando-se guiar.

- Mas afinal, por que você resolveu voltar?

- Oh, eu não sou mais bem vindo nessa cidade? Voltarei então. – E soltou minha mão.

- NÃO, NÃO, BILL. – agarrei sua mão de novo, apertando-a contra minha cintura. - Eu só fiquei curiosa, desculpe.

- Não, tudo bem. Eu e Strify... – Sua expressão mudou automaticamente, e seu rosto ganhou tons tristes.

- Você não precisa me contar agora, conte quando se sentir bem pra fazer isso. – Comecei a procurar por suas malas.

- Mas, mas eu quero contar. Eu quero contar tudo, mas não aqui. Eu acabei de rever você, eu quero aproveitar isso. – Bill começou a colocar as malas em seu carrinho.

- Então aproveite, oras. - Sorri para os carrinhos de bagagem quase vazio. – Suas malas já acabaram, certo?

- Já, por quê? – Ele olhou assustando para o meu já conhecido sorriso.

- Então que comece a diversão. – E sentei-me em sua mala azul escura. – Empurre-me senhor condutor.

- Brum, brum, brum. Mé, mé. – Bill saiu me empurrando aeroporto a fora.

E foi assim que passamos nossos primeiros dias, ignorando os motivos que o trouxeram de volta, apenas relembrando nossa amizade e recuperando o tempo perdido.

 


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