A vida de Morte não era fácil. Cheia de sentimentos conflitantes, pranto e dor.  Uma combinação nada agradável que sempre lhe fazia questionar sua patética existência.

Ela nunca precisava apresentar-se, e nem mesmo gostaria daquilo. Muito embora fosse uma das criaturas que mais conhecia pessoas no mundo, evitava terrivelmente apresentações.

Qual sentindo faria se apresentar se logo em seguida roubar-lhes-ia a vida?  Mesmo que não fosse apresentada a ninguém especificamente, uma hora ela surgiria na vida de todos no mundo, sem exceções.

Morte já havia conhecido milhares de pessoas diferentes, com estilos de vida peculiares, preocupações e sentimentos conflitantes. Sabia que sua presença na vida deles era sempre inevitável e, muitos não poderiam saber mais Morte costumava invejar seus conhecidos.

Quem dera pudesse contrair uma doença rara, ou sofrer um acidente inesperado... Ou quem sabe morrer de velhice?

Quem dera tivesse a liberdade para assim como seu mais novo amigo – Weslley de Souza – se jogar-se do decimo quarto andar de um prédio qualquer.

A mulher carrancuda e solitária sentou-se ao lado do jovem, observando-o com demasiada atenção, ela sentia que ainda não estava na hora dele.

E por mais que fosse fascinante observa-lo com demasiada atenção naquele momento, Weslley de Souza era um garoto peculiar, criativo, intrigante e um bom entendedor de palavras, seria um enorme desperdício de talento. Perguntava-se então, o que havia lhe trazido ali naquela noite escura.

Naquele momento desejou poder falar alguma coisa... Qualquer coisa. Desejou poder dizer para Weslley não fazer aquilo, não saltar daquele prédio.

Queria ter a chance de lhe dizer para continuar encantando as pessoas com suas historias complexas e cheias de significados, desejou poder contar-lhe que as pessoas costumavam refletir bastante a cada vez que liam seus pensamentos impregnados em suas obras.

Por isto, determinada a não visitar definitivamente o jovem escritor naquele dia, soprou um vento forte em direção a ele, deixando emanar dela a vontade indescritível que sentia de ter sua vida, tentando de alguma forma mostrar-lhe que às vezes, embora as coisas pareçam não fazerem tanto sentindo assim... Ainda assim, valem apena.

E a vida, definitivamente era um bom motivo para ele continuar lutando, principalmente porque ele ainda tinha muito a oferecer para o mundo com suas palavras rebuscadas e pensamentos desconexos.