Jogo da Morte escrita por Gaby Uchiha


Capítulo 4
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

BUUUUUUUUU!!!!! OLHA QUEM VOLTOU! UHULL!

Primeiramente, perdão pelo desaparecimento, podem ficar tranquilos que eu não fui pega pelo serial killer/organização criminosa daqui de Jogo da Morte, nem mesmo fui submetida à sessões de tortura de acordo com a obra do nosso querido mangaká de Seinen heheheh
Outra coisa me deixou fora de órbita e resposta é bem simples: vida real!
Mas é com alegria que eu anuncio que EU ESTOU DE FÉRIAAAASSS!!! E desde sábado eu venho escrevendo esse capítulo e aproveitando essa sensação boa de liberdade pra curtir um pouco com meus amigos ^^
Em segundo lugar, eu quero agradecer de coração à todos os comentários recebidos e mensagens de apoio pelo privado. Céus! Perdi a conta de quantas mensagens preocupadas de pessoas questionando se Jogo da Morte iria voltar e como eu disse a todos, vim cumprir a minha promessa e trazer mais um capítulo fresquinho de Jogo da Morte com novas revelações *---*

Sem mais delongas... aqui está o mais novo capítulo de Jogo da Morte!
Divirtam-se...



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Uma música clássica ecoava pelo quarto escuro onde apenas um abajur era a fonte de luz apontada para a mesa simples e solitária.

Sobre a mesa de madeira, inúmeras folhas estavam espalhadas. Eram fichas com fotos, dados pessoais e um breve histórico da pessoa – apenas a parte que interessava.

A maioria tinha um X de traço forte desenhado sobre as fotos 3x4; poucos restavam libertos da marcação carmim.

O ser sentado de frente para a mesa pegou uma ficha onde um rosto jovem e masculino exibia a seriedade em meio ao uniforme militar, antes do pincel vermelho desenhar o X, anunciando sua morte confirmada.

"Menos um", o ser pensou com satisfação enquanto pegava a ficha de uma mulher de cabelos tingidos em tons de rosa, enquanto com a outra mão, a pessoa segurava a ficha de um Sasuke mais jovem trajando o uniforme dos seus tempos de DRCO*.

 

— O senhor ainda sente desconforto ou alguma dor? – O técnico de enfermagem questionou avaliando o mangaká que apenas negou suspirando. – Tudo bem, o senhor está liberado – o homem de vestes brancas anunciou afastando-se com desconfiança.

Sasuke não admitiria, mas ainda sentia a ardência no toco que restava da sua perna direita, tudo devido ao salto inadequado sobre uma perna mecânica.

A adrenalina do momento disfarçou sua dor, mas foi só chegar na Central da Polícia de Tóquio, para sentir a ardência e dificuldade para caminhar surgir antes de Itachi mandá-lo para a enfermaria.

Odiava ambientes estéreis ou seres com jaleco branco. Odiava hospitais ou serviços de urgência. Odiava sentir dor pelo uso indevido da prótese e descuidado com o pouco que restara da sua perna em sua última missão como policial, mas naquele momento, ele até agradeceu a sensação agradável do anestésico tópico sobre as escoriações.

Sabia que não deveria recolocar a prótese, mas suas muletas estavam em casa e em sua atual situação, muletas apenas atrapalhariam sua busca por um assassino, se bem que, pensando de forma irônica, ele poderia usar suas muletas como uma arma caso as balas acabassem.

Um breve sorriso sombrio perpassou pelos lábios masculinos antes dele impulsionar o corpo para fora da maca e um grunhido de dor ecoar devido ao impacto do toco inflamado com a prótese.

O técnico se voltou para o mangaká sisudo que apenas sorriu fraco e caminhou de maneira manca para fora da salinha antes que escutasse mais uma recomendação que sabia de cor, devido ao tempo que passou entre médicos, enfermeiros e fisioterapeutas.

Não precisava daquilo no momento e por isso, começando a sentir a dor diminuir devido ao efeito do anestésico, ele caminhou em direção a área das salas de interrogatório.

Ninguém parecia se importar com a presença de Sasuke, por isso, sem dificuldades, ele alcançou a sala escura onde Ino e Naruto estavam observando, através de um espelho de observação, Itachi, Izumi e a estranha mulher de cabelos cor-de-rosa.

— Está melhor? – Naruto foi o primeiro a questionar ao perceber sua presença.

— Você não deveria estar no andar da sua Divisão? – Sasuke questionou com outra pergunta, fazendo Naruto rir.

— É vergonhoso admitir, mas estou postergando a punição que receberei de Jiraya por ajudar vocês sem autorização, além de estar curioso com essa mulher – acrescentou o final, estreitando os olhos para a figura segura sendo interrogada.

— O que descobriram sobre ela? – Questionou com suspeita.

— Esse é o grande problema, Sasuke-san – uma preocupada Ino o olhou. – Não descobrimos nada.

— Nem por reconhecimento facial?

Ino negou beirando ao medo.

— Não há registros com o rosto dela. Já busquei por reconhecimento facial através das câmeras espalhadas pela cidade e nada. Essa mulher não tem identidade, sua digital não é reconhecida; é como se ela não existisse.

— Se fosse possível, eu até começaria a acreditar que ela simplesmente saiu do seu mangá – Naruto ponderou balançando o exemplar 19 que ele segurava.

As sobrancelhas negras se uniram antes dos olhos desviarem com suspeita para a mulher inalterada do outro lado do espelho de observação. Parecia não se importar com a figura raivosa de Izumi caminhando de um lado para o outro, enquanto Itachi permanecia sentando serenamente, estudando sua adversária que havia lhe presenteado horas antes com o roxo no canto da sua boca.

— Ela não disse nada? – Sondou já esperando a resposta.

— Veja por si mesmo – Naruto apertou um botão da mesa, ativando a caixa de som.

Então não dirá nada?— A voz de Izumi ecoou opressora, enquanto do outro lado do vidro, ela se apoiava na mesa, aproximando seu rosto da estranha mulher.

— Izumi-san está irritada – Ino comentou abraçando a grossa pasta do caso antes de ajeitar o aro dos óculos que teimavam em escorregar pelo nariz reto. – Ela perde a paciência quando contrariada.

— Isso não vai dar em nada – ponderou o loiro se erguendo. – Estamos nisso desde o início e a mulher não demonstrou nenhum sinal de afetação ou estranheza.

— É como se ela estar sendo interrogada pela polícia não fosse nada de mais – o moreno acrescentou.

— Ou se ela estivesse onde quisesse estar – Naruto alfinetou.

— Está achando que ela é suspeita? – A voz de Sasuke saiu fria e desconfiada.

— Estou dizendo o que Izumi deve estar pensando. Ela não está colaborando Sasuke, se continuar assim, ela será transferida de programa de proteção para principal suspeita.

O moreno nada disse, ele compreendia como tudo funcionava e ao continuar escutar as perguntas sem respostas de Izumi, sabia como tudo aquilo poderia terminar para aquela mulher.

O suspiro do agente da DOE antes de guardar o mangá na bolsa de couro e seguir para a porta de entrada do interrogatório, chamou a atenção dos outros dois, mas nem mesmo o olhar repreendedor de Sasuke o impediu de entrar chamando a atenção dos outros três.

Nossa, isso está me dando fome— a voz de Naruto ecoou pela caixa de som. – Por que não fazemos uma pausa ou troca de papeis?— Retirou uma barra de cereal do bolso e pôs de frente para Sakura sobre a mesa.

O que acha que está fazendo, agente Uzumaki?— Izumi estreitou os olhos negros admitindo a postura opressora que usava para pôr ordem em seus agentes e comandar a Divisão de Homicídios. – Volte para a sua Divisão. Aqui não é o seu lugar.

Talvez ele tenha razão— Itachi ponderou calmamente, fazendo Sasuke e Ino se entreolharem, mas ambos sabiam muito bem que Itachi tinha algo em mente.

O que disse?— A superior exigiu.

Vamos Izumi— Itachi se ergueu da cadeira já caminhando para a porta.

A mulher desconfiada lançou um último olhar mortal para Naruto antes de dar as costas dando o seu ultimato:

Faça alguma besteira e eu mesmo me prontifico a escolher sua punição.

Assim que atravessou a porta e adentrou a sala de observação, seu olhar foi direto para Itachi:

— O que acha que está fazendo?

— Ele não ficará lá dentro por muito tempo.

— Então o que ele quer? – Ino questionou seu chefe, mas foi Sasuke quem respondeu observando a mulher que comia a barra de cereal.

— Tentar uma outra forma de interrogatório.

Cara, eu não gosto dessas formalidades— a voz de Naruto ecoou pelas caixas enquanto o loiro cruzava desleixadamente os braços atrás da cabeça, deixando em evidência os braços fortes e delineados pelos anos de oficio militar e na Divisão de Operações Especiais. – É tudo tão chato toda essa formalidade. Por isso deixo essa responsabilidade para a minha agente. Prefiro estar lá fora fazendo o trabalho manual.

A tagarelice não resultou em nada, apenas no ato da mulher depositar a embalagem vazia sobre a mesa, já que nenhuma lixeira estava a vista e suas mãos estavam algemadas à mesa; mas o silêncio não incomodou o loiro que parecia bem acomodado onde estava.

Sabe, eu não vim aqui perder meu tempo perguntando qual o seu nome ou o que você sabe. Eu sei que só perderei o meu tempo e você não vai me responder. Eu só vim aqui te dar uma barra de cereal e perguntar se um amigo pode entrar. Creio que ele tenha coisas mais interessantes para dizer para você do que eu ou aqueles outros dois que estavam aqui, têm— ele esperou um momento antes de acrescentar: – Posso trazê-lo? Meu amigo é aquele cara que te derrubou no beco.

Pela primeira vez um estreitar dos olhos verdes ocorreu antes da mulher desviar o olhar para o espelho de observação como se conseguisse ver através da superfície espelhada.

— Acho que conseguimos algo – Itachi murmurou.

Naruto sorriu para a mulher antes de se erguer pegando a embalagem.

Vou considerar isso um sim— piscou em uma despedida.

O caminhar seguro terminou na sala escura onde ele ofertou a embalagem para Itachi:

— É sempre bom ter a amostra de DNA de alguém.

— Sempre é bom uma garantia – Itachi concordou pegando a embalagem.

O loiro desviou os azuis para o mais novo dos irmãos.

— Sua Yo Hana o aguarda – deu de ombros.

Sasuke ignorou o comentário ao pegar sua bolsa de couro para entrar na sala de interrogatório de tons pasteis.

Foi instantâneo que os olhos verdes caíram sobre si, como se estudasse seus traços e o passo manco.

Mesmo diante de uma análise criteriosa, ele não se deteve em deixar o corpo robusto cair sobre a cadeira metálica e a bolsa cair no chão em um baque surdo.

Sasuke não questionou nada, apenas permaneceu em silêncio podendo finalmente observar sob uma iluminação abundante os detalhes dos traços da mulher que inspirou Yo Hana.

A primeira coisa que chamou a sua atenção foi o cabelo curto em um rabo de cavalo, a única diferença além do nítido amadurecimento dos traços em relação à sua protagonista do mangá.

— Veio aqui apenas para me encarar? – Foi ela quem quebrou o silêncio, fazendo todos os policiais na sala de observação observarem a cena com mais atenção, mas Sasuke apenas exibiu um sorriso de canto.

— Estava apenas percebendo as diferenças de você para a sua versão mais jovem.

As sobrancelhas também tingidas se uniram em desconfiança.

— E pelo visto você não se recorda de mim – Sasuke murmurou se recostando na costa da cadeira.

— Eu deveria?

— A menos que você salve policiais de incêndios todas as noites, é, você não deveria se recordar de mim...

— Não sei do que está falando – comentou tendo um vislumbre de decepção perpassando pelos olhos negros. – Mas o fato de ser um ex-policial, explica a habilidade e velocidade mesmo usando uma prótese – a mulher se acomodou melhor no assento enquanto chutava a estrutura metálica por baixo da mesa. – Eu não deveria ter pegado tão leve com você.

— Tch – o sorriso de canto com um princípio de dentes perfeitamente brancos e enfileirados apareceu. – Isso explica porque atacou o meu irmão ao invés de me golpear antes de fugir. Fico feliz que por causa da minha prótese você cometeu um deslize e eu a peguei.

— Isso não irá se repetir – determinou séria.

— Não precisarei capturá-la mais uma vez se você não fugir.

— Como pode garantir que eu não fugirei? – Inclinou-se para frente com um sorriso prepotente.

— Porque eu não vou deixar – finalizou deixando o silêncio recair sobre os dois antes da mulher se recompor e voltar a seriedade:

— Por que está atrás de mim?

— Eu já disse. Preciso protegê-la.

— Proteger do quê?

— Eu não sei quem são, mas de alguma forma eles querem usar você para me atingir...

— Para te atingir? – Interrompeu fazendo Sasuke se calar antes de pegar um exemplar da bolsa e folhear buscando a imagem que tanto queria.

— Há sete anos eu era um policial, na verdade, eu era um agente da Divisão de Repressão ao Crime Organizado. Eu participava de missões em campo. Me infiltrava em máfias, capturava membros, interrogava, por vezes, por meio da tortura, mas principalmente invadia centros de organização criminosa quando o caso estava quase concluído; essa era a minha parte preferida na época – comentou pensativo, perdido em lembranças daquela época quando vestido como um membro da DRCO, ele invadia bairros periféricos e por meio da penumbra alcançava os centros da máfia e começava a ceifar a vida dos membros da máfia até chegar ao chefe de tudo e tê-lo na mira do seu rifle. O antigo policial fechou os olhos com força tentando deixar aquelas lembranças para trás. – Minha última missão foi uma emboscada. Meu pai era o chefe da equipe que eu fazia parte. Houve uma explosão, um incêndio, troca de tiros... – sua voz morreu aos poucos. – Eu não sei bem o que aconteceu. Apenas acordei no hospital com a notícia de que todos os meus parceiros estavam mortos, inclusive o meu pai. Um pilar caiu sobre a minha perna. Um esmagamento sem chances de recuperação. E foi assim que eu acordei, sem perna, com algumas queimaduras e um buraco de bala no meu ombro. A única coisa que eu sei é que eu vi uma mulher de longos cabelos cor-de-rosa e grandes olhos verdes dizendo para eu ficar acordado. De alguma forma ela me salvou, porque eu não teria sobrevivido dentro daquele galpão em chamas, mas ninguém viu tal mulher quando eu questionei no hospital.

Os verdes estavam desconfiados, por isso ela se inclinou para frente dizendo com certeza:

— Eu não sou essa mulher.

Sasuke aproximou seu rosto do dela, antes de contradizê-la:

— Você é – pôs a imagem de página inteira de Yo Hana de frente para ela, fazendo a surpresa perpassar pelos verdes. – Depois que fui aposentado por invalidez, eu retornei à um antigo hábito da minha infância. Antigamente, eu queria ser cartunista, mas a vida acabou me levando para a polícia como um costume de família – os olhos negros desviaram por cima do ombro para olhar para o espelho de observação, não conseguia vê-lo, mas sabia que Itachi estava ali prestando atenção. – Mas a vida em ócio me fez retornar ao velho hábito e foi aí que eu me tornei mangaká.

— Você desenhou isso? – A voz feminina saiu um tom mais baixo, enquanto os olhos permaneciam fixos na sua versão de personagem de mangá.

— Eu não sabia se você era real ou não, mas eu me baseei naquela lembrança para desenhar a minha personagem – explicou. – Agora estão usando cenas do meu mangá para produzir crimes na vida real. Ainda não sabemos o porquê, mas há poucas horas aconteceu um ataque numa praça pública, foi lá que encontramos a sua máscara e um fio do seu cabelo. Eles também estão atrás de você, aquele homem que apontou a arma para nós era um deles. Só queremos te proteger, mas para isso você precisa nos ajudar.

— Eu não sei nada sobre isso – disse desviando o olhar. – Eu nem ao menos sabia que você usava o meu rosto no seu mangá – a voz se elevou um tom.

— Mas pode nos dizer qual o seu nome ou porquê não encontramos seu rosto nos registros – tentou, recebendo apenas a frieza dos olhos verdes que respirou fundo antes de voltar a seriedade e compostura.

Sasuke fechou os olhos se repreendendo, sabia que ela tinha voltado ao silêncio anterior.

— Não vai me contar mais nada, não é? – Murmurou apoiando a cabeça em uma mão com cansaço.

— Você não deveria ter me desenhado.

— Eu sei – ele assentiu antes de suspirar em derrota.

O silêncio os abraçou antes da abertura abrupta da porta para a sala de observação, os sobressaltar, e uma discussão ecoar pelo local.

— Você não pode invadir um interrogatório da Divisão de Homicídios, Hatake – Izumi vociferou em direção ao homem de cabelos grisalhos e andar seguro que parou ao lado da mulher de cabelos tingidos.

— Primeiro, Izumi-san, esse caso se tornou da Divisão de Repressão ao Crime Organizado, assim que deixou de ser apenas homicídios para um ataque em praça pública orquestrada por uma quadrilha. Vocês perderam o caso. Agora, tirem as algemas dessa mulher – apontou para a interrogada que permanecia séria.

— Hatake-san, de alguma forma essa mulher tem uma ligação com os casos – Itachi tentou apaziguar.

— Esta mulher é a minha agente, senhor Uchiha – finalizou com segurança, deixando todos sem reação, menos a mulher que mostrou os pulsos esperando ser liberta. – Vocês acabaram de destruir uma missão de infiltração de meses. Estávamos próximos de descobrir sobre a Máfia de Hidan e vocês destruíram nossas chances de sucesso. Com o show de tiros da Divisão de Operações Especiais, Hidan fugiu do país – o olho descoberto pela máscara olhou inquisidoramente para todos os responsáveis. – Você terá que lidar com os nossos superiores, Izumi-san, assim que for chamada para depor sobre seus erros em fiscalizar seus agentes, além de permitir a participação de um civil em uma investigação de campo. Quanto ao agente Uzumaki – Kakashi se voltou para o loiro que se moveu para abrir as algemas da mulher. – Sabe que Jiraya responderá pela sua irresponsabilidade?

— Eu sei, senhor – Naruto permaneceu na postura ereta, recebendo sua repressão.

— Ótimo, nos vemos na reunião com a diretoria. Agora minha Divisão precisa ajeitar a bagunça que vocês fizeram – o olhar recaiu sobre a loira que carregava a pasta com todos os pormenores do caso. – O caso por favor? – Pediu estendendo a mão.

Ino se retraiu abraçando a pasta gorda e parda que ela vinha organizando nos últimos momentos, até mesmo tinha batizado como Caso Death’s Game.

Não conhecia aquele homem e nem queria entregar coisas que ela mesmo havia descoberto.

— Entregue a pasta para ele, agente Yamanaka – Itachi optou pela formalidade para se dirigir à sua agente que acatou a ordem entregando a pasta.

— Sensata escolha, investigador Uchiha – Kakashi aprovou antes de verificar que a mulher de cabelos tingidos estava ao seu lado. – Vamos!

— Sim, senhor – ela disse firme antes de se deter e olhar para Sasuke em um pedido baixo: – Posso ler os seus mangás?

O pedido o pegou com surpresa, mas com um princípio de sorriso suavizando os traços rudes e desleixados, ele assentiu dando a mulher sua bolsa de couro com todos os exemplares da sua obra. Ele não precisava daquilo, afinal.

Todas as histórias e investigações de Shou com Yo Hana, haviam saído da sua mente criativa. Ele se lembrava de tudo....

A estranha mulher partiu e todos permaneceram em silêncio com seus próprios pensamentos, principalmente Sasuke com seu olhar fixo para o lugar onde antes sua Yo Hana se encontrava.

Agora tudo fazia sentido, ela fazia parte da mesma Divisão que um dia ele participou, mas não fazia sentido, já que ele conhecia todos os policiais daquela época e aquela mulher nunca transitou pelos mesmos corredores que ele.

Se aquele era o responsável pelo DRCO, o cargo mais alto de uma Divisão, isso só poderia dizer que ela era uma:

— Ghost – foi Itachi quem proferiu o que permeava a mente de Sasuke. Os olhos dos irmãos se encontraram com firmeza. – Ela é uma Ghost. Isso justifica ela não existir no sistema.

— Pensei que isso era apenas uma história inventada sobre a DRCO – ponderou Naruto.

— Na verdade, nem nós sabíamos se essa história era real ou não na DRCO. Algumas vezes nos infiltrávamos, mas em outras, era perigoso demais colocar um agente infiltrado, mesmo assim uma nova informação sempre chegava para caminhar com o caso. Possivelmente provindo de um Ghost – explicou o mangaká.

— O que é um Ghost? – Ino questionou confusa.

— São agentes não oficiais – Izumi iniciou com os olhos fechados, provavelmente tentando se controlar depois de tudo o que ela deixou acontecer. – Eles não são colocados nos registros da polícia, pois suas missões são arriscadas demais. Eles executam missões que é perigoso demais até mesmo para a DRCO. Seus registros pessoais são queimados, eles passam a não existir, vivem nas sombras se infiltrando de uma máfia para outra sem chamar atenção, até mesmo conseguindo altos cargos em organizações criminosas. São como fantasmas, por isso são chamados pejorativamente de Ghosts – finalizou encarando Ino.

— Ninguém sabe ao certo o que eles são capazes de fazer – continuou Sasuke. – Mas eles não seguem as mesmas leis que nós policiais seguimos. Eles podem matar um companheiro se o caso exigir, e até mesmo são capazes de entregar sua vida para não serem pegos e descobrirem que é um Ghost.

— Ela permitiu ser pega – analisou Itachi caminhando pela pequena sala. – Ela poderia e é capaz de fugir com facilidade naqueles becos, mas de alguma ela permitiu que a pegássemos e a trouxéssemos até aqui – parou antes de se voltar aos outros: – Por que ela faria isso?

— Um Ghost só está onde quer estar – comentou Naruto.

— Essa é a questão! – Estalou Itachi.

— Seja como for – começou Izumi. – Estamos fora, o caso agora é deles e não podemos interferir em investigações de outras Divisões. A polícia já está fragilizada demais para haver mais desavenças entre as suas Divisões. Quanto ao senhor, agente Uzumaki, obrigada pelos seus serviços, mas preciso que vá para a Divisão de Operações Especiais, leve a sua equipe e explique tudo para Jiraya antes que a notícia chegue pelo Hatake-san.

— Claro, Izumi-san – assentiu antes de desviar o olhar para Itachi. – Qualquer coisa pode me chamar.

Itachi assentiu e com uma despedida silenciosa o agente da DOE partiu com Izumi atrás de si.

Assim que ficaram a sós, Itachi se voltou para o irmão e a colega de trabalho, dizendo com o tom firme e seguro:

— Ainda não estamos fora. Há algo que ainda podemos fazer.

 

***

 

As portas metálicas se fecharam em um click antes do suspiro cansado – saído do mais velho – ser a denúncia da sua exaustão, enquanto o olhar negro, antes duro, agora revelava para a mulher, o sincero cansaço.

— Está fora do caso Hidan, agente Haruno.

A agente assentiu voltando a olhar para frente com postura enquanto acatava a ordem:

— Sim, senhor.

— Diga-me – Kakashi se voltou para a mulher mais baixa que si, mas que o tempo de convivência lhe permitiu muito mais do que uma relação de chefe e subordinada, beirando à relação paternal mesmo que não dita em voz alta: – Por que permitiu que aqueles dois a pegassem? Foi com surpresa que descobri que a senhorita estava sendo interrogada na Divisão de Homicídios. Conheço-a muito bem para saber que eles não a pegariam se não quisessem.

— Eu não creio que eles parariam de me procurar caso eu não permitisse que me pegassem, senhor.

— Muitos não parariam de persegui-la, Sakura – a voz paternal com toque gentil enquanto a chamava pelo nome era o momento de repressão disfarçada. A mulher suspirou antes de olhar diretamente para o seu superior: – Conhece aqueles irmãos?

— Não – disse por fim, mas o olhar analítico de Kakashi não estava convencido.

Ao mesmo tempo que conhecia aquela mulher, ela lhe parecia uma estranha. Mesmo com anos de convívio, parecia que aquela distância existente desde o primeiro dia em que se conheceram, nunca deixou de existir.

Kakashi ainda se lembrava de quando interceptou aqueles jovens usuários de drogas que incomodavam a versão jovem de Sakura, enquanto voltava para casa depois de um dia cheio na Central.

Ele não sabia dizer o que o fez fazer mais pela garota de 18 anos magrela de roupas gasta, que não tinha mais do que alguns poucos ienes na bolsa e um cabelo desbotado, sem cor; mas ele desconfiava que parte da justificativa tinha a ver com os grandes olhos verdes com um Q de selvageria, beirando ao perigo.

Por mais que ela tivesse machucado os braços na tentativa de enfrentar seus algozes, naquela pequena DP* de um bairro suspeito, tudo o que parecia importar era a fome visceral que a acometeu enquanto comia com voracidade o sanduíche que o Hatake havia comprado numa conveniência ali perto.

Com poucas palavras, aquele agente soube que ela não tinha família ou um lugar para ir. Era uma antiga criança de orfanato que nunca foi adotada e que um dia tomou a idade para ser expulsa do único lugar que conheceu como lar, mesmo que as meias palavras indicassem que aquele lugar que um dia ela habitou, passava longe de tal definição.

Sakura era como uma garota qualquer, semelhante a outras mil que ele já havia conhecido em sua vida como policial, mas de uma forma diferente, ele acabou seguindo outro caminho que não o habitual.

Ele a levou para sua cabana em um distrito próximo da metrópole; um lugar tranquilo cercado de pinheiros altos ao invés de torres cinzentas.

O acordo foi simples, ela cuidava da cabana que havia herdado do pai e que pouco tempo tinha para cuidar, enquanto ele lhe oferecia casa e comida.

O acordo simples os levou para um convívio saudável e de forma inesperada, Kakashi, aquele quarentão solteiro, se tornou tutor de Sakura, até mesmo a ensinando a atirar com a velha espingarda do avô.

A recreação e as caças nas temporadas de outono se tornaram sérias; as simples lebres foram substituídas por circuitos de alvos entre os troncos dos velhos pinheiros raquíticos pelo inverno, enquanto os treinos básicos de defesa pessoal se tornaram horas de combate sobre a terra lamacenta durante fortes chuvas.

Sakura era uma sobrevivente, um talento bruto a ser lapidado.

Kakashi admitia que aulas de tiro, combate e jogos de incógnitas não eram as melhores formas para se aproximar de uma jovem que andava silenciosa pela sua cabana e que sentava ao seu lado para assistir à final de um campeonato qualquer, mas aquela era a única forma de laço que ele conhecia, o mesmo tipo de convívio que recebeu do pai.

Aquele policial que crescia cada vez mais na Central da Polícia, descobriu que ela estava pronta no dia em que durante uma emboscada de volta para casa, com o intuito de usá-la como refém, Sakura executou os atuantes sem demonstrar qualquer remoço. Foi a partir daí que ele descobriu que Sakura não seria apenas uma policial se quisesse, pois, ela tinha talento para ser um dos que eles chamavam de Ghost.

E ela se tornou uma formidável Ghost...

 

As portas se abriram revelando a Divisão de Repressão ao Crime Organizado e Kakashi suspirou antes de seguir sua intuição.

— Pegue – estendeu a gorda pasta para Sakura que por um momento demonstrou surpresa. – O caso é seu. Construa a equipe que quiser. Pelo visto, de alguma forma esse caso tem ligação com a senhorita. Apenas resolva-o – desviou o olhar estudando seus agentes afoitos entre as mesas de trabalho, cada um absorto no seu próprio caso envolvendo quadrilhas. – Repassarei o Caso Hidan para outro policial, se não, para um órgão internacional – massageou a têmpora se afastando para a própria sala, deixando uma Sakura solitária, vestida de barwoman, para trás, sem direito a despedidas formais.

A mulher não se afetou com a partida. Estava acostumada e até preferia a impessoalidade, enquanto se concentrava em buscar o vestiário feminino.

Foi para o último corredor vendo duas policiais partindo em meio a uma conversa animada sobre que bar conheceriam aquela noite e como sempre, Sakura pareceu invisível aos olhos de outros, digna de um verdadeiro fantasma...

Sentando-se sobre o banco de madeira, Sakura até ponderou ser risória a situação de que justo aquela que não deveria ser notada, acabou sendo eternizada nas cenas do mangá que agora avaliava com cuidado.

Folheou o arquivo volumoso, descobrindo no processo o quanto aquele mangá era conhecido e como seus personagens eram aclamados, inserindo-os nos personagens mais conhecidos entre todos do gênero Seinen, quiçá, entre todos os gêneros; mas foi uma foto de um homicídio executado no distrito de Toshima, onde um homem nu encontrava-se empalado à uma estaca no meio de uma viela escura, que a chamou atenção.

Outra imagem, tirada pela perícia, de um ângulo superior, focava na expressão horrorizada petrificada no tempo. Os olhos castanhos, vidrados sem vida na imagem da eterna noite estrelada, eram contornados por um emaranhado de cabelos encaracolados, enquanto a boca, aberta em um ângulo muito superior ao normal, rasgava-se nas extremidades em um grito agudo que exibia a ponta triunfante da madeira que atravessou todas as suas vísceras com glória e extrema dor.

As linhas do sangue já seco encrustados no rosto e tronco, além do interior das coxas, denunciava as horas de solidão e espera até a chegada dos flashes fúnebres e do saco preto.

Não era a cena de extrema violência idêntica ao retratado no mangá que a chamava atenção, mas a familiaridade do rosto já sem vida.

Foi como uma onda de recordações que Sakura se lembrou daquele rosto com vida, exibindo um sorriso perigoso diante do negócio vantajoso que assinava, enquanto a mulher, empoleirada através de uma janela do armazém abandonado, tirava fotos e prestava atenção nos movimentos dos lábios dos dois sujeitos suspeitos.

Podiam falar em mandarim, não importava, Sakura, com anos naquele ofício, compreendeu perfeitamente do que se tratava e por isso, quando se tornou seguro, ela caminhou com segurança através daqueles becos escuros, até alcançar um que terminava num solitário poste que funcionava.

A luz parca delineava o perfil escuro do homem ali parado.

Ele não era um dos homens que ela espionava. Não, ele era aquele que receberia suas informações daquele trabalho não oficial; o homem que a contou sobre aquele lado do mundo que conhecia.

Cada passo dado revelava um pouco mais do rosto eternamente ranzinza, pouco habituado a sorrisos indevidos; porém, apenas quando estava há cinco passos de distância foi que ela pôde ver mais uma vez os olhos tão negros quanto a noite de Uchiha Fugaku...

 

 


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Notas finais do capítulo

Siglas:
DRCO: Divisão de Repressão ao Crime Organizado
DP: Delegacia de Polícia

Eita caramba... que doidera hein hahaha como eu disse, esse gênero é experimental para mim, mas eu admito que é divertido de se escrever e mergulhar nesse mundo de incógnitas ^^
Alguém aí acertou alguma teoria? Mudou de teoria? Ahhh... estou curiosa hein!
Hoje a noite volto para os comentários ;D Podem me aguardar hein!



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