Jogo da Morte escrita por Gaby Uchiha


Capítulo 2
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Olá meus lindos! Atrasada na programação que eu dei na Página do Face, mesmo assim chegando para entregar mais um capítulo de Jogo da Morte!
Hoje infelizmente é meu último dia das férias (chorando muitoooo), mesmo assim, vamos continuar os trabalhos e atualizar a fic, né galera? hehehe

Quero agradecer de coração a todo o apoio que eu recebi só com o prólogo de Jogo da Morte. Obrigada pessoal! Por isso, sem mais enrolações vamos conhecer o nosso Sasuke Mangaká!
Divirtam-se...



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— Aguente! Aguente firme! – Uma voz feminina soou com desespero enquanto a escuridão e o cansaço dominavam o corpo desfalecido.

Ao mesmo tempo que ele sentia que as palavras eram para si, elas pareciam distantes.

— Acorde por favor. Abra os olhos! Eu estou aqui com você, mas você precisa acordar! – As batidas contra seu rosto fizeram seus olhos reagirem, semicerrando-os.

Quem?

Ele quis perguntar, mas de seus lábios rachados não saíram as palavras que ele tanto queria proferir. No entanto, a dor retornou assim como sua semiconsciência e seus olhos focalizaram de maneira parca a destruição ao redor. As chamas os rodeava assim como a poeira e as cinzas em contraste com o tranquilo negro do céu estrelado tão acima de si, mas pouco importava as chamas, pois tudo o que ele conseguiu ver foram os longos cabelos rosados, o rosto feminino onde olhos tão verdes e desesperados estavam voltados para si.

— Acorde! – O grito foi mais alto e límpido como se ressoasse dentro da sua própria cabeça, fazendo tudo girar e desaparecer em uma nuvem de fumaça...

 

Sasuke acordou sem fôlego mirando o teto do seu quarto abraçado pela escuridão.

Ele respirou fundo tentando se acalmar enquanto a mão direita enxugava a camada de suor que proliferou em sua tez.

Aos poucos ele se ergueu recuperado, lembrando-se mais uma vez que era só um sonho, uma lembrança distante de um dia ruim; um dia para se deixar para trás, mas que sua mente não se esquecia, pelo contrário, só o fazia relembrar contínuas vezes.

Ele bem que poderia culpar sua mente por pregar tal peça, mas no fundo ele sabia que ele pouco fazia para esquecer aquele fato e a prova de tal coisa estava nas amplas janelas diante de si onde ele pregava inúmeros desenhos produzidos pelas suas próprias mãos e entre elas haviam muitos retratos da misteriosa mulher de cabelos cor de rosa e olhos tão verdes.

O moreno suspirou com cansaço empurrando seu corpo para fora daquela cama grande. Agora percebia que aquele adormecer estranho era fruto da longa maratona que ele fez durante a madrugada e início da manhã produzindo o último capítulo do seu famoso mangá, mas a decepção foi sua companhia resultando em doses e mais doses do seu mais caro uísque até apagar sobre sua cama se esquecendo até mesmo de retirar sua perna mecânica direita.

Ele bateu na armação metálica coberta pela calça jeans antes de fazer um impulso com os braços e se erguer para caminhar de maneira manca até a sua escrivaninha com tantos rabiscos e bolinhas de papeis ao redor, resultado daquelas últimas noites sem inspiração para o fim que Death’s Game merecia.

Não se sentou naquela cadeira com o intuito de continuar de onde parou, apenas mudou as imagens do seu grande tablet profissional para uma que ele há anos conhecia tão bem e refinava toda vez que despertava daquele mesmo sonho.

Com poucos clicks a imagem apareceu em sua frente; ali estava, não uma foto, mas a retratação perfeita da sua visão embaçada em forma de um desenho de mangá.

Era aquela mulher, o mesmo desespero enquanto o sacudia, o mesmo olhar, o mesmo cabelo, com a mesma destruição ao redor que ele se recordava.

Foi automático que a mão habilidosa de Sasuke segurou a caneta e começou a trabalhar em sua tela touch screen, tonalizando de forma mais intensa as chamas e faíscas atrás dela.

Foi automático que ele se desligou do mundo e mergulhou nos traços femininos que ele tão bem conhecia e retratava.

O rosto tinha um formato oval com um leve afilamento no queixo, enquanto os lábios eram desproporcionais, porém, não menos tentadores, ao mesmo tempo que os olhos, grandes demais para serem considerados puramente nipônicos, eram desenhados pelas sobrancelhas finas e o nariz reto. Sim, ele poderia discorrer sobre qualquer detalhe daquele rosto dizendo que a maior imperfeição daquela mulher era a testa mais larga do que o ideal e mesmo assim ele diria que aquela característica poderia ser um fato que melhorava a proporção do todo.

O mangaká se perdeu de tal forma nos movimentos rápidos da sua caneta que só foi despertado pelo estranho soar alto da campainha da sua casa.

Suas sobrancelhas logo se uniram em incompreensão enquanto seu rosto encarava a pesada porta de madeira do seu quarto.

Era incomum alguém tocar sua campainha naquele horário, ou melhor dizendo, em qualquer horário – no máximo seu agente era a pessoa que o importunava, mas não durante horários tão tardes.

Por isso, movido por desconfiança e velho hábito de autoproteção, Sasuke pegou a pistola guardada na gaveta da sua mesa de trabalho e a destravou antes de ligar a tela do computador e descobrir que quem tocava a campainha era um Itachi com traços estritamente profissionais.

A estranheza foi instantânea, mas ele liberou a porta de entrada para o seu irmão que não se deteve a entrar e trancar a porta de saída.

Sasuke acompanhou pela tela do computador toda a trajetória do irmão soturno – que havia deixado as roupas pesadas no vestíbulo – pela sua casa até a abertura da porta do seu quarto.

Foi assim que seus olhos negros se encontraram com os sérios do irmão que ele compreendeu que o assunto a ser lidado ali era importante.

— A que devo a honra da visita de um investigador? – Perguntou com seriedade e desconfiança após depositar a própria arma sobre a mesa e apoiar o queixo nos dedos entrelaçados, um velho hábito que nunca o deixou.

— Sabe que é crime um civil portar uma arma de fogo, não sabe? – Itachi respondeu com outra pergunta enquanto cruzava o quarto escuro e se sentava em uma das cadeiras inutilizadas de frente para a escrivaninha do irmão mais novo.

Mesmo vindo ali para tratar de um assunto tão sério que estava resultando em tantos crimes, Itachi não pôde deixar de notar a aparência desleixada do irmão que parecia mais envelhecido do que era sendo ressaltado apenas pela iluminação artificial advinda das duas telas.

Sim, o investigador sempre tão propenso a ser analítico não pôde evitar o velho hábito e perceber como o cabelo dele estava maior que o habitual; a rebeldia inerente dos fios, lisos e negros, ainda permanecia apesar de já beirarem a altura dos ombros, enquanto a barba rala denunciava que já era hora de fazê-la. Pouco restava daquele homem de anos antes com aparência tão impecável que o antigo ofício exigia.

Hoje, porém, sendo um homem que mal saia da sua casa e trabalhava sob seu próprio teto, ele se dava ao luxo do desleixamento, reforçando ainda mais seus traços de alerta para que as pessoas não se aproximassem de si, enquanto o Bourbon na estante diminuía gradativamente.

— Continuará me analisando ou iremos direto ao ponto? – Sasuke exigiu erguendo uma sobrancelha em desafio e um mínimo sorriso de canto debochador.

O mais velho suspirou conhecendo muito bem o quanto seu irmão não era sociável e se isolava cada vez mais com o passar do tempo.

— Na verdade, vim conversar sobre um assunto confidencial – mostrou a pesada pasta que carregava com seriedade.

Sasuke assentiu dando permissão para que o homem espalhasse as fotos dos crimes que tinham interligação sobre a mesa de trabalho.

— Mostrar arquivos confidenciais a um civil, isso sim é um crime – o mais novo comentou assim que viu as tantas fotos de homicídios.

Olhou inquisidoramente para o investigador que apenas apontou para as fotos:

— Olhe essas fotos com atenção e depois diz o que acha.

As sobrancelhas franzidas de Sasuke não relaxaram, mas ele acatou a ordem sabendo que se Itachi estava fazendo aquilo, era por um motivo muito importante que ele não compreendia por hora.

Olhou as primeiras imagens com corpos mutilados e outros torturados sem nenhum reconhecimento, mas a partir da quarta, começou a estranhar por sentir familiaridade com aquelas cenas, por isso, ergueu lentamente o olhar para Itachi em uma pergunta silenciosa sem soltar a imagem das mãos.

— Reconhece essas imagens, Sasuke?

— O que isso significa, Itachi? – A voz saiu fria e desconfiada.

O mais velho sabia que seu irmão começava a reconhecer as cenas, por isso, para enfatizar seus argumentos, ele se ergueu e pegou um mangá da coleção do seu irmão, abrindo na respectiva página que mostrava uma cena semelhante ao que Sasuke tinha em mãos.

Ele viu a incredulidade perpassar rápido pelo olhar do irmão assim que viu o seu próprio desenho ser idêntica à uma cena de crime real.

— Há um maníaco, um grupo, não sabemos ao certo quantos são os atuantes, mas há alguém realizando crimes idênticos aos que ocorrem no seu mangá, Sasuke! – Enfatizou apontando para o mangá.

— Um fanático? – Perguntou descrente.

— Não sabemos – Itachi deixou o corpo cair em derrota depois de pegar o mangá número 33 e começar a folhear com preocupação. – Não fazemos ideia do porquê ou quando será o próximo crime. Ainda não achamos um padrão ou pistas, mas hoje encontramos há poucas horas o corpo de uma jovem adolescente morta há alguns dias em um albergue longe dos centros urbanos – Itachi mostrou a imagem da cena do mangá. – O nome dela era Hashira Tabashi, tinha 17 anos, era boa aluna com bons amigos, tirava boas notas e tinha o sonho de ingressar a carreira de advocacia. Uma Jovem Sonhadora e agora está morta depois de ser enganada por um criminoso virtual.

— O que você quer que eu faça?

— Preciso da sua ajuda – uniu as mãos inclinando-se para frente. – Preciso que venha comigo para o Divisão de Homicídios e atue como consultor. Você é o autor. Não há ninguém que possa saber mais sobre o Death’s Game do que você, otouto.

Sasuke suspirou sempre achando que a vida como mangaká lhe daria a tranquilidade que a vida como um policial não ofertava. Ele sempre achou que nunca mais voltaria para aquele mundo de crimes, investigações e missões; sua maior aventura naquele mundo era agora através do seu tablet por onde ele desenhava e mandava para a editora cada vez mais dependente dos seus prazos e do seu mangá cada vez mais famoso entre tantas gerações.

Agora Itachi estava ali, dizendo que ele teria que voltar ao mundo que há tanto tempo atrás ele abandonou depois de perder tanto, mas agora esse mundo era o mundo do seu mangá.

Não houve tempo para resposta, pois o celular de Itachi tocou alto e com velocidade ele atendeu antes de mostrar sua preocupação diante do irmão.

Sasuke aguardou pelo término da conversa antes de observar o mais velho ligando a televisão com evidente transtorno.

O mais novo não compreendeu de imediato, mas assim que a aparente entrevista que a jornalista sorridente fazia em um pequeno festival local se tornou um caos com tiros e gritos ao fundo, ele compreendeu o que ocorria diante dos seus próprios olhos.

Foi em silêncio que ele viu a câmera cair no chão enquanto a correria e gritaria continuava ecoando através das caixas de som do seu home theater até que por fim, o silêncio reinou e a imagem do chão pedregoso com marcas de sangue foi interrompida por âncoras do jornal local que discutiam horrorizados sobre cena que presenciaram.

O mangaká se ergueu bruscamente e retirou o seu exemplar 26 da estante, folheando-o com ferocidade até encontrar a cena de um massacre em uma pequena praça com um festival popular.

Pela primeira vez ele odiou os próprios traços e jogou o mangá para Itachi ver mais aquela interligação.

Ele não voltou o seu olhar para o mais velho, apenas permaneceu no ofício de jogar todos os exemplares em uma bolsa de couro.

— Eu vou com você – anunciou sua decisão final.

— Fui chamado a comparecer na cena do ataque. Vamos para lá imediatamente – o mais velho recolheu as fotos com pressa e preocupação enquanto seu silencioso irmão mancava pelo quarto buscando um casaco, o revólver e a saída daquele lugar.

Itachi o seguiu pela casa escura acompanhando a velocidade do irmão até que o mesmo saísse da residência e transcendendo as dificuldades da prótese, acomodasse o corpulento corpo de ex-policial no banco do carona.

O investigador ligou a rádio e pediu as coordenadas exatas do local para Ino. Assim que ele já tinha os dados, perguntou ao irmão:

— Você tem recebido ameaças ou correspondências estranhas?

— Nada – foi lacônico e perdido em seus próprios pensamentos. – Me pergunto porque motivo alguém faria isso usando o meu mangá.

— Você já foi da polícia e escreve um Seinen, compreende mais do que ninguém que eles sempre têm um motivo, por mais inaceitável que seja para nós – o mais velho suspirou voltando a dirigir com o giroflex do seu carro oficial apitando alto para que o trânsito se abrisse para si; não podia negar que aquela situação estava-o fazendo pensar em mil teorias ao mesmo tempo, porém, para que aquele quebra-cabeça finalmente se encaixasse, ele precisava de mais peças e a solução estava ao seu lado com a expressão séria de sempre, mas que ele sabia que estava incomodado com tudo.

O som alto da polícia e das ambulâncias foram o anúncio que estavam perto. Sasuke respirou fundo vendo a multidão no fim da rua, alguns eram curiosos, simpatizantes, enquanto outros eram familiares em desespero chorando pelos seus filhos e pais mortos ou terrivelmente feridos.

Durante os anos na polícia ele viu muito daquelas cenas, pensou que conseguiria tratar tudo com a imparcialidade que tanto exibia, mas não foi a tranquilidade que o dominava assim que saiu do carro e caminhou com o seu andar manco entre policiais até chegar na fita de isolamento que o separava da cena onde tantos policiais, peritos e paramédicos colocavam corpos ensanguentados em sacos pretos.

Foi ali que ele se lembrou da madrugada de anos atrás enquanto virava seu copo de uísque e sua mão desenhava com fervor um quadro preto e branco sobre um desastre público. Na época ele imaginou a cena perfeitamente, mas agora, ali, ouvindo o choro, as ordens e o desespero de todos, foi opressor e real demais enquanto à sua frente, o retrato perfeito do que ele desenhou se transcorria.

Era como se o criador houvesse se tornado parte da sua própria obra...

— Sasuke? – Ele sentiu o toque do seu irmão no seu ombro. Ele ouviu a preocupação na voz do outro, mesmo assim, Sasuke afastou o toque de si antes de atravessar a barreira e ouvir um policial brigar consigo antes de ser parado pelo seu irmão e distintivo, mas o moreno não se importou com as palavras sobre si, apenas caminhou pela calçada de pedra da praça manchada de vermelho até chegar à um ursinho de pelúcia simples agora com manchas carmim.

Com dificuldade pela prótese direita, ele pegou o urso e apertou entre as suas mãos com raiva de quem havia feito aquilo, ao mesmo tempo que a estranha sensação de alguém apontando para si dizia que ele próprio era o culpado.

Nunca foi sua intenção que seus desenhos se tornassem reais, mesmo assim, foram suas mãos que planejaram o quadro perfeito que outros apenas reproduziram.

— Vamos pegar eles – a voz de Itachi fez com que o mais novo erguesse o olhar frio para ele.

— Eu sei – foi tudo o que respondeu antes de ver uma mulher loira correndo na direção do irmão.

— Itachi! – Ino gritou já sem fôlego ganhando a atenção do investigador que recompôs a postura diante da agente. – Você conseguiu achar o mangaká?

Itachi assentiu e apontou para o irmão.

A loira olhou confusa para o homem alto e também moreno de aparência um pouco desleixada. Ela sufocou não acreditando que aquele era o tão misterioso Sahachi, não era nada do que havia imaginado, mesmo assim sorriu e estendeu a mão para se apresentar como fã, no entanto ela recebeu o olhar de desgosto do mangaká.

— Creio que não seja uma hora adequada para sorrisos de uma fã – foi frio apertando o urso entre as mãos, reprimindo a raiva.

— Mas eu nem falei nada... – tentou se defender.

— Não é preciso, reconheço um só de olhar e é por isso que não gosto que saibam quem eu sou.

— Sasuke! – Itachi repreendeu. – Essa é a Ino, ela é a hacker do meu time. Foi graças a ela que descobrimos as interligações!

Sasuke suspirou. Não sabia lidar com pessoas e sabia que não poderia jogar a raiva que sentia de si mesmo para cima dos outros, mesmo assim, estava em uma situação delicada demais para apresentações cordiais, por isso se limitou a dizer de forma mais controlada:

— Desculpe, mas preciso saber exatamente o que aconteceu aqui.

Ela assentiu antes de ajeitar os óculos grandes de maneira profissional antes de começar:

— Por volta das oito e dezessete da noite que um grupo de poucos atiradores profissionais vestidos completamente de preto e encapuzados começaram um tiroteio nessa praça pública. As informações ainda estão desencontradas, mas de acordo com o depoimento das testemunhas oculares, eram entorno de três a cinco encapuzados.

— Ninguém viu de onde vieram? Sem câmeras funcionando no local? – O investigador perguntou de forma profissional vendo as câmeras que algumas lojas tinham voltadas para a pequena praça.

— Em manutenção, como todos os outros casos.

— Foi planejado – Sasuke disse de forma analítica, chamando a atenção dos dois. – São pessoas de aparência comum que provavelmente tiveram acesso às câmeras, podem ter se disfarçados de operadores de câmeras, serviços gerais ou até mesmo invadido o sistema de segurança por acesso remoto. Olhem – apontou para uma câmera próxima deles – as câmeras são de uma mesma empresa que pode ter sido hackeada para esse fim, enquanto ao fato de terem aparecido do nada...

— Provavelmente eram transeuntes que passaram despercebidos pela patrulha local. Assim que o momento chegou, colocaram as máscaras e começaram o massacre – Itachi completou a análise olhando para frente se imaginando em meio à um festival familiar com pessoas comuns e felizes até que os primeiros disparos soaram e o desespero perpetuou iniciando a correria em meio às barracas, restando corpos e destruição.

— Usavam sobretudo para esconder as grandes armas – o mais novo continuou. – Provavelmente M4* foi a escolha deles.

— Se esconderam entre as barracas para colocarem as máscaras de meia e sacaram as armas sem serem notados.

— Além de poderem ter fugido em meio à confusão sem serem notados – Sasuke finalizou percebendo que Ino olhava de um para o outro anotando o máximo possível de suposições.

— É a primeira vez que eles são vistos e um crime é em público – Itachi reiniciou pensativo pondo as mãos nos bolsos antes de desviar o olhar para o irmão. – Além de terem executado um crime tão perto do anterior descoberto.

— Mudança de fatores?

— Provavelmente. Mas a única mudança que houve foi a sua entrada na investigação e a nossa descoberta em relação ao seu mangá – continuou pensativo.

— Itachi-san, você acha que eles podem saber que descobrimos sobre o mangá? – Ino parou as anotações observando o líder do time com preocupação.

— Tenho 99% de certeza – anunciou firme sabendo que seu irmão compreendia a situação. – Eles podem estar nos observando nesse exato momento. Talvez eles realmente quisessem que achássemos Sasuke e isso ser um fator para mudar a forma que eles estão agindo há tantos meses.

— Então além da interligação do mangá, há uma interligação com o próprio Sasuke-san como pessoa? – A hacker supôs com preocupação.

— Cedo demais para afirmar, mas isso abre um novo quadro para nós. Em todos os casos anteriores eles tiveram o cuidado de se manterem invisíveis, sem pistas ou digitais. Se eles queriam que encontrássemos Sasuke, então eles talvez possam ter feito algo que só ele possa descobrir.

— Podem ter deixado uma pista que só o mangaká possa encontrar ou ver! – Ino anunciou com empolgação podendo ver aquela grande corrida no escuro de meses finalmente mostrar fissuras de saída e luz.

Itachi assentiu em acordo antes de se voltar para o irmão em silêncio.

— Se a mensagem fosse para você, onde você acha que eles deixariam a mensagem?

Sasuke olhou para o irmão calculista e para a agente loira em expectativa. Não estava gostando da ideia de que ele era o meio de comunicação com assassinos, muito menos compreendia porque ele era essa comunicação, mas no fundo ele tinha uma ideia de onde a pista poderia estar...

— Eles querem deixar as cenas idênticas ao mangá. Quando eu desenhei, fiz questão de que na cena não houvesse nenhuma pista ao alcance do Shou, o personagem principal do Death’s Game. Se eu quisesse deixar uma mensagem sem que afetasse o mangá...

— A pista estaria fora do quadro do mangá! – Concluiu Ino em um sobressalto.

— O que está fora do quadro, Sasuke? – Itachi perguntou com pressa olhando para os lados com urgência.

— Usei essa mesma praça para desenhar a cena – Sasuke deu alguns passos para trás até ter o enquadramento perfeito à sua frente. – Aqui. Se eles quisessem ficar fora do quadro – girou sobre os próprios pés. – Eles deixariam a pista atrás do quadro.

Assim que as palavras saíram e os três se voltaram para trás, os três pares de olhos caíram sobre a câmera de uma emissora de televisão caída e esquecida no chão voltada para eles um pouco distante e à direita. Havia sido por aquela câmera que o horror havia sido transmitido em rede nacional. Aqueles dois investigadores e o mangaká não se importariam com aquele pequeno objeto se a lente não estivesse coberta por um pano preto simples onde tinha uma seta branca apontada para cima.

Sasuke ergueu o olhar para onde a seta apontava encontrando uma barraca simples e abandonada de máscaras culturais.

— Achamos nossa pista – Ino mal acreditou na situação antes de seguir o mangaká que já mancava em direção a simples barraca.

— Provavelmente perceberíamos a seta nas fotos ao amanhecer, mas se eles queriam que o Sasuke encontrasse, então há algo que eles querem que ele veja – Itachi ponderou já procurando algo suspeito entre as grandes máscaras com rostos de demônio. – Algo de estranho, otouto? – Desviou o olhar para o irmão que rondava a barraca.

— Não – admitiu com suspeita antes de ver a loira apontar para um amontoado de máscaras em um dos lados:

— Vejam isso! – A loira puxou do mural um tipo de máscara ocidental de renda negra destoando das outras. Ela teve o cuidado ao pegar e mostrar para os irmãos Uchiha aquele estranho objeto.

— Isso significa algo para você, Sasuke? – Itachi questionou vendo o mais novo negando com a cabeça lentamente, mas Ino foi enfática ao puxar um fio de cabelo cor de rosa da máscara e mostrar ao mangaká que arregalou os olhos em resposta.

— Mas eu tenho certeza que isso significa!

— Yo Hana – Sasuke murmurou descrente.

— Quem é Yo Hana? – O investigador quis compreender o que se passava.

— Shou é um detetive expulso da polícia; tem métodos peculiares para resolver seus casos, no entanto, em um dos capítulos principais ele encontra aquela que viraria sua parceira. De criminosa autônoma, Yo Hana, se tornou o braço direito do detetive Shou.

— Agora há uma Yo Hana na vida real também? – Itachi olhou de canto para o irmão incomodado com a situação. – Ela é aquela mulher de cabelo rosa e olhos verdes que tem em todo canto do seu escritório? Estamos atrás de uma mulher com cabelo rosa e olhos verdes? – Seus olhos foram para a sua hacker pronto para pedir para ela encontrar alguma mulher com aquelas características, mas a voz de Sasuke o fez parar:

— Tenho uma péssima teoria sobre ela... – mostrou todo o seu desgosto e preocupação naquela situação. – Eu baseei Yo Hana em uma pessoa real. Bom... eu não sei se ela é real de fato...

— Como assim?

— No dia em que eu quase morri, eu vi essa mulher, eu não sei se foi alucinação ou não, só sei que a vi e a partir dela eu criei a Yo Hana, mas eu não sei quem ela é!

— Se eles estiverem se baseando no seu mangá e no que você se inspirou como ocorreu com essa praça, então eles estão com essa mulher do seu passado – Itachi proferiu aquilo que Sasuke no fundo não queria admitir.

— Talvez haja uma ligação entre ela e a máscara – supôs Ino pegando o seu tablet antes de começar a trabalhar com velocidade e códigos.

— Procure por uma festa de máscaras, Ino.

— E que esteja acontecendo essa noite – completou o mangaká depositando aquele ursinho ensanguentado sobre o balcão como prova da determinação dele nos próximos passos que teriam que tomar. Os casos haviam tomado um rumo diferente do anterior e agora quem quer que estivesse por trás disso estava jogando consigo e dizendo quem era o próximo alvo daquela noite. O alvo era a mesma mulher que ele sonhava fazia sete anos. Ele teria que fazer o possível para chegar a tempo, por isso, foi com seriedade que ele olhou para a hacker de olhos não muito felizes para o que ela encontrou na rede.

— Entrei por uma conexão alternativa da Deep Web e há uma festa de máscaras acontecendo essa noite – os olhos azuis se ergueram para os irmãos antes de perguntar com convicção: – Algum de vocês está animado para invadir um cassino ilegal comandado por um dos chefes de tráficos mais perigosos que conhecemos dos registros policiais, em um bairro fora dos nossos controles? Pois provavelmente é lá que a nossa Yo Hana está!

Itachi ergueu uma sobrancelha surpreso antes de suspirar e ordenar com segurança:

— Ino, chama o Naruto e sua equipe da DOE*. Preciso falar com ele.


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Notas finais do capítulo

M4: tipo de arma.
DOE.: Divisão de Operações Especiais

Sim, Sasuke já foi policial e não tem a perna direita, a qual ele usa uma prótese. Tudo tem sua justificativa e com o andar da história eu explico hehehe
Agora um questionamento que eu deixo para vocês: "Quem será essa Haruno Sakura encontrada em um cassino ilegal? Quais as teorias?"

Beijão lindos! Obrigada por tudo! Volto o mais breve possível!

OBS: Como a atualização de Jogo da Morte atrasou, a atualização de Procura-se atrasou, mas está em andamento, deve ser liberado o capítulo novo nos próximos dias ^^