Letters to the Sender escrita por Anne Hazelnut


Capítulo 5
Capitulo 5 - A Primeira Carta


Notas iniciais do capítulo

EEEhhh.... Postando mais um, posso demorar a postar por que estou viciada em doramas. Culpa da Andreza mais enfim... Boa leitura!



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Querida... Você lembra de mim?

Não... Com toda a certeza não lembra. Eu costumava ser seu único e primeiro amor e você... ME trocou... Faz anos eu confesso mas eu não esqueci. Eu ODEIO você Evangelinne Auguste. ODEIO do mesmo jeito como AMO. Odeio quando sorri para outro, odeio como me abandonou quando mais precisei. Odeio saber que não foi comigo o seu primeiro beijo. A vingança tem gosto doce. Tem gosto do seu beijo. E isso tá me matando. ME MATANDO. Quer saber quem eu sou? Sim... Mais é claro...

Te espero na estação de Charlotte hoje. Às três.

Ass.: eternamente seu.

Situei-me. Mais que brincadeira sem graça é essa? Eu... Não faço a mínima ideia de que seja essa pessoa... Primeiro beijo? Ai meu Deus! Eu tenho que saber quem é e explicar esse mal entendido. Meu celular tocou. Hans. Ufa. Suspirei e atendi. Sai pela porta dos fundos.

— Mais que diabos deu em você mulher? São praticamente três da manhã e... – Ai minha nossa. Três da manhã... Eu tinha que estar lá as três...

— Hans. Cala essa boca e esteja aqui em dez segundos. SEGUNDOS.

— Mas...

— Eu te explico quando chegar. – Desliguei. Esperei ansiosa contando os segundos. Faltavam doze minutos para as três... Quem poderia ser? Fiquei esperando o Hans e não demorou muito e ele apareceu com o carro vermelho da mãe dele. Corri e entrei por que estava congelando de frio. Ele me olhou zangado.

— Pelo amor de Deus Lynn. Ficou doida de vez?

— Eu recebi uma carta.

— Por que eu não sei o que te deu... Carta? – Ele me olhou.

— Sim... Te explico no caminho. Vai para a estação de Charlotte. Rápido. – Avisei e ele pisou no acelerador. Li a carta durante o caminho para ele. Ele ficou me olhando como se eu realmente fosse uma doida.

— Lynn...Isso não é seguro...

— Hans eu preciso saber quem fez essa brincadeira idiota.

— Você recebe cartas o tempo todo. – Ele disse me olhando e entrando no estacionamento do metrô.

— Eu não. A Annie recebe. Nunca recebi uma carta sequer. Nem de você. – Falei descendo do carro e batendo a porta.

— Okay. Você tá certa. O que eu faço agora? – Ele disse vindo atrás de mim.

— Fique de olho aberto. Pode ser alguém conhecido ou não. Vai ser fácil. Não tem muitas pessoas no metrô a essa hora.

—Ta. Me encontre aqui ou me liga qualquer coisa.

— Hans eu não sou um bebê. –

 Como eu ia saber quem era essa pessoa? Não tinha ninguém. Era ridículo. Ridiculo. Não faz sentido. Isso é coisa de doentes mentais. Andei em todas as partes e não tinha ninguém. Como isso é possivel. A estação nunca fica totalmente sozinha e isolada. Droga. Do nada as luzes apagaram.

— Hans?! – Me desesperei – Oi?! Ei! Tem alguém aqui?! – Gritei mas tudo o que eu vi foi o eco da minha própria voz. As luzes acenderam novamente. Eu estava completamente vulnerável. Peguei meu celular e ele estava descarregado. Merda. MERDA. Eu estava com medo. Não sabia onde ir e nem o que fazer... Assustada, era essa a definição. Se um assassino quisesse me matar, ali seria um lugar bem propicio. Suspirei e fui para o estacionamento.

— Hans?! – Gritei ao ver o carro dele pegando a avenida central. – Hans! – Corri atrás mas em vão. Droga. Droga. MERDA. Passei a mão pelos meus cabelos embaraçados, irritada e estressada e com medo.

    Da estação até a minha casa, de carro eram dez minutos. Mas andando... Devia ser quarenta minutos. Peguei a avenida central e as luzes estavam me dando dor de cabeça. Parecia que tinha festa em todas as casas. O frio... Meu Deus como estava frio... Beijava as minhas bochechas e acho que meus lábios estavam roxos e minhas pernas tremiam por que a calça de flanela não era a melhor coisa para se usar no inverno. O gorro protegia as minhas orelhas e a blusa de lã os meus braços.

   A caminhada parecia longa e silenciosa. E a cada rua e esquina eu me sentia mais sozinha do que nunca. Ouvia os risos e as conversas altas de madrugada em algumas casas, mas em outras o vazio e o silencio dominava. Era como a minha alma estava naquele momento. Suspirei.

— O que uma moça delicada faz nessa escuridão? – Uma pessoa me perguntou. Eu via a silhueta dela embaixo de uma arvore grande e pomposa de filme de terror. Estava sentado em uma moto. Acho que era uma Harley. Não entendo muito de moto. O Hans tem uma Harley, e a moto desse cara era parecida... Eu acho.

— Não é da sua conta seu babaca.  – Falei. Estava a uns três metros de distancia dele. Mas eu tinha que passar por ali... Era o caminho de casa... Eu estava morrendo de medo.

—Você quer... Uma carona?

— Não. – Respondi seca.

— Tudo bem. Então nós vamos andando mesmo – Ele disse. Me apavorei. Será que era um maníaco sexual ou um assaltante.

—Nós? Não. Eu vou sozinha – Respondi firme. Não queria que ele percebesse que eu estava morrendo de medo.

— Não vou deixar você ir sozinha. – Ele disse se levantando.

— Moço... Por favor...  Eu não sei o que você quer... Mas eu to de pijama, morrendo de frio e com fome... Eu não tenho nada para você levar... Eu só to com meu celular descarregado. Por favor me deixe ir...

— Calma – Ele disse suave – Eu não vou fazer nenhum mal a você Flor. Eu só sai para esfriar a cabeça e ai você apareceu... Não vou te assaltar nem nada parecido. – Ele disse. Meu coração se apertou.

— Hans...? – Perguntei só para ter certeza.

— De novo esse papo de Hanseníase? Qual é Flor? – Ai eu tive certeza.

— Travis! – Respirei aliviada. – Ai meu Deus você quase me matou do coração... – Coloquei as mãos sobre os joelhos e respirei fundo. Ele veio correndo até mim.

— Ei... Calma – Ele pegou minhas mãos geladas. – Você está bem? – Perguntou. Olhei para ele um pouco ofegante.

— Sim... Eu tava com medo... – Sorri e ele me olhou sério.

— O que tá fazendo aqui Flor? Tá muito tarde e você tá congelando de frio – Ele apertou minhas mãos bem forte e seu toque me acalmou.

— Travis... Você me mandou uma carta? – Percebi que seu maxilar ficou tenso. Seus olhos azuis brilhavam.

— Mais que porra é essa? Que carta? – Perguntou sério. Ele estava zangado mesmo.

—Espera... Não é você? – Perguntei baixo por que estava muito frio e minha garganta doía muito. Ele estava bem próximo. Sua respiração era quente.

— Não e não. Mas eu vou descobrir...

— Não... Deve ser alguém fazendo brincadeira de mal gosto...

—Flor... Quem poderia fazer uma coisa dessas com você... Ninguém te odeia tanto assim.

— A America odeia.

— A America é... Imatura só isso... – Ele disse. Me afastei dele.

— Eu tenho que ir pra casa – Disse voltando a andar.

— Evangelinne. – Ele disse sério. – Se você está pensando que eu vou deixar você ir sozinha está muito enganada. Está de madrugada, frio, e você não está bem.

— Para com isso... Eu to bem. – Respondi. Ele veio até mim e me segurou.

— É sério. Pegue o meu casaco. – Ele tirou o seu casaco e colocou sobre meus ombros. A camisa social branca que ele estava vestindo era um pouco apertada e eu via seus músculos. Desviei o olhar. – Você gosta do que vê?

— Não seja idiota – Respondi e ele sorriu. Ele me virou de frente para ele e ajeitou o casaco em mim. – Não sou mais um bebê...

— Eva... Você tá tão acostumada com as pessoas deixando você de lado que quando alguém resolve cuidar de você, você acha estranho... – Ele disse isso numa convicção incrível. Era assim mesmo que eu me sentia.

— Como sabe disso? – Perguntei baixo. Ele me olhou sério e passou o dedo por minha bochecha.

— Leio nos seus olhos. – O observei. Tinha o rosto meio oval, e o seu queixo era perfeito. Sua boca parecia macia e os olhos incrivelmente reconfortantes. Tinha sardas bem disfarçadas que só reparando bem as conseguia ver.

— Suas sardas são lindas – Falei e ele sorriu. Covinhas e pés de galinha ao redor dos olhos apareciam quando ele sorria. Era tão fofo e atraente.

— Ninguém nunca percebeu isso.- Ele disse. Sorri. Ele me observou. – Você está com tanto frio que seus lábios estão roxos. – Tapei imediatamente com as mãos.

— Ai meus Deus eu sinto muito – Respondi – Quando eu fico com frio isso acontece.- Dei um sorriso torto.

— Posso resolver.

— Pode?

— Sim. – Ele me olhou procurando alguma coisa em meus olhos. Talvez medo, ou insegurança.

— É café?

— Não... Acho que é melhor do que café. – Respondeu. Ele tocou com o dedo a ponta do meu nariz. – Olha como está gelado... – Sorri envergonhada. Ele se aproximou ainda mais e delicadamente pousou sua boca na minha. Fiquei com os olhos abertos. Ele colocou as mãos ao redor do meu pescoço e aos poucos aquilo o que é que fosse foi se tornando algo delicado... Fechei os olhos e meu coração estava palpitando. A boca dele era realmente macia e deixava uma ardência...O beijo foi de segundos incontáveis e acabou tão rápido quanto começara. Ele me olhou e sorriu. Fiquei boquiaberta com o que ele causava dentro de mim. Ele ainda segurava o meu pescoço...

— Acho que agora você está mais quentinha... Estavam frios... – Ele disse.

— Não devia ter feito isso – Disse o empurrando e recomeçando a andar.

— Por que não? – Ele perguntou vindo até mim. Ele estava me seguindo praticamente. Continuei andando sem dar atenção.

— Você tem namorada! – Ergui as mãos como se fosse obvio. Ele deu uma risadinha.

— Fiz isso para o seu bem. E foi só um beijo. Nada demais. – Falou colocando as mãos nos bolsos. Que sexy! Meu Deus!

— Travis... Por favor – Pedi. Ele se aproximou e conseguiu pegar a minha mão. – Você nem me conhece. Disse seca.

— Conheço.

— Não conhece – Me soltei e continuei andando.

— Sei que você é uma menina maravilhosa. Com medo do mundo e com medo de se mostrar para o mesmo. Sei que tem uma personalidade marcante e seu poder de dedução é incrível. Tem inteligência, mas não se defende quando alguém fala mal de você porque isso pode  justificar a ausência dos seus pais. As vezes se isola, tentando encontrar respostas para essa ausência mas não consegue entender. Tem uma vida financeiramente instável mas isso não é tudo para a felicidade – Parei o exato momento que ele disse isso. Virei de frente e o encarei – Sei que é daquelas garotas que adoram flores e cartas apesar de ninguém nunca ter dado uma coisa dessa para você. Nunca se apaixonou verdadeiramente e ainda está em busca de algo que te complete. Algo que preencha esse vazio que você sente. Você sabe muito bem por que as meninas te odeiam. Por que você é incrível. Sei disso. Sei que tem medo de solidão mas quando fica sozinha olha pela janela do seu quarto e fica imaginando como você vai estar daqui a uns dez anos.

— Como sabe disso? – O interrompi com os olhos marejados. Ele em um passo se aproximou.

— Acho que encontrou um amigo que te conhece de verdade.

— Quem... É você?! – Disse mais assustada ainda. – Como... Como sabe disso?

— Eu leio nos seus olhos. – Disse. Eu o observei. Ele tinha acertado em cada palavra. Era assim que eu me sentia, era assim que eu era...

— Quem é você?!

— Não sou só um pedaço de carne Flor. Eu posso ser um anjo... Mas também posso ser um demônio... Não importa. – Ele olhou no fundo dos meus olhos -  - Eu sei ler o olhar das pessoas... Sei perceber o sofrimento delas... E sei que... Na verdade sinto. Eu sinto que... Você precisa de um amigo.

— Tenho o Hans. – Rebati.

— Hans...? Cadê o Hans nessa hora? Sozinha no escuro? Você tem medo de solidão. E isso... Te assombra – Disse um pouco sombrio. Meus olhos ardiam. Eu queria gritar e correr mas eu só conseguia olhar para aqueles olhos que me entendiam. Ele passou o dedo por minha bochecha. Como uma presa fácil. – Você é muito mais do que todos imaginam Flor. – Ele sorriu maravilhosamente.Funguei e continuei a andar. Minhas pernas já estavam doendo. Ele continuou andando comigo até que alcançou a minha mão. Seu toque me suavizou. Olhei para ele...

— Como você sabia Travis? – Perguntei baixo.

— Não é difícil... É só olhar bem no fundo dos olhos da pessoa que você vai entender o que se passa. – Disse beijando a minha mão delicadamente. Suspirei e sorri.

— Acho que encontrei um amigo mesmo – Disse sorrindo e ele retribuiu.
— Para o que você precisar – Confirmou me abraçando de lado. Ao lado dele não existia frio. Era sempre quente.  Ele beijou meu rosto.

— Por que você me chama de Beija-Flor? – Olhei para ele. Ele pensou na resposta e me olhou em seguida.

— Você não sabe o que significa?

— Não. – Disse sincera.

— No significado, o Beija-Flor é manso e suave, sempre causa inveja nos outros pássaros. É gracioso, voa como se fosse da realeza e sempre beija delicadamente as flores coletando seu pólen. – Ele disse olhando para frente.

— Acha que eu sou tudo isso?

— Hunrum – Sorriu.

— Tá né... – Dei uma risadinha.

— Ai Flor...


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Notas finais do capítulo

Comentem!
Beijo!
Ouvindo - I Don't Wanna Live Forever - Zayn



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