♥ Sexto Capítulo ♥

Jessica chegou ao hospital horas depois, anunciou-se na portaria e a atendente informou-lhe qual era o quarto de Felipe. Entrou no elevador e apertou o botão do andar indicado. Chegou à frente do quarto de Felipe, já foi entrando e indo em direção á Felipe para beijá-lo e abraçá-lo, mas é interrompida por ele mesmo.

— O que foi meu amor? – perguntou se fazendo de cínica.

— O que foi Jessica? Sofro um acidente, fico sete dias na UTI, na UTI Jessica. E você nem ao menos veio me visitar. – falou com raiva em seus olhos.

— Felipe, meu filho, se acalma. Você não pode ficar nervoso. – Vitoria alerta Felipe.

— Meu amor você sabe que não gosto de hospital e você tava em coma, não podia nem conversar e nem me ver. – respondeu como sempre sem mostrar nenhuma preocupação.

— Precisava de você ao meu lado, afinal você é minha namorada. – falou sem olhar para Jessica. Agora olhando no fundo de seus olhos continuou. – Jessica tem uma noticia ruim pra lhe dar, vou precisar muito de você nesse momento ta?! Com a queda no meu acidente acabei lesionando a coluna cervical, fiz uma ressonância magnética e foi detectada uma grande fratura em uma vértebra que com isso estou sem meus movimentos e sem a sensibilidade nas pernas. Jessica, eu to paraplégico.

Jessica ficou olhando por Felipe por alguns segundos sem demonstrar qualquer reação, mas de repente fala.

— O que? Como assim paraplégico?! Quer dizer que você não vai mais andar? Você vai ser um deficiente? – falando isso começou a andar de um lado pro outro.

— Jessica como você pode falar assim do seu namorado?! – falou Mario indignado.

— Tudo bem pai, mas é Jessica isso mesmo que você ouviu, e sim tudo que você falou é verdade. – falou Felipe olhando para Jessica sem entender o porquê daquela reação.

— Isso não pode ser. Você não pode ficar entrevado em uma cama ou em uma cadeira de rodas. Eu não aceito. Anda Felipe, levanta dessa cama. – Jessica vai falando e levantando os lençóis que cobrem as pernas de Felipe.

— Jessica, chega. Sai daqui agora. Quem não aceita isso sou eu, como você pode ser uma pessoa tão fria, sem sentimentos, tão, tão sem coração. – Mario outra vez para Jessica, mas dessa vez pegando em seu braço e retirando-a do quarto de Felipe.

— Eu, eu não aceito e não quero isso pra mim. – Jessica sai gritando.

Vitoria que estava sentada em um sofá próximo a Felipe estava incrédula com a reação de Jessica.

— Filho não dê ouvido a Jessica, ela estava nervosa. Depois ela se acalma e vocês conversam. – falou alisando a mão de seu filho.

— Não mãe, pra mim acabou. Não quero mais a Jessica em minha vida, se ela não me apóia nesse momento difícil da minha vida não a quero em momento nenhum mais. E não quero mais ela aqui. – disse isso virando o rosto para o outro lado.

Nesse momento Mario entrou no quarto novamente e Felipe repete tudo de novo para seu pai que imediatamente concordou com ele. Vitoria não queria briga com seu filho e fez o mesmo. Felipe fala com seus pais que está com sono e deita para dormir.

E imediatamente quando fecha os olhos aquela visão do paraíso aparece em sua frente, aquela mulher linda, de olhos tão expressivos, de pele branquinha e de sorriso encantador adentra seus melhores sonhos e Felipe continua tendo os melhores sonhos de sua vida.

Passaram alguns dias e chegou o fim de semana, Felipe não aguentava mais ficar no hospital. Logo em seguida Dr. Paulo entro em seu quarto.

—Bom dia, como está meu paciente hoje? – pergunta indo em direção a Felipe.

— Bom dia doutor, seu paciente está impaciente de ficar nesse hospital. – respondeu Felipe retirando gargalhadas de todos que estavam no quarto.

— Vamos fazer só mais alguns exames e dependendo do resultado te dou alta ainda hoje. – diz o medico levando Felipe para fazer os exames. Uma hora depois retornam ao quarto.

— E então doutor, Felipe pode ir pra casa hoje ainda? – pergunta Mario.

— Sim, os exames estão tudo dentro da normalidade. Vou lá assinar a alta e já volto pra passar algumas informações. – diz já saindo do quarto. Cerca de meia hora depois Dr. Paulo volta já com os papeis da alta de Felipe.

— Pronto paciente liberado para ir pra casa. Mas tenho que passar algumas recomendações primeiro. Felipe quero que você fique de repouso uns dois meses e depois retorna aqui para fazermos mais uma ressonância, pra ver como está a lesão, dependendo vamos fazer uma cirurgia para retirar a lesão, assim facilitará a recuperação, e depois vamos fazer fisioterapia. Com isso temos grande chance de você voltar a andar. – diz Dr. Paulo a Felipe.

— Que ótima noticia doutor. Não é mesmo meu filho? – Vitoria se pronuncia.

— Sim mãe. Uma ótima noticia. – Felipe falava com esperanças em seus olhos.

Dr. Paulo despediu-se de Felipe e de seus pais e falou que aguardaria Felipe para a revisão. Vitoria e Maria já tinha providenciado uma cadeira de rodas da mais moderna para Felipe, para ele se sentir bem. Arrumaram as coisas e foram pra casa.

Felipe que morava em seu apartamento em São Paulo teve que ir morar com seus pais, pois a casa era maior e precisaria de mais atenção e cuidado. Chegando à casa de seus pais, Felipe foi recepcionado por sua irmã, que estava eufórica.

— Fe, que bom que você chegou, estou morrendo de saudades. – Cris diz isso já indo encontrar com seu irmão.

— Maninha também estou morrendo de saudades. – e os dois ficam abraçados por alguns minutos. Mas de repente Felipe vê a sua frente uma coisa nada agradável.

— O que essa mulher está fazendo aqui? – diz se referindo a Jessica que estava sentada no sofá.

— Vim te visitar meu amor. Estou arrependida do que fiz no hospital. Quero lhe pedir desculpas. – fala se aproximando de Felipe.

— Jessica, por favor, vá embora. Não quero mais nada com você, você se tornou uma mulher fria, sem sentimentos, sem coração. Não quero uma pessoa dessas ao meu lado, vá embora, quero ficar sozinho. – Felipe diz saindo.

— Felipe, por favor, vamos conversar. Eu estava de cabeça quente aquele dia, você me pegou de surpresa. – diz indo atrás de Felipe, mas toma um susto quando ele vira a cadeira de rodas e olha bem para ela.

— Te peguei de surpresa? E você acha que isso foi uma noticia boa para mim? Não quero brigar, só quero que você vá embora, acabou. Entendeu? Acabou nosso namoro acabou. – Felipe se retira da sala. Jessica vendo que não tinha mais argumentos pegou sua bolsa e foi embora.

Felipe ficou muito triste por ter terminado com Jessica, mas viu que foi o melhor, porque sentia que algo bom iria acontecer depois disso tudo.

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Depois de alguns dias cheios de serviço na cantina e vendo que Shirlei estava muito cansada, Francesca resolve da o final de semana pra ela de folga até porque na segunda-feira cedo Shirlei começará a trabalhar na Peripécia.

Shirlei estava em casa sozinha, quando sua campainha toca. Ela pensa quem poderia ser e vai logo para abri-la.

— Adonis?! Você aqui? – pergunta Shirlei incrédula.

— Olá amor. Surpresa! – Shirlei olhava sem entender. – Não tá feliz por me ver? – pergunta Adonis indo abraça-la.

— Claro que estou logico. É porque tomei um susta quando te vi, não sabia que viria, podia ter me avisado. – diz Shirlei respondendo seu abraço.

— Queria fazer uma surpresa pra minha namorada. – diz beijando-a.

Os dois ficaram horas conversando, Adonis falou de como estava sua vida no Chile, do seu emprego, de como as coisas estavam indo bem, e por sua vez Shirlei contou o que tinha acontecido nesse tempo que eles não tinham se visto, já fazia mais de um mês que Adonis não vinha visita-la, nem ela e nem sua família, que era vizinha da família de Shirlei, sempre dizendo que era por conta do serviço.

Adonis convidou Shirlei para saírem no outro dia á noite, para irem ao um barzinho, pois tinha marcado com alguns amigos que não via a tempo de se encontrarem lá pra colocar a conversa em dia. Shirlei aceitou. Adonis foi pra casa de seus pais e Shirlei ficou na sua casa pensando como seria esse encontro de amanha.

O dia passou voando e chegou à noite. Shirlei estava na sala quando sua irmã e sua mãe chagaram da cantina exausta. Shirlei contou da novidade e de quanto estava feliz por Adonis ter vindo te visitar. (Mal sabia ela o que estava pra acontecer). E assim as três ficaram conversando até o sono chegar. Shirlei decidiu ir dormir, porque amanha teria um grande dia.

Ao fechar seus olhos em vez de pensar em Adonis, o que veio em sua mente foi o rosto de Felipe. Ficou pensando por que dela pensar e sonhar tanto em um homem que ela nunca viu na sua vida, mas por um lado ficou feliz porque sabia que mais cedo ou mais tarde acabaria conhecendo-o, já que ele trabalha na mesma empresa que agora ela também trabalharia. Foi pensando em Felipe que ela pegou no sono profundo.

No outro dia Shirlei acorda disposta, levanta faz sua higiene pessoal desce pra tomar café com sua família e diz que vai à rua comprar uma roupa pra sair com seu namorado. E assim faz. Shirlei vai ao shopping pra comprar uma roupa linda para usar com Adonis, e logo que chega bate o olho em um look e decide que vai ser aquele.

O dia passa voando e Shirlei vê que tá na hora de se arrumar, Adonis havia marcado com ela que iriam sair as 21h00min. Toma seu banho, passa creme por seu corpo, queria ficar cheirosa para seu namorado. Faz uma maquiagem leve e prende seu cabelo em um coque bagunçado e por fim vai vestir sua roupa. Escolheu um vestido azul marinho que fazia seu corpo por inteiro, que desenhava o seu carpo, deixando-a ainda mais linda, e por ultimo decide em uma sandália nude. Pronto, estava perfeita.

Na hora marcada Adonis já estava lhe esperando na sala de sua casa, com sua mãe.

—Filha você está linda! – exclamou Francesca com as mãos na boca.

— Sim, minha namorada está linda. – Adonis concorda com Francesca. Shirlei agradece e os dois saem de mãos dadas. E seguem para o barzinho aonde iriam encontrar os amigos de Adonis.

Estavam eles no barzinho se divertindo, menos Shirlei que ficou um pouco isolada por que Adonis estava mais próximo de seus amigos do que dela. E assim as horas foram se passando até que Adonis fala com Shirlei que vai ao banheiro, e por descuido deixa seu telefone em cima da mesa. De repente o telefone acende e Shirlei vê que chegou uma mensagem, curiosa decide olhar, e para sua decepção o nome do contato estava escrito Amor. Tomou um susto porque ela não havia mandado mensagem para ele naquele dia, pensando naquilo abriu a mensagem. “Amor, já estou com saudades de você e das nossas noites. Volta logo pra casa. Um grande beijo, e estou te esperando daquele jeito.” Shirlei viu seu mundo desmoronar na sua frente, como pode ser tão burra, como pode nunca ter percebido ou imaginado que isso poderia acontecer, morando tão longe um do outro, e lágrimas rolaram por seu rosto.

Nesse momento Adonis volta do banheiro e vendo Shirlei chorar com sue telefone na mão já imaginava o que poderia ser, e passou as mãos pelo cabelo e aproximou de Shirlei.

— Amor, o que houve? Porque tá chorando? – perguntou se fazendo de desentendido e colocando a mão no ombro de Shirlei.

— Não me chame de amor e não encosta mais a mão em mim. – Shirlei diz saindo correndo do bar jogando o celular em seu peito. Adonis vai correndo atrás dela depois de ver a mensagem no seu telefone.

— Não acredito. – diz isso já gritando por Shirlei. – Shirlei, Shirlei me espera, posso explicar. - Shirlei nessa hora para, enxuga suas lágrimas e vira olhando para Adonis.

— Explicar o que? Que você anda me traindo? Não precisa, porque já sei. Adonis pelo amor de Deus, porque você fez isso comigo? O que eu fiz pra você? – Shirlei fazia aquelas perguntas por que não entendia o porquê do namorado fazer aquilo. – Só quero uma coisa de você, que me diga a verdade, me conte tudo. – completou.

— Tá bom Shirlei, uma hora você iria ficar sabendo mesmo. Sim, tenho outra pessoa. Estou com a Fernanda á alguns meses. – Adonis responde com a cabeça baixa.

— Por isso que você não tava vindo com tanta frequência mais pra cá, por isso a frieza comigo todas as vezes que te ligava, por isso as inúmeras mensagens não respondidas. Adonis como você pode fazer isso? – Shirlei falava com lágrimas nos olhos.

— Shirlei tenta me entender, não é mais a mesma coisa como era antes. – respondeu Adonis.

— Não tem como entender Adonis. Mas se é isso que você quer, é isso que você vai ter. Acabou tudo, está tudo acabado entre nós. Não quero mais você em minha vida. – Shirlei acaba de falar e vai saindo.

— Shirlei, vamos conversar direito, você não pode terminar comigo desse jeito. – diz Adonis segurando em seu braço.

— Não temos mais nada pra conversar, e quem não tem mais direito é você, foi você que acabou com o que eu sentia por você, porque agora o que eu tenho é nojo Adonis, nojo. E me solta. – diz Shirlei puxando seu braço.

— Me deixa pelo menos te levar pra casa. – Adonis pediu vendo que não tinha mais jeito, que tinha perdido de vez Shirlei.

— Não quero mais nada de você, eu vou pra casa sozinha. – diz indo embora.

Shirlei entrou no taxi e o que sabia era chorar e pensando como foi burra de ficar tanto tempo com uma pessoa como o Adonis.