Soberanos de Aço - O Paradigma de Igelivel escrita por Michel Zimmer


Capítulo 3
Don't Say The World Is Cold


Notas iniciais do capítulo

AVISO IMPORTANTE: Os capítulos foram divididos novamente para melhor visualização, mas sem mudanças em seus conteúdos. Portanto, se você já é um leitor antigo, os 5 primeiros capítulos correspondem ao que antes eram prólogo + capítulo 01 e capítulo 02.
Boa leitura! Estou à disposição em caso de eventuais dúvidas!



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VII. Cold Dark Crimson Pt. 2

O céu cinzento deu lugar a uma noite de poucas estrelas, a chuva que alternava em intensidade – porém não descansava – agora caía fina enquanto a dupla retornava de sua caminhada para a mansão dos Zummarch, no distrito nobre de Lowel. Algumas pessoas já se arriscavam a sair na garoa e povoar a famosa vida noturna da cidade, repleta de restaurantes, tabernas e até alguns workshops de apotecários e alquimistas. Os mecanicistas, por outro lado, fechavam cedo suas lojas e evitavam deixar elas – e suas invenções autoproclamadas inovadoras - desprotegidas durante a noite.

Elliot e Cass caminhavam em silêncio enquanto processavam os acontecidos daquela noite incomum: a reação exagerada de Sylvie e o encontro com o yoliano Soren. Porém, a noite não havia terminado ainda. Tampouco as surpresas.

— Hey, vocês dois, mocinha do cabelo prateado e carinha com cara de defunto! – Uma voz estranha chamou a atenção da dupla no exato momento em entravam novamente no distrito nobre.

Elliot lançou um olhar curioso em direção à voz, notando a presença de um soldado da milícia de Lowel, escorado no muro logo ao lado do portão de ferro que havia recém-fechado por de trás da dupla.

— Desculpa, mas você está falando com a gente? – Elliot questionou, incomodado pela descrição usada pelo soldado.

— É o que tá escrito nesse bilhete ao menos: “moça jovem, esbelta, cabelo curto em tom prata e rapaz jovem, cabelos negros e cara de defunto”. – O soldado balançou o papel no ar após lê-lo em voz alta com um sorriso amarelo no rosto.

— Eu ao menos gostei da minha descrição. – Cass debochou cutucando Elliot com o cotovelo.

— Bem, sem tempo para ladainhas aqui. – O soldado retomou a atenção da dupla, guardando o bilhete no bolso e olhando em volta como se estivesse se escondendo de alguém. – Eu trago a mensagem de um amigo que deseja encontrá-los essa noite. Ele já os espera enquanto perdemos tempo aqui, pra ser exato.

Elliot e Cass se entreolharam e fitaram o suspeito soldado de cima a baixo. O uniforme azul escuro com botinas, cinta, luvas, ombreiras negras e espada presa na cintura pareciam ser mesmo autênticos dos soldados rasos de Lowel.

O estranho soldado em questão não aparentava mais do que trinta anos, o cabelo era curto em um tom loiro escurecido, tinha traços até joviais, na verdade, porém, estavam um tanto ocultados pela feição preocupada do mesmo no momento.

— Olha soldado... hã, você não nos deu sua identificação. – Respondeu Elliot. – Como podemos confiar num completo estranho?

— Meu nome é Henry Barlich, soldado sob o comando do capitão Acklight, e deveria estar em patrulha ao invés de fazendo favores. – O soldado olhou uma última vez em volta antes de se afastar de Elliot e Cass. – A pessoa que deseja vê-los espera no velho cemitério, aquele mesmo da colina ao norte da cidade.

— O velho cemitério dos nobres. – Confirmou Cass.

— Exato. – Respondeu Henry jogando algo por de trás do ombro enquanto se afastava discretamente. – Eis uma cópia da chave do portão do cemitério, sem isso vocês não terão acesso.

Mesmo sem ter reflexos apurados como Cass ou até mesmo como o misterioso Soren, Elliot apanhou a chave de ferro no ar, a segurando junto ao peito:

— Você tem minha atenção, Henry. Acho que não tem problema checar esse seu amigo.    

— Bem, não posso confirmar isso. Daqui para frente é com vocês.

A dupla observou Henry se afastar e retornar à sua patrulha nas ruas molhadas do distrito, onde outros soldados também patrulhavam praticamente de esquina a esquina e mantinham a ordem. E assim era o fluxo das coisas em Lowel: para o distrito nobre, ruas iluminadas e patrulha reforçada, para os demais distritos, iluminação e segurança pública precários, o cenário ideal para a propagação da ideia dos Sentinelas.

— Acho que vamos alongar nossa caminhada um pouco mais essa noite. – Refletiu Elliot, observando a pequena chave de ferro na palma de sua mão.

• • •

VIII. You Don’t Hurt Anymore

O que seria apenas uma caminhada sem destino pela cidade com o objetivo de acalmar o ânimo exaltado de Elliot, já havia se tornado uma provação e tanto. O jovem nobre não experimentava uma saída noturna tão agitada fazia muito tempo, se é que o retraído herdeiro dos Zummarch sequer havia tido alguma experiência assim ao longo de sua juventude. Cassandra já havia o protegido antes, em duas ou três ocasiões em que o gênio difícil de seu mestre o havia metido em problemas pela cidade.

A leve chuva que persistia e o céu sem estrelas faziam aquela noite parecer ainda mais escura e gélida do que realmente era, como se a cidade fizesse questão de parecer pouco convidativa para as poucas pessoas que se atreviam a deixar o conforto dos lares àquela hora da noite.

A dupla cruzou o distrito nobre, que se conectava com todos os demais distritos - e era o coração da cidade de Lowel – e logo se viram no caminho rochoso na parte mais alta e afastada da cidade, onde um abandonado e silencioso cemitério guardava o descanso eterno de antigos membros da nobreza da cidade, antes de um novo e duas vezes maior ser construído na parte sul, tornando a antiga necrópole obsoleta.

— Aqui estamos, antigo cemitério de Lowel. – Comentou Elliot encarando os grandes portões enferrujados do local. – Agora pensando melhor, talvez não seja uma boa ideia entrar.

— São aquelas memórias novamente? – Perguntou Cass tocando o braço de seu mestre, um olhar complacente tomou olhos da moça.

— Sim, eu sinto que quando entrar aqui talvez não consiga segurar os sentimentos que venho carregando a tanto tempo... é realmente estranho, como um deja vú.

— Talvez seja esse o ponto que esse tal estranho deseja. Não acha? Talvez ele queira nos ajudar de alguma maneira.

— Bem, viemos tão longe sem nenhum incidente pelo caminho, se esse estranho quisesse nosso mal nós provavelmente não teríamos chegado ilesos até esses portões. – Elliot respirou fundo antes de encaixar a chave na fechadura do grande portão. – Sendo assim, vamos em frente, Cass. Você pode estar certa afinal.

A chave deu duas voltas completas na fechadura, finalizando em um estalo seco das engrenagens internas do portão se movimentando e o abrindo completamente.

A dupla caminhou lentamente cemitério adentro, um único caminho de placas cimentícias corroídas pelo tempo levava da entrada até cada uma das fileiras de túmulos, alguns até parcialmente cobertos pela grama alta que crescia naquele local esquecido no tempo. O caminho que Elliot e Cass seguiram, porém, foi o que ia até o fim da colina onde uma solitária lápide descansava isolada das demais, sob a proteção um velho carvalho, tão seco e desprovido de vida quanto aquele local.

— É aqui. – Comentou Elliot frente a frente com a lápide da colina, um nó crescendo em sua garganta. – É aqui que ela descansa.

Cass se aproximou lentamente da lápide e de Elliot, mas faltaram palavras para aquele momento tão pessoal de seu mestre. Infelizmente. Cassandra não havia conhecido ela.

— Nem ao menos precisei especificar o local, você veio direto para onde imaginei.

Uma voz rouca e muito familiar chamou a atenção da dupla e pôs ambos em estado de alerta. Seria esse o estranho que os convidou até ali?— Ponderou Elliot, tentando organizar os pensamentos.

— Quem está aí? Apareça agora, a brincadeira acabou! – Cass respondeu à misteriosa voz, já tomando sua postura de combate.

— Estou aqui, pode baixar a guarda, Cassandra Gratia. – Respondeu o misterioso dono da voz, revelando sua posição à dupla.

Por de trás do velho carvalho surgiu uma figura envolta em trevas, um longo manto negro cobria toda a extensão de seu corpo e um capuz lhe cobria igualmente o rosto. O estranho deixou o esconderijo vagarosamente, se revelando totalmente à dupla.

— Como você sabe meu nome? – Indagou Cass aparentemente furiosa em ter seu sobrenome citado.

— Porque eu conheço vocês dois como a palma de minha mão. Elliot, Cassandra... e vocês me conhecem igualmente.

Ao proferir tais palavras, o estranho levou a mão trêmula até o capuz e o retirou, surpreendendo o jovem nobre e sua Sentinela:

— R-Rowen? – Confirmou Elliot, em um misto de alívio e confusão. – Foi você quem nos chamou aqui?

Rowen Borough, o mordomo e Sentinela da própria mãe de Elliot era então o estranho que os aguardava no cemitério? Elliot estava em choque. De todas as pessoas possíveis, ele não imaginava o próprio mordomo naquele lugar, tampouco conseguia pensar em um motivo para um encontro sob tais circunstâncias. Nada mais fazia sentido.

— Eu vejo pela sua cara de confusão que você não faz ideia sobre o que se trata essa “reunião”, não é? – Perguntou calmamente Rowen.

— Por quê aqui, Rowen? – Questionou Elliot aproximando-se do velho mordomo e apontando na direção do túmulo – Você sabe o quanto esse lugar, o quanto ela significou para mim. Por quê me fazer rever esse túmulo que povoa meus malditos pesadelos?  

— Você vai entender no decorrer de nossa conversa, Elliot. – Começou o mordomo - Eu esperei anos por esse momento. Assisti você nascer, crescer, assisti você decair com o passar dos anos e cair nesse poço de tristeza, assisti por anos seu estado mental se deteriorar e consumir lentamente tudo o que você é, tudo o que você poderia ser, enquanto você se esconde e foge de tudo aquilo lhe ameaça.

A chuva retomou pouco de sua força e as gotas pareciam espinhos gélidos perfurando o rosto descoberto de Elliot, encharcando as madeixas negras e escorrendo silenciosamente através de sua capa.

— Qual o problema em fugir da realidade quando ela não me convém nem um pouco? Me diga! – Esbravejou Elliot, enquanto as lágrimas brotavam em seus olhos castanhos, mesmo contra sua vontade. – Você esteve lá sim, todos esses anos, e de que serviu? Você não preencheu o vazio deixado pelo meu pai, você sequer me apoiou nas vezes em que eu insisti que ela ainda poderia estar viva!

— Alexia está morta! – Esbravejou Rowen interrompendo Elliot. – Você precisa encarar a realidade, não tocar mais no nome dela não vai diminuir a sua dor, nem a dor de ninguém. Não é culpa sua, nem de seu pai, nem de sua mãe. Se você precisa tanto ter alguém para culpabilizar, para descontar toda essa dor e frustração, desconte em mim! Eu também estava lá no dia em que ela foi levada e não pude fazer nada! Nada!

Por mais que a cena cortasse o coração de Cassandra, a jovem não dizia uma palavra sequer. Simplesmente não poderia. Não conseguia pensar em mais nada além de tomar Elliot em seus braços e amenizar sua dor, mas ela sabia que no fundo essa conversa aconteceria um dia e Elliot deveria enfrentar seus demônios sozinho.

Em um ataque de fúria, Elliot partiu para cima de Rowen, o agarrando pelo colarinho e o pressionando contra o tronco do carvalho:

— Como você ousa falar esses absurdos? – Vociferou Elliot furioso enquanto apertava cada vez mais o pescoço de Rowen – E se Alexia estiver esperando por mim em algum lugar? E se ela estiver viva? Como você pode falar em culpa, dor, frustração quando não é você quem está sentindo?

Com um movimento rápido e poderoso, Rowen se livrou das mãos de Elliot e o acertou um soco em cheio no rosto, fazendo o jovem cambalear para trás.

— O mundo não é sobre você, Elliot! – Um trovão ecoou no céu negro, clareando brevemente o espaço aéreo sobre o cemitério. – Você não percebe que quando você sofre, nós sofremos também? Não percebe o peso que sua mãe carregou nas costas nesses últimos quatorze anos? Não percebe o quanto Cassandra sofre tentando substituir a presença de Alexia e sendo muitas vezes menosprezada por você? Talvez você esteja certo, talvez ela esteja viva mas encare a realidade: já se passaram quatorze anos e ela não está aqui com você! Nós estamos, você gostando ou não!

Nesse momento, Cass se entregou às lágrimas, cerrando os punhos em uma tentativa inútil de permanecer forte.

— Eu imaginei por todos esses anos o momento em que seu pai retornaria e as coisas magicamente voltariam aos eixos na sua família, e na minha vida medíocre também. – Continuou Rowen, enquanto as lágrimas finalmente encontram passagem pelos olhos negros do velho mordomo – Mas finalmente percebi que somos nós que precisamos fazer alguma coisa. Ewan não vai mais voltar, Alexia provavelmente está morta, sua mãe está à beira de um colapso nervoso com todo o peso da família. Eu não quero mais sentir pena de mim mesmo, acordar toda manhã com o peso da minha falha e também não desejo mais ver você assim, sofrendo diariamente.

As palavras de Rowen eram como um choque repentino de realidade na vida de Elliot. Não havia mais para onde correr ou se esconder, tudo havia sido trazido à tona e ele lembrava nitidamente dos últimos momentos com sua amada amiga de infância, Alexia Lioncourt.

Com o coração dilacerado pela dor, e o rosto ferido pelo golpe que recebera instantes antes, Elliot juntou forças para responder:

— Eu não sei como posso ajudar. – Começou o jovem aos prantos, cortando ainda mais o coração de Cass. – O mundo é frio e cruel, Rowen, eu sei disso. E eu me odeio por fazer vocês sofrerem comigo, mas eu realmente não sei o que fazer nem como viver em um mundo assim injusto.

• • •

IX. Forgive And Forget

— Perdoe a si mesmo! – Cass finalmente criou coragem para interferir. – Você não deve nada a ninguém aqui. Como eu já lhe disse, sei que não sou a Alexia nem pretendo ser. Eu estou aqui porque escolhi estar, porque fui aceita por você, lembra? Sou sua Sentinela. Você pode dividir esse fardo conosco, mas o primeiro passo, o primeiro ato de justiça deve vir de você mesmo.

Elliot inclinou a cabeça para trás, sentindo novamente o toque gélido da chuva em seu rosto. Enchendo os pulmões de ar e liberando o mesmo ar pela boca em um longo suspiro, o jovem virou em direção ao túmulo de Alexia, o fitando em silêncio por longos instantes, não era uma decisão fácil afinal.

— E-Eu já tomei minha decisão. – Gaguejou Elliot quase sem forças – Acho que isso é finalmente um adeus, Alexia. Não da maneira em que eu esperava, mas eu espero que você entenda e me perdoe um dia.

— Tenho certeza que ela nunca o odiou, nem por um momento. – Cass se aproximou, as mãos frias envolvendo a mão direita de seu mestre.

Rowen também se aproximou, depositando sua mão sobre o ombro de Elliot:

— E o mais importante, você se perdoa?

Por alguns segundos apenas o que era ouvido naquele ambiente era o barulho da chuva encharcando a grama, se chocando contra as lápides e as crocitadas de um par de corvos que repousavam procurando abrigo na copa do velho carvalho. Rowen e Cass se afastaram, deixando Elliot decidir por si mesmo.

— Sim. – Respondeu o jovem com firmeza após a breve pausa. – Eu... me perdoo por ter sido cego por tanto tempo, e espero de coração que eu possa de alguma forma reparar o estrago que fiz nas vidas de vocês por todos esses anos.

Ao receber apenas silêncio como resposta, Elliot virou as costas ao túmulo procurando por Rowen e Cass e foi surpreendido pela cena que acontecia diante de seus olhos. Rowen estava prostrado em reverência, um joelho apoiado no chão e outro servindo de apoio para o braço esquerdo. O braço direito permanecia estendido em direção à Elliot, e na mão trêmula do velho mordomo, uma velha espada embainhada repousava como uma espécie de oferenda.

— Rowen, o quê... sua mão...

Elliot finalmente percebeu a razão por trás da mão direita trêmula do mordomo, e em um flash repentino se lembrou desse detalhe que havia apagado em sua memória e que fora ocultado pelo velho mordomo por todos esses anos, o motivo pelo qual o outrora habilidoso espadachim Rowen Borough agora servia como um simples serviçal.

— Sim, lorde Elliot. – Confirmou Rowen de cabeça baixa – Eu perdi muito mais do que minha honra naquele dia. Perdi minha mão direita e com ela minha capacidade de empunhar uma espada com destreza. Desde então, jurei nunca mais manejar uma lâmina novamente.

No lugar da mão mutilada, uma prótese de madeira segurava a espada com muita dificuldade.

— Elliot Andersen Zummarch, - Continuou Rowen, erguendo a cabeça e fitando os castanhos olhos chorosos de seu mestre – Deste dia em diante, eu, Rowen Borough, juro minha vida e minha lâmina novamente em serviço à você e à Casa Zummarch, até o dia de minha morte e além.

No momento em que Rowen finalizou seu juramento, Cass tomou a mesma postura lado ao velho homem e com um semblante decidido, renovou seus votos a seu mestre:

— Elliot Andersen Zummarch, deste dia em diante, eu, Cassandra Gratia, juro minha vida e minha lealdade em serviço à você e à Casa Zummarch, até o dia de minha morte e além.

A chuva finalmente cessara, mas as gotas que se chocavam ao chão agora eram do sentimento de afeto mútuo dividido entre os três ali presentes. Pela primeira vez em anos, um alívio tomou conta de Elliot e a esperança de dias melhores ocupou todo seu ser. Perdão era um poderoso remédio, e o jovem teve certeza de que era possível recuperar o tempo perdido e deixar de vez as dores do passado nas lembranças obscuras de onde elas nunca deveriam ter saído.

— Cass, Rowen, obrigado. – Elliot enxugou as lágrimas e gesticulou para que os dois Sentinelas levantassem. – Não sou de fazer promessas, mas estou decidido a criar um mundo melhor para nós, para os habitantes de Lowel, para todo império de Igelivel e quem sabe para toda Kul’Yolia também?

O trio compartilhou um riso sincero frente ao repentino plano mirabolante de Elliot.

— Um mundo melhor até para o Soren, aquele esquisitão yoliano que nos atacou? – Debochou Cass.

— Para qualquer um que estiver ferido e sem rumo, como nós.

— Sonhar é bom, mas por que nós não começamos com algo mais ao nosso alcance, como aquela que nos espera de volta na mansão? – Repreendeu Rowen, enquanto prendia sua espada novamente à cintura.

— Sylvie... – Elliot balançou a cabeça negativamente, corrigindo a si mesmo – Mãe. Vou acertar as coisas com você, prometo.

Antes de deixarem o cemitério, Elliot lançou um último olhar ao túmulo de Alexia. Ela era a razão de tudo em sua vida por tantos anos, a deixar para trás e buscar um novo rumo era doloroso de forma que ele sequer poderia explicar, mas era preciso e ele finalmente havia dado sentido aos sentimentos por tanto tempo guardados. Havia transformado a morte em vida e o luto eterno finalmente se dissipava a cada passo que dava em direção à saída do cemitério, se dispersando em incontáveis fragmentos das doces memórias de sua infância com Alexia. Essas sim, seriam eternas daquele dia em diante.

— Elliot, - A Sentinela se aproximou do jovem lorde, instantes antes de deixarem o cemitério - Não diga que o mundo é frio, você não está sozinho. Nunca esteve.

No dia seguinte, estranhamente o sol voltou a brilhar em toda Igelivel, intenso como nunca.


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Notas finais do capítulo

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