Soberanos de Aço - O Paradigma de Igelivel escrita por Michel Zimmer


Capítulo 1
Past In Flames


Notas iniciais do capítulo

AVISO IMPORTANTE: O prólogo foi renomeado, tornando-se o primeiro capítulo. Porém, se você já leu, não se preocupe pois o conteúdo continua o mesmo!
Boa leitura!



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I. Goodbye Halcyon Days 

Um frescor quase balsâmico amenizava outra tarde quente em Lowel, talvez a mais soalheira nas últimas semanas de novembro. O majestoso ipê-rosa, que dançava tranquilamente a melodia daquela brisa, providenciava tanto a tão estimada sombra quanto uma não tão desejada camada de flores caídas sobre o quintal da residência dos Lioncourt.

— Não importa quantas vezes eu venha aqui, sempre me sinto renovada. - Elogiou uma mulher de aparência nobre, enquanto levava uma xícara de chá lentamente até a boca.

— É por isso que nós amamos esse quintal, Sylvie. - Respondeu uma segunda mulher de aparência igualmente fidalga, com um sorriso satisfeito. - Alexander sempre diz que uma boa xícara de chá sob a sombra do ipê aquieta até a mente mais turbulenta.  

— E é com certeza uma das únicas coisas nas quais concordamos, Denise. - Completou em tom jocoso um homem de cabelos e barba grisalhos aparentando já idade avançada, arrancando risos das duas mulheres.

O trio compartilhava a mesma mesa sob a sombra do ipê, desfrutando de um chá de flor de jasmim, uma das iguarias da cidade, mas, bem mais reconfortante que qualquer chá ou sombra eram os risos despreocupados das duas crianças que corriam entre as árvores e brincavam por todo o quintal.

— Rá! Duele comigo, malfeitor! - Exclamou um dos pequenos com o olhar determinado, um garoto de não mais de sete anos, enquanto apontava um graveto seco em direção a um dos dois Sentinelas que protegiam o jardim.

Estoico, o Sentinela que repousava escorado em uma das várias árvores daquele quintal parecia não muito afim de brincadeiras:

— Dá um tempo, fedelho. - Respondeu o homem com um meio sorriso irônico, frente ao desafio do pequeno.

— Rowen! - Sylvie franziu as sobrancelhas chamando atenção do Sentinela da Casa Zummarch. - Você não vai negar o pedido de tão nobre cavaleiro, vai?

Sou um Sentinela, sirvo como guarda-costas da família e não como uma babá. – Protestou Rowen em pensamento.

Aparentemente contrariado, o espadachim procurou por um graveto no jardim e ao achar tão digna arma, a direcionou ao igualmente digno cavaleiro que o desafiara:

— Sendo assim... Em guarda, Sir Elliot.

O sorriso – sem alguns dentes de leite – e o brilho nos grandes olhos castanhos do menino ao ter seu desafio aceito lembraram de si próprio naquela idade, amolecendo o coração ranzinza de Rowen por alguns instantes.

O segundo Sentinela que protegia o jardim, este a serviço da Casa Lioncourt, não deixou de comentar a situação cômica em que seu companheiro se encontrava:

— Espero que esse tempo passado fora de combate não tenha esmorecido seus músculos do jeito que amoleceu esse coração. – Debochou o Sentinela, Sigfried, sem sair de sua posição.

— Na verdade, gênio... – Respondeu Rowen sarcasticamente, enquanto trocava golpes mortais com seu habilidoso oponente – O coração também é um músculo, então pode-se dizer que realmente estou esmorecido. Falando em esmorecido – Continuou o espadachim -, nem imaginava que você conseguia decorar palavras mais complexas que “comer”, “dormir” ou “lutar”.

Sylvie, Denise e Alexander não contiveram seu riso, fazendo Sigfried corar dentro de sua armadura de aço trabalhado. Meio ao momento descontraído que se formou naquele ambiente, Denise Lioncourt percebeu algo faltando naquela cena:

— Querido, você viu para onde foi a Alexia? – A mulher questionou Alexander, repousando a mão levemente trêmula sobre a mão enrugada do marido. – Ela estava brincando com Elliot até agora a pouco...

Antes mesmo de algum dos presentes à mesa pudessem se preocupar de verdade, um repentino e agudo “grito de guerra” espantou a preocupação crescente causando um pequeno susto a todos, e uma dor de cabeça para o Sentinela Rowen:

— Agora, Elliot! – Exclamou uma aguda voz infantil – Nossa técnica combinada para acabar com os malfeitores!

— Vamos, Alexia! – Concordou Elliot com empolgação ao perceber a localização e os planos da amiga – Nossa técnica é infalível!

Aproveitando a confusão de Rowen, - que, apesar de ter ouvido o anúncio da “técnica infalível”, não pareceu muito preocupado - Elliot atirou seu graveto em direção ao rosto do Sentinela que se defendeu com facilidade, porém, abriu sua guarda no processo deixando o garoto na posição perfeita para um golpe nada honroso: um caprichado chute no meio das pernas.

O chute conectou perfeitamente, visto que diferentemente de Sigfried, Rowen não trajava uma armadura de aço, e sim uma mais simples, feita de couro negro e fortalecida com placas de aço nos ombros, cotovelos, costa e joelhos. Infelizmente nenhuma placa o protegeu daquilo.

O urro de dor era uma mistura de fúria e vergonha, fazendo o pobre homem envergar para frente e entrar no alcance da segunda parte da técnica infalível: Enquanto Rowen se contorcia de dor, a pequena Alexia Lioncourt saltou de um dos galhos justo acima da posição do sofrido Sentinela, caindo com os pés em suas costas e o levando ao chão sem chance de contra-ataque.

— É isso aí, Alexia! – O pequeno Elliot aproximou-se da amiga, estendendo a palma da mão em direção a mesma, que repetiu o gesto e selou assim o cumprimento oficial da dupla. – Nem vi você escalando a árvore, incrível!

— Nós somos incríveis juntos, Elliot!

A pele alva com alguns arranhões e marcas roxas das aventuras junto à Elliot, os bagunçados cabelos negros como um ônix brilhante e o olhar profundo e abençoado pelo azul escuro de sua mãe: a doce Alexia era a alegria de sua família e uma fonte de inspiração para o normalmente introvertido e solitário filho de Sylvie Zummarch.

— E agora, ó poderoso Rowen Borough... – Sigfried caiu na gargalhada, deixando o resto de seu fôlego para zombar do companheiro – Já se considera um pouco mais esmorecido?

Denise e Alexander se entreolharam um tanto sem graça pela performance indelicada e nada graciosa da filha, mas acabaram aderindo ao riso de Sigfried e Sylvie, que parecia feliz em ver o filho interagindo, se expressando e arrumando confusão como uma criança normal na idade dele e de Alexia.

Momentos como esse poderiam durar para sempre: o riso inocente das crianças, as xícaras de chá sob a sombra do ipê, a comunhão entre as duas maiores e mais influentes casas nobres de Lowel, momentos de tão necessitada paz. Momentos onde Sylvie Zummarch poderia sentir-se acolhida depois do sumiço do marido, a pressão do império e o declínio da influência de sua família.

Esse tênue sentimento de paz estava prestes a ser dilacerado para ambas as famílias, e alguns vínculos, para sempre rompidos.

• • •

II. Dissonant Symphony

Um forte, porém, abafado estrondo vindo de dentro da mansão dos Lioncourt chamou a atenção de todos os presentes no quintal e rompeu aquele momento pacífico. Um segundo barulho estridente foi ouvido, mas dessa vez a fonte era mais alta, clara e terrivelmente visível: um dos mordomos da mansão fora violentamente arremessado contra as portas de vidro que levavam ao jardim, despedaçando a porta e retalhando completamente o serviçal.

— V-Victorio? – Alexander levantou perplexo, aproximando-se do corpo gravemente ferido de seu mordomo.

— Alexia, Elliot, não olhem! – Complementou imediatamente Denise, seguindo o marido.

Sem pestanejar ou precisar de qualquer ordem, Sigfried e o já recuperado Rowen, tomaram a frente bloqueando a passagem de seja lá quem tenha feito tal horrendo ato e impedindo que seus devidos mestres se aproximassem mais do homem caído.

— Lorde Alexander, se afaste. – Comandou Sig, fazendo menção em sacar a pesada espada de aço presa em sua cintura.

— Sylvie, Elliot, – Com um olhar concentrado, Rowen tomou sua postura de combate, a mão na bainha pronta para sacar seu sabre a qualquer instante – Não se preocupe, nós cuidamos disso.

O som do vidro estilhaçado e ensanguentado sendo esmagado por pesados passos assustou ainda mais as crianças, que correram para os braços de suas respectivas mães.

— Ora, ora, parece que fiz uma certa bagunça. – Uma voz mecanizada ecoou vinda de dentro da casa enquanto o som dos passos ficavam cada vez mais altos e próximos da entrada do jardim. – Deve ser a força do hábito.

Os passos pararam frente a porta de vidro destroçada, revelando um ser trajando uma robusta armadura em tons azul marinho, devidamente polida e adornada com uma grande e majestosa capa negra, bem como o inconfundível emblema no peito do mesmo: uma garra de aparência demoníaca, símbolo da capital imperial. Já o elmo da armadura possuía dois chifres que partiam das laterais e apontavam para a frente, porém, não possuía rosto, apenas seis furos verticais divididos em duas fileiras de três dando um ar ainda mais aterrorizante.

— Quem é você? – Questionou Rowen, com a mão trêmula na bainha do sabre frente a tão intimidador inimigo.

— Isso é sério? – A voz mecânica debochou – Achei que minha fama fosse tão ampla aqui quanto na capital.

— Essa armadura, esse emblema... - Sigfried apontou – Ele é um dos Acht Säulen, generais da capital diretamente sob as ordens do imperador!

O homem de armadura aproximou-se lentamente e, a cada passo que avançava, a dupla de Sentinelas recuava um pouco mais.

— Felix Aldrich, O Ressonante. – Apresentou-se o homem na armadura, com uma curta reverência. – Ao seu dispor.

— Não importa quem você é, isso não lhe dá o direito de invadir minha propriedade e ferir meus empregados! – O velho Alexander se exaltara frente ao comportamento abusivo do invasor.

Sem importar-se com as palavras de Alexander Lioncourt, o perigoso general Aldrich levou a mão até o pescoço e, após um click, jatos de vapor escaparam pela parte de baixo de seu elmo, o tornando agora removível.

— Ah, bem melhor! – Comemorou o general retirando o elmo e o depositando sobre uma das mesas do jardim, revelando uma face extremamente suada. Sua voz agora também havia perdido a tonalidade mecânica o tornando pouco mais humano. – Maldito sistema de refrigeração que nunca funciona.

Os longos cabelos loiros estavam encharcados de suor e bagunçados pelo longo período trajando o elmo, a barba por fazer dava ao general uma feição rústica e até amigável, embora suas ações haviam mostrado justamente o contrário.

— Nós não precisamos tornar as coisas ainda piores, Alexander Lioncourt. – Começou Felix com um sorriso sarcástico no rosto – Apenas entregue Sylvie Zummarch e voltarei para a capital sem reportar nenhum incidente.

— Sylvie? – Alexander pareceu confuso com a demanda do general – Os Zummarchs estão sob nossa proteção, seja lá o que você queira com Sylvie, você está infringindo diretamente a hegemonia dos Lioncourt!

Sylvie Zummarch permaneceu imóvel, segurando fortemente Elliot em seus braços. Finalmente a capital havia perdido a paciência e estava usando de força bruta para lhe encontrar. No fundo ela sempre soube que esse dia chegaria e nem mesmo a proteção da família mais influente da região poderia lhe proteger.

— Já vi que você não está aberto ao diálogo, velho estúpido. – Um olhar sanguinário tomou conta do general Aldrich. – Faremos isso do jeito mais doloroso então.

Rowen e Sigfried não esperaram mais pelos comandos de Alexander. Em um impulso de proteger seus mestres, os dois Sentinelas sacaram suas armas e partiram para cima do general, porém, seus esforços foram em vão.

Com a mesma destreza que os Sentinelas atacaram, o general levou rapidamente a mão esquerda até o pulso direito pressionando um pequeno botão escondido em uma cavidade da armadura e mostrando de fato o motivo pelo qual era conhecido como “o Ressonante”.

Uma forte onda sonora ressoou pelo ambiente, explodindo as janelas do primeiro andar da mansão e as porcelanas que repousavam sobre a mesa de chás do quintal, esvoaçando os cabelos de todos ali presentes como uma forte rajada de vento e o principal: derrubando violentamente ambos os Sentinelas e os pressionando contra o chão, anulando completamente sua investida.

— O- O quê infernos? – vociferou Siegfried sendo pressionado contra o chão, sentindo seu corpo ser lentamente comprimido pela armadura de ferro. – Não... consigo... respirar.

— É muito pesado... – Rowen enquanto foi ao chão, tendo a mão esmagada pelo peso absurdo de seu próprio sabre. - N-Não posso me mover...

O general soltou uma gargalhada estridente quando percebeu o desespero de todos ao vislumbrarem a potência de sua armadura azulada, a impressionante Vogelblau.

— A Vogelblau e eu fomos feitos um para o outro! – Comemorou o general em um riso macabro – Suas espadinhas e armadurinhas de metal podem apenas sucumbir perante a gloriosa tecnologia da capital!

O velho Alexander também foi ao chão pois a prótese mecânica instalada em seu joelho direito também era composta de metal. Sustentado apenas por um joelho o velho ainda tentou impedir o inevitável êxito da missão de Felix em capturar Sylvie Zummarch.

Ao ver o marido em tal situação, Denise Lioncourt deixou Alexia aos cuidados de Sylvie – que agora abraçava ambas as crianças – e correu ao auxílio de seu marido, mesmo sem poder fazer muito pelo mesmo.

— Covarde! – Exclamou Denise, tentando inutilmente mover o marido para trás, quase que instintivamente – O que você quer com a Sylvie?

— Finalmente, a pergunta de ouro! – Caçoou Felix. – Se Sylvie fosse realmente uma boa pessoa, já teria se entregado a tempos, não? Assim como o marido, é uma traidora da pior espécie.

Visivelmente sem paciência, o general golpeou violentamente o rosto de Denise Lioncourt, a arremessando para longe do marido e a deixando inconsciente quase que instantaneamente.

Em um grito de agonia em presenciar tamanha violência contra sua esposa, Alexander se entregou às lágrimas, já perdendo o controle sobre seus sentimentos e pensamentos. Na mente do velho nobre apenas a segurança de sua esposa e filha vieram à tona, embora a onda sonora de Felix o tivesse prendido contra o chão, o tornando inútil, assim como os dois Sentinelas ali presentes.

— Agora... – Felix agarrou o rosto de Alexander, as garras afiadas da armadura penetrando na pele do velho, o erguendo a centímetros do chão. – Eu poderia arrancar a pele dessa sua cara enrugada facilmente.

Alexander gritou em dor e desespero, desesperando também as crianças que estavam aos prantos abraçando fortemente Sylvie Zummarch em busca de proteção. Sylvie era a última em pé testemunhando a barbárie cometida pelo general, embora nem ao menos soubesse com exatidão o motivo de tanta perseguição.

— Você está atrás do Ewan, não é? – Questionou Sylvie abruptamente, tentando chamar a atenção de Felix o fazendo libertar Alexander – Você cometeu um erro, eu não o vejo a meses desde o incidente na capital onde vocês mesmos o declararam morto! Nada disso faz sentido!

Felix arremessou Alexander violentamente contra uma das árvores do quintal, fraturando várias costelas do velho no impacto.

— Você sabe o que mais não faz sentido? – O general agora se aproximava de Sylvie e das crianças - Seu marido desaparecer com um projeto militar de alta prioridade e logo em seguida você pedir asilo e imunidade diplomática para os Lioncourt.

— Eu não tive escolha! – Argumentou a mulher em desespero – A pressão constante dos jornais, dos agentes do império... Elliot e eu não poderíamos lidar com isso! Essa é a mais pura verdade, para nós Ewan está morto.       

— Então você deveria ter dito isso logo. – Felix parecia falsamente convencido com a explicação – Assim eu teria esfolado vocês todos logo de uma vez!

Sylvie apenas fechou os olhos e se colocou como uma última barreira entre Felix e as crianças, a culpa devorava seu coração por inteiro. O general se preparava para golpear a mulher quando uma voz o interrompeu, chamando novamente sua atenção.

• • •

III. Little Last Hope

— Chega! – A voz suave e trêmula balbuciou aos prantos – E-Eu irei derrotar todos os malfeitores!

Para a surpresa de Felix, a pequena filha do casal Lioncourt se prostrava de braços abertos em meio a Sylvie e ao general, em uma tentativa desesperada de proteger a mulher, mas principalmente, em proteger Elliot.

— Alexia! – Exclamou Sylvie aos prantos, o medo a imobilizando.

— Alexia. Alexia... Hmmm. – Felix coçou o queixo intrigado – Então no fim das contas, uma criança acaba fazendo o papel que todos esses adultos falharam em fazer?

Felix gargalhou novamente, o humor alternado do general voltando ao sarcasmo de outrora, demonstrando o quão doentio era aquele homem.

— Você não vai mais machucar ninguém aqui! – Exigiu Alexia, os olhos azuis repletos de determinação. – Elliot, Sra. Sylvie, eu vou defender vocês.

Aquela cena ficaria gravada na memória de Elliot por muitos e muitos anos a seguir. Aquela determinação e aquela coragem vinda de uma menina tão frágil e espirituosa. O pequeno Elliot podia sentir a força que emanava de sua amiga, mas o medo o paralisava completamente e nada podia fazer a não ser se envolver no calor de sua mãe e desejar que tudo terminasse logo.

— Eis o que vai acontecer. – Felix agarrou o braço da pequena menina com tamanha violência que o deslocou do lugar instantaneamente, enchendo os olhos de Alexia de lágrimas em um choro contido. – Vou levar essa menina como garantia e lhe dou até amanhã ao meio dia, Sylvie Zummarch, para me dar alguma informação útil sobre o paradeiro de Ewan ou dos projetos em que ele trabalhava antes de “desaparecer”. Entendido?

—Não, por favor! – Suplicou a mulher em desespero, se atirando aos pés do general – Ela não tem nada a ver com isso! Você não queria me levar? Pode levar! Estou me entregando! Mas por favor... não faça isso!

— Você teve sua chance de cooperar, Sylvie. – Respondeu o homem com um sorriso sádico – Agora vai ser dessa forma bem mais divertida. Estarei numa pousada em Radha, pertinho de Lowel, e se você não aparecer, bem, não será apenas seu marido que haverá desaparecido sem deixar vestígios.

O general acariciou o rosto alvo de Alexia antes de arrastar a menina até a saída do quintal, vestiu o elmo novamente e por alguns instantes encarou Rowen, sufocado pela própria armadura e preso pela própria espada. Antes de sair então, decide por finalizar a visita com um ato final de crueldade:

— Você não sabia quem eu era quando cheguei, então vou deixar algo para que nunca se esqueça.

Com frieza e crueldade desumanas, Felix pisou agressivamente sobre a mão já esmagada de Rowen, girando o calcanhar e destruindo de vez a mão do Sentinela.

Um grito intenso de dor ecoou pelo quintal instantes antes de Rowen desmaiar devido a dor pungente e a visão traumatizante de sua mão direita totalmente destruída.

— A-Alexia... – Sussurrou Elliot impotente frente tanta violência, estendendo a mão em direção a amiga em um último instinto amoroso. Os olhos castanhos transbordando desespero e tristeza.

— Ajude Rowen e os outros, eu vou ficar bem. – Respondeu Alexia demonstrando resistência emocional e física além do esperado para alguém de sua idade. – Não deixe os malfeitores ganharem, nunca!

O general observou Sylvie jogada no chão aos prantos e os vários corpos gravemente feridos pelo quintal, degustando a cena com imenso prazer.

— Amanhã até o meio-dia, não se esqueça.

Com tais palavras, Felix Aldrich, o Ressonante, deixou a residência dos Lioncourt, levando Alexia Lioncourt sob custódia. A menina foi trancada em uma das carruagens do comboio do general, cujo números de soldados presentes eram vinte. O comboio partiu de Lowel do final da tarde em direção à pequena cidade de Radha, porém, nunca alcançou sua destinação desaparecendo completamente naquela mesma noite. Tudo que ficou para trás foram as carruagens e cavalos intocados, alguns farrapos ensanguentados dos uniformes dos soldados, parte da armadura azulada, Vogelblau, totalmente retorcida e o próprio general Felix Aldrich, encontrado dias depois mortalmente ferido e em estado catatônico, vagando sem rumo pela mata local. Tal incidente se tornou um dos maiores mistérios do império de Igelivel até os dias atuais, trazendo consequências imensuráveis a todos os envolvidos naquele dia, mas em especial, ao jovem e impressionável Elliot Zummarch.


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Notas finais do capítulo

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