O mistério das quatro escrita por Letícia Pontes


Capítulo 2
CAPÍTULO 2 – A casa do prefeito




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A casa era muito bonita apesar de velha e mal cuidada. Dei a volta nela, para descobrir de onde vinha a fumaça e encontrei o que parecia ter sido uma fogueira na noite anterior. Aproximando-me dela eu ainda podia sentir seu calor. Olhei em volta, não havia ninguém. Talvez um sem-teto¿ Hippies¿

—Estranho...

Fui até a porta da casa e bati devagar.

—Olá! Tem alguém aqui?

Mas pelo vidro da janela pude ver que a casa estava mais abandonada do que nunca. Não havia sequer um lugarzinho sem poeira. Entrei por curiosidade e percebi que havia me enganado. Haviam marcas de pegadas pela casa, pegadas de varias pessoas descalças e com os pés molhados.Com certeza alguém estava usando a casa sem autorização. Eu sabia que deveria sair dali então caminhei silenciosamente em direção a porta, que para a minha surpresa, não quis abrir.

— Ah! Excelente! – caminhei para a porta da cozinha esperando que ela não fosse tão ruim.

Mas ela era. A porta não abria de jeito nenhum, como se algo a prendesse do outro lado. Eu a puxava com toda a força, chacoalhava e batia, mas ela não abria. Fui então até a maior janela que viu na sala, e arremessei nela um banco velho que achei ali. E só assim pude sair daquela casa que fedia a mofo e a peixe podre.

Corri de volta para casa antes que a minha mãe voltasse e fizesse o escândalo que eu já imaginava que faria se soubesse que ui a uma casa abandonada supostamente habitada sem autorização por gente desconhecida e provavelmente perigosa. Abri a porta e subi as escadas correndo. Somente quando abri a porta de meu quarto – sótão -  foi que notei algo muito estranho: Meu quarto inteiro estava diferente. No lugar dos pôsteres e dos penduricalhos, da cama enorme e bagunçada e das muitas caixas que ainda não havia desempacotado, estavam apenas tralhas e sujeiras, como um sótão comum.

—MAE, EU NO ACREDITO QUE FEZ ISSO! – Comecei a gritar enquanto descia para o corredor novamente, esquecendo que a minha mãe não estava em casa – EU TE FALEI QUE QUERIA O SOTÃO COMO O MEU QUARTO. VOCE BAGUNÇOU TUDO!

—MAE! PAI! ACHO MELHOR VOCES VIREM AQUI!

Olhei para frente e vi uma garota ruiva de olhos muito verdes com um taco de beisebol nas mãos, olhando com medo para mim. Arregalei meus olhos e procurei em volta alguma coisa com a qual eu pudesse me defender daquele taco, mas não encontrei.

—O que está fazendo na minha casa? – Dei alguns passos para trás.

—Mae, corre! -  a garota insistia

— O que está fazendo ruiva? Saia já da minha casa! – Eu estava prestes a chorar de medo. Estava sozinha, e  provavelmente a ladrazinha estava acompanhada pelos pais.

Vi dois adultos, provavelmente os pais da garota, subirem correndo as escadas e  pararem ao lado da filha olhando atentamente para ela e para o corredor.

—O que foi minha filha? – o homem falou com calma

—Como assim o que foi? Ela é uma ladra, com certeza!

—Quem é uma ladra, Marina? – a mãe da garota perguntava impaciente

—COMO QUEM MAE? A LOIRA AQUI NA NOSSA FRENTE, VESTIDA DE PIJAMA!

—Filha... -  mãe dela olhava para os lados assustada -Acho que você precisa descansar um pouco  - segurou sua mão – não em ninguém aqui.

Eu e a tal Marina nos olhamos sem entender o que estava acontecendo. Reparei então que havia fotografias daquela família espalhadas no corredor. E de onde estava podia ver dentro do quarto de minha mãe, que estava com móveis e coisas que não eram da minha mãe. Achei que a única coisa sensata a fazer era correr. E passando pela família, onde parecia que só Marina podia me ver, desci as escadas e abri a porta para sair daquela maldita casa.

 Estava de noite. Como podia? Havia acordado há umas duas horas. Era impossível que agora já fosse noite. Minhas pernas tremiam e eu me sentia como em um pesadelo sem fim.  Achei que o melhor seria voltar para a casa, e entrando na sala, notei que tudo ali também era diferente. Sofás, nenhuma caixa, poltrona, lareira, um poodle deitado no chão que começou a latir quando m viu e gêmeas idênticas e loiras de uns oito anos, sentadas jogando algum jogo de cartas.

—Mas que merda que está acontecendo aqui? – fechei meus olhos com força, achando que tudo não passava de um sonho, me beliscou e gritei quando senti uma dor real – Que droga! O que está acontecendo? – Meus olhos marejaram.

—Eu me pergunto exatamente o mesmo – uma voz sussurrou

Virei-me e vi a tal Marina em pé na escada me encarando assustada.

— Como entrou aqui, e porque eles não te veem? Estão fazendo algum tipo de brincadeira? Ou é um novo método para roubar casas?

— Olha, eu também não faço ideia do que está acontecendo. Em um segundo eu estava aqui na minha casa, e do nada todos vocês apareceram e os moveis mudaram, e ficou de noite...

—Do que você está falando? Você está maluca!

—EU? Olha, tem alguma coisa muito errada aqui. Não percebeu ainda?

Fui para frente das duas crianças sentadas no sofá e gritei com elas.

— Espera...Minhas irmãs...realmente não te veem?

— Assim como os seus pais, que pensaram que você estava louca.

— Qual o seu nome?

— Luana. E você é Marina, certo?

— Sim. Acho melhor irmos para o meu quarto – ela apontou para as irmãs que a olhavam confusas

— Esse quarto era para ser o escritório da minha mãe – observei o quarto da garota

— Temos coisas mais importantes para conversar! – ela me interrompeu bruscamente

— Ok! Comece!

— Meu nome é Marina, tenho 17 anos e moro aqui desde que eu nasci, então é impossível que você more aqui também e eu nunca tenha te visto.

— Também é impossível ficar noite de repente e só você nessa casa conseguir me ver – falei impaciente

— Hoje eu acordei, fui para a cidade vender as verduras que a minha mãe planta. – Ela falava pensativa caminhando pelo quarto - Voltei na hora do almoço, ajudei a cozinhar, comi com minha família e ajudei a limpar toda a cozinha... Deixa-me ver o que mais... Ah! Recebi uma amiga minha aqui hoje... Acho que só. Estava indo para o meu quarto, e te vi correndo para o sótão, depois gritando e descendo. O resto você já sabe.

— Sim... Muito estranho. Bom, eu acordei, fui até a praia, conversei com minha mãe sobre... Um problema pessoal. Ela saiu, foi fazer compras e eu estava voltando para casa quando decidi ir até a casa de praia abandonada, porque vi fumaça vindo dela, e era apenas alguma fogueira que tinha sido apagada então achei que tivesse alguém na casa, e chamei. Mas não havia ninguém. Eu então estava saindo de dentro dela, mas não consegui abrir a porta, parecia que algo estava emperrando ela. Quando finalmente saí, corri para cá, minha casa, antes que a minha mãe chegasse, e quando subi, encontrei o sótão revirado, o que antes era meu quarto...- falei rápida e confusa - Já sabe o resto.

— Que casa de praia abandonada?

 - Ué, a que tem logo ali.- falei indo até a janela a apontando para uma casa que eu jurava ter visto caindo aos pedaços mais cedo. Porém a que eu via estava em iluminada, branca, cheia e flores, bonita e parecia incrivelmente aconchegante mesmo de tão longe. - Não... Está abandonada?

— Nunca esteve. - ela falou como se fosse óbvio - É a casa mais movimentada que existe por aqui. É onde mora o prefeito.

—Ótimo! Mais essa!


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