O mistério das quatro escrita por Letícia Pontes


Capítulo 1
CAPÍTULO 01 - Historia pra dormir


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos!



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Depois de tomar uma baita de uma chuva enquanto levava as malas do táxi para a casa, finalmente me joguei no chão da sala, cansada e ensopada. Um parente de minha mãe, bem distante e bem desconhecido meu havia morrido e deixado aquela casa de praia para o familiar mais velho vivo, e por incrível que pareça, a  minha mãe quem era essa parente. Não que ela seja velha, tem seus quarenta anos. Mas meus avós, e bisavós já morreram, e ela não tem nenhum irmão ou primo, então... Torna-se a mais velha. Sorte a nossa.

—Luana, veja a casa e escolha o seu quarto. Aqui diz que ela tem cinco quartos, uau! – Minha mãe dizia lendo um papel molhado enquanto fechava a enorme porta da sala.

—Tem porão?

—Não, mas tem sótão – falou ainda olhando para o papel

—Eu fico com ele! – falei animada já subindo as escadas

—Obvio que não Luana!  Você já quis ficar com o sótão na nossa outra casa, ao menos pegue um quarto decente nesta.

—Vou ver...

Subi as escadas velhas da casa e observei o longo corredor cheio de portas e passagens . Alguns enorme cômodos não tinham portas, outros que tinham eu as abri encontrando cômodos vazios ou banheiros. A ultima porta a ser aberta dava em uma escada estreita para cima, obviamente ali se encontrava o sótão. Subi rapidamente e dei de cara com um sótão grande, empoeirado e bem iluminado.

—MÃE! VOU FICAR COM O SÓTÃO MESMO!

Fui até a janela enorme na parede enorme e a abri com um rangido. Pude ver de lá o mar, as ondas quebrando nas pedras, a praia, e outra casa de praia a cerca de um quilômetro. A brisa maravilhosa adentrava ao cômodo arrancando-me um sorriso.

—Só isso pra janta?

—E não reclame. Amanha sairei para fazer compras.

—Vamos ficar muito tempo aqui mãe?

—O tempo que for necessário. Até seu pai nos perder de vista.

—Mãe, você conhece os moradores da outra casa?

—Que casa?

—A que tem aqui na praia.

—Não vi casa alguma. E mesmo que tivesse visto Luana, francamente, sabe que nunca vim aqui.

 — Mas será que mora alguém lá?

—A única casa que eu acho que deve ter por aqui, é uma bem antiga, que até havia historias sobre ela.

—Que histórias?

—Ah filha, tem varias...

—Me conta!

—Luana, você já tem dezesseis anos, não vou ficar te contando historinhas para dormir. – ela falou levantando para levar seu prato a pia

—Não é isso mãe, só quero saber que grandes histórias  são essas.

—Bem... Tem algumas, mas a que mais pareceu verdade e também a que mais repercutiu , foi a que chamaram de “O mistério das quatro”.

“Havia quatro garotas nessa cidade, elas eram bem populares aonde quer que fossem, e estavam sempre a procura de uma integrante para o grupinho delas. Elas tinham em mente , viajar para essa casa de praia aqui perto onde passariam as férias sozinhas. Porém, nenhum dos pais autorizou que ficassem sozinhas por tanto tempo em um lugar deserto. Seus pais até mesmo ofereceram um lugar menos deserto, e que poderiam ir de vez em quando vê-las, mas elas não aceitaram. Em uma certa noite, os pais deram por falta de todas elas, procuraram nas redondezas, mas nem sinal das meninas. No dia seguinte, um taxista que viu o desespero dos pais, contou a eles que no dia anterior havia levado as quatro amigas para uma casa de praia. Porém, quando os pais das garotas chegaram a casa...não havia sinal de que alguém havia estado ali. Então a policia precisou interrogar o taxista que disse que as garotas levavam apenas a roupa do corpo, e que elas andaram diretamente para o mar, sentaram na beira da água e então, o taxista foi embora sem ver mais nada. Muitos acusaram o taxista de pedófilo, assassino... Mas nunca se provou nada, e até hoje ninguém sabe o paradeiro dessas meninas.”

—Bom, lave a louça. – minha mãe se afastou em direção a saída da cozinha – Estou com sono, vou indo dormir.

— Espera, é isso? Essa é a história?

— Como?

—E o final? Acaba ai?

— Sim, não souberam mais nada desde então. Filha, é uma história antiga, ninguém sabe se é verdade.

—Ela era sua amiga?

—Não Luana, foi minha avó quem me contou isso. Ela era da época das avós das garotas. É uma história muito antiga e sem fundamento. Totalmente estranha.

—O que tem de estranho nisso? Jovens desaparecem o tempo todo.

—Não fale assim Luana.

—Nem aconteceu isso.

—Não importa. Lave a louça e vá dormir. Está tarde.

Acordei com um pássaro cantando alto em minha janela, levantei-me e pude ver o dia lindo que amanhecera. Nem parecia que havia chovido tanto na noite anterior. Desci as escadas ainda de pijama, e sai da casa em direção ao mar. Molhei meus pés e senti o vento gelado da manhã daquele dia.

— Por quanto tempo terei que fugir do meu próprio pai?

Me sentei na areia da praia e fechei meus olhos sentindo uma lágima pesada e salgada escorrer.

—Filha, assim vai sujar todo o seu pijama- escutei a voz de minha mãe- Está chorando meu amor?

—Porque meu pai está assim? – falei entre lágrimas

—Minha filha, - Minha mãe sentou ao meu lado em abraçando – o seu pai precisa de tratamento. Ele não está bem. Ele não tem culpa.

— Então porque fugimos dele¿ Deveríamos estar ajudando ele.

— Meu amor, ele te trancou em um quarto. Ele não ia te soltar até acreditar que seus sonhos acabaram. Sabemos que isso nunca aconteceria.

—Onde será que ele está agora?

—Provavelmente te procurando pelo país. Luana, - ela se levantou - preciso ir ás compras, fique em casa, não de muita bandeira e tome cuidado!

—Tudo bem! – enxuguei as lágrimas

Me levantei e observei a minha mãe seguir em direção a casa, ouvi o barulho do carro saindo, e então voltei a me  sentar no na praia e embaralhar novamente meus pensamentos.

Depois de alguns minutos com meus pensamentos, decidi voltar para casa. Me levantei e antes de voltar observei a casa velha ao longe, a casa da história boba de minha mãe. Algo me chamou a atenção depois de prestar atenção nela alguns segundos: Fumaça. Uma fina camada de fumaça subia ao céu se misturando ás nuvens. Olhei em volta, a praia estava deserta. Pensei no que minha mãe havia acabado de me pedir, não dar bandeira. Não seria “dar bandeira” se não havia ninguém ai para me ver não é¿


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