Um carro em alta velocidade cruzava as estradas de Tokyo. O vento gelado cortava a madrugada silenciosa.
Uma garota de cabelos preto-azulado abriu o vidro, recostou-se no banco e fechou os olhos. O vento do inverno batia com força em seu rosto, queimando levemente sua pele. Sua cabeça doía como nunca.

Suspiro.

Abriu os olhos e focou no banco do motorista. Sabia que havia bebido mais do que o habitual e isso tinha feito com que perdesse o controle. Era um alivio saber que estava com alguém conhecido, apesar do sangue ferver ao finalmente reconhecer seu motorista improvisado.

—Finalmente resolveu acordar.

— Por que diabos eu estou com você?

—Porque você bebeu demais, Kagome! Não podia deixa-la lá no estado que estava! Alguém poderia...

—Não preciso que cuide de mim! Sango estava comigo, ela poderia muito bem ter me levado para casa depois. – O tom ríspido na voz dela não demonstrava qualquer sinal de agradecimento.

O rapaz limitou-se a emitir um suspiro alto. Era difícil lidar com Kagome quando ela estava com raiva...Principalmente quando tinha raiva dele. Sabia que os motivos da bebedeira eram totalmente avulsos a ele, mas o comportamento no carro eram devido a magoa que ela cultivava. Sabia que se fosse Sango no banco do motorista, ela estaria se comportando de outra forma.

Apertou o volante com força, tentando evitar uma nova discussão. Não tentaria se explicar mais uma vez.

— Sango ficou feliz em saber que você estava com alguém confiável.

—Alguém confiável, Inuyasha? Defina confiança.

—Não vou continuar com isso. – Estacionou o carro, limitando-se a olhar para o banco que ela ocupava.

Kagome abriu a porta com dificuldade e encarou o asfalto escuro por alguns instantes. Quais eram as chances dela manter o equilíbrio tempo suficiente para conseguir entrar no prédio e chegar ao elevador com alguma dignidade?

Respirou fundo e saiu. Apoiou-se no carro quando sentiu-se tonta. Era meio obvio que com dignidade ela não chegaria a lugar algum. Bateu a porta do carro com força exagerada e começou a caminhar com dificuldade. Não se surpreendeu quando tropeçou nas próprias pernas.

Fechou os olhos esperando que o chão encontrasse seu rosto, mas isto não aconteceu. – Sabe, Inuyasha, isso é absurdamente clichê. Você poderia ser menos previsível e deixar que eu esfregasse meu rosto no asfalto.

— Vou me lembrar disso da próxima vez.

— Não haverá próxima vez! – Ela tentou empurra-lo sem sucesso. Por fim se rendeu, apoiando-se no rapaz. – Pode me deixar no elevador. Obrigada.

— Não acredito que Kagome Higurashi esta agradecendo algo feito por mim! – Inuyasha abafou o riso quando ela o encarou irritada. – Vou deixa-la em seu apartamento. Os moradores não ficarão satisfeitos se te encontrarem dormindo no elevador.

O silencio se estabeleceu quando entraram no elevador. Kagome encarava o chão, não fazendo força alguma para esconder o fato de que não queria olhar para o ex namorado. Era de conhecimento de todos os amigos o que tinha ocorrido entre eles.

Inuyasha havia dormido com Kikyou...E a engravidado. Por mais que ele dissesse que não se lembrava de nada, que era impossível isso ter acontecido, sabia que ninguém acreditaria. Kikyou e ele tinham namorado antes mesmo de Kagome aparecer em sua vida.

Suspirou com frustração e segurou com delicadeza o braço da garota quando chegaram no andar.

— Obrigada mais uma vez. – Kagome puxou o braço com delicadeza, deixando que a franja cobrisse seus olhos enquanto pegava suas chaves. – Posso não gostar dessa situação, mas não sou mal educada. – Abriu a porta e lançou-se para dentro, a fim de fecha-la e acabar com todo esse constrangimento.

—Não precisa ser assim... – Inuyasha bloqueou a porta por um momento, a encarando. A tristeza não costumava deixar seus olhos ultimamente. – Eu nunca...Nós... – Suspirou- Escute, eu nunca faria nada para magoar você!

Kagome forçou um pouco a porta, xingando-se mentalmente por, na verdade, não querer fecha-la. – Inuyasha...

—Me perdoe...Por favor me perdoe. – Colocou-se para dentro do apartamento sem mais dificuldade. Envolveu o rosto da garota com suas mãos, obrigando-a a encara-lo. – Eu nem me lembro de ter feito nada....Eu com certeza não quis fazer isso com você.

—Alguém te obrigou então? – A magoa voltando aos olhos verdes. Ela soluçou baixo antes de colocar as mãos no peito dele, fazendo leve pressão para que ele a soltasse. Não tinha mais forças para isso. – Você deve satisfações a outra pessoa agora.

—Eu amo você. – Colou o corpo dela ao seu e a beijou. Ambos sabiam o quanto queriam isso, sabiam da falta que sentiam. Seu coração acelerou quando ela o abraçou, correspondendo ao beijo.

Cada toque fazia com que raciocinassem cada vez menos. Kagome o empurrou em direção a parede, não interrompendo o beijo, permitindo que as coisas ficassem mais perigosas do que já estavam.

As mãos de Inuyasha percorriam o corpo dela, mostrando toda a saudade que sentia. Inverteu os lugares, de forma que ela ficasse contra a parede, que serviu de apoio quando ele envolveu as pernas dela em seu quadril. Ofegava quando se separaram, encostou sua testa na dela e fechou os olhos, suas mãos segurando com força as coxas de Kagome. Queria que aquele momento não acabasse nunca. Queria que as coisas fossem totalmente diferentes.

Kagome encostou-se mais nele, tentando prolongar um pouco mais aquilo. Enlaçou o pescoço de Inuyasha, finalmente o encarando. Sentia raiva de si mesma por estar gostando tanto disso e, principalmente, por sua respiração irregular. Fez com que ele olhasse para ela novamente e o beijou.

Um gemido abafado saiu da garganta de inuyasha. Ele quase sorriu quando sentiu as mãos de Kagome em seu corpo. Caminhou sem dificuldade para o sofá mais próximo e se deitou sobre ela. Enfiou suas mãos por baixo da blusa da garota e suspirou quando foi a vez dela de gemer.

Kagome pareceu finalmente acordar para o que estava acontecendo ali. Interrompeu o beijo e encarou Inuyasha. Seus olhos mostravam a dor que ela sentia pela decisão que tinha acabado de tomar. – Você tem que ir embora. Nós não podemos...

—Que Inferno, Kagome. – Ele disse com irritação, o que a surpreendeu. -  Você me ama também! Por que não podemos? Eu não aguento mais ficar longe de você. Eu não quero passar a minha vida sem você! – A beijou novamente, pressionando seu quadril no dela, fazendo-a suspirar. Os dedos de Kagome passaram pelos cabelos dele com delicadeza.

Ela inverteu as posições, ficando por cima dele. Suspirou quando ele enfiou as mãos em baixo de sua saia. Ela não podia fazer isso! Interrompeu o beijo e o empurrou. Saiu de cima dele, arrumando sua saia. Queria que não fosse tão visível a vontade que ela tinha de continuar com aquilo.

Sua garganta doía pelo choro reprimido. Afastou-se com calma do rapaz, tomando cuidado para não encara-lo novamente. – Boa noite, Inuyasha. – Sentiu o olhar dele queimar sua pele. Mesmo sem encara-lo sabia o olhar de dor que ele carregava.

Ofegou quando depois de alguns segundos ouviu o barulho da porta, indicando que ele não estava mais no apartamento. Sentou-se no chão e permitiu-se chorar pelo menos mais uma vez.