- Marcela? É você? – Ele perguntou.

- Aham. Que saudades, Zack.

- Por que você ta me ligando? Aconteceu alguma coisa? – Ele se assustou.

- Não, não. Quer dizer... Ah, Zack, só me escute, ok?

- Ok... – Ele falou, estranhando.

- Olha, uns dias antes de você dizer para a Jenny que iria embora, ela... Bem, ela fez um teste. E ela passou. – Eu realmente não sabia como dizer aquilo, só tinha certeza que ele deveria saber da verdade.

- Passou? Em que teste? Da escola?

- Não! Ela largou a escola, ok?

- Largou a escola?! Como assim? – Ele começou a aumentar o tom de voz.

- Zack, se acalme, ok? O teste era... De gravidez. – Falei.

Silêncio...

- Zack, a Jenny está grávida.

Ouvi um barulho e logo depois a ligação caiu.

Encarei o telefone por alguns segundos e depois liguei para ele de novo.

- Você desligou o telefone na minha cara? – Perguntei, indignada, quando ele atendeu.

- Não, eu deixei ele cair e... Marcela, a Jenny não pode estar grávida! Isso é uma brincadeira, né?

- Não, Zack... Você acha que eu brincaria com uma coisa dessas?

- Marcela, me diz a verdade, ela ta grávida de outro? – Senti o medo em sua voz.

- Claro que não, Zack! Eu estive do lado dela o tempo todo! Ela nunca nem pensou em trair você! Ponha na sua cabeça: Você vai ser pai. – Falei.

- E-Eu vou ser pai?

- Aham.

Silêncio...

Nesse momento eu comecei a imaginar a cara de espanto de Zack. De certa forma, eu estava com um pouco de pena dele, não deve ser fácil saber que você vai ter um filho logo assim de cara. Quero dizer...

- Ah, eu esqueci de contar. É... Um casal de gêmeos. – Mordi o lábio inferior.

- O QUÊ?

- Parabéns, campeão. Você fez um bom trabalho. – Tentei animar um pouco as coisas.

- C-Como isso foi acontecer?

- Olha, tudo começa quando um homem e uma mulher têm relações sexuais sem proteção, aí o espermatozóide do homem...

- MARCELA! Isso eu sei! Eu só... Não consigo acreditar. – Ele falou.

- Olha, eu sei que é difícil receber uma notícia dessas por telefone. Mas é que a Jenny já está com 9 meses, a médica disse que os bebês podem nascer a qualquer momento e ela se recusa a contar pra você.

- Por quê? – Ele perguntou, triste.

- Ela disse que se contasse a você, você iria desistir de seguir seu sonho para poder ficar com ela e com os bebês. E ela não quer essa vida para você.

- Caramba, será que ela não consegue perceber que o meu único sonho é ficar ao lado dela em todas as ocasiões? Ela esperava cuidar de dois bebês sozinha? – Ele perguntou, indignado.

- Bem, não sozinha... A gente ficou com ela o tempo todo. Mas, eu acho que ela precisa de você, ainda mais agora, no último mês de gravidez. E eu acho também que os seus filhos precisam ainda mais de você.

- Marcela... Eu to indo para aí.

- O QUÊ? Você vai largar a faculdade? – Perguntei, assustada.

- Mas é claro! Agora eu sou um pai de família. Não foi para isso que você me ligou?

- E-Eu não sei... Ai meu Deus, a Jenny vai me matar.

- Marcela, você é uma das melhores amigas que alguém pode ter. E eu tenho certeza que depois de perceber o erro que ela cometeu, a Jenny vai te agradecer por isso. – Ele disse.

- Ah, obrigada Zack.

- Não, obrigado você. Agora eu tenho que ir arrumar minhas malas. Me deseje sorte. – Ele pediu.

- Boa sorte, Zack. – Eu desejei e desliguei.

Quando desci para a sala, eu sabia que havia feito a coisa certa.

Zack PDV

Arrumei minhas malas mais rápido até que o Flash e saí correndo para o aeroporto.

Chegando lá, vejo que o próximo vôo só sairia dali a 4 horas. Ninguém merece ficar esperando em um aeroporto, viu.

Jenny PDV

No dia seguinte...

Fui à academia fazer a tal aeróbica junto com Andressa.

- Bom dia. Hoje eu trouxe a minha amiga, Jenny para participar da aula junto com a gente, tudo bem? – Ela disse quando entramos na sala.

- Claro. Junte-se a nós, Jenny. – A professora disse, apontando para um colchonete no canto da sala.

Senti os olhares de todas aquelas mulheres em mim, a adolescente grávida.

Só algumas pessoas foram gentis comigo, perguntando quantos meses eu tava e qual era o sexo do bebê.

A maioria ainda estava assustada por eu estar grávida. Provavelmente seus filhos estudam no mesmo colégio que eu estudava.

Esse era o ruim de morar em cidade pequena. Todo mundo se conhece e a fofoca se espalha rápido.

Eu estava me alongando no colchonete quando senti algo molhado.

Olhei para o chão e vi que aquela água saía de mim.

- Andressa... – Cutuquei ela que estava ao meu lado. – Eu acho que eu fiz xixi nas calças.

- AI MEU DEUS, JENNY! A SUA BOLSA ESTOUROU! – Ela gritou tão alto que todos pararam e olharam para mim.

Os olhos da professora se arregalaram e ela gritou:

- Você tem que ir a um hospital imediatamente!

Virei para Andressa, mas ela já estava no celular com Collin.

- Pronto, eles estão vindo buscar a gente. – Ela avisou quando desligou o celular. – Vamos.

Descemos para esperar o carro de Collin que chegou muito rápido.

Marcela PDV

Eu estava rodando de um lado para o outro na sala de espera do hospital enquanto tentava ligar para Zack, mas ele não atendia de jeito nenhum.

Depois de alguns minutos meu telefone tocou. Era ele.

- Pelo amor de Deus, onde você está? – Perguntei.

- Eu to no avião ainda. Demora 22 horas da Austrália para os EUA, ok? Desculpa não ter te ligado antes, mas agora que eu vi suas chamadas e, como aqui não tem sinal, eu te liguei do telefone do avião. – Ele explicou. - Mas, o que houve? Por que você está nervosa?

- Porque a Jenny simplesmente resolveu entrar em trabalho de parto! – Eu disse.

- O QUE? M-Mas ela não pode! Quer dizer, eu tenho que chegar logo aí!

- POIS É! E agora? – Perguntei.

- Olha, vamos ficar calmos. Eu já estou sobrevoando o Oceano Atlântico, então daqui a pouco eu estou aí, ok? Manda a Jenny segurar um pouquinho.

- Ah, ok... Vê se apressa o piloto. – Eu disse.

- Ta, tchau. – Ele desligou o telefone.

O problema é que eu não havia avisado à Jenny que Zack estava chegando, então...

Jenny PDV

- AAAAAAAAA! TIRA LOGO ESSES BEBÊS DAÍ! – Eu gritava com mais uma contração.

- Você vai ter que agüentar mais um pouco, Jenny. – A médica me disse.

- Agüentar mais um pouco???!!!

- Sim, ainda não dilatou totalmente.

- Ah, manda essa dilatação pro quinto dos infernos!

- Jenny, fica calma. – Andressa me acalmou. – Vai dar tudo certo.

1 hora e meia depois...

- Jenny, você tem que fazer mais força! – A médica disse. (n/a: Ta, não pensem besteira).

- Eu não consigo! – Falei. Já era a milésima tentativa e eu já estava começando a achar que aqueles bebês não iriam sair nunca.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto e se misturaram com as gotas de suor.

Quando outra contração chegou, eu gritei mais uma vez.

Então, vi uma pessoa entrando na sala correndo com aqueles uniformes que todos têm que vestir.

Ele parou ao meu lado e eu vi aqueles olhos verdes irreconhecíveis em cima da máscara.

Ele segurou minha mão direita e sorriu para mim.

- Z-Zack?