Forças do destino - Underwater fairytale's escrita por MyuPanChan


Capítulo 3
Dois anos depois...


Notas iniciais do capítulo

Olá lol
Bom, este capitulo começa como um flashback. O começo do capitulo é o começo da historia, mas pela visão de Kuon. Já a segunda parte é algo interessante *-*

Skip beat não me pertence, é da Nakamura-sama *-*

Só peguei emprestado para fazer um AU Louco aqui *-*~
sendo boazinha com o Ren =x

Legenda:

[------] mudança de cena

~:Toda vida que tiver o ~ seguido de uma palavra é como se a pessoa falasse aumentando uma letra, tipo grito, ou apenas esticando um som:

Hai~ - Haaaaiiii...
AH~ - AHHHHHH (de grito/assustado)
Ah~ - Ahhhhh... (gemido/surpresa)


 



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Ele não sabia o que fazia ali. Mas ele sentia que tinha que estar. Era uma noite bem estrelada, mas algo lhe faltava, apesar de ter tudo, ser príncipe, ter uma bela aparência, pais maravilhosos, um padrinho cosplayer louco da cabeça, ele tinha uma vida boa. Mas algo lhe faltava, e ele sabia disso.

Nunca quis subir no barco de seu pai, apesar de amar as aventuras que seu pai contava, Ele mesmo não tinha muito interesse no mar. Seu negócio era outro, lutar. Porém, naquele dia, ele sabia que precisava. Ele queria ir.

Não por ser aniversário de casamento de seus pais…

Mas por que ele precisava ir...

Algo lhe dizia que tudo seria diferente a partir daquele dia.

— Kuon? - Uma voz melodiosa lhe chamou atenção. Kuon estava escorado na lateral do barco, olhando para o mar e para o horizonte. - O que tem? Está tão calado?

— Nada, minha mãe. - disse abrindo os braços e ela o abraçou,trazendo-o para si.

— Algum pressentimento?

— Sim. Mas não consigo entender qual.

— Espero que seja bom.

— É… Acredito eu. - disse sorrindo abraçando sua mãe mais forte. - E como está meu pai? Já terminou os preparativos para a noite?

— ainda não, Kuon. Apesar dele estar apreensivo.

— Porque?

— Avistaram um barco, se aproximando, mas não aparenta ser pirata, mas estou com um sentimento ruim. Avisei a ele, mas ele não quer escutar, diz que é só impressão minha, pois estou apreensiva com os piratas e tudo mais, e que ele está acostumado com a vida no mar. - Ela para e o olha, fazendo bico. - Por favor, Kuon, não siga o caminho de seu pai, sendo aficionado no mar! Quero ter netos e bisnetos nesta vida, e se você seguir este lado paterno, tenho dúvidas se vai conseguir uma esposa que lhe acompanhe!

— Acredito que sou muito novo para escolher, não? - Disse rindo. - E outra, Papai achou a senhora, então, eu posso arrumar uma boa esposa, mesmo estando e amando o mar, não?

— Mulheres como eu estão cada vez mais escassas Kuon! Você precisa ter uma que seja…

— Mãe… Eu ainda tenho 10 anos. - disse rindo abraçando-a ainda mais. - Além do mais, tenho o Rick já a enfiar isso na minha cabeça, não tenho? O mar, ainda não é meu lugar, apenas não sei onde é. Se um dia eu encontrar, a senhora saberá.

— Juls! - a voz de Kuu os assustou. - Não está tentando afastar meu kuon para terra, está? - disse rindo divertido.

— Ele é meu também, Kuu. - Disse fazendo bico. E Kuu chegou perto para abraçá-los. - Já soube do navio?

— Aparentemente eles pedem ajuda. Lory está tentando se comunicar com eles, mas ainda não conseguiu. Talvez a embarcação dele esteja com problemas para navegar. Como rei e rainha, devemos ajudá-los a voltar a terra firme.

— E nossa festa?

— Faremos uma ainda melhor em terra como queria, minha amada. - Disse beijando sua esposa.

— Ainda estou aqui - Disse Kuon virando o rosto. - Vão pro quarto se querem ficar assim, melosos. - disse vermelho.

Kuu e Julie riram.

— Muito bem, vamos indo, minha rainha? - Diz Kuu e ambos se afastam…

— Eu não sei o que faço com eles. - Disse Kuon, rindo, ainda envergonhado, voltando a olhar pro mar. - Por que eu sinto que me chama? - Diz olhando para o manto negro em que eles flutuavam, coberto por ondas, feitas pelo mover do barco e o reflexo do céu estrelado.

Logo a embarcação deles chega a outra, que parecia estar com problemas, quando começou o ataque. Lory estava armado, pois achava estranho a embarcação parecer tão "indefesa" no meio do mar. Pena que percebeu que eram piratas tarde demais. Logo a luta tinha começado e tão logo bombas explodiram, e muitos voavam, caindo do deck. Piratas subiram a bordo e agora lutavam contra os tripulantes, e Kuon, entrou na luta, para ajudar a proteger o barco.

Apesar de estar ganhando, nunca imaginou que seria arremessado daquela forma para o mar.

Um ataque de canhão, explodiu muito perto dele, o arremessando com tudo ao mar, fazendo-o desacordar com a pancada na cabeça de um pedaço de madeira que voou com a explosão.

Ali, envolto pelo manto negro e frio da água, ele começou a perder a razão, pois não conseguia se mover.

"Vou morrer? Assim?" Incapacitado de fazer nada, pois seu corpo não respondia, Kuon foi perdendo a razão, até, algo, dentro da água negra e fria lhe chamar atenção. Um brilho dourado se aproximava veloz, e algo, no peito dele o avisou que estaria salvo.

Confiaria ele? Ou seria apenas que estava morrendo e via coisas? Tudo ficou escuro, sua visão escureceu, mas ele pode sentir o toque de alguém em suas costas, e palavras sem nexo, ditas debaixo d'água, e depois, tudo ficou totalmente escuro.

Teria ele morrido? E seus pais? De quem era aquela mão? Não queria morrer ali. Queria morrer bem velhinho, talvez casado, talvez com filhos, mas não ali…

Quando suas funções pareciam desaparecer, ele voltou a lucidez, cuspindo água, voltando a respirar o ar que lhe faltava, forçando-o a respirar, voltando a ter aquele ar que descia rasgando pelos seus pulmões.

— Opa… Calma! - Disse a voz de uma, menina? Ele não sabia, mas do nada, enquanto tossia tentando puxar o máximo de ar que podia, ele sentiu um ar diferente lhe penetrar, e quase que instantaneamente ele pode começar a se acalmar. Seja quem fosse essa garota, era realmente estranha...

— Qu...em é…

— Não importa agora. Você está a salvo. - Disse a menina com brilhantes olhos âmbares, sorrindo. Ele não sabia onde estava, mas ao olhar ao redor se lembrou onde estava e um medo apoderou-se de si.

MEUS PAIS! - Disse gritando. No mesmo segundo ele se arrependeu de ter gritado, vendo-a ficar super incomodada, colocando a mão nos ouvidos e reclamando.

Ah~! Eu tenho ouvidos sensíveis! Por favor, não de outro grito deste tão próximo de mim, Corn… - "Como foi que ela me chamou?" Pensou sem entender. - Não se preocupe… Eles estão a salvo. Eles e toda a tripulação. Bom… Quem não morreu da bola de fogo, mas acredito que muitos estão a salvo. Você está melhor?

— Estou. Obrigado por me salvar.

— De nada. - Disse a pequena menina sorrindo. - Tenho que te levar de volta. Sua mãe e seu pai devem estar preocupados.

— Onde está seu barco?

— Barco? Não tenho… - Kuon arqueou a sobrancelha

— E como me salvou?

— Ah… - Ele viu o vermelho tingir o rosto dela, se espalhando por seu pescoço e orelhas. Agora ele pode ver, mesmo com o escuro da noite, ela tinha longos cabelos loiros com algumas mechas escuras, que aparentava um vermelho, e uma pele alva como a neve. Mas porque parecia que ela não usava nenhum tipo de blusa? Estaria nua? - Errr. Bom… Não preciso de barco. - Disse sorrindo timidamente. - Mas deixe de conversa, vem. Vou te levar de volta.

— Como? - Perguntou rindo. Ela realmente era alguém para lhe divertir... - Você é criança? Quantos anos você tem? Onde estão seus pais? - Tentou ficar mais sério, passando um ar de quem estava não só assustado, mas que queria respostas claras e não evasivas, apesar de estar se divertindo com a pequena a sua frente.

— Dormindo. E eles não iriam gostar de saber o que eu estou fazendo, assim como seus pais não vão gostar de ficar mais longe de você. Eu lhe salvei e você fica resmungando ai? - Disse fazendo beicinho. Ele tentou não gargalhar, vendo o vermelho lhe tingir as bochechas novamente, passando mais o ar que estava assustado, do que se divertindo.

— Me perdoe. - Disse se sentando. - Mas eu realmente estou curioso. Por que uma criança como você está no meio do oceano, nadando, quando deveria estar em sua casa?

— Er… Eu… moro aqui perto…

— Alguma Ilha? - Ele sabia que ela mentia, mas queria ver até onde ela ia.

— Er… pode se dizer assim.

— Você não é muito boa em mentir. - Riu Kuon abertamente agora. Ela realmente era 'divertidamente' estranha.

— Corn! Sabia que você é uma fada estranha?

— Fada? E é a segunda vez que você me chama de Corn… - Disse arqueando a sobrancelha.

— Oh! - Ela pôs a mão na boca e um vermelho cobriu as bochechas dela. Kuon riu vendo isso mais uma vez, só que desta vez com bem mais força. - Quando lhe vi… Você parecia ser tão etéreo como uma fada… Até dava para se passar pelo príncipe delas. Sua mãe e seu pai se parecem com reis… Alias, você é um príncipe? - Disse completamente vermelha, e por algum motivo, Kuon gostava de vê-la vermelha daquela forma. - Mesmo sabendo que você não é…

— E como sabe? - Disse rindo.

— Apenas sei… - Ela disse, muito vermelha e com beicinho maior. - Vamos! Seus pais devem estar preocupados!

— E como você sabe meu nome?

— Seus pais gritaram.

— Sendo que você entendeu bem errado.

— Não é Corn?

— Não… Ku-o-n .

— Corn… - Como ela poderia se confundir com um nome tão fácil? Ele queria rir, mas tentou segurar novamente.

— Não… K-u-o-n…

— Eu não entendo Corn! Eu estou falando seu nome, não? - Kuon riu. Alguma coisa naquela garota lhe deixava confortável demais. Resolveu desistir de ensinar seu nome real a ela.

— Hai… hai... Apesar de estar um pouco errado, mas está sim. - Ele a viu levantar a sobrancelha e achou aquilo lindo. O cabelo longo dela, louro-avermelhado, cobrindo uma parte do rosto dela, os olhos dourados como âmbar, e do corpo da pequena escondido metade dele pela água do mar negra.. - E como vai me levar?

— Nadando… Como mais?

— Está escuro demais, pequena…- Ele sorriu internamente. Ela realmente era divertida...

— E? Eu conheço o mar como a palma da minha mão.

— Tubarões não lhe metem medo, pequena?

— Por que? Eles não vão fazer nada contra mim.

— Por que eu sinto que você é diferente, pequena? - Será que ela não tinha notado como ele a chamava? Novamente sorriu de canto de boca, mas aparentemente ela não percebeu.

— Talvez eu seja. - Disse e ele a viu mergulhar nas águas, deixando apenas a cabeça do lado de fora. Ela levantou a mão para ele. - Vamos? Eles não estão tão longe. Aliás, sua mãe está nervosa gritando seu nome…

— Gritando? - Kuon não escutava absolutamente nada, e a única coisa que sentia era frio. - Não escuto nada, pequena.

— Vamos, ou você vai pegar uma pneumonia ai no frio. Vem logo!

— Você é mandona, não pequena?

— E você é empacado. - Kuon riu internamente, mas por fora suspirou pegando a mão dela e entrando na água sem mergulhar. - Até que enfim. A água está mais quente, não?

— Por pouco tempo. - Disse Kuon sentindo os dedos ficarem um pouco mais quentes, mas logo sentia o corpo amolecer um pouco. Ele tinha certeza que teria que trocar logo a roupa, se não quisesse ficar doente.

— Vocês humanos são engraçados. - Disse rindo, e ela pegou a mão dele e trouxe ele para próximo dela. "E eu que pensava que japoneses não gostam de contato" Pensou fingindo estar um pouco assustado com o contato. - Se segurem em mim, e feche os olhos. Respire bem fundo e segure o fôlego.

— Por que pequena?

— Você pergunta demais… - A garota fez beicinho novamente. - E para de me chamar de pequena! Eu sei que sou mais baixa que você, mas não precisa ficar esfregando na minha cara direto não! - Ela fez beicinho de novo e Kuon riu.

— Até que enfim que percebeu… Pequena… Mas como vou lhe chamar se não sei seu nome?

— Pergunte…

— Você acabou de se irritar por que faço pergunta demais, pequena…

— Kyoko… - Disse cruzando os braços - Me chamo Kyoko…

— Kyoko… - Ele notou as bochechas dela voltarem a ficar vermelhas. Então ela tinha vergonha de algo... - Só Kyoko?

— Sim… Mas… er… Chan seria melhor… Kyoko-chan…

— Por que?

— Me senti estranha em escutar você me chamar de Kyoko apenas…

— Você me chama de Corn… - Riu.

— Você está visivelmente fazendo hora com a minha cara! - Disse irritada e ele realmente quis agarrá-la de tão fofa que ela era.

— Eu já lhe disse que me chamo Kuon… Mas você insiste em chamar de Corn…

— Mas eu estou falando o seu nome! Você já repetiu mil vezes! Corn! O que estou falando errado? Arg! O alfabeto humano é confuso às vezes! Vamos! Sua mãe está chorando! Não queremos que ela pense que morreu!

"O que ela quer dizer com alfabeto humano?! Acho que é a primeira japonesa, que vejo que não tem problema com toque, mas fica vermelha quando a chamo pelo primeiro nome."

Ele fez o que ela pediu e logo ele sentiu ambos mergulhando, e ela nadar de forma tão rápida. Logo notou algo que não estava certo… Porque o sentimento de que estava seguro e ao mesmo tempo saber agora o que ela era? Uma sereia? Existia mesmo? Não era apenas lendas? Ao ver a linda cauda azulada dela ele pode pensar que tinha sido transportado a outro mundo, ou estava morto e uma ninfa da água o havia levado para seu sono eterno e cuidaria dele, da alma dele…

Saber que sua salvadora era, mesmo que pequena, uma linda menina, uma linda sereia, e uma linda pessoa, fez o coração de Kuon balançar. Ele sabia que daquele momento, o mar seria seu lar…

Porque finalmente ele havia se sentido em casa, enquanto a abraçou.

Enquanto ela estava ali para ele...

O grito de sua mãe o despertou. Ela realmente gritava, e Kuon viu o quanto Kyoko-chan falava a verdade. Apesar de não acreditar em destino, ali ele não tinha como duvidar. Eles tinham sido destinados a se encontrar…

Mas por que?

— Vamos nos ver novamente?

— Acredito que não, Corn. - Ela sorriu calmamente, e eu senti meu coração se dilacerar. - Por conta dos piratas, somos proibidas de virmos a superfície para ver as coisas. Então, não. Provavelmente não nos veremos mais.

— Eu gostaria. - Disse. Ele precisava fazer algo… Ter algum elo com ela...Foi quando inconscientemente a abraçou. - Além do mais, como posso ser grato aquela que salvou minha vida? - Ele a viu se tornar um pouco rígida e acenar um sim fraco… Era o que ele precisava... - É uma promessa então? - Kyoko suspirou e sorriu.

— Hum. Apesar de que não sei quando…

— Não importa. Eu quero lhe ver. Nem que eu tenha que morar em cima das águas para sempre.

— Não faça isso. Humanos tem que morar na terra. Além que o mar é perigoso muitas vezes.

— Não me importa. Se for possível lhe ver novamente.

— Ok. Eu tentarei.

— Como podemos?

— O ar que pus em você me deu uma conexão contigo, por algum tempo, até descobrir como podemos ter a conexão por mais tempo.

— Você tem comigo, mas eu não tenho contigo… - Disse Kuon olhando nos bolsos até achar o que procurava. - Ah! Ainda está aqui.

— O que? - Kuon pega a mão dela e coloca algo nela.

— Para você não se esquecer de mim. - Ele então pôs a única coisa preciosa para ele, sua pequena pedra roxa, que lhe ajudava em tempos de dificuldade, que o liberava da tristeza que sentia quando só.

— Quando me sentia triste, essa pedra me ajudava. Como se fosse mágica.

— E é. - Disse Kyoko sorrindo. Kuon sorriu da inocência dela, mas não pode duvidar, ela era uma sereia, de qualquer forma. - Onde conseguiu ela?

— Segredo. - Disse piscando o olho e colocando um dedo nos lábios dele como se pedisse silêncio. - Teremos uma conexão agora então?

— Sim. - Ele notou ela ficar vermelha novamente e a voz de um homem interrompeu seus pensamentos.

— KUONNNN! MEU FILHOOO! — Era a vez de Kuu gritar. — POR FAVOR! SE ESCUTAR...

— É melhor você ir. Me parte o coração ver pais sofrendo. Inclusive uma mãe tão simpática como ela e um pai tão simpático como ele.

— Como sabe que eles são simpáticos?

— Apenas sei. Vá. Mas nunca diga sobre mim.

— Nunca. Será meu segredo. - Disse ele e começou a subir nas rochas.

Kuon acenou e começou a gritar e logo os gritos de alívio foram escutados e Kyoko sorriu. Já tinha terminado sua boa ação do dia. Kuon olhou mais uma vez antes de ir, mas ela já havia partido.

— Até logo… Kyoko-chan…

— KUON! - Gritou Julie, quase pulando no mar para chegar até o filho nas pedras, que acenava. - KUON! - O mesmo voltou a agua e chegou perto do barco, sendo puxado por seu pai e agarrado por uma Julie que chorava. - VOCÊ ESTÁ VIVO! Oh~ meu bebê! Pelos céus você está vivo! - Dizia chorosa o agarrando.

— Estou. E o navio?

— Vencemos. De alguma forma milagrosa, vencemos e o navio pirata afundou. Vamos voltar. Estão tentando consertar o navio, mas provavelmente vamos pegar os botes que sobraram, levar o que é necessário e voltar a costa. Não sabemos que o navio vai aguentar navegar, apesar de estar em pé. Lory já mandou sinal de SOS para a embaixada.

— Hum…

Logo o socorro veio em auxílio a eles e logo eles estavam em terra firme. Julie se recusou a deixar o filho só, depois do medo de ter quase perdido-o. Após uma bateria de exames ele foi liberado. Rick ria, vendo um Kuon frustrado.

— O que tem?

— Não entendo minha mãe às vezes.

— Isso se chama proteção materna. Agora deixa de reclamar, fedelho. Vai fazer o que disse a mim mesmo?

— Vai me acompanhar? - disse Kuon rindo.

— Pode contar comigo. - Disse Rick, agarrando o garoto - Então, direto para seu pai, aprender a andar no navio como se deve, e aprender a lutar como um homem!

[--------------]

O tempo passou, e Kuon tinha certeza que se encontraria com ela novamente, um dia. Mas esse dia parecia nunca chegar. Havia passado dois anos, desde o dia do incidente, e Kuon já conseguia, com a ajuda de Rick, entender e pilotar um navio sozinho.

Ele era um prodígio, isso todos sabiam, mas ninguém sabia a motivação secreta dele. Era seu segredo com sua princesa aquática.

A cada dia que passava parecia que sua motivação era maior. Todo dia ele se lembrava dela, mas precisava de algo para saber que aquilo era real. Kuon andava se metendo em confusão, com Rick e agora Yashiro a seu pé, lhe protegendo e ajudando. Yashiro era tão velho quanto rick, o protetor pessoal de Kuon, e quem organizava as rotas de comércio do navio que o mesmo comandava. Rick era seu braço esquerdo e Yashiro seu braço direito.

Em uma de suas viagens e andadas pelo porto ele viu algo que o atraiu.

— O que é isso?

— Isso? - Disse o comerciante mostrando escamas azuis em um colar com cordão preto. Eram 3 escamas, separadas por duas gotas de cristal. - Garoto, você tem bons olhos, isso são escamas de uma sereia! São 500 denários de ouro.

Apesar de Kuon ver que possivelmente ele mentia, algo lhe chamou atenção. A escama era tão azul quanto a que ele lembrava de Kyoko. Aquilo seria um bom amuleto para ele se lembrar, até quando a visse novamente.

O mercado que ele havia parado era conhecido pelas lendas de sereias que apareciam, para levar homens ao mar e se alimentar deles, lendas estúpidas, agora que Kuon sabia a verdade.

— As lendas dizem que esta escama pertencia a uma princesa do mar, que foi vendida para mercadores, pelo próprio amor da vida dela. A única coisa que sobrou da princesa foi estas escamas, pois todas as artes dela serviram para testes, e amuletos.

Pensando bem, aquelas escamas não o ajudaria lembrar, o tornaria um monstro… Se aquela fosse a lenda verdadeira, ele preferia nem imaginar sua princesa naquele estado.

Ele olhou pro lado e viu um globo, com uma sereia entalhada belamente nadando pela água do globo, segurando uma pérola entre as minúsculas mãos. O cabelo dela era loiro, longo, e as escamas da cauda, azuis como as de Kyoko.

— Este globo tem alguma lenda também?

— Este? - O mercador o olhou de canto de olho. - Não. Foi feito por um admirador de sereias quando mais novo. O pobre garoto morreu afogado, acho que tentando encontrar uma de suas musas inspiradoras…

Pelo menos ele se identificou com aquele globo.

— Muito bem, vou ficar com a obra de arte dele.

— E a escama? Dizem que tem poderes escondidos entre ela…- Tentou o mercador novamente já começando a suar frio.

— E levar a fama de monstro traidor que vendeu a mulher que deveria amar por nada? Não, obrigado…

— Er… E este? - Disse mostrando outra escama, mas desta vez verde. Por algum motivo, aquele vendedor queria porque queria que ele levasse uma escama, mas pra que?

— Não estou interessado. Apenas o globo.

— A lenda que falei é lenda, garoto… - Disse suando. - Não impede de comprar, né?

— Mas não me interessa. Ia dar a alguém que amo, mas desta forma, que simbologia vou entregar a minha amada com tal história horrível? - O mercador engoliu seco.

— Ta.. Tá, eu menti sobre a lenda! Sempre tenho que inventar algo para dar e sempre dá certo.

— Quanto é o globo?

— 5 denários de prata. - Disse engolindo seco. - Se você quiser as escamas, eu baixo para 200 denários de ouro, e você leva. Ninguém sabe da lenda que inventei mesmo… - Disse com um sorriso meio apavorado, e suando frio.

— E qual a história da escama verdadeira?

— Não há nenhuma. - Disse suando frio.

— Ok, só o globo… - Disse pressionando e rindo sinistramente pro mercador.

— T-tá.. Ok, você venceu.

Oh! Tem alguma história verdadeira por trás da escama então?

— Tem. Me foi dada por um cara de cabelo prateado, a uns dois anos atrás, que pediu para que, no momento certo eu vendesse para a pessoa certa.

— Vendesse?

— O-ou dar… - Engoliu seco novamente. - De qualquer forma, era pra eu passar as escamas pra pessoa certa.

— E como sabe que sou eu?

— Por que ele me descreveu o senhor, e disse que seu eu não conseguisse lhe passar o colar de escamas, ele iria fritar minha pele e servir de comida pros tubarões que ele cria.

— E você acreditou?

— Eu não vou contra o maluco prateado da casa 30. Ninguém vai. Ele aparece de vez em quando, de ano em ano, ou às vezes mais tempo. Todos tem medo dele.

— E por que ele mesmo não foi atrás de mim?

— Por que ele é maluco? - Disse ainda angustiado. - Então, vai levar?

— E o que ele disse? - Tentou tirar mais informações do mercador, ignorando a pergunta dele.

Entregue esta escama para um loiro, de olhos verdes e corpo formado, daqui algum tempo. Se você errar, ou não entregar a pessoa certa, eu vou lhe dar frito pros meus tubarões lhe comerem. Foi o que ele me disse...

— Ele disse um nome? Ou meu nome?

— Sim.

— E por que não certificou do meu nome?

— Quem não lhe conhece, Capitão Hizuri? Assim que ele disse seu nome, eu fiquei com receio….

— E por que não me deu isso na época?

— Por que eu fiquei com receio de entregar isso ao senhor, mas já que parou, então era para a escama vir até você.

— Então ela não é para ser comprada, certo? - Disse com um sorriso assustador. O homem engoliu seco.

— C-certo… - Ele entregou o cordão de escamas e o globo - De presente…

Kuon riu e virou a mão dele, entregando 50 denários de ouro.

— Um agradecimento, de qualquer forma.

— Sua fama de generoso não é mentira.

— Não. Mas se eu souber que é mentira, eu não só venho pegar os 50, mas todo o resto que tem, inclusive sua mercadoria.

— S-sim senhor!

Kuon saiu e riu ao longe. Sua fama de delinquente, mesmo sendo príncipe, lhe valia a pena as vezes.

Ao passar pela casa 30, Kuon notou que ela era a mais afastada, e a mais próxima das águas.

Não…

Vendo mais de perto, a casa terminava dentro do mar. Seja o maluco que morava ali, tinha alguma coisa a mais do que só um maluco.

— Kuon! - Gritou uma voz conhecida e o mesmo se virou, vendo Rick. - Te procurei por todo lugar. Onde estava? - Ele levantou um pacote

— Fazendo umas compras. - Ele mostrou o conteúdo do pacote e Rick suspirou.

— Ainda não deixou sua fixação sobre sereias e coisas do mar?

— Não. - Respondeu rindo.

— Você já tem 12 anos, deveria parar de procurar por este tipo de coisa.

— O mar me fascina, por que deveria parar? - Disse rindo a seu melhor amigo. - Onde está Yuki-san?

— Yashiro está terminando de arrumar o navio. Voltaremos amanhã pela manhã. E por que veio para esta casa?

— Curiosidade.

— Invadir a propriedade alheia é crime.

— Eu sei. Não vou invadi-la, mas me fascina ver que metade da casa é praticamente dentro da água.

— Dizem morar um louco ai, por isso ninguém vem para cá.

— Vamos ver? - Disse travesso.

— O que pensa em fazer? - Perguntou Rick sem vontade de pular os muros altos da casa.

— Quero dar uma palavrinha com ele.

— E eu posso saber por que quer falar comigo? - Disse uma voz, em cima do muro. Ambos olharam, e viram. Um homem, com sua aparência de 19/20 anos, sentado, na janela, que agora estava aberta.

— Você me mandou um presente. Vim agradecer. - Respondeu Kuon e Rick o olhou de lado.

"Presente? Que presente?"

— Presumo que és Kuon. - Respondeu o rapaz.

— Mas que modos são estes? Capitão para você! - Disse Rick e o homem de cabelos platinados, e olhos roxos nem se impressionou.

— Sou, e você, quem é? E por que este presente?

— O presente não é meu, e você logo vai saber, garoto. Apesar de que não tenho nenhuma simpatia contigo, minha nee-chan tem. Espere pela noite e saberá.

Kuon sentiu o coração acelerar, será que era um teste, ou era de verdade? Será que sua princesa estava bem?

— E eu conheço sua nee-chan?

"Oh, então ele não se lembra ou está achando que está sendo testado. Pois bem…" — Você deve a ela. Lembra?

— Oe, que conversa mais maluca é essa? - Disse Rick, pegando no ombro de Kuon. Kuon o parou, vendo Rick se irritar com o homem à sua frente. - Kuon não deve nada a ninguém, inclusive com alguém de sua família.

— Rick…

— Este louco diz que está devendo a irmã dele, sendo que nunca a vimos, ou sequer vimos este louco, vamos embora daqui, Capitão!

— Calma, Rick. - Ele olhou pro platinado e testou as águas. Se fosse uma armadilha, e ela estivesse em apuros por que ela o salvou, então ele tentaria ajudar, mas se não fosse? E fosse só um louco? Ninguém sabia da história, então o que poderia dar errado? Se o homem à sua frente não soubesse da história, ele com certeza falaria algo que iria ser desmascarado, já que mentiras eram sempre descobertas por ele, Capitão Hizuri Kuon. - Eu não lembro de dever nada a ninguém.

Oh, então posso dizer a ela que já a esqueceu? Eu bem que falei que humanos são ingratos, mas ela não quis me ouvir… - Disse dando os ombros. - Devolva o presente dela então, já que para você não significa nada.

— Oe, oe oe! - Começou Rick irritado - Onde estão seus modos? Além de dar um presente, que nem seu é, quer tomar? Kuon não foi salvo por nin…

— Rick. Se controle. - Disse Kuon e o mesmo olhou pro platinado que estava com um rosto impassível. Um pouco frio, um pouco irritado. - Presente dado, é feio ser tomado, nunca te disseram isso não?

— Meus costumes e os de vocês humanos imprestáveis são bem diferentes. - Disse já se irritando. - Nee-chan não precisa ficar com pessoas ingratas como você. - Ele sorriu friamente para ambos. "Vamos ver o que ele fará. Eu já percebi que se lembra dela. Pelo menos vejo que ele é homem de ver até onde ele vai..." Ele mostrou a pedra, envolto em uma bola de cristal, que parecia água e o rosto de Kuon ficou pálido. - Ela tem a mim, e é só isso que precisa. Um príncipe terreno não vai ajudá-la em nada. Apenas vai atrapalhar.

Kuon estava se irritando com o homem à sua frente, mas se limitou a suspirar e segurar Rick de avançar em cima do platinado.

— Volte pro navio.

— Você não vai ficar sozinho com ele, vai?

— Vou. Volte.

— Kuon! - O mesmo o olhou de rosto fechado.

— Isso é uma ordem!- Rick suspirou.

— Ok, depois não diga que não avisei.

Rick saiu caminhando para longe dali, e quando ele estava fora do alcance da conversa Kuon se virou para a janela, onde ele não estava mais.

— Não deveria tê-lo mandado para longe, garoto - Disse o homem agora falando atrás de Kuon, o que o deixou bem assustado, mas ele não transpareceu. Ele se virou e o encarou de frente

— Kyoko-chan está bem? - Perguntou Kuon ao platinado e o mesmo riu.

Oh! Vejo que não é um cabeça de bagre como pensei. - Disse ele de um riso sinistro. - Pelo menos vi que é fiel, humano. Isso me descansa um pouco. - E o rosto dele se suavizou. - Não consigo acreditar que aquela boba se deixou levar por um humano como você, mas vejo o motivo que ela ainda o estima tanto. - Ele mostrou a pedra e entregou para o mesmo.- De qualquer forma, já dei o que nee-chan mandou, então vou indo nessa. Guarde a sua pedra, e entre na casa.

— Vou vê-la hoje? - Kuon nem podia se caber de felicidade, mas escondeu bem.

— Não sei. - Disse como se debochasse de Kuon. Deu um levantar de ombros e se virou - Ainda não sei como ela vai escapar da guarda deles para chegar aqui em cima e falar contigo. E não sei porque essa fixação por um bípede. Ela tem tantos aos pés dela, não sei por que escolher você...

— Como se chama?

— Não importa meu nome. O importante é que entreguei o que tinha que lhe entregar. Achei que nunca ia chegar a suas mãos, motivo este que Kyoko nunca veio à superfície.

— Por causa da escama? - Ele balançou a cabeça num sim.

— Ela não conseguia lhe encontrar pela pedra, que eu escondi dela. Ela ficou quase um ano para falar comigo de novo. Mas a maldita pedra a impedia de fazer as magias, e ela ia reprovar se continuasse com aquilo.

— Você escondeu? E por que me deu agora?

— Sim, escondi dela, e agora deixei nas suas mãos. Havia colocado a pedra sobre segurança na casa para que mesmo se ela viesse, não pudesse pegar. - Ele jogou a chave pro mesmo. - Provavelmente ela vai vir ainda hoje atrás da pedra, e vai sentir que as escamas estão em suas mãos. Ela sabe que escondi em um local seco pra realmente ela não alcançar, já que ela ainda não pode ter pernas para vir na superfície. Foi preciso pra ela se concentrar na graduação dela. Culpa sua se ela não conseguisse se graduar, mesmo sendo dotada de uma inteligência gigantesca.

— Mas então, vocês andam entre nós?

— Sempre. Precisamos saber o que estão tramando para não morrermos. Apesar de que somos protegidos com nossa magia, não custa nos prevenir. Há várias pessoas na superfície que você pode não saber, mas são sereias e tritões. Precisa passar na graduação para subir a superfície.

— E por que a ajuda?

— Sou o nii-san dela, e ela parou de falar comigo por causa da maldita pedra. Então estou devolvendo a ela com um bônus. Para dar mais vontade dela se graduar logo. - Ele se vira para Kuon e o mesmo quase dá um passo para trás. - Se fizer algo com ela, ou se por um só dedo num só fio de cabelo dela, para vendê-la a mercadores, ou para lhe tirar sua magia, eu lhe caçarei, e a toda sua família, e os arrastarei para a pior tortura proveniente que possam ter. Assa-los e dar a tubarões seria fichinha, o pior terror é transformá-los em peixes e vocês mesmos serem mortos pela sua própria raça!

Kuon engoliu seco.

— Não vou. Eu tenho uma divida com ela, não vou decepcioná-la.

— Você talvez não, mas ao seu redor, eu não sei. O contato que estou tendo contigo aqui é sim, sinal de perigo. Não deixamos humanos saberem de nossa existência por causa disso, é um perigo a nossa raça. Mas por ela acreditar, eu vou dar este voto de confiança a você, mas se fizer algo para machucá-la, eu mesmo lhe mostrarei algo que é pior do seu inferno humano. - E com isso ele se virou. Kuon o viu descer as águas e a desaparecer com um único mergulho, não voltando mais a superfície.

— Hoje nós veremos, princesa. - Disse sorrindo e então entrando na casa.

 


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Notas finais do capítulo

Oh! eles vão se ver? Será!?

não percam o próximo capítulo ;D
gostaram? Comentem. ;D
se quiserem me dar dicas, ideias e etc, tamos abertas =D



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