Don't bless me father escrita por Undisclosed Desires


Capítulo 12
Capítulo dez: Enfim, desenhando.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Desculpe a demora! Enjoy!
Fantasminhas, comentem! Apareçam! Por favor!



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Residência dos Herondale - 23:40 pm - Quarto do Jace. 

Jace estava sentado na mesinha do computador, ainda de smoking, com a cabeça apoiada em mãos. A família dele saiu mais cedo, constrangida por conta de Sebastian, e ainda dava para ouvir a gritaria no quarto ao lado.

...Seu inconsequente! Não pensa em mim, ou no seu pai, ou no seu irmão. Garoto egoísta! Egoísta! O que os vizinhos vão pensar de nós agora? Eu não te criei para isso, Sebastian. 

— Claro que não, mãe. Nós dois sabemos muito bem para que você me criou. Aposto que se fosse o filho pródigo, não estaríamos tendo essa conversa! - A voz de Sebastian se elevou.— Ah, ótimo, que ótimo! 

— Não fale assim com a sua mãe, Sebastian!

— Cale a boca! - Sebastian gritou para o próprio pai. Em seguida, um barulho de tapa foi ouvido. 

— Ai, meu Deus! Stephen! - Celine gritou. O silêncio se instalou por alguns instantes, até o filho pronunciar-se novamente.

— Vocês adoram fingir essa fachada, mas não enxergam que os problemas  daqui são todos vocês. Seus sociopatas! - E então, foi-se ouvido o bater de uma porta, passos apressados descendo as escadas e a porta da frente sendo fortemente jogada contra o batente. Jace suspirou. 

— Sebastian! Sebastian! - Celine gritou, correndo para fora do quarto dele. 

O loiro retirou a gravata borboleta e a casaca, jogando o cabelo para trás antes de se levantar, enfiar o telefone no bolso e seguir para fora de seu quarto. Sua mãe estava chorando, sentada no primeiro degrau da escada. 

— Jonathan! - Ela murmurou, aos prantos. - Sebastian, ele...

— Não se preocupe! - Ele deu um beijo na testa dela. - Eu vou atrás dele. 

Ela enxugou os olhos com o dorso da mão e fungou. - Obrigada.

Seguiu para fora de casa, olhando ao redor. Nenhum sinal dele. Puxou o telefone, enquanto andava pela calçada. 

— Alô? — A voz do outro lado era calma e macia, quase sonolenta. 

— Hum, Clary... Desculpe te ligar assim, mas você poderia ver se meu irmão está na casa dos meus primos? 

Eu... Claro. O que aconteceu?

— Ele brigou com meus pais. Longa história. Tenho que desligar, estou no meio da rua. Mas me ligue se encontrá-lo. 

Certo.— Ela respondeu e então ele desligou. Respirou fundo o ar gelado, arrependido por não ter pego nenhum casaco grosso, e seguiu seu caminho procurando por seu irmão.

                                  * * * * * * * * * *

Residência dos Parker - 00:05 am.

Clary cobriu o pijama com um casaco grande e seguiu para fora de casa o mais silenciosamente possível. Sua respiração fazia fumaça na noite gelada e ela estremeceu. Maldito Sebastian por fazê-la sair de sua cama quentinha e confortável uma hora daquelas. 

Olhou ao redor, procurando pelos cabelos descoloridos, caminhando para um pouco mais longe do gramado dos Parker. Ele, obviamente, não estava ali. Ela balançou a cabeça. Estava de noite e provavelmente era mais perigoso do que de dia, mas era um bairro suburbano de ricos que provavelmente nunca seriam assaltados. Fechando mais o casaco contra o próprio corpo, ela resolveu andar pela vizinhança. 

Passou por algumas casas até encontrar o parquinho das crianças do bairro - um lugar gramado com brinquedos, escorrega, balanço. Encontrou uma figura esguia sentada em um dos balanços. 

Por quê, de tantos lugares, ele tem que escolher logo o qual eu sou responsável? 

Ela bufou, mas sabia que ele havia brigado com os pais. Presumia que isso fosse duro o suficiente e ele não precisava da ajuda dela para se sentir mal. Aproximou-se do garoto, mas ele não havia percebido sua presença. Não até ela sentar-se no balanço ao seu lado. Ele ficou mais ereto, mas não olhou para ela. Sequer se afastou. 

— Olha quem resolveu usar calças... - Ela soltou, tentando descontrair. Ele revirou os olhos, mas não disse nada. Em vez disso, puxou um maço de cigarros do bolso interno do blazer e o acendeu. O cheiro de cravo e baunilha logo infestou o local. Clary odiava cravos, ainda mais o cigarro com o aroma. - Não sabia que atletas fumavam.

 - Cai fora. - Ele resmungou, ignorando ela. 

— E perder toda a diversão? Nunca. - Ela puxou o cigarro da boca dele e o jogou no chão. O olhar dele para ela foi assassino, mas vulnerável. Ela não tinha medo dele assim. - Vá para casa.

— Tome conta da sua vida. - Ele soltou, pisando no cigarro e se levantando. Deu dois passos para frente, mas então hesitou, virando-se para ela. - Não sabia que além de me irritar, ficava me vigiando.

O ultraje percorreu o corpo dela. - Seu irmão que me ligou. 

— Claro que ligou. - Ele revirou os olhos novamente. 

— Ele está preocupado com você. - Ela respondeu, ligeiramente brava. 

Sebastian riu. - Ah, sim, claro. A única coisa com a qual ele está preocupado, além daquela merda de igreja, é em atender às expectativas do bom filho com a mamãe querida. 

— Ele não é assim. Ele se importa com você. De verdade. 

— Ele é exatamente assim e não, ele não se importa. - Sebastian sentou-se novamente no balanço. - Eu só estou tão cansado de ser tachado de rebelde e sempre ser comparado ao belo e doce Jonathan-olhos-de-anjo. Argh! - Grunhiu. - Eu odeio meus pais! 

Ela riu. - Talvez você esteja sendo duro demais com eles. 

— Não estou sendo não. Eu os odeio, odeio, odeio. Preferia que eles estivessem mortos. - Disse, fechando a mão em punho. Ela balançou a cabeça. 

—Não tem nada de bom em ser órfão. Acredite em mim. - Ela murmurou.

— E como você sabe disso? Você tem a vidinha perfeitinha de boa moça. - Ele resmungou, revirando os olhos novamente. - Não sei nem o porquê de estar te contando tudo isso.

— Eu fui adotada tem um tempinho por Emma e Mike Parker. - Ele passou a fitar ela, sério. 

— Eu... não sabia. - Parecia quase arrependido, mas não realmente. Estava consumido na própria dor para poder pensar na dor dela. 

— Relaxa. Não é nada demais. Mas, voltando ao caso, é horrível não ter quem zele por você. Ficamos trocando de casas como vocês, riquinhos, trocam de roupas. Os pais temporários nos vêem como modo de ganhar dinheiro e os bons o suficiente para amar a gente preferem os menores. Coisas de criação, etc. Dei muita sorte de encontrar os meus pais. - Ela confessou, sorrindo. - Eu sei que sou temperamental e que posso chegar a ser violenta...

Jura?— Ele murmurou, tendo o comentário ignorado por ela, que continuou. 

—... mas eu sou realmente muito grata por eles. 

Ele deu de ombros. - Que seja. - Mas ela sabia que ele estava revendo esse lance de odiar os próprios pais. Estava frio e as pernas dela estavam de fora, os pés cobertos por apenas meia e chinelo. - Você é muito irritante. 

— Eu sei. - Ela respondeu e riu. Ele encarou o rosto dela enquanto ela o fazia. Ela até que não ficava tão idiota rindo— ele pensou. - Vá para casa!

— Vá você para casa. - Ele respondeu. - Eu estou super me divertindo com a garota que eu odeio. 

— Uau, então você me odeia mesmo. Obrigada por deixar tudo tão claro. - Ela riu novamente. - Você é um ignorante, idiota, que me agrediu e me fez passar vergonha em frente a um pátio lotado e, mesmo assim, cá estou eu, tomando conta de você até seu irmão te encontrar. Me agradeça. 

— Nunca. - Ele respirou fundo. - Não estou pedindo para você ficar aqui. 

Ela ficou séria e levantou-se. Ele se arrependeu de ter dito aquilo. Já era tarde e ele não queria ficar sozinho. Quase pediu para ela ficar, mas não se humilharia. Ao contrário do que ele pensava, ela apenas sentou-se na grama. 

— Levanta daí, criança. - Ele resmungou. 

— Deixa de ser tão resmungão. Tá frio e eu ainda assim tô aqui. Dá um desconto. 

Ele começou a ajeitar o blazer e ela sabia o que estava por vir. Ele levantaria e iria embora e ela ficaria ali, sozinha. Fechou os olhos e aspirou o ar limpo dali. Noites assim a faziam lembrar do orfanato, onde ela ia para o jardim quase toda noite, desenhar sob a luz do luar e aspirar o ar puro. Era uma das poucas lembranças que tinha de sua mãe. Ela, muito pequena, sentada no colo de uma moça muito parecida com ela, aspirando o ar frio noturno. Ela devia ter uns três anos, mas ainda assim lembrava-se. 

Surpreendeu-se quando sentiu um tecido cair sobre suas pernas. Abriu os olhos. Era o blazer de Sebastian.

— Ugh, eu não preciso de caridade. - Ela disse.

— Tsc. - Ele respondeu e virou a cara. Parecia quase envergonhado. Quase.

— Sabe... - Ela soltou. - Quando você não tá sem as calças ou me empurrando contra armários, até que eu não te odeio tanto assim. Acho que isso já faz de nós bons amigos.

Ele coçou o queixo e riu de deboche. - Não. Não acho que conseguiria desfrutar da sua amizade. Vê-la brava e humilhada é o ponto alto do meu dia.

— Você é mau.

— Eu sou. - Ele respondeu como se aquilo fosse o que ele sempre quis deixar claro e ela enfim havia conseguido compreender. - Muito. Jace pode ser o anjo, não me importo. Mas o inferno inteiro é meu. E, se você ficar no meu caminho, é pra lá que você vai.

Ela deu de ombros. - Acho que vou pagar pra ver. - Bocejou. - Está tarde e frio. Eu quero dormir. Vou voltar para casa. Você deveria fazer isso também. - Ela levantou-se e estendeu o blazer para ele, que o pegou e jogou por cima do ombro. Ela seguiu o caminho de volta para casa, para então perceber que ele estava caminhando logo atrás dela, a alguns míseros passos de distância. Virou-se para ele. - Eu sei ir pra casa sozinha, obrigada. - Ironizou. 

— Tsc. - Ele soltou novamente e recuou um passo. Estava prestes a ir embora quando ergueu a voz. - Hum, Clary?

— Sim?

— Não fale pro meu irmão sobre essa conversa, tá? - Os olhos dele estavam em desafio nos dela, provocando. Ela riu debochada.

— Vou pensar no seu caso. - E caminhou novamente, ouvindo os passos dele se afastando dela também. Sentiu a vibração no bolso e pegou o telefone, atendendo. 

Clary...? Alguma notícia de Sebastian? Não o estou achando em lugar nenhum. 

Ela engoliu em seco e respirou fundo antes de responder, com a voz fraca. - Huh, não. Nem sinal dele por aqui. 

                                   * * * * * * * * * *

Quando Sebastian chegou em casa, alguns minutos depois, Jace o aguardava na entrada. Estava sem casaco e com o rosto cansado. Balançou a cabeça e seguiu reto pelo irmão mais novo, que segurou seu braço. 

— Onde você estava?

— Me. Solta. - Rosnou. 

— Você não pode deixar a mãe preocupada e sair assim, Sebastian. É falta de respeito. - Disse Jace. Sebastian odiava o moralismo. Odiava muito. Muito mesmo. 

— Isso não é da sua conta. - Declarou. - Você deve se preocupar comigo, mas não com isso. 

— E com o que seria?

Sebastian abriu um sorriso venenoso, olhando fundo nos olhos de Jace. - A partir de agora, você deve me considerar um rival. Um rival com grande potencial. 

— Não seja estúpido! Você é meu irmão. Não somos rivais. 

— Seremos. - A voz do mais velho era dura, inflexível.

— Em relação a quê? - Quis saber Jace.

— Em relação à Clary. Porque eu definitivamente vou tirar ela de você. 


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Notas finais do capítulo

Gostou? Comente!
Não gostou? Comente para que eu possa melhorar!
Tá indiferente? Comenta uma coisa aleatória.
Mas por favor, comente!
Z, você já sabe, não leia minha fic. Te amo.
XoXo
Undisclosed Desires.