Ao adentrarmos no auditório a turma inteira já estava lá, essa aula era de música e eu não podia estar mais feliz.

— Ah que bom! Chegaram os atrasados.  — diz a professora Angie sorrindo em nossa direção.

— Desculpa prof. — peço.

— Tudo bem meus queridos, vocês sabem que eu não consigo ficar brava com vocês. Bom, vamos começar a aula e... Ah, vejam só, um aluno novo! Qual seu nome querido?

— Peeta. — ele diz, vejo todas as meninas o encarando.

— Peeta. — ela repete — Um nome diferente, mas muito bonito. Que tal começarmos por você, hein? O que acha de cantar pra gente?

— Melhor não professora. — ele sorri levemente.

— Ah, vamos lá meu jovem, não precisa ter vergonha de cantar. Ninguém aqui é profissional, estão todos aqui para aprender.

— Sinto muito professora, mas ainda não estou pronto para cantar. — ele diz triste e a professora percebe.

— Tudo bem, vamos deixar para a próxima. — ela sorri pra ele que retribui o ato.

Ela nos faz aquecer a voz, nos mostra onde devemos aumentar e baixar o tom. Depois de uma pequena explicação ela manda alguns alunos cantarem e entre eles estava Glimmer, eu posso até odia-la, mas tenho que admitir que ela canta muito bem.

— Agora você Katniss. Dexe-me ver que música você vai cantar... — ela diz enquanto olha em uma folha — I Told You So da Kathryn Dean. Gale fica no piano e o Finnick no violão.

Eu e os meninos subimos ao palco, mas antes Gale me da um beijo de boa sorte, então começamos.

Were you really surprised  (Você ficou realmente surpreso)
When she left all your memories behind  (Quando ela deixou todas as suas memórias para trás)
She never said she was hurting  (Ela nunca disse que estava doendo)
But what girl means it when they say they're fine?  (Mas que garota admite, quando diz que está bem?

Meu olhar se encontra com o de Gale que sorri pra mim, ele fica lindo tocando piano. Seus movimentos são leves e precisos, nem parece aquele marrento brigão, ali ele é só o Gale, o cara legal e gentil pelo qual me apaixonei.

And she's crying  (E ela está chorando)
And she's dying for you to take her home  (E ela está morrendo para que você possa leva-la para casa)
And she doesn't want space, she just wants to be chased  (E ela não quer espaço, ela só quer ser perseguida)
And for you to show her she's not alone  (Para você mostrar que ela não está sozinha)

So don't wait and let her go  (Portanto, não espere e não a deixe ir)
Cause I don't want to be the one  (Porque eu não quero ser aquela)
Who has to say, I told you so  (Que tem que dizer, eu avisei)
I told you so  (Eu bem que avisei)

Agora meu olhar não está mais em Gale e sim em Peeta. Ele me olha atentamente como se sentisse cada palavra cantada na música.

Of course she wants attention cause you never mention  (É claro que ela quer atenção porque você nunca diz)
How much she means to you  (O quanto ela significa pra você)
It shouldn't be news that she wants to be important to you  (Não deveria ser novidade que ela quer ser importante para você)
So don't play the fool  (Então não banque o idiota)

She's crying  (Ela está chorando)
And she's dying for you to take her home  (E ela está morrendo para que você possa leva-la para casa)
And she doesn't want space, she just wants to be chased  (E ela não quer espaço, ela só quer ser perseguida)
And for you to show her she's not alone  (Para você mostrar que ela não está sozinha)

Não consigo tirar meus olhos de Peeta.

But you already know that so why are you sitting back  (Mas se você já sabe, porque ainda está sentado)
And waiting for her to change her mind  (Esperando ela mudar de ideia)
And telling yourself it'll be just fine  (E dizer a si mesma que está tudo bem)
When you know I'm right  (Quando você sabe que eu estou certa)

She's crying  (Ela está chorando)
And she's dying for you to take her home  (E ela está morrendo para que você possa leva-la para casa)
And she doesn't want space, she just wants to be chased  (E ela não quer espaço, ela só quer ser perseguida)
And for you to show her she's not alone  (Para você mostrar que ela não está sozinha)

Seus olhos estão tristes, vazios, como se tudo em sua vida fosse preto e branco.

So don't wait and let her go  (Portanto, não espere e não a deixe ir)
Cause I don't want to be the one  (Porque eu não quero ser aquela)
Who has to say, I told you so  (Que tem que dizer, eu avisei)
I told you so  (Eu bem que avisei)

E então vejo uma solitária lágrima escorrer por sua bochecha, mas ele rapidamente a seca, se levanta e sai em passos rápidos do auditório.

Were you really surprised  (Você ficou realmente surpreso)
I told you so  (Eu bem que avisei)

Termino de cantar a música e todos me aplaudem, mas meus pensamentos estão em Peeta, o que estava acontecendo com ele?

Meus amigos nos parabenizam e a professora diz que estou cada vez melhor, apenas sorrio. Ela encerra a aula e sigo os passos de meus amigos em direção à saída, mas meus pensamentos não saem de Peeta, preciso falar com ele, preciso saber o que está acontecendo. Mas antes que eu possa inventar uma desculpa para sair a sua procura Gale me impede.

— Precisamos conversar. — diz e seu tom de voz é bem serio.

— Vamos esperar vocês no estacionamento. — diz Madge arrastando o pessoal junto.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto franzindo as sobrancelhas.

— Você ainda me pergunta o que aconteceu? Você não tirou os olhos do novato! Na aula, no refeitório e agora! Você cantou a música inteira olhando pra ele, você pode me explicar isso Katniss?! — ele me questiona e está bem nervoso. Droga!

— Olha Gale você está imaginando coisas.

— Imaginando coisas Katniss? Você vai mesmo negar que não estava encarando o novato o tempo inteiro?!

— Peeta! O nome dele é Peeta. E eu não estava o encarando o tempo todo!

— Olha só katniss, eu não sou idiota tá legal?! Por acaso você está interessada naquele garoto?! — pergunta me segurando pelo braço — Responde Katniss!

— Será que dá pra me soltar?! Você está me machucando! — digo e ele rapidamente me solta — Olha Gale em primeiro lugar eu não estou interessada em ninguém! E em segundo, eu já estou cansada dessas suas ceninhas de ciúmes! Eu não posso olhar para um garoto que você já surta. Você sabe que eu te amo e saber que você não confia em mim me machuca Gale, me machuca pra caramba! — sinto meus olhos lacrimejarem, mas não vou chorar. É sempre assim, Gale fica com ciúmes a gente briga e eu choro, mas já estou cansada disso.

— Mas é claro que eu confio em você!

— Não Gale, você não confia, por que se você realmente confiasse, não insinuaria que estou interessada em outro garoto só por olhar pra ele! — cuspo as palavras.

— Você sabe que eu te amo! E se sinto ciúmes é porque tenho medo de te perder! Você não entende isso?

— Entendo Gale. Mas a cada dia que passa você fica mais ciumento, e isso está me sufocando! A gente não para de brigar um segundo e isso está acabando comigo. — não consigo segurar uma maldita lágrima que escorre por minha bochecha, seco-a rapidamente e Gale se aproxima de mim.

— Desculpa Kat, não queria te fazer sofrer, mas só de pensar na ideia de te perder já fico louco. — diz baixinho enquanto acaricia minha bochecha.

— Tudo bem, mas agora vamos que o pessoal já deve estar cansado de esperar. — digo enquanto tiro sua mão do meu rosto.

— Vai ficar tudo bem entre a gente?— pergunta me fazendo suspirar.

— Sempre fica não é? — digo começando a andar e ele me segue.

No nosso primeiro ano de namoro, tudo era as mil maravilhas, nossos momentos juntos, nossas saídas para nos divertir, as conversas. Mas depois que tivemos nossa primeira vez, tudo se intensificou, os sentimentos, as brigas, os ciúmes, as incertezas e isso está acabando comigo, cada briga que nós temos, cada confusão que Gale arruma, tudo isso está me destruindo aos poucos, já perdi a conta de quantas noites passei em claro pensando em nossa relação, em como ela não está sendo saudável para nenhum de nós dois, mas não consigo por um ponto final na nossa história, eu o amo e apesar da nossa música estar fora do tom, ainda podemos concerta-la.

Quando chegamos onde nossos amigos se encontram Peeta já está lá com eles, seus olhos estão um pouco vermelhos e isso indica que ele chorou. Ele chorou ao ouvir aquela música, mas é aí que está a questão, por que ele chorou? Isso era o que eu queria perguntar, mas, se só de olhar pra ele Gale já fez aquela cena, nem imagino o que ele fará se souber que estou preocupada com Peeta.

— Onde está Cato e Clove? — pergunto ao notar que os dois não estão aqui.

— Devem estar se comendo em algum canto da escola. — fala Johanna em um tom desaprovador nos fazendo rir, com exceção de Annie.

— Johanna! — Annie exclama a repreendendo.

— É que eu tenho inveja, ok? Todos por aí namorando e eu aqui, segurando vela. — ela resmunga.

— Você vai encontrar alguém. — diz Finnick e Johanna sorri em sua direção — Alguém que seja tão pirado quanto você. — completa rindo.

— Palhaço! — diz enquanto joga sua latinha de coca-cola nele.

Dois minutos depois Cato e Clove aparecem com a desculpa de que tinham ido buscar o caderno de Clove que ela havia esquecido, mas todos nós sabemos que eles estavam eram se pegando mesmo, assim como Johanna falou, esses dois se amam, mas não se assumem.

— Bom. Nós ficamos aqui conversando, mas o senhor Peetoso não nos respondeu por que saiu da aula antes mesmo dela terminar. — diz Johanna encarando Peeta.

— Verdade Peeta, o que aconteceu? — pergunta Marvel.

— Só não estava me sentindo muito bem. — ele diz em um dar de ombros.

— Você está bem? — as palavras saem de minha boca sem minha permissão, Peeta sorri pra mim e Gale fica rígido ao meu lado.

— Estou sim, não foi nada, só um mal estar. Você... canta muito bem Katniss, sua voz é linda. — ele me elogia.

— É sim, minha princesa canta muito bem, pra falar a verdade esse foi um dos motivos pelo qual eu me apaixonei por ela, sua voz. — fala Gale antes de segurar-me pela cintura e me beijar, um beijo forte e intenso. E aí está, mais uma vez o Gale possessivo e ciumento.

— Chega casal! Não aguento mais segurar vela. — diz Johanna se ponde entre nós dois.

— Pensa pelo lado bom Joh. Você não está segurando vela sozinha, eu, Peeta e Marvel estamos aqui com você. — diz Madge.

— Bom, nesse caso fica mais fácil de resolver o problema. — ela diz com um sorrisinho malicioso nos lábios.

— E qual seria a solução? — pergunta Annie curiosa.

— A Med fica com o Marvel e eu fico com o Peetoso. — diz enquanto passa um braço sobre os ombros de Peeta nos fazendo rir.

— Você é uma figura Johanna. — diz Peeta rindo.

— Eu sei gato e é isso que faz os homens ficarem loucos por mim. — fala lançando uma piscadela pra ele.

— Então pessoal o papo tá bom, mas precisamos ir embora, já está tarde. — diz Gale e todos nós concordamos. Cada um vai à procura de seu veiculo até que Peeta para em frente a uma moto de modelo antigo.

— Ai meu Deus! Isso é uma...

— Harley Davidson. — Peeta completa a frase de Finnick que está de queixo caído.

— Meu Deus cara! Como você conseguiu uma dessas? — agora quem pergunta é Cato.

— Essa era do meu pai. Ele me deu quando eu completei 17 anos. — diz com um sorriso fraco.

— Você tem muita sorte cara, sempre quis uma dessas! — exclama Finnick, eles realmente ficaram felizes assim por causa de uma moto? Garotos. Vai entender a cabeça deles.

— Não acredito que seja sorte Finnick. Tudo o que eu menos tenho... é sorte. — ele diz em um tom melancólico enquanto coloca o capacete — Foi um prazer conhecer vocês pessoal, vocês são muito legais. Agora tenho que ir, já está na minha hora. Tchau. — diz e então arranca com a moto sumindo pelo quarteirão.

— É impressão minha ou ele me pareceu um pouco triste? — pergunta Clove.

— Não dá para saber Clo, não conhecemos Peeta o bastante para decifrar seu comportamento. Mas seja lá o que esteja acontecendo, quando ele se sentir seguro o bastante ele vai nos contar. — Madge diz com um leve sorriso nós lábios e logo se despede indo embora. Sempre a admirei por suas qualidades, mas a que mais me impressiona é sua maneira de compreensão, não importa qual seja a situação do indivíduo, Madge sempre o compreende, sempre arranja um jeito de lhe ajudar. Sinto muito orgulho de minha melhor amiga.

Gale me leva em casa e promete que vai fazer de tudo para controlar seus ciúmes, e mesmo duvidando um pouco disso, fico feliz em saber que ele está lutando para que sejamos o casal feliz que sempre fomos.

Quando entrei em casa, meus pais já estavam me esperando para almoçarmos. Era sempre assim, fosse no almoço ou na janta, ficávamos todos juntos, como uma verdadeira família. Depois de um bom banho fui ensaiar mais um pouco, mas não consegui cantar uma música sem lembrar-me daquela solitária lágrima que escorreu pelo rosto perfeito de Peeta. Então desisti de ensaiar e levei Prim para brincar no parquinho.

E aquela segunda feira havia sido assim, como uma música, começou calma como uma balada romântica, depois mudou para um rock com alguns tons mais alto e por fim, uma melodia calma como a de uma canção de ninar.

                                                                  +++

As semanas seguintes passaram se voando e com elas a presença de Peeta, que acabou realmente virando nosso amigo, estava sempre com a gente, nas aulas, nos intervalos e isso estava deixando Gale cada vez mais ciumento, ele não me deixava sozinha nem por um segundo, e aquilo estava me sufocando cada vez mais. Tivemos uma briga feia na semana passada, dissemos coisas horríveis um ao outro, falamos tudo o que estava entalado em nossas gargantas e consequentemente nos magoamos. Mas, dois dias depois ele veio falar comigo e colocamos tudo em pratos limpos.

Hoje já era sexta-feira e estava indo em direção ao meu armário, mas antes de chegar ao mesmo vi Trash, Gloss e Brutos zoando com um aluno do primeiro ano. Eles falaram alguma coisa para o garoto e depois o empurraram no chão, logo em seguida saíram rindo como um bando de babacas. Odeio pessoas assim, mesquinhas, egocêntricas, que não ligam para o sentimento dos outros. Começo a ir em direção ao garoto na intenção de lhe ajudar, mas alguém é mais rápido e chega antes de mim, Peeta. Ele começa a juntar os materiais do garoto e prontamente apreço meus paços para ajuda-lo. Quando me agacho ao seu lado ele ergue os olhos e me encara, azul, apesar de sempre estarem tristes e sem brilho, ainda sim é um azul que me prende.

Nessas três semanas que se passaram acabei descobrindo um pouco mais sobre ele. Descobri que ele amava cozinhar e desenhar, e desenhava muito bem por sinal, ele até me mostrou alguns de seus cadernos de desenho, mas um em especial ele não me deixou ver, disse que aquele era algo muito pessoal que ele mantinha guardado. Ele nunca, em momento algum, nos disse qual havia sido o motivo para ele ter se mudado para Los Angeles, a única coisa que ele disse era que estava morando com sua tia Effie e isso me fez questionar se ele não havia brigado com os pais.

Ele sorri pra mim e percebo que fiquei alguns minutos fora do ar com meus devaneios. Retribuo seu sorriso e ajudamos o garoto a guardar os materiais.

— Você está bem? — pergunto ao garoto.

— S-sim. — ele responde gaguejando um pouco, percebo que ele está tremendo.

— Qual seu nome? — pergunta Peeta de forma gentil.

— Cody.

— Muito bem Cody. Eu sou o Peeta e essa aqui é a Katniss. — Peeta nos apresenta e Cody sorri fracamente.

— Obrigado por me ajudarem. — agradece.

— Não precisa agradecer Cody. Você realmente está bem? — pergunto e ele faz um positivo com a cabeça. Então o sinal toca.

— Acho melhor você ir Cody, ou vai se atrasar. E qualquer coisa é só me procurar. — diz Peeta sorrindo, Cody se despede e vai em direção a sua aula.

— Esses caras são uns babacas. — Peeta diz enquanto me segue em direção ao meu armário.

— Nem me fale, não sei como Gale consegue andar com eles. — digo colocando o caderno dentro da mochila e então começamos a caminhar em direção ao prédio B para a aula de música.

— Ele não gosta muito de mim, não é? — pergunta.

— Não é que ele não goste de você, ele só sente ciúmes.

— Ele deveria confiar mais em você.

— É eu sei, e isso tem sido motivo para a maior parte de nossas brigas. — digo suspirando e então entramos no auditório.

Madge, Marvel e Johanna já estavam lá. Ficamos conversando enquanto esperávamos os outros chegarem, minutos depois já havia chegado todo mundo e a professora deu inicio a aula. Ela mandou Gale cantar primeiro para ver como andava seu desenvolvimento com os tons mais agudos, ele cantou a música Uptown Funk do Bruno Mars e arrasou. Gale cantava muito bem, ele tinha uma voz muito bonita, quando ele desceu do palco veio em nossa direção.

— Você cantou muito bem amor.  — digo lhe dando um rápido beijo nos lábios.

— Eu sei princesa, eu sou o melhor cantor dessa escola. — diz em tom convencido o que me faz revirar os olhos.

— A modéstia mandou lembranças, grandalhão. — diz Johanna em tom sarcástico nos fazendo rir.

— Bom. Agora quem vai cantar é você Peeta. — diz a professora Angie.

— Mas profes... — ela o interrompe.

— Sem essa de mas mocinho. Você está me enrolando a três semanas. Vamos quero ouvir sua voz.

— Vai lá Peeta, você consegue. — diz Madge o encorajando e eu faço o mesmo, assim como o resto de nossos amigos, com exceção de Gale.

— Tudo bem. — ele suspira e sobe ao palco — Qual música?

— Vou deixar você escolher. — responde a professora sorrindo. Ele pega o violão e senta-se no banco, respira fundo e então começa a tocar. Quando a melodia do violão começa a ecoar pelo auditório meu coração acelera, Dust In The Wind da banda Kansas, eu amo essa música.

I close my eyes (Eu fecho meus olhos)
Only for a moment (Apenas por um momento)
And the moment's gone (E o momento se foi)
All my dreams (Todos os meus sonhos)
Pass before my eyes, in curiosity (Curiosamente passam diante dos meus olhos)

Dust in the Wind (Poeira no vento)
All we are is dust in the Wind (Tudo o que somos é poeira no vento)

Sua voz é a coisa mais linda que já escutei. Suave, calma e doce. Ele fecha os olhos e se entrega a música.

Same old song (A mesma velha música)
Just a drop of water in an endless sea (Apenas uma gota d'água em um mar infinito)
All we do (Tudo o que fazemos)
Crumbles to the ground though we refuse to see (Desaba sobre a terra, embora nos recusemos a ver)

Dust in the Wind (Poeira no vento)
All we are is dust in the Wind (Tudo o que somos é poeira no vento)

Ele não só canta como também vive cada palavra da música, ele a interpreta com tanta paixão e intensidade que sinto todos os pelos de meu corpo se arrepiarem.

Now, don't hang on (Agora, não espere)
Nothing lasts forever, but the earth and Sky (Nada dura para sempre, apenas o céu e a terra)
It slips away (O tempo foge)
And all your money won't another minute buy (E todo o seu dinheiro não comprará outro minuto)

Dust in the Wind (Poeira no vento)
All we are is dust in the Wind (Tudo o que somos é poeira no vento)

Dust in the Wind (Poeira no vento)
Everything is dust in the Wind (Tudo o que somos é poeira no vento)

Ele termina de cantar e abre os olhos. Todos que estão no auditório o aplaudem.

— Você foi sensacional Peeta! Você canta maravilhosamente bem e não desafinou em nenhuma nota. Estou realmente impressionada. — Angie diz com entusiasmo.

— Obrigado professora. — agradece meio envergonhado, suas bochechas estão levemente avermelhadas, a coisa mais fofa que já vi.

 — Você foi incrível Peeta! — digo o abraçando, como ele é mais auto que eu meu rosto fica encaixado no seu peito, onde consigo ouvir nitidamente seu coração bater acelerado. Seus braços são tão reconfortantes que me dá vontade de ficar neles pra sempre, eu sei que é errado pensar isso já que tenho namorado e... Gale. Separo-me rapidamente de Peeta ao lembrar que meu namorado está bem ao nosso lado, o restante do pessoal vai cumprimenta-lo e meu olhar se encontra com o de Gale, seus olhos estão negros, frios e seus músculos estão rígidos revelando que ele está com raiva.

— Acho que você perdeu seu posto de melhor cantor para o Peeta, grandalhão. — diz Clove em um tom brincalhão, mas Gale não ri, ele fuzila Peeta com os olhos e sai a passos largos. Ele está com ciúmes e sei que a gente vai brigar. A aula acaba e vamos todos para o refeitório, pegamos nossas bandejas e nos sentamos na nossa mesa de sempre, Gale pega seu lanche e vai sentar-se com os Carreiristas. Meus amigos iniciam uma conversa ao qual não presto atenção.

— Está assim por causa do Gale, não é? — pergunta-me Madge sussurrando em meu ouvido.

— É. Ele está com ciúmes e sei que quando vier falar comigo a gente vai brigar.

— Não fica assim não amiga, vai ficar tudo bem. — diz me abraçando o que me faz sorri. Volto minha atenção para nossos amigos e começo a prestar atenção no que eles estão falando.

— Então você jogava basquete na sua antiga escola? — pergunta Cato.

— Sim. — responde Peeta em um dar de ombros.

— Isso é muito legal Peeta! Os testes para entrar para o time começam hoje, você deveria tentar. — diz Finnick animado.

— Acho melhor não.

— Ah! Qual é Peeta. Não custa nada tentar. — diz Marvel tentando convencê-lo. Todos nós encaramos Peeta esperando sua resposta.

— Tudo bem eu vou fazer o teste. — diz e nós comemoramos. Mas nossa comemoração é interrompida por um barulho, todos que estão no refeitório olham em direção a ele e lá estão os brutamontes Brutos, Gloss e Trash, e no chão está Cody todo sujo de purê de batata. De novo não. Eles começam a zoar Cody.

— Hey, não tinha roupa pra homem não quando você comprou essa? — pergunta Brutos com deboche.

— E além de ser um babaca, ainda usa esse cabelinho de nerd. — acrescenta Gloss. Cody começa a chorar baixinho, Peeta bufa e se levanta indo até onde eles estão, eu e o pessoal o seguimos.

— Será que dá pra vocês deixarem o Cody em paz? — pergunta ele após ajudar Cody a se levantar.

— Hiii, qual foi novato, vai ficar defendendo o nerd? — pergunta Trash.

— Vou sim. Algum problema? — rebate Peeta.

— Já sei! O nerd deve está fazendo os trabalhos dele. — diz Brutos com deboche.

— Olha aqui cara, eu já mandei você parar! — Peeta praticamente cospe as palavras, ele está com raiva, muita raiva.

— Ou o quê? — pergunta Brutos se aproximando de Peeta, que droga! Isso não vai acabar bem.

— Ou o problema agora é comigo. — diz Peeta ficando frente a frente com Brutos.

— Vem Cody, vem comigo. — diz Annie puxando Cody para ficar atrás dela.

— Eu sabia! Eu sabia que uma mulher ia ter que defender o panaca. — diz Gloss com um sorrisinho de lado.

— Ela e eu coisa feia. E aí Zé Mané, vai querer encarar? — pergunta Johanna ficando ao lado de Peeta.

— Eu não gosto de mulher macho. — diz Gloss e todo o refeitório ri.

— Nossa. Fiquei ofendida. — diz Johanna com sarcasmo.

— Olha. Eu também. — diz Marvel passando o braço pelos ombros de Johanna.

— Você são um bando de panacas, cheios de músculos, mas o cérebro é o de uma lesma. — digo ficando do outro lado de Peeta e o refeitório ri.

— Olha aqui Katniss, não é porque você é a namorada do Gale que vamos pegar leve com você. — diz Trash de forma ameaçadora.

— E quem falou que eu quero que pegue leve? — rebato o desafiando.

— Sabe o que vocês são? Um bando de idiotas, que para se sentirem superiores ficam humilhando os outros, ficam jogando as pessoas para baixo. Mas tudo isso é para encobrir o que vocês realmente sentem. Vocês se sentem tão inferiores e insignificantes que precisam humilhar outras pessoas só para se sentirem melhor. Isso que vocês estão fazendo com o Cody se chama bullying e em alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio. Vocês são desprezíveis e pessoas como vocês são piores que lixo. — Peeta fala cada palavra sem tirar os olhos dos três e quando ele termina de falar todo o refeitório o aplaude, ele é realmente um cara sensacional. Os três apenas saem trombando com quem quer que esteja na frente, esses três tiveram a lição que mereceram.

— Peeta virei seu fã, cara! — diz Finnick enquanto passa o braço pelos ombros de Peeta que sorri pra ele.

— Você está bem Cody? — ele pergunta e Cody afirma com a cabeça.

— Vem cara vou ajudar você a limpar sua roupa. — diz Cato e sai arrastando Cody até o banheiro. Depois de alguns minutos os dois voltaram e Cody está limpo em folha.

Ficamos conversando mais um pouco até chegar a hora de ir para o ginásio, Finnick, Martve Cato e Peeta foram para o vestiário se trocar enquanto eu e as meninas ficamos na arquibancada.

— Ai senhor eu vou ter um infarto! — exclama Johanna, quando olho na mesma direção que ela vejo os meninos entrando na quadra. Aquele uniforme de basquete fica realmente bem nos quatro. Peeta está com os braços à mostra e confesso ter ficado levemente boba, subi meus olhos por seus braços e foi então que percebi uma tatuagem em seu ombro direito, era um circulo com uma arvore dentro, era muito bem desenhada e linda, fiquei curiosa para saber o significado.

Peeta fez o teste e conseguiu entrar para o time, ele era um excelente jogador, nós o parabenizamos e depois fui atrás de Gale, que praticamente tinha sumido depois que acabou o intervalo. O encontrei sentado no pátio ouvindo música.

— Hey. — digo para chamar sua atenção enquanto sento-me a sua frente.

— Oi. — seu tom de voz está calmo o que me surpreende.

— Por que não foi ver os testes para a entrada dos novos jogadores? — pergunto — A final de contas você é o capitão.

— Estava de cabeça quente, então pedi o treinador para descansar.

— E você estava de cabeça quente por minha causa? — pergunto receosa.

— Sim. Fiquei com muitos ciúmes, a forma como você e Peeta se abraçaram me incomodou bastante, mas quando vim aqui esfriar a cabeça percebi que sou um idiota. Você está comigo e me ama, não há motivos para que eu desconfie de você. — diz pegando em minhas mãos e uma onda de alivio passa por meu corpo.

— É muito bom ouvir isso de você. — digo e o beijo.

Quando a noite chegou combinamos de ir à casa de Johanna para fazer uma sessão de cinema, Gale disse que não ia, pois tinha que descansar, porque precisava acordar cedo para acompanhar seu pai na empresa. Assistimos vários gêneros de filmes como: ação, terror, comedia e musical, um dos meus filmes preferidos, Cantando na Chuva. Quando a sessão de filmes acabou ainda eram onze horas e estávamos sem nada para fazer.

— Vamos jogar verdade ou consequência? — pergunta Johanna.

— Vamos! — Finnick responde animado. Johanna pega uma garrafa de coca-cola e sentamos em forma de circulo no chão da sala. Ela gira a garrafa e a mesma para apontando para Marvel.

— Verdade ou consequência? — ela pergunta a Marvel.

— Verdade. Manda ver, não precisa ter piedade— diz e Johanna sorri de forma maliciosa.

— Com quantos anos você transou pela primeira vez? — tinha que ser a Johanna pra fazer uma pergunta dessas.

— Com 15 anos. No dia do meu adversário. O nome dela era Lisa e...

— Calma aê. A Johanna só perguntou a idade. — interrompe Clove fazendo careta e nós rimos.

Depois de a garrafa girar varias vezes e Cato pedir Clove em namoro, Johanna admitir que já havia beijado uma garota, Annie dizer que era alérgica a gatos e Madge ter comido pó de café como “consequência” a garrafa para apontada para Peeta.

— Não se preocupe. Vou dar uma chance a você e pegar leve, só porque você é novato na escola Peetoso. Deixe-me ver... Qual o nome da sua última namorada? — indaga Johanna.

Peeta praticamente paralisa no lugar, seu olhar ficou desfocado, distante. Sua expressão demonstrava pânico, medo e dor. Já estava começando a ficar preocupada quando ele finalmente pareceu acordar do transe.

— Delly. O nome dela era Delly. — diz em um fio de voz. Todos o encaravam perguntando com o olhar o que havia acontecido — Vou pegar um pouco de ar. — diz levantando-se e saindo pela porta, sem nos dar chance para perguntar o que aconteceu.