~Idade: Sete Anos~

O garoto caminhava impiedosamente. Certo, o que há de ruim em caminhar? É uma pergunta óbvia – nas acontece que, por acaso, aquele não era um garoto comum e ele não caminhava por um motivo comum. Oh, sim! Tudo, tudo completamente incomum! E o céu refletia a alma daquele garoto naquele momento: era um crepúsculo sangrento, um entardecer que parecia estar manchado em sangue.

Combinava com ele porque se parecia com a cor de seus olhos, totalmente vermelhos-sangue.

O garoto olhava para a pessoa a sua frente com uma expressão vaga, fria, como se estivesse olhando apenas para um cachorro abandonado na rua que ninguém ousaria prestar atenção. Os olhos do garoto, então, voltam a sua cor normal: azuis como o céu, mas ainda havia uma infindável frieza ali, com um misto de uma sutil e melancólica arrogância.

Ele não queria se sentir melhor do que ninguém, mas assim o era. Ele decide dizer o que estava pensando, naquele momento, à pessoa a sua frente: um homem extremamente machucado, ensanguentado e caído no chão.

— Você deveria admitir que a culpa é sua – o garoto disse, em forma de súplica, embora a sua voz ainda soasse fria. Ele levanta a sua mão direita e suas unhas se transformam novamente em garras, seus olhos voltando à cor avermelhada. – Eu de fato tenho um estranho poder, mas não o atacaria se não tivesse me jogado aquela pedra.

O homem caído, que devia ter seus trinta e cinco anos bem vividos e saboreados, apenas sorri em escárnio.

— Não me arrependo de nada, monstro! – ele responde, demonstrando asco pelo garoto.

— Que pena – o garoto responde. – Eu não queria ser um monstro para vocês, queria ser apenas...

— Vamos com isso logo, Naruto-kun... – diz uma. – Embora eu ache que você vai pegar mais serviço comunitário por uns meses, e eu também.

O garoto – sim, Naruto – sorri.

— Hinata... – ele responde, vagamente. – Você realmente é louca, por me acompanhar.

A garota, Hinata, se aproxima, se desencostando da árvore onde estava.

— A ex herdeira dos Hyuuga ajudando um monstro... que lastimável! – o homem ali esbraveja. – O seu pai deveria tê-la matado, sua garotinha maldita!

Hinata apenas suspirou.

— Eu concordo com quase tudo que você diz, senhor – ela confessa. – Mas você deveria tomar cuidado com o que diz, Naruto-kun já te machucou muito – ela sorriu. – Eu também não gosto que as coisas tenham que ser assim, mas algo que você me disse me incomodou – a voz da garota, apesar de bela, era monótona e fria, como se ela explicasse a coisa mais banal à uma criança das mais curiosas.

— Hinata, de novo não... – Naruto começa a dizer, com pesar na voz. – Isso é coisa para caras que nem eu.

Hinata sorri, parando ao lado de Naruto.

— O seu futuro é o meu futuro, Naruto-kun – ela diz, dessa vez com uma adorável doçura. – Ele realmente me incomodou, então não me importo em fazer o que você normalmente faz.

Ela olhou de canto para o homem, que tentou se levantar rapidamente, embora estivesse com a barriga e parte do tórax dilacerados. Hinata apenas pega uma única shuriken e joga na testa do mesmo, o deixando cair morto.

— Ufa! – ela exclamou. – Dessa vez, os anbus não atrapalharam! Sabe, esses agressores podem falar o que quiserem sobre mim ou cobre o Clã Hyuuga, não me importo – ela aproxima o rosto do de Naruto, que novamente estava com os olhos avermelhados. – O que jamais permitirei é que o chamem de monstro.

Naruto sorriu.

— Bem, matamos mais um aldeão, parece que dessa vez vamos fazer serviço comunitário juntos – Naruto dizia, sorrindo abertamente, mas Hinata sabia que o mesmo queria somente esquecer da dor, que Naruto queria que as coisas fossem diferentes.

Mas ela decide entrar na brincadeira.

— Mas se tivermos que limpar um asilo, que nem você fez mês passado, eu juro que deserdo essa vila! – ela respondeu, e os dois se abraçaram de lado. – De qualquer forma, vamos ter noitada de treino e ramen!

— Eba! – Naruto exclamou.

E os dois caminharam, saindo daquele lugar longe da vila: o Sandaime Hokage teria mais problemas com aqueles dois delinquentes.