Coroa de Vidro escrita por Sof1A


Capítulo 1
Um




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Pela janela do ônibus escolar vejo o sol começar a aparecer, feixes vermelhos começam a iluminar as nuvens. Agora entendo o que "vermelho como a aurora" quer dizer. Estamos fazendo uma excursão até outra cidade, por isso saímos muito cedo. 

Tiro um livro da minha mochila, ele ainda está envolto em plástico, decidi abri-lo hoje para que as crianças do orfanato não me incomodassem na leitura, elas sempre fazem isso quando compro um livro novo. A Prisão do Rei, terceiro livro da série a Rainha Vermelha, recebi ele ontem a noite, na nota do livro dizia que me enviaram de presente. Provavelmente alguém que cansou de escutar eu falar sobre o lançamento.   

Rasgo o plástico e o cheiro de livro novo invade meu nariz. Analiso bem a capa antes de abri-lo pela primeira vez, relembro aos poucos os acontecimentos dos dois outros livros. Espero que este seja bom. Abro o livro na primeira página. Antes de eu ler a primeira palavra do livro o ônibus bate em alguma coisa, a partir de então o tempo passa mais devagar, o vidro de minha janela se estilhaça fazendo cortes pequenos em meu rosto e braço, nada que irá deixar cicatriz, provavelmente o ônibus está capotando pois tudo gira sem parar.

Uma luz branca aparece, seguida de muitas outras, elas pareciam correr ao redor de mim até que eu fecho meus olhos quando não consigo ver mais nada que não seja a estranha luz branca. Em seguida tudo estava escuro. Droga.

      *****

Meus olhos se abrem e veem o céu. É o meio da tarde e o sol brilha forte. Estou no meio de uma floresta da qual eu não me lembro de ter entrado, o ambiente é diferente aqui. Caminho em uma direção qualquer, até que encontro uma vila. As casas daqui são feitas em cima de palafitas, tudo extremamente simples. As pessoas usam roupas sujas e surradas, algumas magras demais. Onde é que eu estou? 

Moça. — olho para baixo, uma garotinha de uns cinco anos cutuca minha perna. — me pediram pra te entregar isso. 

Nas mãos da menina vejo um envelope amarelo, nem mesmo pude agradecer pois assim que o pego o envelope ela corre de volta para seus amigos. Abro o envelope e lá encontro um pedaço de papel, minha foto e meu nome — Kenna Flake — estão ali. Há também outros detalhes como minha altura, cor dos olhos e meu tipo sanguíneo, que segundo isso é vermelho. Pera, sangue vermelho?  Como assim? No topo da identidade está escrito Reino de Norta junto de uma coroa flamejante, é então que tudo passa a fazer menos sentido ainda. 

— Que? Como que... mas Norta não esxiste! Como assim? Como eu... Se eu estou em Norta, o que é loucura, então aqui é Palafitas. — começo a resmungar comigo mesma. Garanto que você faria a mesma coisa que eu se do nada aparecesse num lugar que nem era para existir.

Não havia mais nada além de minha identidade dentro do Envelope. Eu realmente não sei o que fazer agora. Não tenho dinheiro, e  e duvido que alguém aqui daria esmola para alguém sendo que eles mesmos precisariam de esmola. Pelo jeito terei que aprender a roubar bolsos como a Mare. Me lembro da existência de uma taverna, pessoas bêbadas e desorientadas devem ser ótimas para praticar. 

Um pingo de água cai no meu nariz, me alertando sobre uma chuva a caminho. Mal tenho tempo de encontrar um lugar para me abrigar e a chuva começa a cair. O dono da loja onde me abriguei começou a desconfiar de que eu não estava "só olhando" como havia dito antes, então pediu para eu me retirar. 

Me escondo em baixo da varanda de uma casa aparentemente vazia, me sento no chão e vejo a chuva cair. Deveria estar com frio, estou toda molhada de caminhar até aqui nessa chuva, mas não, eu sinto que o vento está gelado, mas é como se o frio não me afetasse. 

A chuva só passou quando já estava escuro, devo ter dormido durante esse meio tempo pois estou meio sonolenta. Meu estomago ronca e me lembra de minha fome. Podiam ter colocado algumas moedas junto com a identidade que recebi. Me levanto e começo a caminhar em direção à taverna, onde tentarei roubar pela primeira vez. Posso ser um grande desastre, mas morrer de fome não é uma opção. 

Em meu caminho penso ter visto Kilorn andando, mas achei melhor não ir falar com ele, afinal, o que eu diria "Oi, eu conheço você de um livro que li em outra dimensão, tudo bom?", provavelmente ele iria me achar estranha e sair correndo então achei melhor não me aproximar. 

Depois de diversas paradas para pedir informação eu chego a taverna. Mas diferente do esperado, não havia ninguém do lado de fora além de algumas pessoas que caminhavam de volta à suas casas e um garoto parado olhando para o nada. O alvo perfeito. Me aproximo dele pelas sombras, devagar e silenciosamente, quando chego perto o suficiente enfio a mão em seu bolso, na expectativa de conseguir pegar algum trocado. Mas a realidade foi bem diferente ele agarrou firmemente meu pulso, seu toque estranhamente quente, ele então me puxa para sua frente, me deparo com olhos de cor bronze e um calor que me assustou mas ao mesmo tempo me deu certeza de quem ele era. 

Ao fundo vejo uma garota correndo, Mare. E então me lembro do que deveria ter acontecido esta noite e de como eu estraguei tudo. Me viro novamente para o garoto dos olhos em chamas e apenas uma palavra me veio a cabeça. Droga.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado!
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