04 anos depois.

         Remus Lupin era um homem que podia dizer que já havia experimentado muitas coisas ao decorrer de sua vida. Havia experimentado o doce sabor do nascimento, o amor de uma mãe, e a dor de uma perda. Havia sentido o calor de uma amizade e o valor de uma vida. Havia sentido o desespero de um abandono e a alegria de um amor. Mas de todos aqueles momentos, ele não esperava estar vivenciando justo aquele. Estava sentindo o sentido da vida.

        Em seus braços, um bebê de cabelos azuis se encontrava dormindo enquanto ele cantarolava. O jovem Teddy Orion Lupin, seu filho que ele havia adotado junto com o marido. Era a coisa mais preciosa que ele havia segurado, a coisa mais bela que havia visto era aquele pequeno menino em seus braços.

         E de todas as complicações que ele já havia passado, a de se levantar na madrugada para fazer o filho parar de chorar era a que ele amava.

         Devagar ele colocou a criança no berço e olhou para o relógio. Eram três da manhã. Ele suspirou, olhou uma última vez para seu filho e se virou para sair do quarto e encontrou seu amado marido encostado na batente da porta com um sorriso preguiçoso cruzando os lábios.

          - De todas as visões que eu eu já vi - Disse Sirius sonolento. - Essa é a que eu vou guardar para sempre em meus sonhos.

           Remus respirou fundo e olhou para a roupa de o moreno vestia. Usava um sobretudo preto longo fechado, mas por baixo Remus conseguia ver a roupa de soldado da Inglaterra. Em sua mão ele segurava uma corrente militar onde seu nome se encontrava. Ele sabia o que viria a seguir mas ele não queria ter que viver aquilo novamente. Por que Sirius não podia simplesmente voltar para cama e eles dois fazerem amor? Por que eles não podiam ter uma vida normal juntos?

          - Eu sei que você não gosta. - Sirius se aproximando e ficando bem perto do Lupin. - Mas é o meu dever proteger o país que abriga a pessoa que eu amo.

         - Eu não quero viver isso novamente. - Sussurrou Remus fechando os olhos e encostando a testa com a de Sirius. - Por favor, não me deixa.

          Sirius fechou os olhos também e passou os braços em volta de Remus. E sem que o mesmo percebesse, havia colocado sua corrente presa no pescoço do esposo. Ele tinha que ir, ele precisava se afastar, precisava ir para mais uma batalha.

         - Você vai continuar chamando meu nome? - Perguntou o Black em sussurrou e encostando os lábios com o de Remus. - Até eu voltar para casa?

         - Sempre. - Sussurrou Remus de volta beijando Sirius.

          Era um beijo onde se encontrava todo o amor, todo o medo, todas as emoções que só um amor como o deles poderia sentir.

        - Você disse que nunca mais ia me deixar. - Sussurrou Remus abraçando Sirius.

        - Eu não estou deixando você. - Disse Sirius. - Estou deixando duas coisas minhas com você. O meu colar e o nosso filho. Eu vou voltar para você, Remus. Eu sempre volto para você.

          Remus sentiu as lágrimas escorrerem pelo rosto e sentiu um beijo tocar-lhe a testa. O Lupin segurou o Black com mais força, impedindo que o moreno se afastasse.

           - Me solta, Remus. - Sussurrou Sirius. - Eu preciso ir, amor. Eu tenho que ir, me solte.

            Devagar, como se estivesse sob tortura, Remus foi se soltando de Sirius. E quando havia o soltado completamente, continuou com os olhos fechado. Sentiu os lábios de Sirius em sua testa novamente e depois em sua boca e antes que fizesse algo, os lábios sumiram. Ele abriu os olhos e encontrou o quarto vazio. Só com ele e Teddy.

          - Sirius. - Sussurrou Remus.

        Ele olhou para o chão e encontrou um papel jogado. Se abaixou e o pegou, estava escrito com as letras caprichosas de Sirius:

          "Eu sempre volto pra você, Moony."

         Sim. Remus sorriu. Seu marido era o seu maior defeito, mas ele tinha algo maravilhoso que Remus sempre irá ama-lo por isso. Sirius Black sempre voltava para ele. Sempre.