Valor escrita por Ayshi


Capítulo 1
Asas Quebradas


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores!!! Essa é minha primeira fic sobre LoL... Eu caprichei bastante, então espero que gostem >.



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ASAS QUEBRADAS

As pernas da mulher já não aguentavam mais a dor que os pés sentiam a cada passo naquele caminho de pedra. O pedaço da espada em sua mão pesava mais à medida que o cansaço físico e mental – que ela vinha sentindo desde Noxus – aumentavam. O suor empapava seus cabelos brancos na nuca e no pescoço, deixando-a visivelmente incomodada com os mosquitos que procuravam o sabor salgado de sua pele. A selva se fechava cada vez mais sobre a estrada, fazendo com que ela não visse o sol, mas ainda sentisse aquele mormaço causado pela estufa natural.

Seus pés avançaram mais dois passos antes de tropeçarem em sua própria exaustão, levando o rosto dela – ainda que ela tenha levado as mãos para aparar a queda, sem muito sucesso – diretamente às pedras soltas do calçamento. Ela sentiu sangue escorrer pelo seu nariz, mas nem isso importava mais para a moça.

“Provavelmente, eu seja pega no próximo amanhecer.”, pensou mórbida, “Eles vão encontrar um cadáver sujo e ensanguentado, que morreu por não conseguir correr três dias após desertar no meio de uma batalha.”

Ela virou o rosto para o lado e viu um pequeno sapo de cores vivas saltando da estrada para a mata. “Eles vão pensar: ‘Foi essa a mulher que escolhemos como general? Como fomos tão burros?”

Quando esse pensamento fitou sua mente, memórias da batalha assolaram a garota com a força de um tornado.

A terra vermelha pelo reflexo do fogo e manchada com sangue naquela noite ardia sob os pés e corpos de milhares de soldados. Os gritos de dois exércitos se confrontavam no calor da batalha, sendo que os brados noxianos eram vitoriosos e convictos. Todas as patentes do exército noxiano avançava pelo campo, cortando ao meio tudo e todos que tentassem deter aquela massa. Vestida em uma roupa negra, a capitã da Elite Carmesim girava sua lâmina rúnica com louvor: saltava sobre uma coluna de inimigos, cortava-os ao meio com ataques giratórios e fintava os golpes com passos rápidos e precisos.

Sua lâmina brilhava com o verde das runas e o rubro do sangue quando ela derrubou o último inimigo. Observou toda a extensão da batalha e percebeu o óbvio: Ionia seria exterminada. Apesar de seu ressentimento quanto a isso, motivada pelo seu preconceito, a mulher convocou toda a Elite Carmesim a recompor a formação, e marcharam rapidamente para o coração da batalha.

Muitos poucos soldados ionianos restavam naquele lugar, o que significava que a batalha estava próxima a acabar.

A mulher, naturalmente, achou estranho o fato e se lembrou no último minuto de que tipos de guerreiros faziam parte do exército de Ionia. Mas era tarde demais.

A Elite Carmesim foi cercada rapidamente. Os ninjas ionianos chegaram por todos os lados, fechando o esquadrão da mulher com velocidade e disciplina tamanhas que a moça apenas teve tempo de empunhar melhor a espada, antes de gritar por reforços.

Por mais que na cabeça dela a batalha duraram horas, foram apenas alguns segundos. A grande lâmina rúnica – cuja altura era quase superior à da mulher e sua espessura era tal qual um escudo – ia velozmente de um lado para o outro, protegendo sua guerreira de golpes brutais que partiriam a mais fraca das lâminas ao meio.

Lutaram bravamente, até que o suposto reforço que a moça havia solicitado chegara: uma chuva de terror bioquímico desferida por Singed – o mercenário que Swain contratara de Zaun – que queimou tanto soldados noxianos quanto ionianos. No entanto, ela reparou em outra coisa, que talvez fosse muito mais importante do que todo aquele conflito.

Minutos antes daquela nuvem roxa, os olhos da guerreira de cabelos brancos encontraram os olhos de um ninja ioniano. Não foi necessário muito tempo para identificar naqueles olhos quase tapados com a máscara, era difícil ignorar toda a inocência retida naquele corpo que, provavelmente, derreteria sobre a nuvem da morte de Singed. Não precisava ser o melhor dos melhores guerreiros de Noxus, para entender que ali estavam os olhos de uma criança de não mais que doze anos, prestes a morrer numa batalha que não tinha um real motivo para ser travada, além da ganância desenfreada de um único comandante de Noxus.

A única coisa que era preciso naquele momento, um pouco de humanidade para perceber que matar aquela criança, era matar a esperança de que, em algum momento, Runeterra pudesse ter paz e calma.

A única coisa. Humano.

A mulher saltou à frente da criança, tentando manter-se à uma distância razoável das lâminas ionianas, enquanto que, ao brandir a espada, rajadas de vento, suficientes para partir um pilar de pedra maciça ao meio, cortavam o ar, afastando a névoa roxa de Singed. Entretanto, a nuvem era densa e descia rapidamente para o solo, de forma que ela tomou a criança em seu braço livre e correu.

— Elite Carmesim, recuar! – Mesmo sem o aviso da mulher, os nobres guerreiros que constituíam a Elite, corriam para tentar sair da névoa. Primeiramente com maestria, usavam os escudos de metal para segurar a névoa e dançavam suas espadas contra os ionianos. Assim que a névoa derreteu o primeiro escudo e tocou no braço do guerreiro, o berro que se sucedeu assustou a todos.

Guerreiros corriam para todos os lados, enquanto a mulher tentava afastar a névoa com as rajadas de vento, atrasando-a um pouco.

Os gritos de dor daqueles que eram pegos pela nuvem mortal, tanto ionianos quanto noxianos, eram horrendos. Doíam os ouvidos que os escutavam, apertava o estomago e amargava a boca com bile. Para a mulher, aquilo era o verdadeiro inferno.

O pequeno fardo que trazia embaixo no braço pendia para baixo de forma fúnebre. Quando julgou já estar longe da área afetada pela névoa – ela tinha as costas queimadas pelo veneno – , abaixou e colocou a criança no chão, largando sua arma ao lado dela.

Ao olhar para o rosto do pequeno, ela sentiu piedade. Lágrimas de dor escorriam dos olhos já falecidos do garoto, indo molhar a veste que ele usava. As pernas dele estavam em carne viva, com certeza devido ao veneno.

A mulher, já sem forças para chorar, olhou mais uma vez para o rosto da criança ioniana e tomou sua lâmina em mãos, que estava manchada com o rubro sangue ioniano. Limpou a espada na relva, enojada com todo aquele sangue inocente.

Ela se levantou com dificuldade, tentando pensar um pouco melhor. A batalha, independentemente do ocorrido à Elite Carmesim, continuava em um ritmo frenético e a mulher imaginou ter visto um ser estranho à frente dos soldados ionianos, incitando eles à luta. Menos de um terço do exército ioniano resistia, mas mesmo assim os noxianos pareciam ter dificuldade em esmagar os seus oponentes e isso enfurecia os guerreiros.

De qualquer forma, ela sabia o que deveria fazer. Estava escrito assim, assim seria.

Correu para longe da batalha, envergonhada pelas mortes que causou, pelo sangue que sua lâmina trazia. O sangue que ninguém poderia limpar de suas mãos. Primeiro, esgueirou-se até onde a mata começava, para depois embainhar a espada nas costas e correr sem destino algum.

“Tantas...”, a cabeça da mulher girava, “Mortes...”.

O calçamento da estrada era irregular e, por isso, machucava as costas da moça que ali estava deitada, praticamente aceitando uma morte inevitável ou por desidratação, ou por captura.

Tentou erguer-se sem sucesso algum além de escoriar ainda mais seus cotovelos. Lágrimas recusaram-se a descer pela sua face encardida, ficando a incomodar um pouco a cada vez que ela piscava. Tomou a espada quebrada em sua mão e ergueu-se com esforço.

Um passo de cada vez, dolorido e sofrido para seus pés, ela seguiu o caminho que escolhera trilhar quando fugiu daquela batalha. Quando detonou sua espada para lembrar a si mesma o que acontecera naquele dia. Sua mente, confusa, tropeçava em seus pensamentos desconexos da mesma forma que seus pés tropeçavam nas pedras do calçamento.

Mal andou dez passos, ela quase foi ao chão novamente, se não fosse por uma árvore onde ela se apoiou com o ombro. Aquela caminhada era em vão. Não conseguia procurar em sua mente motivos para prosseguir, ou destino aonde chegar. No entanto, continuou a caminhar. Sem destino algum. Aparentemente.

Sua mente martelava em questões que ela não sabia de onde viera; o que sobrara de sua lâmina pesava com o sangue daquela noite; seus pés sonhavam com algum lugar distante e não descoberto; seu coração, no entanto, tentava responder a uma única questão que machucava tanto quanto as pedras soltas do calçamento.

“Como devo proceder?”


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Notas finais do capítulo

Bem, vejo vocês no próximo capítulo que sai no dia 10/02
Até mais, beijinho



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